• Nenhum resultado encontrado

O Plano Nacional de Inovação e Sustentabilidade da Agricultura Familiar

O Plano foi uma iniciativa do Departamento de Assistência Técnica (Dater), da Superintendência de Agricultura Familiar (SAF) do então Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), atualmente denominado Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. Foi formalizado a partir da Cooperação Técnica entre o MDA e a Embrapa, estruturado pelo Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT) da Embrapa e pela Coordenadoria Geral de Inovação e Sustentabilidade do MDA. O Plano teve como objetivos principais:

» proporcionar discussões e promover a integração de ações com organizações da sociedade civil e instituições de ensino, pesquisa e extensão para ampliar e intensificar a construção de agendas locais conjuntas voltadas à inovação na agricultura familiar, de forma que esses serviços sejam complementares e processuais na busca de soluções tecnológicas apropriadas à diversidade e às condições da agricultura familiar do país; » criar ou potencializar Redes de inovação e formação para a

agricultura familiar; e,

» identificar as especificidades, contribuições e acúmulos de organizações e instituições dos poderes público e privado, bem como identificar as demandas e mecanismos para potencializar a dinamização do conhecimento da inovação na agricultura familiar. Embora a concepção do Plano não tenha sido amplamente debatida com as organizações da sociedade civil e com as redes de extensão, ensino e pesquisa, em decorrência dos prazos de repasse de recursos para Embrapa, foram empreendidos esforços para que estes atores fossem consultados e para que as atividades previstas no Plano viabilizassem a utilização dos recursos visando fortalecer as iniciativas existentes e potenciais de inovação relacionadas à Agroecologia.

O Plano foi discutido no III Encontro Nacional de Agroecologia (III ENA), nos Núcleos de Agroecologia fomentados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Científico (CNPq) e na Subcomissão de Conhecimento da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO). Na Embrapa, o Plano foi apresentado em uma reunião ampliada para tratar do Plano Brasil Agroecológico. Duas premissas para o Plano foram definidas pelas organizações da sociedade civil, MDA e Embrapa: » a importância do plano reconhecer os processos emergentes,

fortalecendo e dando continuidade às ações existentes nas redes do campo agroecológico lideradas por atores locais presentes em distintas instituições;

» a dificuldade em fazer com que os recursos públicos geridos pela Embrapa atendessem as dinâmicas protagonizadas por organizações da sociedade civil. Em uma reunião da CNAPO ficou definida a estratégia de consulta às redes de Agroecologia para garantir que os recursos repassados para a Embrapa apoiassem atividades coerentes com as dinâmicas locais. Na Embrapa, num primeiro momento, realizou-se um levantamento das ações relacionadas aos temas Agroecologia e sustentabilidade com os profissionais que atuam diretamente nas redes de transição agroecológica, agricultura orgânica e agricultura familiar. Após este primeiro levantamento, o DTT da Embrapa realizou, em julho de 2014, uma consulta de propostas de atividades para estes profissionais visando a execução do Plano e que estes levassem em consideração na sua elaboração seus principais objetivos, os debates, premissas e proposições da Embrapa, da sociedade civil e do MDA.

Considerando os objetivos do plano e procurando subsidiar a proposição de ações, a consulta realizada definiu seis metas que orientavam a elaboração das propostas de atividades, a saber:

140 Tr a j e t ó r i a d a s a ç õ e s e m a g r o e c o l o g i a n a E m b r a p a M e i o A m b i e n t e

» realização de oficinas de concertação para inovação e sustentabilidade na agricultura familiar visando reunir todos os envolvidos no processo da inovação para estabelecer acordos estratégicos, metodológicos e operacionais referentes à interação entre pesquisa, ensino e assistência técnica e extensão rural, bem como gestão do conhecimento e tecnologias apropriadas para agricultura familiar;

» realização de oficinas temáticas com o objetivo de estabelecer ações efetivas para a integração de agricultoras(es) familiares e agentes de Ater, ensino e pesquisa visando identificar experiências e atores locais, suas demandas e dificuldades, bem como disponibilizar conhecimentos e tecnologias para a agricultura familiar, articular e integrar ações e mapear inovações locais para propor o intercâmbio de experiências entre os diferentes atores;

» realização de cursos de formação continuada para agentes de ATER com o objetivo de qualificar, integrar e socializar informações sobre políticas públicas e tecnologias para o fortalecimento da agricultura familiar. Desta forma, possibilita que estes agentes de ATER se tornem referência nos seus estados e nas regiões do país para apoiar atividades de capacitação de técnicos e agricultoras(es) com base nos princípios e diretrizes definidos nos Planos: PNATER, PNAPO e Plano Nacional de Formação de Agentes de Ater;

» sistematização das Unidades de Referência da chamada de Ater do leite e café com o objetivo de organizar banco de dados, informações técnicas, estabelecer indicadores e capacitar agentes técnicos e agricultoras(es) nesses temas;

» organização de sistemas agroecológicos de produção visando identificar e registrar metodologias e tecnologias que promovam o desenvolvimento da produção agroecológica e orgânica na agricultura familiar; e,

» realização de intercâmbios e a construção de projetos com o objetivo de possibilitar a troca de informação e conhecimentos com base em experiências agroecológicas da agricultura familiar. Neste sentido, a equipe de Agroecologia da Embrapa Meio Ambiente, Organizações de agricultoras(es) familiares e instituições parceiras de Ater, ensino e pesquisa elaboraram propostas para os territórios Leste Paulista e Pontal do Paranapanema, regiões nas quais a Embrapa Meio Ambiente vem atuando desde 2005 em redes de construção participativa e socialização do conhecimento agroecológico. Uma parte dos recursos para a execução das atividades previstas não foi disponibilizada em 2014. O referido recurso foi liberado em meados de 2016 e possibilitou a realização de mais duas oficinas, sendo uma Oficina Temática no Território do Pontal do Paranapanema e uma Oficina de Concertação de abrangência estadual que reuniu agricultoras(es) e profissionais de ensino, pesquisa e extensão de diferentes regiões do estado de São Paulo.

Para o planejamento e execução destas atividades foram formadas comissões constituídas por representantes de Organizações da agricultura familiar e instituições parceiras de Ater, ensino e pesquisa que fazem parte das Redes de Agroecologia do Leste Paulista, do Pontal do Paranapanema e de várias outras regiões do estado de São Paulo.

Concepção e metodologia das atividades realizadas no