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A seguir apresentam-se as principais temáticas de trabalho nas Unidades da região. Destaca-se o trabalho de construção coletiva do conhecimento em Sistemas Agroflorestais, mas outras importantes temáticas também foram foco do trabalho nesse local.

Sistemas Agroflorestais

Uma das principais temáticas, entre as que vêm sendo desenvolvidas pela equipe de Agroecologia da Embrapa Meio Ambiente, está voltada ao estudo e desenvolvimento de sistemas biodiversos, com destaque para os Sistemas Agroflorestais (SAFs).

Com uma estratégia de produção diferenciada dos sistemas convencionais de produção, calcados no monocultivo, baixa diversidade e alta dependência de insumos externos, os SAFs objetivam aliar a produção agrícola com a sustentabilidade ambiental, sob a premissa do uso de espécies arbóreas e das consequentes relações interespecíficas presentes em uma floresta, com a exploração espacial dos diferentes extratos ocupados pelas diversas espécies.

Nesse sentido, quatro das cinco URs idealizadas e definidas de forma participativa pelo CG constituíram-se em SAFs. Estes, entretanto, tiveram em sua concepção desenhos diferenciados, levando-se em conta as distintas características dos públicos envolvidos, suas demandas específicas, objetivos e características das áreas onde seriam instalados, conforme pode ser visualizado na Tabela 1.

Tabela 1. Unidades de Referência definidas para a região de Franca, 2010. UR Local Espécies principais Característica Situação

Associação de Orgânicos

Sítio São Carlos

Café, cedro australiano, abacaxi, mamão, banana

Sistema Agroflorestal com frutas e madeira

Implantada em 14.01.2011 Cocapec Fundação do Café da Alta Mogiana Nativas Recuperação ambiental de ARL e APP com árvores nativas

Implantada em 08.02.2011

MST Assentamento 17

de abril Mamão, banana,

Sistema Agroflorestal com foco em frutas

Implantada em 22.02.2011 MST Assentamento 17 de abril Hortaliças, mandioca, abóbora, frutas nativas Sistema Agroflorestal com frutas, hortaliças e minhocário Implantada em 26.03.2011 Colégio Técnico ETEC Professor Carmelito Correa Junior Árvores nativas pioneiras e secundárias Recuperação de área de Reserva Legal com árvores nativas

Desenhada e não implantada

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Outras temáticas desenvolvidas

À parte do trabalho com Sistemas Agroflorestais, uma das demais URs foi idealizada para servir de exemplo prático de formação ou recuperação de Área de Reserva Legal (ARL) e de Área de Proteção Permanente (APP), tendo como público tanto os(as) agricultores(as) familiares e assentados da reforma agrária, como os estudantes da Etec e, mais especificamente, para os cafeicultores cooperados, já que sua instalação foi definida pelo CG para ocorrer em área da Fundação do Café da Alta Mogiana, administrada pela Cocapec. O local específico de sua instalação foi uma área divisória entre a Etec e a Fundação do Café. Esta área apresenta importância estratégica, uma vez que o manancial de água presente nesse local não mais apresentava as condições mínimas para a função de proteção florestal e para a conservação da nascente ali existente, inclusive por permitir o acesso de gado bovino ao local. Além disso, em função da necessidade de que as propriedades rurais se enquadrassem na legislação ambiental, essa UR permitiu, na prática, que os agricultores e estudantes pudessem ter contato com as técnicas de recuperação e de manejo para a devida reaplicação e adequação às condições específicas de cada propriedade.

Durante a condução do primeiro projeto, que se estendeu da segunda metade de 2010 a 2014, pela boa interação da equipe técnica envolvida com as instituições locais e órgãos públicos, integrantes do projeto puderam participar de eventos técnico- científicos promovidos por esses órgãos e instituições. Nessas participações, outros públicos puderam ser identificados e em especial um deles foi o dos apicultores e meliponicultores de Franca e região. Pela formação específica de integrantes da equipe envolvida na condução do projeto, os apicultores e meliponicultores foram gradativamente incorporados como público participante do projeto.

As demandas específicas desse público foram trazidas para análise do CG, que decidiu pela sua incorporação ao próprio Comitê, pela interação identificada da temática com a proposta do projeto e da possibilidade da incorporação dessa área com os sistemas biodiversos que estavam sendo concebidos e implantados. A partir dessa nova configuração do CG, ações específicas foram sendo desenvolvidas nessa temática, onde podemos destacar:

» Realização de diagnóstico da atividade apícola e meliponícola da região

» Organização de seminários técnicos voltados à disseminação e desenvolvimento da meliponicultura

» Construção de modelos de sistemas biodiversos enfatizando a integração de SAFs e criação racional de abelhas

» Apoio na idealização e instalação de um meliponário municipal em Franca

» Instalação de apiários e meliponários no Assentamento 17 de Abril

» Organização e condução de ações de formação nas temáticas da apicultura e meliponicultura

Esse conjunto de ações e a grande interação da equipe com esse público específico enriqueceu o processo de formação técnica e possibilitou a integração entre agricultores, apicultores e meliponicultores da região. Nesse sentido, destaca-se o apoio técnico que a equipe forneceu para a estruturação do meliponário municipal, sendo um dos maiores do país, com mais de 200 colônias de abelhas sem ferrão e a realização de cinco edições anuais do Seminário de Meliponicultura de Franca, que se tornou um evento de referência estadual na temática, agregando diferentes públicos interessados nessa nova atividade e promovendo uma rica troca de

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experiências entre meliponicultores, técnicos, estudantes e público em geral de diferentes regiões do estado de São Paulo e inclusive de outros Estados da Federação.