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O porquê aprender língua inglesa na escola pública

1. A ESCOLA PÚBLICA BRASILEIRA

2.2 O porquê aprender língua inglesa na escola pública

Aprender uma outra língua implica muitos significados e interesses diferentes, e essa aprendizagem não se fez necessária somente a partir da modernidade, o que muito bem é colocado por Paiva (2003, p. 54):

O interesse pelas línguas estrangeiras faz-se presente ao longo do percurso da humanidade. A história demonstra que, desde as antigas civilizações até o mundo globalizado, os homens sentem necessidade de aprender outros idiomas com finalidades bélicas ou pacíficas. As línguas servem de mediadores para ações políticas e comerciais, além de veicularem o conhecimento científico e a produção cultural.

Seguindo esse ponto de vista entendemos que o ensino de línguas estrangeiras esteve presente ao longo da história da humanidade, o que facilmente nos remete às expedições colonizadoras, guerras e acordos políticos, mas também nos faz refletir no contexto atual globalizado, onde a interação entre as pessoas atinge escalas inimagináveis.

Segundo o Hutchinson & Water, 1990, p. 6 (apud REES, 1998, p. 65), as duas forças que unificam o mundo agora são a tecnologia e o comércio e elas geraram a necessidade de uma língua universal. Esse papel coube à língua inglesa. A surpreendente expansão da LI fez com que ela tomasse importância em um mundo unificado, estando presente no desenvolvimento cientifico, tecnológico e econômico em escala mundial, sendo reconhecida como uma linguagem global.

Entretanto, não é à toa que o Inglês está se tornando reconhecido como uma língua importante para a empregabilidade e comunicação internacional. De acordo com Crystal (1997) em meio a múltiplas razões para escolher uma língua em particular como LE favorita, elas incluem: tradição histórica, conveniência política e o desejo do contato comercial, cultural e tecnológico, e o Inglês é agora, a língua mais ensinada como LE no mundo. Mas como a LI expandiu a ponto de construir sua importância e necessidade diante do contexto global?

Pegamos o exemplo que Crystal (1997) nos traz, sobre o Latim que se tornou uma língua internacional durante a expansão do Império Romano, o que não aconteceu simplesmente por que os Romanos eram mais numerosos do que as outras pessoas, eles eram na verdade, simplesmente mais poderosos. Nesse sentido, uma língua se torna internacional por uma razão maior que é o poder político de seus falantes nativos. Moita

Lopes (1996) faz uma relação interessante entre o Latim e a língua Inglesa, dizendo que a língua de Roma era levada aonde quer que o Império Romano atingisse, como veículo da dominação cultural, pensando o Inglês como a língua do imperialismo norte- americano, que é a língua do império no Brasil do século XX, a tal ponto que se acredita que para subir socialmente é preciso estudar a língua do colonizador.

Para Crystal (1997) o inglês atingiu um status que é resultado de dois fatores: a expansão da colonização britânica, no século 19, e a emergência dos Estados Unidos liderando o poder econômico no século 20, se adentrando ao século 21, mantendo uma relação entre a dominação pela língua e o poder cultural, que vamos observando conforme se faz clara a história da LI. No contexto brasileiro, Paiva (2003) coloca que foi após a Segunda Guerra Mundial, que intensifica-se a dependência econômica e cultural brasileira em relação aos Estados Unidos, e a necessidade ou desejo de se aprender em inglês é cada vez maior.

Dessa forma, atingindo um patamar global a língua inglesa acaba por ser ensinada como LE com grande incidência mundo afora. Assim, as variações na língua inglesa diante da imensidão de contextos nos quais ela se encontra e se modifica é um fenômeno muito complexo. Segundo Rajagopalan (2004, p. 69), as línguas não são somente meros instrumentos de comunicação, as línguas são a própria expressão das identidades de quem delas se apropria, defendendo a LI como língua viva diante da pluralidade que a língua está abrangendo hoje. Nesse contexto, Rees (1998) diz que o Inglês não é mais a língua dos ingleses em um sentido cultural e racial restrito, mas, por causa das razões históricas, agora, é uma árvore que cresce de várias raízes.

No Brasil o ensino da LI carrega uma herança elitista decorrente da incompetência e negligencia da escola pública para o ensino de LE, que contribuiu para que esse ensino fosse multiplicado nas classes mais dominantes, e muito limitado para a sociedade em geral. Entretanto, a demanda pela LI cresce espantosamente no país, pois de acordo com pesquisa feita em 2015 pela British Council, a população em sua maioria elenca alguns fatores que estão fomentando a demanda pela aprendizagem da Língua Inglesa no Brasil, como o engajamento do Brasil em nível global, a política do governo para o ensino da LI, o mercado de trabalho que exige proficiência, a mídia e a tecnologia, a busca por conhecimento, assim como, uma pequena parcela da população acredita que o Inglês contribui para o desenvolvimento pessoal, o que curiosamente, geralmente é um argumento que surge nas esferas de classes médias e altas.

Embora, a Língua Inglesa traga consigo muitas implicações acerca de dominação cultural, aculturação e poder, não podemos negar sua relevância diante das relações comerciais, tecnológicas, cientificas e artísticas que são mantidas pelo mundo através da linguagem. A Língua Inglesa como componente curricular de Escola Pública deve proporcionar aos jovens o engajamento político, social e comunicativo na perspectiva global, diante da expansão de tecnologias que nos colocam em interação com outras culturas e pontos de vista. A escola democrática e republicana que traz conhecimentos e conceitos como direito de todos, precisa promover um ensino emancipatório, fazendo com a aprendizagem de uma LE não considere somente os conhecimentos sistêmicos da língua, mas também desenvolva um trabalho que reconheça a língua como manifestação cultural, conscientizando sobre o ensino de LI como um processo político.

Portanto, é preciso mover uma prática educativa nessa área comprometida em construir conhecimentos e consciência diante do ensino de LI. Como vimos anteriormente em nossas retomadas históricas, é possível detectar que existem problemas sérios no que diz respeito à educação brasileira e ao componente curricular de LI. Compreendendo o contexto sócio histórico desses aspectos, podemos constatar os desafios que esses enfrentam no cotidiano da escola pública.

Neste próximo segmento, iremos discutir alguns desafios do ensino de LI com o intuito de não somente trazer esses desafios, como também, refletir sobre esses para nos instigar e comprometer com a busca pelo avanço nas práticas de ensino e aprendizagem de LE.

2.3 Desafios do ensino de língua inglesa pensada no viés da escola pública e

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