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Mapa 28: Município de Manoel Ribas

Em 04 de outubro de 1895, Antonio Ribeiro da Rosa registrou na Colônia Teresa a posse denominada Descalçado junto a margem direita do rio Ivaí, a qual lhe garantia uma área de 200 hectares, no entanto ele julgava-se proprietário da imensa gleba de terras devolutas que chegava até os divisores das aguas do Ivaí e Corumbataí onde havia pequenas campinas. (BOEING, 2012).

Nessa época esse local tornou-se conhecido como Campina do Corumbataí, após a chegada de caboclos e migrantes passou a ser chamado de Campina Alta dos Índios, porque ali já estavam desde a muito tempo grupos Kaingang. Conforme foi sendo povoado composto de colonos migrantes alemães e italianos e caboclos a localidade passou a se chamar Agua dos Lemes e depois Manoel Ribas. (BOEING, 2012).

Boeing, (2012), diz que são poucos os registros e documentos sobre esse período da imigração. Os primeiros migrantes de Campina Alta dos Índios se dedicaram à plantação de milho e criação de suínos, que eram vendidos em Candido de Abreu, Reserva e Ponta Grossa.

guarda de carroças e cavalos para Cândido de Abreu, Reserva e Ponta Grossa. Muitos se perdiam ao longo do caminho, mas vinham outras comitivas atrás que traziam de volta o porco perdido. No caminho matavam os porcos que se machucavam e os salgavam, garantindo assim a alimentação dos condutores da porcada pelas trilhas abertas no meio da mata. Essa viagem de ida e volta demorava entorno de 30 dias... (BOEING, 2012, p. 83- 84).

Um dos primeiros migrantes teria sido o senhor Antonio Miciano de Souza e sua esposa Maria Oliveira de Souza, que contaram a Boeing, (2012), como foi o início de suas vidas na nova morada:

Manoel Ribas desde 1923 era conhecida como Campina Alta dos Índios e o primeiro morador foi Fabrício Antonio Getúlio que veio abrindo as picadas e muitas outras famílias vieram seguindo até chegar às Águas dos Lemes. Nome dado por ser a primeira família a chegar neste local. Depois vieram também as famílias, Borges, Menjon, Prachedes, Miciano e Lacerda. Também veio Laurindo Mendes, Joaquim Ribeiro, Eduardo Ribeiro. Essas famílias chegaram e formaram os lugares com nomes de: Campina velha dos ribeiros e Campina Velha dos índios e Campininha dos Micianos e

Campininha dos Lemes4. (BOEING, 2012, p. 84).

José Maria de Oliveira, conhecido como José Prachedes, em depoimento dado a Boeing, (2012), dizia ter nascido em maio de 1946, sendo filho de José de Oliveira (nascido em Reserva) e Augusta Souza de Oliveira (nascida de São Paulo), que teriam vindo para Manoel Ribas em 1932:

Meu pai comprou do Fabrício Getúlio a terra, mas perdeu a posse e depois precisou comprar de novo e pagou com safra. Derrubava os matos, plantava milho e depois soltava s porcos para engordar e vendiam e compravam terras. Era o tempo dos mil reis. Quase tudo era na base da troca, levando alimento no lombo dos burros e cavalos trocando-os nas vendas por sal, açúcar e

outras coisas5. (BOEING, 2012, p. 84).

Uma outra família entrevistada por Boing, (2012), foi a de Francisco Lemes dos Santos, conhecido por Chico Lemes, conta que nasceu em 08/10/1920 em Tereza Cristina, era filho de Antonio Lemes dos Santos e Clementina Borges dos Santos. Casou-se com Valdivia Souza dos Santos em 31 de julho de 1940.

Nós compramos a terra de Fabrício Getúlio, depois de Cesar Lamenha Siqueira. Começamos do nada. Engordava os porcos na safra e eram tocados até Cândido de Abreu. Os juntadores de porcos eram meu tio avó Alexandre

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BOEING, (2012). Depoimento de Antonio Miciano de Souza em 15 de dezembro de 2008.

A primeira escola foi nas terras do Cesar Lamenha Siqueira, perto do

primeiro cemitério na saída para Pitanga6. (BOEING, 2012, p. 85).

João Maria Lemes dos Santos, nascido em 26 de fevereiro de 1940 nas águas dos Lemes, filho de Avelino Lemes dos Santos e Rosalina Caetano Pinto, vieram de Teresa Cristina em 1930, comprando terras de Cesar Lamenha Siqueira pagando com produtos da lavoura e comercio.

O primeiro comerciante foi o meu pai Avelino Lemes dos Santos no dia 14 de fevereiro de 1938. Ele tinha um livro de anotações das vendas e contas. Vendia couro de bichos erva mate e trazia compras e pinga de Pitanga. A

venda era perto do cemitério velho. Meu pai era „safrista‟ comprava porcos,

os criava soltos e depois os levava até o Rio Ivaí e lá já os vendia para outro. A porcada era levada até Ponta Grossa, uma manada de 80 a 100 porcos que ia uns peões, que jogavam milho nas picadas para assim conseguir levar a manada7.

O último depoimento que trazemos de Boeing, (2010), é o de Antonio dos Santos conhecido por Antonio Terence, filho de João Terence dos Santos e Albertina Braga dos Santos onde relatou que:

As terras eram do Cesar Lamenha Siqueira. Os meus tios Vergílio e João Raimundo vieram juntos em 1932. Abriram as picadas com facão e meu pai conseguiu 20 alqueires de terra que pagou com feijão e milho. Um ano jogamos fora quase 100 cargueiros (200 cestos), pois a produção foi muito boa naquele ano e tinha pouco dinheiro para comprar porcos para engordar,

pois todo mundo era safrista. Meus tios também fazia a compra de porcos8.

Por fim, Antonio Terence lembra ainda que:

...antes de sair com a porcada treinava os porcos na mangueira para que eles obedecessem aos guias. Assim os levavam até Ponta Grossa. Junto ia um cargueiro de mantimentos com sal e também uma carroça e seguiam o caminho. Na frente ia sempre alguém jogando milho. Já tinham os lugares certos para passar a noite e descansar. Nas noites eram contados muitos causos por meu pai. Quase sempre descalços e no tempo do frio sofriam muito. Ele também conta que os [índios éramos únicos moradores em Campina Alta dos Índios e era amigos e pagavam diárias para eles roçarem o mato. (BOEING, 2012, p. 86).

6 Idem. Depoimento de Francisco Lemes dos Santos em 14 de dezembro de 2008.

7

Idem. Depoimento de João Maria Lemes dos Santos em 17 de dezembro de 2008.

Após essa leva migratória no início da década de 1940, Edmundo José Hauer, pleiteia do Estado a concessão para colonização das terras da região. Sua concessão foi autorizada em 27 de dezembro de 1941, tendo a região dali por diante um plano de colonização que se consolidaria no decorrer da década de 1950-60.