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O processo de ocupação e de desenvolvimento da região

CAPÍTULO 3. Foco territorial de estudo: o município de Tambaú e os

3.2 O processo de ocupação e de desenvolvimento da região

Na descrição do processo de ocupação de Tambaú e de sua da região utilizamos informações presentes no Plano de Bacia (CPTI, 2003), no Plano Diretor de Tambaú (Ceapla/Unesp, 2006), relatório técnico pelo IPT (2006), além de autores que explanaram sobre o assunto, como Resende (1998).

As intervenções antrópicas sobre o meio ambiente se dão em busca do atendimento das necessidades humanas, quer sejam agrícolas, urbanas, industriais, etc., e se reproduzem correspondendo às diferentes formas de uso do solo. Elas

resultam em alterações especialmente nos meios físico e biótico, sendo o seu planejamento necessário para que não venham trazer conseqüências indesejadas ao meio ambiente e recursos hídricos (IPT, 2000a).

Os rastros históricos da delimitação política da região de Campinas ajudam a entender a pujança da sua economia, sempre ligada a atividades importantes de seu tempo. Essa região começou a ser ocupada nas primeiras décadas do século XVIII quando era atravessada pelo caminho dos bandeirantes rumo às minas de Goiás,. A Coroa portuguesa passou a distribuir sesmarias ao longo desse percurso, para quem quisesse trabalhá-las por sua conta e risco, e gradualmente começaram a surgir povoados destinados a abrigar os garimpeiros.

Campinas, por exemplo, foi fundada em 1774, quando a febre da mineração já dava sinais de cansaço e cedo mostrou sua vocação agrícola, primeiramente com o açúcar, depois – no século seguinte – com o café. No fim da década de 1850 chegaram às primeiras indústrias. A Ferrovia Paulista entrou em operação em 1872, e a Mogiana, em 1875, dando um novo impulso à economia local (Grandi, 2007).

Para as demais áreas da RA de Campinas, principalmente a micro região ao entorno do município de Tambaú, a produção cafeeira e a construção da ferrovia impulsionaram o crescimento do pequeno núcleo de povoamento que aos poucos foi surgindo, como ponto de abastecimento de gêneros alimentícios para os trabalhadores que construíram a estrada de ferro. Esse processo foi significativo para o início da urbanização de grande parte dos municípios da micro região de Tambaú.

Nesse sentido, a chegada da ferrovia constituiu-se em um marco na formação de muitas cidades no interior do Estado de São Paulo. Tambaú não fugiu a esta regra, tendo a formação inicial do seu núcleo urbano associação à chegada da Estrada de Ferro da Mogiana, chamada de ferrovia do café.

Assim, incentivados pelo avanço do café, pela ferrovia que facilitava o acesso à região – e tornava o escoamento da produção cafeeira mais rápido -, e pela substituição da mão-de-obra escrava pela imigrante; começam a estabelecer em toda a RA de Campinas as primeiras famílias de imigrantes portugueses, italianos, espanhóis, suíços e alemães – que vinham em busca de uma melhor condição de vida -, sobretudo no final do século XIX e começo do século XX.

Desde então a diversificação de atividades é a tônica da economia da região. Convivem ali harmonicamente desde a tradicional agropecuária (cana-de-açúcar, laranja, braquiária e eucalipto são as principais culturas) até sofisticadas indústrias

que se desenvolveram a partir da segunda metade do século XX, como as que se estabelecem em áreas próximas a Campinas46, de componentes para informática e telecomunicações.

Já com respeito à formação de Tambaú, em 1892, o pequeno povoado – que se configurou posteriormente no município de Tambaú -, foi elevado à categoria de vila, com a instalação da Câmara Municipal (pela lei de 1828 que instituiu a criação de Câmaras Municipais). A Câmara Municipal, a princípio, deveria se constituir em um órgão meramente administrativo e ficava submetida ao controle dos Conselhos Gerais das Províncias e estes, ao governo central. Cabia à Câmara Municipal à elaboração do Código de Posturas, ou seja, a elaboração das normas que deveriam ser observadas e cumpridas pelos moradores da vila. Este Código definia uma forma de organização do espaço, estabelecendo regras e condutas que supostamente estruturavam a constituição política e administrativa da vila.

A indústria cerâmica está presente em Tambaú, desde o final do século XIX. Há registros de uma fabrica de objetos de barro, desde o ano de 1896. Oficialmente, a primeira cerâmica a ser montada no município data de 1922. Atualmente a indústria cerâmica está consolidada na paisagem urbana de Tambaú, com as chaminés marcando o horizonte da cidade, deixando entrever a importância que o setor ceramista já representou para a cidade e o que ainda representa. O sucesso do setor na localidade pode ser explicado pela qualidade da argila encontrada na região.

Destaque deve ser dado para o Grupo Atlas, constituído em 1964, com uma pequena fábrica de pastilhas de porcelana fosca, passando, em um segundo período, a produzir pastilhas esmaltadas, tornando-se detentora de 30% do mercado de pastilhas no Brasil.

Com respeito à população da região de Tambaú, a partir de dados da UGRHI-4 presentes no Plano de Bacia do rio Pardo, é verificado crescimento populacional conforme mostram a Tabela 3.1 e o Gráfico 3.1 (CPTI, 2003). Na Tabela 3.1, tem-se a evolução da média da população dos municípios da UGRHI-4 a partir da

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Outras atividades de destaque incluem montadoras de automóveis, refinaria de petróleo (em Paulínia), fábricas de papel e celulose, tecidos, alimentos, usinas sucroalcooleiras e cultivo de plantas ornamentais. O perfil moderno da região – com economia dinâmica, boa infra-estrutura de transportes (a região é cortada por algumas das mais modernas rodovias do País, como a Bandeirantes, a Anhangüera e a Ademar Dutra), pesquisa de ponta em ciência e tecnologia, excelentes instituições de ensino e uma conseqüente mão-de-obra qualificada – é um fator certo de atração de investimentos. Só em 2003, a região de Campinas receberia 15,5% do total de investimentos estaduais, percentagem inferior apenas à destinada à Região Metropolitana de São Paulo.

Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA). E no Gráfico 3.1, apresenta-se a evolução e projeção demográfica, com o comparativo da população urbana e rural na UGGRI-4.

Tabela 3.1. – Evolução da população a partir da Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA) e projeção demográfica para 2003, 2010 e 2020.

Fonte: IPT (2000a)

Gráfico 3.1 – Evolução e projeção demográfica, com o comparativo da população urbana e rural na UGRHI-4.

Fonte: CPTI (2001a).

A área total do município de Tambaú é de 562 km², sendo 13 km² de área urbana, definida pela Lei nº 1.218 de 14 de março de 1989. A mesma lei estabelece ou fixa em 23 km² a área urbanizável, conforme definida na Planta Cadastral. Vale

ressaltar que essa lei não teve mudança com a aprovação de lei municipal de 2006 do Plano Diretor Municipal.

Nos trabalhos para a elaboração do Plano Diretor Municipal, o Ceapla – Centro de Análise e Planejamento Ambiental do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (IGCE/UNESP) -, verificou-se a necessidade de um mapa temático do município compatível com o planejamento municipal. Nesse sentido, foi elaborado um mapa com o auxilio de fotografias aéreas, imagens de satélite e trabalhos de campo. Na Figura 3.1 (foto de satélite), evidencia- se a ocorrência de vários vazios urbanos indicados pelas setas. Verifica-se que a área urbanizada (área representada pela linha amarela) do município não atingiu o limite do perímetro urbano (linha verde) definido por lei.

Figura 3.1. – Vazios Urbanos em Tambaú. Fonte: Ceapla/Unesp, 2006.