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O processo de extinção do trabalho escravo no Brasil: a resistência de africanos e

No documento História (páginas 57-61)

trabalho escravo no Brasil: a resistência de

africanos e afrodescendentes

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Aula 11 - O processo de extinção do trabalho escravo no Brasil: a resistência de africanos e afrodescendentes

Nessa aula você vai saber sobre as diferentes formas de reação do africano contra sua escravização, sobre os quilombos e sobre as sublevações armadas dos escravos africanos a partir do século XVIII (ano 1701 a 1800). Ao final da aula você deverá saber os fatores que levaram o Brasil a decretar a abolição da escravidão e concluir que a campanha abolicionista teve caráter nacional e popular, uma vez que atingiu todas as regiões.

O processo de extinção do trabalho escravo negro no Brasil pode ser entendido sob dois aspectos diferentes: em primeiro lugar a partir da própria ação, rebeldia e resistência dos africanos e afrodescendentes ao trabalho escravo e às condições a eles impostas pelo sistema escravista; em segundo lugar o que explica também esse processo é a ação reformista da elite brasileira. Ao longo do período imperial existiram três grupos que debateram a questão do escravo: os emancipacionistas, defensores da extinção lenta e gradual da escravidão; os chamados abolicionistas, que defendiam a libertação total e imediata dos negros escravizados e os escravistas, que eram os defensores do sistema existente, queriam que os proprietários fossem indenizados no caso da abolição dos escravos.

Esta charge representa a disputa entre intelectuais e senhores de engenho pelo futuro dos negros

Figura 11.1: Charge do tempo da abolição.

A. Agostini/ Revista IEB - São Paulo Fonte: www.unicamp.br/

Será que os escravos participaram das lutas por liberdade? De que forma? Como eles conseguiam agir, sendo escravos?

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Para os escravos brasileiros existiam vários caminhos que levavam à liberdade tão cobiçada: a fuga, a morte, os dispositivos legais próprios do século XIX (ano 1801 a 1900) e a alforria.

Os escravos tiveram participação ativa no movimento abolicionista. Como reação e resistência ao sistema escravista alguns escravos preferiram o suicídio ao trabalho exaustivo. A maioria deles fugia para lugares distantes e também para os quilombos.

Atenção!!!

Os quilombos eram comunidades formadas, em sua maioria, por negros escravos, além de índios e até brancos considerados fora-da-lei. O maior quilombo no Brasil foi Palmares. Segundo dados da época, Palmares era formado por 12 quilombos unidos por trilhas na mata. A população era de aproximadamente 20 mil habitantes e 6 mil casas. Palmares durou quase um século. Zumbi foi um dos líderes dos negros. Palmares foi atacado 25 vezes e em 1692, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi contratado para atacar o quilombo. Palmares foi destruído em 1694. Em 25 de novembro de 1695 Zumbi foi morto e sua cabeça ficou exposta em praça central de Recife até se decompor por completo. A lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra.

13 de maio de 1888: crioulo ou africano, negro de pele de ébano ou mulato de pele de branco, nem um só escravo deixou de cantar e dançar ao anúncio da boa nova. Sem dúvida, o crioulo nascido no Brasil, criado na língua portuguesa, somente conhece a vida do homem livre o que lhe é contado pelos cativos trazidos da África como escravos, ou que lhe é mostrado pelos libertos. Quanto ao africano, este julga reencontrar o paraíso perdido. Para todos eles 13 de maio de 1888 foi dia feriado, tanto para o mais rebelde quanto para o mais assimilado. Apesar dos rigores do sistema, os escravos tinham cumprido a sua missão, uma grande missão. Haviam criado riquezas, vendendo seus produtos. Quem dá seu suor, sua força, sua vida, sua amizade, sua ternura, sente-se ligado à obra acabada. Sobretudo, quando ela foi moldada na lealdade, na dignidade, na altivez e no espírito inventivo, como ocorreu geralmente. E poucos foram, finalmente, os escravos que conseguiram comprar por si mesmos a liberdade: nessa perspectiva, a “lei-áurea” surgiu como arquétipo de milhares de cartas de alforria até então outorgadas, essas cartas depreciadas, que impunham tantas restrições, tantas condições à libertação, que mais pareciam atos de chantagem à liberdade do que verdadeiros instrumentos de emancipação.

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A liberdade total e incondicional, oferecida de graça a 13 de maio de 1888, parece querer inaugurar uma nova era.

MATTOSO, K. de Q. Ser escravo no Brasil. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1990, pp. 238-239.

Atividades de aprendizagem

1. Quais são as heranças deixadas pelo sistema escravista no Brasil? É pos- sível identificar na sociedade brasileira atual algumas permanências da época da escravidão?

2. Você tem conhecimento se a Assembleia Legislativa de seu estado apro- vou alguma lei que tenha instituído o Dia Nacional da Consciência Negra como feriado? Como essa data é comemorada nas escolas ou em outras instituições? Existem iniciativas de grupos que promovem algum evento ou festividade em comemoração a essa data? Na sua cidade, existem monumentos ou praças que tenham sido construídos em homenagem à cultura negra, africana ou dos afrodescendentes?

3. A política de cotas raciais colocadas em prática pelo governo nos últimos anos tem contribuído de alguma forma com a valorização do negro na sociedade brasileira? Ela tem conseguido criar novas oportunidades de vida e de trabalho aos afrodescendentes?

4. Observe com atenção as duas imagens a seguir e depois comente o que cada uma delas representa. Elas fazem referência a quais fatos históricos? Os Troncos, Bacalháos e outros instrumentos da tortura alimentam as fogueiras em redor dos quais os novos cidadãos entregam-se ao mais delirante batuque.

Figura 11.2: Escravos

Fonte: AGOSTINI. Revista Ilustrada, ano 13, nº 499, 2/6/1888 (BN) LEMOS, 2001.

Aula 11 - O processo de extinção do trabalho escravo no Brasil: a resistência de africanos e afrodescendentes

Estatuto da Igualdade Racial - O projeto, que tramitou por sete anos no Congresso, foi enviado imediatamente à sanção do presidente da República. (José Cruz/Abr)

Para saber mais sobre esse tema, consulte o site http://www.pal-

mares.gov.br. E ainda, assista ao documentário Preto no Branco - negros em Curitiba. Sinopse: O documentário foi re- alizado pelo núcleo de pesquisa e produção do Projeto Olho Vivo, com coordenação de Lu- ciano Coelho e Marcelo Munhoz,

2004. O documentário mostra como vi- vem os negros que moram numa

capital que se diz europeia. Havendo dificuldade de conseguir o documentário -Preto no Branco - negros em Curitiba -, você pode acessar o site YouTube e assistir trechos desse documentário. http://www.youtube.com/ watch?v=wYZLQqp6D8k E para saber mais sobre o Projeto

Olho Vivo consulte o site: http://olhovivo.hdfree.com.br/ index.htm

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Figura 11.3: Senador da República e representantes do movimento negro e afrodescendentes.

Fonte: http://agenciabrasil.edc.com.br/

Resumo

Nesse capítulo você estudou:

• Africanos e afrodescendentes atuaram diretamente no processo que levou a abolição da escravidão no Brasil.

• Os escravos fizeram uso de diversas estratégias para reagir à ordem escravocrata.

Aula 12 - Os republicanos tomam o

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