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Para a realização do levantamento das informações da pesquisa, foi sugerido como projeto a formação de grupos de 3 ou 4 educandos – conforme discussões feitas no Capítulo 2. Essa dinâmica auxilia a cooperação, colaboração e construção do conhecimento entre os educandos. Foi pedido que eles construíssem um kit básico de Robótica Pedagógica Livre e um artefato robótico que seria escolhido a partir das discussões em sala de aula. Esse projeto durou 1 (um) semestre, no qual foram apresentadas e discutidas as seguintes etapas com o grupo de educandos: a sensibilização do grupo (meio ambiente e lixo tecnológico), temas geradores para o projeto, o processo de formação (informática, eletricidade e eletrônica básica), as experimentações com o material retirado do lixo tecnológico (verificação de funcionamento dos componentes eletrônicos), o planejamento do projeto, a montagem do kit básico de Robótica Pedagógica Livre e do artefato robótico e a avaliação – estas etapas e os encontros estão detalhadas no Capítulo 4. É oportuno salientar que as etapas apresentadas e discutidas nesta pesquisa já foram experimentadas em outros projetos de Robótica Pedagógica

Livre, tais como: artigo Projeto Robótica Pedagógica Livre com os atores sociais da EJA da Escola Caio Líbano Soares33 e artigo com os atores do ensino profissionalizante do

CET-CEFET Itabirito MG34.

3.4.1 O Projeto: do Kit Básico de Robótica Pedagógica Livre ao Artefato Robótico

Na oficina de Robótica Livre, os kits básicos de Robótica Pedagógica Livre e os artefatos robóticos tiveram como elementos básicos: interface de hardware livre (IHL), sistemas e aplicativos em software livre (SASL) e dispositivos eletrônicos a serem comandados (DEC). Segue a contextualização de cada um dos elementos para esta pesquisa:

IHL – Interface de Hardware Livre

Foi disponibilizado um projeto de interface de hardware livre35 para controle dos

dispositivos a serem comandados, baseado nos princípios do copylef.

A interface denominada IHL é responsável pela comunicação entre o software de controle e os dispositivos eletrônicos a serem comandados. Ela possui características de baixo custo e facilidade de montagem, já que quase todos os componentes eletrônicos (conector, LED's e resistores – detalhes sobre esses componentes estão no Capítulo 4) são encontrados em equipamentos obsoletos ou inutilizados por defeito, podendo ser de informática ou eletrônica. Componentes mais difíceis de serem encontrados nos equipamentos descartados podem ser comprados em lojas de eletrônica. Nesta pesquisa, a IHL construída possui 8 saídas para controlar dispositivos eletrônicos. A partir do projeto da IHL, os educandos, em grupos, constroem suas próprias IHL.

 

33 Este artigo está disponível em:

<http://libertas.pbh.gov.br/~danilo.cesar/robotica_livre/artigos/artigo_sbc_fisl_2004_final_edu_fae_orig.pdf> . Acesso em: 18 jul. 2008.

34 Este artigo está disponível em:

<http://libertas.pbh.gov.br/~danilo.cesar/robotica_livre/artigos/artigo_wie2007_pt_final.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2008.

SASL – Sistemas e Aplicativos em Software Livre

Sistema Operacional: foi utilizado o Sistema Operacional GNU/LINUX Debian,

software base desenvolvido pela Comunidade de Software Livre. O Sistema Operacional

GNU/LINUX Debian é customizado para que os educandos possam escolher qual a linguagem de programação mais adequada a ser utilizada para o controle da IHL. É oportuno salientar que para esta pesquisa o Sistema Operacional foi customizado com o aplicativo Kommander como ambiente de programação da linguagem de programação Shell Script.

Software de controle da IHL: os próprios educandos escolhem qual o software livre

será usado como linguagem de programação (Ex.: SuperLogo, Shell Script, C++, Java...) para controle dos dispositivos eletrônicos ligados na IHL. Os projetos dos educandos, considerados nesta pesquisa, utilizaram a linguagem de programação Shell Script (no ambiente de programação Kommander) para controle da IHL – o pesquisador optou em utilizá-la pelas facilidades existentes nos comandos de programação e pela sua experiência com a linguagem.

DEC – Dispositivos Eletrônicos a serem Comandados

Atualmente, existe uma situação, alarmante, de descarte de equipamentos eletroeletrônicos obsoletos ou inutilizados por defeito36. Tais equipamentos costumam conter

dispositivos eletromecânicos, como motores (encontrados em drivers para disquete de 3 1/2” e 5 1/4”, CDROM etc.) e sensores (encontrados em mouse, CDROM etc.), além de materiais/componentes que podem ajudar os educandos na montagem de seus projetos de controle do DEC, como eixos, roldanas, engrenagens, fiações, bornes de ligação, resistores, transistores, reguladores de tensão, LED's etc, que podem ser reaproveitados. Essa possibilidade não se limita a equipamentos de informática. Aparelhos eletrônicos em geral, máquinas fotográficas e brinquedos fora de uso podem ser também aproveitados integralmente ou em parte no projeto de controle do DEC. Nessa pesquisa, os educandos utilizaram os LED's (Diodo Emissor de Luz) como DEC para auxiliar no projeto de construção do artefato robótico (descrito no Capítulo 4).

4 O PROCESSO DAS ANÁLISES E RESULTADOS DAS INFORMAÇÕES

Após algumas discussões nas primeiras aulas ministradas para a coleta de informações, percebemos que os educandos não sabiam o quanto estavam inseridos no meio digital.

Com as análises das gravações feitas em sala de aula e das leituras dos diários de campo, foi possível extrair pontos relevantes para compreendermos o processo de (re)construção de conceitos científico-tecnológicos a partir do desenvolvimento de artefatos robóticos, as ocorrências de práxis pedagógicas durante o processo de ensino e de aprendizagem e o processo de inclusão digital dos educados a partir da proposta da Robótica Pedagógica Livre nesta pesquisa.

A partir desses contextos analisados, identificamos três áreas de significação para auxiliar no processo de análise do problema e dos objetivos propostos. São elas: Inclusão Digital, (Re)construção de Conceitos Científico-Tecnológicos e Práxis Pedagógica. Essas áreas foram objetos de estudo no referencial teórico, Capítulo 2.