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CAPÍTULO 4 – Tecnologias de informação e comunicação

4.1 O que são Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)?

Apesar de o senso comum relacionar tecnologia exclusivamente a aparelhos e dispositivos eletrônicos, que normalmente são de complexa utilização, seu conceito é mais abrangente. Uma tecnologia, segundo uma das descrições do dicionário Houaiss, é “teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.)” (HOUAISS, 2009, p.1821). A partir desse conceito, conclui-se que a tecnologia tem sua existência relacionada às necessidades das pessoas, seja para resolver um problema, desenvolver um processo ou manusear um objeto. A escrita, por exemplo, é uma tecnologia que veio para suprir a necessidade de outras formas de comunicação entre as pessoas, além da comunicação verbal, assim como o giz (ou pincel) é uma das mais tradicionais tecnologias educacionais que facilitam o ensino de determinadas disciplinas. Dessa forma, uma tecnologia, quando aceita e consolidada num grupo social, sempre provoca mudanças no que aquelas pessoas fazem, em como se comportam e na percepção de mundo que elas têm.

No que diz respeito ao surgimento das TIC, especificamente, Kenski (2011) afirma que a necessidade humana de expressar sentimentos e opiniões e de registrar experiências e direitos levou o homem a criar a “tecnologia da inteligência”, um tipo especial de tecnologia, cuja base é imaterial, ou seja, não existe como máquina, mas como linguagem. E, para que essa linguagem pudesse ser utilizada em diferentes tempos e espaços, foram desenvolvidos inúmeros processos e produtos que foram evoluindo desde a fala e a escrita até a síntese entre som, imagem e movimento. O processo de produção e o uso desses meios são compreendidos pela autora como tecnologias específicas de informação e comunicação, as TIC (KENSKI, 2011, p. 28).

Brito (2003) afirma que foi, mais precisamente, nos anos 60 que surgiram novas tecnologias de informação e comunicação e que nos anos 90 elas se consolidaram. Desde então, o avanço tecnológico que o mundo vem experimentando, com certa velocidade, possibilitou novas formas de utilização dessas TIC, para a produção e propagação de informações, de forma que alguns autores passaram a se referir a elas como NTIC, ou seja, novas tecnologias de informação e comunicação. Mas, segundo Kenski (2011), com a banalização do uso dessas tecnologias, o adjetivo “novas” foi sendo esquecido e o termo “tecnologias de informação e comunicação” passou a ser usado de forma mais generalizada, independentemente de suas características. A autora acrescenta que, às vezes, após a inovação ser assimilada, ela se incorpora ao nosso universo de conhecimentos e habilidades deixando de ser novidade e até mesmo de ser considerada como tecnologia.

Considerando que as TIC são um eixo fundamental do trabalho de pesquisa aqui exposto, é importante, logo de início, registrar a minha compreensão do seu significado. Para isso, busquei autores que estudam o tema há algum tempo e, no parágrafo seguinte, apresento de forma sucinta a visão de três deles por acreditar que esses teóricos, juntamente com Kenski (op. cit.), sejam os que melhor se relacionam com o que eu penso em termos de conceituação das TIC.

Para Lima Jr. (2007), as novas tecnologias se referem ao domínio da eletrônica, que deu novo impulso ao mundo produtivo, em todos os setores e níveis, particularmente ao campo da comunicação e informação. Zanela (2007), de forma geral, define TIC como tecnologias microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações, que produzem, processam, armazenam e transmitem dados em forma de imagens, vídeos textos ou áudios. González Soto et al. (1996 apud RICOY; COUTO, 2009) utilizam a terminologia para se referir às tecnologias relacionadas a processos e produtos derivados das novas ferramentas digitais,

eletrônicas etc. (hardware e software), aos suportes da informação e canais de comunicação relacionados com armazenamento, processamento e transmissão digitais da informação.

Considerando o enfoque na utilização de tecnologias no ensino de línguas que é dado à minha pesquisa, compreendo as TIC como um conjunto de processos e produtos, frutos da evolução eletrônica e digital, capazes de processar, transmitir e armazenar fala, escrita, som, imagem e movimento, em forma de informações digitais, de maneira integrada ou não. Elas têm como característica marcante a renovação constante e podem ser usadas para dinamizar os processos de ensino e aprendizagem de línguas, servindo como fonte de motivação externa para professores e aprendizes.

A questão da mudança constante das tecnologias é apontada também por Kenski (2008). A autora defende que esse estado de fluxo tecnológico é uma consequência do momento social em que vivemos e impõe a necessidade de aprendizagem contínua. A sensação é a de que quanto mais se aprende mais há para estudar, para se atualizar e, para os professores que querem inserir as TIC em suas práticas, isso é fundamental. A autora conclui que a sociedade deve assumir o desafio de abrir-se para novas propostas na educação, resultantes de mudanças estruturais nas formas de ensinar e aprender através de novas tecnologias.

Na área educacional, na maioria dos contextos de ensino, as tecnologias funcionam como suporte ao processo de ensino aprendizagem e, em geral, facilitam o trabalho do professor na intermediação da produção e expressão de diferentes saberes pelo aluno. No decorrer da história da educação, várias tecnologias ganharam espaço nas salas de aula como TV, DVD, som, maquete, filme, quadro, giz, pincel etc. Algumas tecnologias estão extintas, como o álbum seriado13, enquanto outras vêm se firmando cada vez mais, ao ponto de se tornarem itens indispensáveis a muitos professores, como é o caso do computador, acompanhado das inúmeras possibilidades que ele traz consigo.

Conforme Paiva (2010), o computador e seus periféricos integram todas as tecnologias da escrita, de áudio e vídeo já inseridas na sociedade: máquina de escrever, imprensa, gravador de áudio e vídeo, projetor de slides, projetor de vídeo, rádio, televisão, telefone e fax e, por isso mesmo, ele tem sido a grande estrela da inserção das TIC na

13O álbum seriado é um recurso didático que consiste numa coleção de folhas ou cartazes, organizadas na

sequencia de exposição desejada pelo professor. Elas são coladas na parte superior, formando uma brochura, que é afixada num cavalete ou em outra estrutura, em altura visível para todo o grupo. Nos cartazes/folhas podem conter ilustrações, textos, gráficos etc. e eles são passados à medida que o assunto é exposto. Atualmente os álbuns seriados caíram em desuso, visto que os retroprojetores, seguidos pelos projetores (data-show), ocuparam esse espaço oferecendo mais praticidade e funcionalidades.

educação. Nas escolas em que seu uso pode ser aliado à internet, com acesso em laboratórios ou em outros espaços, com conexão wi-fi14, as vantagens dos computadores são amplamente potencializadas, pois a internet é, simultaneamente, fonte inesgotável de conteúdos e recurso potencialmente impulsionador de aprendizagens mais ativas e significativas (RICOY; COUTO, 2009).

Além dos computadores, os tablets, celulares e smartphones têm ganhado cena entre as TIC utilizadas na escola, constituindo-se em fontes importantes de motivação para os alunos. Em geral, esses recursos são vistos de forma negativa nas salas de aula e por isso são banidos delas, mas é preciso que o professor esteja preparado para otimizar o uso que os alunos farão dessas ferramentas em favor do processo educativo.