• Nenhum resultado encontrado

século XXI. In: NASSER, Salem Hikmat; REI, Fernando (Org.) Direito Internacional do Meio Ambiente.

2 O DIREITO PENAL E A TUTELA AMBIENTAL

3 A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE E A IMPLEMENTAÇÃO DO DIREITO DE ACESSO À ÁGUA POTÁVEL

3.2 A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE: MEDIDAS QUE PODERÃO SER ADOTADAS

3.2.1 O Serviço de Difusão da Educação Ambiental

Conforme leciona Roberto Marinho Silva307, a convivência com o meio ambiente é um

imperativo fundamental para o manejo e uso sustentável dos recursos naturais num ecossistema, de modo a não inviabilizar sua reprodução. Isso implica em uma nova orientação para as atividades humanas, eis que se busca conciliar ou corrigir os limites naturais à intervenção do homem.

Nesse sentido, mostra-se de fundamental importância aprender a viver em harmonia com o código da natureza, partindo-se da premissa de adaptação e não de estranhamento, destruição ou de combate.

Com efeito, em franca oposição à política de esgotamento dos mananciais de água potável, muitas podem ser as formas de se aumentar as reservas de água doce em áreas específicas. Dentre essas formas pode-se citar a disseminação da educação ambiental, fator preponderante para um bom êxito na preservação dos bens ambientais.

Conforme salienta Ângela Aparecida Sagrillo308, aprender sobre a natureza, mantendo

um contato próximo com seus elementos, pode ser a única maneira de despertar nos indivíduos a necessidade de valorizar e buscar o equilíbrio dinâmico entre os homens e o meio ambiente. Isso porque, para que ocorram mudanças de atitudes, o indivíduo precisa estar consciente e, principalmente, sensibilizado de seu papel enquanto espécie integrante de um ambiente equilibrado. Isso é possível por meio da educação ambiental.

Para Luís Paulo Sirvinskas309, para se entender as causas da degradação ambiental é

necessário compreender os problemas sócio-econômicos e político-culturais e a partir desses conhecimentos poder-se-á então tentar alterar as atitudes comportamentais das pessoas na sua fase inicial por meio de uma ética ambiental adequada. Afinal, “é o exercício efetivo da cidadania que poderá resolver parte desses grandes problemas mundiais por intermédio da ética ambiental transmitida pela educação ambiental”.

Nessa perspectiva, Ivanaldo Soares da Silva Junior310 observa que a educação ambiental

tem fundamental papel, mormente no mundo moderno, em que pese o desafio cada vez maior

307 SILVA, Roberto Marinho Alves da. Entre o combate à seca e a convivência com o semi-árido: transições

paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2008. (Série BNB teses e dissertações). p. 189.

308 SAGRILLO, Ângela Aparecida Forti. Obrigatoriedade da educação ambiental para a educação infantil no

âmbito do direito educacional brasileiro. UNESC em revista, v. 8, n. 17, p. 85-108, jan/jun. 2005. p. 84-85.

309 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Meio ambiente e cidadania. Revista do Instituto de Pesquisas e estudos, São

Paulo, n. 35, ago/nov. 2002. p. 306.

310 SILVA JÚNIOR, Ivanaldo da. A educação ambiental como meio para a concretização do desenvolvimento

de serem criadas condições para a participação dos diferentes segmentos sociais, tanto para formulação de políticas para o meio ambiente, quanto na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade do meio natural, social e cultural.

Aliás, ressalta Ângela Sangrillo311 que “[...] a educação ambiental abre os horizontes da

consciência ecológica, que consiste, antes de tudo, numa mudança de comportamentos, de atitude social”, de modo que a cidadania ecológica supõe teoria, movimento e consciência ecológica. Isso depende da afirmação cultural de novos valores da sociedade.

Segundo a Lei n. 9.975312, de 27 de abril de 1999, entende-se por educação ambiental os

processos por meio dos quais os indivíduos e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo seja ele formal ou não formal.

Nada mais oportuno que a imposição do dever de prestar educação ambiental à comunidade pelo autor de delito ambiental, na qualidade de multiplicador em defesa da água potável. Para tanto, dispõe o aplicador do direito de muitas alternativas, dentre elas a inclusão do autor da conduta danosa nos programas ministrados pela Agência Nacional de Águas (ANA) e das Secretarias de Recursos Hídricos.

Desse modo, a prestação de serviço à comunidade imposto ao autor do delito ambiental, em qualquer das hipóteses previstas para sua aplicação, durante o período legalmente previsto e sem prejuízo de suas atividades normais, consistirá na sua preparação para que ministre às famílias informações relativas ao combate ao desperdício, tratamento das águas armazenadas em cisternas ou açudes, bem como na orientação de como se evitar a contaminação da água das chuvas armazenadas nas regiões que sofrem com a escassez quantitativa.

Sugere-se que a pessoa jurídica, além de disseminar a educação ambiental na comunidade, o faça também no interior de suas instalações por meio de campanhas visando o combate ao desperdício e um controle mais rigoroso no tratamento dos dejetos humanos e industriais. Isso poderá ocorrer por intermédio da adoção de medidas simples tais como a quantificação e a qualificação dos diversos resíduos gerados, com o intuito de reduzir, reaproveitar, reciclar ou efetuar o descarte final de maneira correta.

Outrossim, as empresas poderão orientar, fiscalizar e propor medidas seguras para o descarte de resíduos em geral, com o objetivo de reduzir a geração de lixo e combater o uso

311 SAGRILLO, Ângela Aparecida Forti. Obrigatoriedade da educação ambiental para a educação infantil no

âmbito do direito educacional brasileiro. UNESC em revista, p. 91.

312 BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a política nacional

perdulário de água e energia elétrica, de forma que os próprios funcionários sejam multiplicadores das medidas de controle e preservação ambiental por práticas diárias.

As vantagens dessa espécie de prestação de serviços à comunidade são muitas, isso porque, além dos baixos custos, auxiliará na mudança de mentalidade quanto a finitude da água potável e a iminente necessidade de serem desenvolvidos mecanismos que visem sua preservação e manutenção para que num futuro muito próximo ela não venha a faltar, constituindo-se, assim, em autêntico instrumento de implementação de seu acesso às gerações futuras.

3.2.2 Da Prestação de Serviços Essenciais às Comunidades Carentes: Construção de