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O SIGNIFICADO/PESO DA LUSOFONIA NA ECONOMIA MUNDIAL

IV. ESTADO DA ARTE

3. A DIMENSÃO ECONÓMICA DA LUSOFONIA

3.3 O SIGNIFICADO/PESO DA LUSOFONIA NA ECONOMIA MUNDIAL

Este item do Capítulo 3 procura compreender em que moldes se repercute na «Lusofonia» a concorrência à escala global e entre os diversos espaços linguísticos, atendendo, precisamente, a uma das questões complementares que este trabalho, inicialmente, elencou.

O «Espaço Lusófono», assente em duas potências regionais (Angola e Brasil) e num Estado-Membro da UE (Portugal), é dotado de significativos recursos naturais na sua área de influência “merecendo o interesse de centros de poder geopolíticos”344.

Não sendo relevante no domínio político-militar à escala global, a «Lusofonia» não constitui uma ameaça sob o ponto de vista geoestratégico e geopolítico. Outras limitações da «Lusofonia» estão relacionadas com os seguintes aspectos:

344 LOPES, Ernâni Rodrigues (Coord.); ESTEVES, José Poças e Equipa técnica e consultores da SaeR (2011), A Lusofonia – Uma Questão Estratégica Fundamental, Lisboa: SaeR/Jornal Sol, p. 80.

 Limitada visibilidade e carácter rudimentar da sua imagem enquanto actor no SRI;

 Reduzida dimensão da economia da CPLP no PIB mundial;  Percentagem significativa de pessoas abaixo do nível da pobreza;

 Descontinuidade do espaço lusófono o que faz aumentar os custos de transporte em função da distância, embora este factor esteja a perder o seu tradicional efeito de separação;

 Dimensão dos mercados pouco desenvolvidos dominados pela CPLP;  Multiplicidade de quadros institucionais e legislativos.

Ao longo das últimas décadas, Portugal assumiu um interesse directo em matéria de operações de paz das Nações Unidas, em virtude dos conflitos que afectaram vários países que são seus parceiros da CPLP, com percursos pós-independência atribulados345. Portugal tem sido um “«demandeur» da intervenção da ONU, no tocante a operações de paz,

mediação de conflitos, estabilização política e reconstrução económica e das instituições (veja-se os casos de Angola, Moçambique, Timor-Leste e Guiné-Bissau)”346. Estas operações podem ser um instrumento importante na afirmação da dimensão global da política externa portuguesa, possivelmente também através da CPLP, o que poderá acarretar, entre outras vantagens, as seguintes:

 um acréscimo da visibilidade e influência da CPLP no quadro das Nações Unidas e, consequentemente, no plano internacional;

 o reforço da concertação político-militar com os parceiros lusófonos, sobretudo com Angola e Brasil – potências regionais – que reúnem as capacidades para no futuro desempenharem um papel de maior relevo no cenário mundial;  a afirmação da língua portuguesa e da cultura do mundo lusófono.

345

DUARTE, Francisco Alegre (2008), «Portugal e as missões de paz no estrangeiro – algumas notas de reflexão», Negócios Estrangeiros, N.º 13, Lisboa: Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, pp. 133-138.

O boletim World Economic Outlook (WEO) considera, geralmente, a seguinte classificação de países que divide o Mundo em dois grandes grupos:

1) Economias avançadas («advanced economies») – grupo que integra Portugal, através do sub-grupo representado pela «Área do Euro»;

2) Economias emergentes e em desenvolvimento («emerging and developing

economies») – onde se incluem os restantes sete países lusófonos distribuídos pelos

seguintes sub-grupos:

2.1) África – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe;

2.2) Países asiáticos em desenvolvimento ou «Developing Ásia» – Timor-Leste; 2.3) América Latina ou «Western Hemisphere» – Brasil.

Na versão, datada de Janeiro de 2011, deste boletim estatístico é mencionado que a recuperação a duas velocidades continua. Nas economias avançadas, a actividade tem sido menos moderada do que era expectável, mas o crescimento permanece subjugado, o desemprego continua elevado e as tensões renovadas na periferia da zona euro estão a contribuir para a queda dos riscos. Em muitas economias emergentes, a actividade continua flutuante, as pressões inflacionistas estão a emergir e existem alguns sinais de aquecimento conduzido em parte por fortes injecções de capital. Muitos dos países em desenvolvimento, particularmente na África Subsahariana, estão também a crescer fortemente.

O resultado global aponta para uma expansão de 4,5% em 2011 (Gráfico XIV), ou seja, uma revisão acima dos cerca 0,25% relativamente ao boletim WEO, datado de Outubro de 2010. As condições mais urgentes para uma recuperação robusta são acções rápidas e compreensivas, para ultrapassar os problemas financeiros e da dívida soberana na zona euro, e a adopção de políticas para combater desequilíbrios fiscais e para reparar/reformar os sistemas financeiros nas economias, mais geralmente, avançadas. Isto precisa de ser complementado com políticas que retenham iminentes pressões de aquecimento e facilitem o reequilíbrio externo em economias-chave emergentes.

De acordo com o FMI, a evolução da economia mundial entre 2007 e 2009 (Quadro XVIII) registou uma forte queda da actividade económica e do comércio internacional, tendo o PIB mundial caído 1,1% em 2009, após um crescimento de 3% em 2008.

Gráfico XIV. Crescimento do PIB global (em %)

Fonte: IMF (2011c), World Economic Outlook: Update, Washington, Janeiro, p. 1.

Quadro XVIII. Evolução da Economia Mundial (2007-2009).

Fonte: BANCO DE PORTUGAL (2010b), “Textos de Política e Situação Económica A Economia

Através do Quadro XIX é possível visualizar a panorâmica relativa às perspectivas económicas mundiais em que a projecção a partir de 2011 regista, no geral, um decréscimo da actividade económica: queda da actividade económica, desde logo do PIB mundial que passou de 5,1% em 2010 para 4,0% em 2011, à semelhança do que sucedeu com os dois grupos de países classificados pelo WEO:

 Economias avançadas («advanced economies») – reduz em de 3,1% (em 2010) para 1,6% (em 2011);

 Economias emergentes e em desenvolvimento («emerging and developing

economies») – reduzem de 7,3% (em 2010) para 6,4% (em 2011).

Em 2011, é notória uma quebra da actividade económica no conjunto das economias avançadas («advanced economies») (1,6%, perante um aumento de 3,1% em 2010). Para as economias de mercado emergentes e em desenvolvimento («emerging and developing

economies»), o FMI apontava para uma redução da taxa de crescimento do PIB em 2011

para 6,4% (7,3%, em 2010).

O abrandamento registado era generalizado às várias regiões, mas com diferentes magnitudes. As economias da Europa Central e de Leste, particularmente afectadas pela diminuição dos fluxos de capital internacional e por crises financeiras a nível interno, e da América Latina, apresentavam descidas do PIB face a 2010 Nos países asiáticos em desenvolvimento, apesar da desaceleração, a China e a Índia conseguem ganhar posição, revelando um crescimento sustentável, em que a projecção para 2050 aponta para a concentração de 45% a 50% da riqueza mundial nestes dois países347.

Por seu turno, o abrandamento será menos pronunciado nas economias do Médio Oriente e África, que deverão continuar a evidenciar aumentos do PIB face ao ano anterior. De realçar que a contracção da actividade económica global em 2009 foi acompanhada por uma diminuição acentuada do comércio mundial que foi comum às economias avançadas e às economias emergentes e em desenvolvimento.

347 Intervenção de PORTO, Manuel (Professor universitário), sessão do Seminário de investigação “Prospectiva da UE: os Desafios do Futuro”, no âmbito do curso de Doutoramento em Estudos Europeus, IEE/UCP, Lisboa, 7 de Março de 2008.

Quadro XIX. Visão geral das Perspectivas Económicas Mundiais (em %).

A ruptura do comércio mundial, associada à quebra generalizada de confiança e ao elevado nível de incerteza que levaram os agentes económicos a reduzir ou adiar despesas de consumo e investimento, foi exacerbada por dificuldades no acesso ao crédito comercial no contexto da intensificação da crise financeira, bem como pelo fenómeno da especialização vertical da produção a nível mundial observado nos últimos anos, que terá aumentado a sensibilidade dos fluxos de comércio às alterações na procura global.

Partindo dos dados do boletim World Economic Outlook, datado de Setembro de 2011, verifica-se que as economias avançadas («advanced economies») representam 52,1% do PIB mundial, 63,6% das exportações mundiais de bens e serviços e 15,0% da população total (Quadro XX).

No caso das economias emergentes e em desenvolvimento («emerging and developing

economies») os valores a considerar são 47,9% do PIB a nível mundial, 36,4% do total das

exportações de bens e serviços e 85,0% da população mundial. Entre estas economias, destaque para o Brasil que representa 2,9% do PIB a nível mundial, 1,2% do total das exportações de bens e serviços e 2,8% da população mundial.

Quadro XX. Classificação, pelo World Economic Outlook, dos Grupos e das suas percentagens no PIB Agregado, nas Exportações de Bens e Serviços e na População -2010.

Fonte: IMF (2011b), World Economic Outlook: Slowing Growth, Rising Risks, Washington, Setembro,

Seguidamente, o Quadro XXI evidencia a evolução, entre 1991 e a projecção realizada pelo FMI até 2014, da taxa de variação, em percentagem, do PIB real por parte de cada país lusófono, devidamente integrados nos grupos e sub-grupos respectivos, bem como o comportamento registado pela economia mundial:

Quadro XXI. PIB real (taxa de variação, em %): Economia Mundial + Países Lusófonos.

Média 1991- 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2014 Economia mundial 3.1 2.3 2.9 3.6 4.9 4.5 5.1 5.2 3.0 -1.1 3.1 4.5 Economias avançadas 2.8 1.4 1.7 1.9 3.2 2.6 3.0 2.7 0.6 -3.4 1.3 2.4 Área Euro - 1.9 0.9 0.8 2.2 1.7 2.9 2.7 0.7 -4.2 0.3 2.1 - PORT 3.0 2.0 0.8 -0.8 1.5 0.9 1.4 1.9 0.0 -3.0 0.4 1.3 Economias emergentes e em desenvolvimento 3.6 3.8 4.8 6.2 7.5 7.1 7.9 8.3 6.0 1.7 5.1 6.6 África 2.4 4.9 6.5 5.4 6.7 5.7 6.1 6.3 5.2 1.7 4.0 5.3 - ANG 1.3 3.1 14.5 3.3 11.2 20.6 18.6 20.3 13.2 0.2 9.3 6.1 - CV 6.8 6.1 5.3 4.7 4.3 6.5 10.8 7.8 5.9 3.5 4.0 6.4 - G-B 0.9 -0.6 -4.2 -0.6 2.2 3.5 0.6 2.7 3.3 1.9 2.5 4.0 - MOÇ 6.5 12.3 9.2 6.5 7.9 8.4 8.7 7.0 6.8 4.3 5.2 6.5 - STP 1.5 3.1 11.6 5.4 6.6 5.7 6.7 6.0 5.8 4.0 4.5 7.0 Países asiáticos em desenvolvime nto 7.4 5.8 6.9 8.2 8.6 9.0 9.8 10.6 7.6 6.2 7.3 8.5 - T-L - 18.9 2.4 0.1 4.2 6.2 -5.8 8.4 12.8 7.2 7.9 7.8 América Latina 3.3 0.7 0.6 2.2 6.0 4.7 5.7 5.7 4.2 -2.5 2.9 4.0 - BRA 2.5 1.3 2.7 1.1 5.7 3.2 4.0 5.7 5.1 -0.7 3.5 3.7

Fonte: IMF (2009), World Economic Outlook: Sustaining the Recovery, Washington, Outubro.

Em 2009, Brasil e Portugal foram os dois países lusófonos que registaram uma taxa percentual negativa do PIB. Para 2014, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe deverão apresentar, segundo a previsão do FMI, uma taxa de crescimento do PIB na ordem dos 7%.

A Revista Cultural, Económica e Diplomática da Embaixada da República

Democrática de Timor-Leste em Lisboa, datada de Julho a Setembro de 2008, apresenta no

artigo “Empreendedorismo na CPLP” uma análise gráfica (Gráficos XV) acerca do peso da CPLP no Mundo, partindo de alguns indicadores – população, PIB, área, comércio e IDE:

Gráficos XV. A CPLP no Mundo

Fonte: EMBAIXADA DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE EM LISBOA (Jul.-Set.

2008), «Empreendedorismo na CPLP», Revista Cultural, Económica e Diplomática, N.º 0, Lisboa: Embaixada de Timor-Leste, p. 28.

Este artigo, considerando dados de 2005, constata que, em termos populacionais, a CPLP representa 3,6% da população mundial, 6,6% do PIB global e 8,0% da área total. Ao nível do comércio e do IDE, o peso da Lusofonia equivale, respectivamente, a 2,1% do comércio mundial e a 3,3% do IDE total, atendendo a estatísticas de 2004.

De acordo com a informação que consta no portal da CPLP348, a área do globo terrestre ocupada pelos seus Estados é muito vasta. São 10 742 000 Km2 de terras espalhadas por quatro continentes – Europa, América, África e Ásia, o que representa 7,2% da terra do planeta (148 939 063 Km2). Situado maioritariamente no hemisfério sul, este espaço descontínuo abrange realidades tão diversas como a do Brasil, quinto país do mundo pela superfície, como o minúsculo arquipélago de São Tomé e Príncipe, o Estado mais pequeno, em área, de África, abrindo “possibilidades a um processo de estruturação em rede, com

base no aproveitamento da realidade policêntrica dotada de uma matriz linguístico- cultural de base comum”349.

348 Consultado em 22 de Fevereiro de 2011: http://www.cplp.org

349 LOPES, Ernâni Rodrigues (Coord.); ESTEVES, José Poças e Equipa técnica e consultores da SaeR (2011), A Lusofonia – Uma Questão Estratégica Fundamental, Lisboa: SaeR/Jornal Sol, p. 16.

No conceito da maritimidade, convém sinalizar que a CPLP cobre uma parte significativa da superfície do planeta – uma área oceânica que ultrapassa os 7 milhões de km2 e que, com o aumento da Extensão da Plataforma Continental350 de Portugal, poderá ultrapassar os 7,5 milhões km2 (Quadro XXII), em que os oceanos não são apenas uma questão económica, são também um recurso estratégico e diplomático, pretendendo-se que exista uma visão concertada, entre os países membros, deste património que são os oceanos, tal como foi já evidenciado no ponto 1.4 desta tese. Daí que o conceito de

Hypercluster do Mar seja essencial para a existência de Portugal e de todos os países

lusófonos na medida em que engloba um conjunto de actividades económicas ligadas à temática marítima. É neste sentido que é criada a Associação dos Portos de Língua Oficial

Portuguesa (APLOP), apoiada pela Associação dos Portos de Portugal, procurando

estreitar os laços de cooperação, aumentar as trocas comerciais entre estes países e destacar o papel dos portos no desenvolvimento económico do espaço da CPLP.

Quadro XXII. ZEE por Países e Total Lusofonia

Países da Lusofonia ZEE (km2)

Angola 501 050 Brasil 3 179 693 Cabo Verde 796 840 Guiné-Bissau 106 117 Moçambique 571 955 Portugal 1 832 848

São Tomé e Príncipe 165 364

Timor-Leste 77 256

ZEE Total Lusofonia 7 231 123

Fonte: Baseado nos dados individuais em Sea Around US Project – Fisheries, Ecosystems & Biodiversity in

LOPES, Ernâni Rodrigues (Coord.); ESTEVES, José Poças e Equipa técnica e consultores da SaeR (2011), A Lusofonia – Uma Questão Estratégica Fundamental, Lisboa: SaeR/Jornal Sol, p. 240.

350 A Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental foi a entidade incumbida pelo Governo Português para a apresentação da candidatura às Nações Unidas, no sentido de provar pela ciência que a parte continental do território português se prolonga mar adentro para além das 200 milhas náuticas. Para que se tenha ideia das dimensões desse património, a sua superfície corresponde a 40 vezes o território nacional e a mais de 80% da área terrestre dos 27 Estados-Membros da UE. A decisão final irá demorar alguns anos.

No contexto lusófono, o mar – recurso estratégico que representa um enorme activo e uma fonte de prosperidade e crescimento económico – foi um meio de comunicação privilegiado, reflectindo parte significativa da dimensão cultural e identitária de cada país membro da CPLP. A marinha mercante é, aliás, um dos eixos de desenvolvimento de um país, fundamental para transporte de mercadorias e bens351.

Apesar da reduzida dimensão do PIB conjunto da CPLP à escala mundial, a importância geopolítica do espaço lusófono assume cada vez maior projecção no Mundo com a concertação política e diplomática dos seus Estados, o reforço da cooperação a nível económico, social e tecnológico e a defesa dos seus interesses nacionais. Com efeito, no caso da concertação política de esforços, está bem patente, seja no quadro da ONU, seja em termos das organizações regionais, seja ainda nas candidaturas a cargos352 de entidades internacionais, valendo mais do que quando se fala a uma só voz. Oito votos é um peso importante em reuniões internacionais e não é por acaso que, por exemplo, a Austrália, Marrocos, a Ucrânia e a Indonésia, procuram a aproximação à CPLP. O princípio de que uma oportunidade para um é uma oportunidade para o todo, é algo a preservar353.

Outra revista, a EXAME Angola, datada de Abril de 2010, no seu artigo “Afinal quanto é que vale a CPLP?” aponta para os seguintes resultados (Gráficos XVI): se a CPLP fosse um bloco económico seria a sexta potência, precedida pela UE, NAFTA (North America

351 XAVIER, Rui (Ministro Conselheiro da Embaixada de Angola em Portugal), Ciclo de Conferências CPLP “Realidades Políticas | Económicas | Sociais | Culturais - Angola”, IEP – UCP, Lisboa, 4 de Fevereiro de 2009.

352 Na eleição que teve lugar no dia 11 de Novembro de 2010, no Conselho Económico e Social (ECOSOC) da ONU, em Nova Iorque, destaque para a eleição de Timor-Leste, que entrou na corrida pelo grupo asiático, acabando por ter mais votos do que o Irão, cuja derrota, segundo a BBC, surgiu após forte oposição dos EUA e de grupos de direitos humanos, que criticaram a violação desses direitos e o tratamento discriminatório que as mulheres têm nesse país. Com a missão de promover a igualdade de género e o reforço dos poderes das mulheres, a ONU Mulheres vai aglutinar quatro agências da ONU com funções idênticas: United Nations Development Fund for Women / Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), Division for the Advancement of Women / Divisão para o Avanço das Mulheres (DAW), Office of the Special Adviser on Gender Issues and Advancement of Women / Gabinete do Assessor Especial para Questões de Género e Promoção da Mulher (OSAGI) e International Research and Training Institute for the Advancement of Women / Instituto Internacional de Pesquisa e Capacitação para o Fortalecimento das Mulheres (INSTRAW). Deste modo, Angola, Cabo Verde, Brasil e Timor-Leste vão estar representados na administração da nova agência das Nações Unidas para as Mulheres (UN Women / ONU Mulheres), que será chefiada pela ex- Presidente chilena Michele Bachelet [Notícia “Timor derrota Irão para lugar na UN Women”, jornal Público, Lisboa, 12 de Novembro de 2010.]

353 Entrevista de PEREIRA, Domingos Simões (Secretário Executivo da CPLP) “O português está a tornar-se uma mais-valia económica”, Diário de Notícias, Lisboa, 7 de Março de 2010.

Free Trade Association – Associação de Comércio Livre da América do Norte), Commonwealth, Organisation Internacionale de la Francophonie (OIF) e MERCOSUL.

Se fosse um país seria também o sexto, depois dos EUA, seguidos da China, Japão, Índia e Alemanha. Só o Brasil representa 85% da economia da CPLP e 78% da população, liderando Portugal no indicador – PIB per capita.

Gráficos XVI. O peso da CPLP no Mundo

Fonte: CRUZ, Manuel e FIDALGO, Jaime (2010), «Afinal quanto é que vale a CPLP?», Revista EXAME

Angola, N.º 8, Luanda Sul: MediaNova, Acedido em 30 de Dezembro de 2010, in http://www.opais.net/pt/opais/?det=16320

O estudo sobre o «O Potencial Económico da Língua Portuguesa» que o ISCTE tem vindo a realizar sobre o Valor Económico da Língua Portuguesa, promovido e financiado pelo IC, coordenado pelo Prof. Luís Reto (enquanto reitor do ISCTE-IUL), de cuja equipa fez parte o Prof. José Paulo Esperança, aponta para os seguintes resultados354 do poder económico dos falantes de português no Mundo que representa:

354 ESPERANÇA, José Paulo (Investigador e professor universitário), 1º Ciclo de Conferências – 3ª conferência “O Valor Económico da Língua Portuguesa”, Observatório da Língua Portuguesa, Lisboa, 29 de Novembro de 2011.

 4% do PIB mundial;  3,7% da população total;

 7,25% da superfície continental da Terra.

Este estudo analisa ainda o impacto da língua portuguesa em quatro dimensões: i) comércio externo; ii) IDE; iii) fluxos migratórios e iv) turismo. Conclui que a proximidade linguística influencia significativamente o IDE e os fluxos migratórios e moderadamente o comércio externo e os fluxos turísticos.

Destaque para alguns aspectos dominantes nas dimensões atrás indicadas:

 no caso do comércio externo, o estudo considera que as trocas comerciais poderão ser facilitadas entre utilizadores do mesmo idioma, pelo que o impacto da língua no comércio externo é positivo, podendo as diferenças linguísticas representar barreiras ao comércio, equivalentes a tarifas que podem oscilar entre os 15 e os 22%; ademais, partindo da análise dos principais parceiros comerciais de Portugal, verifica-se que a proximidade geográfica e a dimensão económica são mais relevantes do que a proximidade linguística, apenas significativa nas exportações, enquanto o seu peso nas importações é equivalente ao peso dos países lusófonos na economia mundial;

 o investimento directo português no estrangeiro é revelador do impacto significativo da proximidade linguística em que este estudo sugere que as empresas reduzem fortemente os custos de organização quando investem em países com o mesmo idioma, sendo esta situação mais significativa nas empresas com menor experiência internacional;

 os fluxos migratórios são sobretudo determinados por razões económicas, embora o factor linguístico seja muito significativo visto poder implicar custos de adaptação;

 ao nível do turismo, a proximidade linguística apresenta a mais baixa relevância, pelo que as diferenças de idiomas não surgem como obstáculo ao visitante temporário.

Através de um inquérito realizado, em 2008, aos estudantes do IC no estrangeiro, este estudo apresenta os seguintes resultados: as motivações que levam a aprendizagem do português prendem-se com os usos e as expectativas em relação a essa língua, principalmente de acordo com a sua importância estratégica, traduzida nas oportunidades profissionais e empresariais para os seus utilizadores, podendo esse valor ser, no futuro, potenciado, para as empresas e para os países, se for canalizado para as actividades com maior potencial da sua utilização – cultura, conhecimento científico e técnico, e funções de coordenação e gestão.

A notoriedade da língua portuguesa, ainda segundo este estudo, está patente no reconhecimento quer de algumas personalidades (por exemplo, ex-presidente do Brasil - Lula da Silva; jogadores de futebol – Ronaldinho Gaúcho, Cristiano Ronaldo, Figo; poetas, escritores e cantores – Fernando Pessoa, José Saramago, Paulo Coelho, Amália, Luís de Camões), quer de algumas marcas em países não lusófonos (Petrobras, Tap, Sagres, Pingo Doce/Jerónimo Martins/Biedronka, Millenium BCP, Superbock, etc) e em países de língua oficial portuguesa (Sonangol, Mcel, Gringo, Mozal, Soares da Costa, Cuca, Sagres, Portugal Telecom, entre outras).

O Quadro XXIII expressa o PIB, a preços correntes, calculados em milhares de milhões de dólares americanos, estabelecendo uma comparação entre os países lusófonos, com base nos respectivos valores desse indicador, incluindo a reunião de alguns dados sobre o peso que a CPLP representa no Mundo.