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O sistema massorético tiberiense de sinais e ayyūdj

7 A CONTEXTUALIZAÇÃO MASSORÉTICA

7.8 A M ESSORÁ PÓS TALMÚDICA

7.8.2 A Messorá Tiberiense

7.8.2.8 O sistema massorético tiberiense de sinais e ayyūdj

Apresentam-se, aqui, os elementos do sistema massorético tiberiense de sinais que foram tratados por ayy djăem suas quatro obras descritas anteriormente em §ă5.5627.

7.8.2.8.1 O sistema massorético tiberiense de vogais

O sistema massorético tiberiense de vogais é composto por:

sete fonemas representados por oito grafemas vocálicos cujas a)

realizações fonéticas são (i) qualitativas, (ii) tem relação grafema– fonema e (iii) são fonológicas, conforme esquematizado no quadro abaixo628;

625 "ּ ִת ִ " "copiaram". Mas Zer comprova que nos textos de Maimônides que

significa “transmitir”ă(ZER, 2009) p244.

626

(ZER, 2009) p243-245.

627 Os elementos do sistema massorético de sinais de origem tiberiense são expostos conforme a divisão apresentada em §ă7.4.1 que segue Dotan.

628

Grafema Nome curto629 Nome longo Fonema

ְ Qamats Qamats Gadol /ɔ/

ְֵ Tseire Qamats Qaton /e/

ְ P P G /a/

ְ Segol P Qaton / /

ְִ q/ h v /i/

ְ Mela pum /o/

ְ , ְ Shuruq, Qubbuts Qibbuts pum /u/

três grafemas vocálicos compostos cujas realizações fonéticas são (i) b)

quantitativamente mais breves que os grafemas simples; (ii) tem relação grafema–fonema; e (iii) não necessariamente são fonológicos (quadro abaixo);

um grafema cuja realização fonética (i) depende do contexto c)

sintagmático; (ii) não possui relação grafema–fonema; (iii) não é fonológico (quadro abaixo).

629

Quanto a variantes nomes curtos vide em (ALLONI, 1995a) p203-204. 630

Outras variantes, vide em (ALLONI, 1995a) 210; As transliterações seguem Dotan em (DOTAN, 2007) p633-634.

631

ISam 12:3.

632 Segundo a tradição rabínica, os verbos testemunhar e advertir em hebraico compartilham a mesma raiz, pois as testemunhas, ao presenciarem uma ação ilegal, costumavam advertir as pessoas para afastá- las da ilegalidade.

633 Num 21:17 e Salmo 147:7. 634

Segundo Qim i significa cantar em voz alta (BIESENTHAL e F. LEBRECHT, 1847) p271.

Grafema Nome630 Fonema Exemplo

ְ ṭ q ts ou shevá veQamats /ɔ / “Sofrimento” ִ ְ ṭ p , ou sh vá v P / / ִ ֲ , ּ ֲ631 “Eu”,ă“advertiram”ăouă“testemunharam”632 ְ ṭ p ou shevá veSegol / / 633 ּ “Louvem634

7.8.2.8.2 O sistema massorético tiberiense de diacríticos

O sistema massorético tiberiense de diacríticos é composto por diacríticos simples adicionados às letras cuja função, basicamente, é retirar a ambiguidade da realização fonética.

o pontinho no shin < >: a)

daguesh < ְ> e rafê < ְ> são dois grafemas que normalmente b)

aparecem em distribuição complementar para indicar uma alteração fonética que pode ser ou não fonológica. No quadro a seguir, apresenta-se, de modo simplificado, a regras que regem o daguesh < ְ> e o rafê < ְ>.

Quanto à dualidade fonética do Reish indicada pelo daguesh < ְ> e pelo

rafê < ְ>, Se ádia G (882-942)635 no -mab di, informa que o reish < >

geminado era praticado pelos tiberienses na leitura dos textos bíblicos enquanto que na Babilônia permanecia na fala636. Quanto a realização fonética Morag acredita que o

reish < > geminado seria realizado foneticamente como uma consoante vibrante

análoga ao <rr> de perro, ‘cão’ăemăespanhol,ăemăoposiçãoăàăvibrante <r> de però,ă‘mas’ă

635 ”ă“eramăeloquentes”ă(DJANAH, 1964) p39A. 636

(KAPAH, 5765) p79. Na p116, Se ádia volta a discutir a questão do reish geminado.

Grafema Nome Contexto

sintagmático Realização fonética

ְ

Shevá móbil

Antes de /i/

Antes de , , , Assimila o som vocálico da letra que o sucede

Posições restantes / /

Shevá não

móbil

Quando não for

móbil /ø/

Diacrítico Nome Posição gráfica Realização fonética Exemplo

Não há um nome claro

Na metade direita do shin, posicionado acima ou em seu

interior /ʃ/

“Lá” Na metade esquerda do shin,

posicionado acima ou em seu interior

em espanhol637.

Quanto à realização fonética do < > com daguesh, segundo Se ádia os tiberienses instituíram o daguesh no <י> para indicar o djim árabe638. De acordo com Se ádia, o ponto de articulação do djim seria entre o ponto de articulação do < > e do < >639. Segundo Khan, gramáticos árabes medievais descreviam o som do djim como umaăconsoanteăoclusivaăpalatalăvozeadaă[ɉ]640.

7.8.2.8.3 O sistema massorético tiberiense de melismas

O sistema massorético tiberiense de melismas é bastante complexo e

637

(MORAG, 5720) p159; (MORAG, 5754) p135. 638

(KAPAH, 5765) p72: " " ' " ",ălit.ă“masă(aă realização fonética do) djim é entre (o ponto de articulação) do guimel e do yod e por esse motivo, os tiberienses o instituíram no daguesh no yod”.ăSegundoăIbnăDjana (sec.ăXI),ăSe ádiaăestáăafirmandoăqueăoă som do yod com daguesh é como o djim árabe (TENE, 2006) p139.

639 (KAPAH, 5765) p72: “ " ' " ”ălit.ă“masă[aărealizaçãoăfonéticaădo]ădjim é entre (o ponto de articulação) do guimel e do yod”.

640

(KHAN, 2012) p77.

Diacrítico Posição gráfica Incidência Contexto Realização Fonética

ְ Sobre as letras

Antes de som vocálico, por questões de eufonia Fricativa

Em todas as letras exceto

Para indicar a ausência de

daguesh forte Não geminada

ְ interior da No letra

letra em repouso não frágil Após sílaba fechada com Oclusiva

Após sílaba fechada com letra “em repouso frágil” geminada Oclusiva

O contexto não é claro geminada Vibrante Por motivos morfológicos [ɉ] em final de palavra Quando há contração de sufixo como o Indica que o precisa ser realizado Em todas as letras do alfabeto hebraico

Para retirar ambiguidade de homógrafos e por questões gramaticais

Realização geminada

exigiria um trabalho à parte para discuti-lo. Por esse motivo, apresenta-se apenas o necessário para a compreensão da doutrina gramatical de ayy djădiscutida no presente trabalho.

Grosso modo, o sistema melismático, em hebraico , lit. “‘motivos’ădoătexto”,ădesenvolvidoăpelosătiberiensesătemătrês características básicas641:

Indicar as sílabas com acento primário e secundário; a)

retirar a ambuiguidade de homófonos, por exemplo, “veio”,ă b)

“vem”642;

indicar o fluxo do texto, análogo aos sinais de pontuação ortográfica c)

utilizados em textos de escrita latina como: ponto final, vírgula e ponto e vírgula, para esclarecer as relações lógico–sintáticas entre as palavras.

O melisma de maior importância para os estudos de ayy djăé o ַ , lit. mugido ou méteg, representado pelo < ְ> e atrás dele, o 643 ַ ַ , lit. envolvido, que é representado pelo <־> ou por palavras grudadas ou demasiadamente próximas como acontece no Códice de Leningrado.

A função principal do < ְ> seria, na maioria dos casos, indicar uma acentuação melismática secundária, análogo ao diacrítico fonético <ă >. O ַ ַ <־> basicamente exerceria a mesma função do hífen <-> no português quando usado na composição de palavras, mas com o propósito de indicar a perda melismática da primeira palavra em prol da adjacente.

É importante destacar a relação complementar entre o e o ַ < ְ>, pois o , lit.ă “raptar”ă orientaă oă leitoră aă realizară oă somă deă maneiraă maisă breve, enquanto que o ַ lit. “mugido” orienta o leitor realizar um prolongamento melismático. Por exemplo, no caso do qamats < ְ>, o qamats < ְ> seria realizado como /ɔ /, o qamats como /ɔ/ e o qamats seguido de < ְ ְ> como /ɔ /:

641 (DEL VALLE, 2002) p108. 642 (NUTT, 5630) p42. 643 (DOTAN, 2007) p640.

Grafema vocálico Realização fonética ְ /ɔ / ְ /ɔ/ ְ ְ /ɔ /

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