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Os centros tiberienses citados em ensaios gramaticais próximos a ayyūdj

7 A CONTEXTUALIZAÇÃO MASSORÉTICA

7.8 A M ESSORÁ PÓS TALMÚDICA

7.8.2 A Messorá Tiberiense

7.8.2.3 Os centros tiberienses citados em ensaios gramaticais próximos a ayyūdj

Osă“sefarim525”, pl. sêfer “livro”, isto é, códices ou rolos bíblicos citados no M M em:

Encontramos en todas las ciudades de Sefarad en los libros corregidos que han examinado hombres ilustrados, entendedores de ciencia, ‘pen yifqod

ʿ h ’ (Is 27:3)526, mientras que en las ciudades de Tiberias ‘p q

ʿ h ’. ¡No hay quien conozca lo correcto sino solo Dios!527

deveriam ser códices ou rolos de referência para consulta, por serem “libros corregidos que han examinado hombres ilustrados”. Segundo a tradução de Del Valle “que han examinado hombres ilustrados” tem-se a impressão de que “homens”, emissários de Mena em, “examinaram textos” de centros tiberienses e andaluzes. Todavia, uma leitura em conjunto com o texto em hebraico sugere que a intenção de Mena em era informar que ele (Mena em) consultou “textos que foram examinados” nos dois círculos mencionados por peritos, “homens ilustres”.

A origem apontada para tais “sefarim”, pl. de sêfer “Códice com a Bíblia Hebraica”, eram as “qiyriot”528, pl. de qiyriá “cidade”, de Tiberíades “ciudades de Tiberias” e as “qiyriot”, pl. de qiyriá “cidade”, da Andaluzia “ciudades de Sefarad”. Convém observar queăasăexpressõesă“cidadesădeă[...]”ăsãoăambíguas,ăpoisăpodemăfazeră referência tanto à proximidade geográfica como à ideológica. No último caso, “ciudades de Tiberias”ă poderiaă teră umă sentidoă maisă amploă eă incluiră cidadesă próximasă

523

Em (LEVITA, 1546) p16 discute se o qamats < ְ> de ּ ַ está com daguesh < ְ> para definir se o

qamats < ְ> é qamats ra av ou ataf qamats. Tal discussão é cabível para quem reconhece a dualidade do qamats /a/:/o/.

524

(EZRA, 1827) p3. 525

Del Valle em (DEL VALLE, 1981a) p405ă traduză “texto”ă eă emă (DEL VALLE, 2002) p524 como “códice”.

526 Códice de Leningrado p463:II embaixo , Códice de Alepop237:I , Códice Sasson I:III em cima: :,Códice do Cairo p309:II . Idem em (Tanakh - Breuer, 1959).

527

(MENA EM BEN SARUQ, 1854) p20; (DEL VALLE, 1981a) 405, (grifos e comentários nossos):

" ."

528

ideologicamente, mas distantes geograficamente, como cidades na região da Andaluzia, da Península Itálica e na Alemanha529. O mesmo pode-se dizer em relação às “ciudades de Sefarad”.

Independente da intenção de Mena em, atualmente sabe-se que massoretas de tradição tiberiense atuaram além das fronteiras de Tiberíades. Segundo Ofer, os códices anteriores ao ano 1100530, isto é, o Códice de Leningrado (Espanha, 1008 A.D.), Códice de Alepo (Tiberíades, primeira metade do século X), Códice do Cairo (séc. XI), Códice Sasson (séc. X) e Códice Sasson1 (séc. X) foram avaliados por estudiosos que concluíram serem os mais representativos do corpus textual escrito tiberiense.

O período em que os sefarim, pl. de Sêfer “Códice com a Bíblia Hebraica”, andaluzes e tiberiense foram redigidos não está claro, mas pode-se deduzir que foram preparados muitos anos antes, como Del Valle observa pela palavra-chave

antiguos encontrada nas críticas dos alunos de Mena em531:

Dices que hay waw en we- ’ 532 (Ez 47:11). No puedo menos de decir que lo has inventado. Textos533 bíblicos corregidos antiguos, tanto

españoles como tiberienses, no tienen escrito waw, sino ’ p’w, sin waw.

Si encontrásemos en diez textos bíblicos (la palabra) escrita con waw y una sin waw no podríamos más decidir según la masora. Tú careces de una sola prueba, tenemos más nosotros que tú534

De acordo com os textos de Mena em e de seus alunos, subentende-se que havia mais de um códice de referência representativo por centro massorético: “todas

529

(OFER, 2001) p10 e 260. 530

Os códices anteriores ao ano 1100 foram considerados por estudiosos como representantes de escolas específicas. Códices posteriores a essa data, em sua maioria, representam textos que misturam tradições de diversas escolas (KHAN, 2012) p2-3.

531 (DEL VALLE, 1981a) p178. 532

“[…]ă eă noă seă sanearánă […]” (DEL VALLE, 2002) p524. Códice de Leningrado f609:III embaixo

Códice de Alepo – Códice Sasson1 p288:II embaixo

Códice do Cairo p518:II em cima . Idem em (Tanakh - Breuer, 1959). 533 “sefarim”ăcódicesă(DEL VALLE, 2002) p524.

534

•ă(YEHUDÁ BEN DAVID, BEN KAPRON e BEN GIQATILLA, 1870) 67-68: ) " " (

las ciudades de Sefarad e ciudades de Tiberias” (grifos nossos). Esse é um indício da existência de variações textuais entre os códices de centros de mesma tradição535. Essa suposição em relação às “cidades tiberienses”ă foiă confirmadaă poră estudiosos que identificaram, pelo menos, quatro escolas, dentre elas a escola da família dos Ben

Asher536.

Sabendo-se que ayy djăatuou entre 960-1012 e foi contemporâneo dos alunos de Mena em, deve-se atentar que, na época, dele os códices tiberienses concorriam com os códices andaluzes, em outras palavras, os centros tiberienses e os andaluzes estavam disputando o espaço nos centros judaicos andaluzes. Este período é interessante, pois os massoretas buscavam apoio em ensaios produzidos por gramáticos e lexicógrafos, como foi comprovado em estudos recentes537. Para Ofer, apenas o núcleo das anotações massoréticas foi desenvolvido de modo independente, anterior a qualquer influência externa538. Não foram encontrados estudos a respeito da influência dos ensaios gramaticais de ayy djă sobre massoretas tiberienses posteriores a ele. Entretanto, Ofer e Delgado comprovaram, de maneira independente, como o massoreta espanhol Shemu el Ben Ya aqov, autor dos códices de Leningrado ( ) (Espanha, 1008 A.D.) e de Leningrado-Breuer () ( )539, introduziu anotações massoréticas orientadas pelo M M 540.

Segundo o modo como Mena em cita o grupo de “sefarim”, pl. de Sêfer “Códice com a Bíblia Hebraica”,ă tiberiensesă eă oă grupoă deă “sefarim”, pl. de Sêfer, andaluzes, supõe-se que ambos eram equivalentes: “No hay quien conozca lo correcto sino solo Dios”. Todavia, para os alunos de Mena em, as escolas tiberienses superaram as andaluzes em relação ao sistema de sinais massoréticos, como é possível ver no trecho extraído do meio de uma discussão a respeito da leitura do < ְ> em palavras como . É importante notar que, neste caso, os alunos de Mena em não fazem menção aos códices andaluzes541:ă“Así se encuentra en los libros de Tiberias corregidos 535 (DEL VALLE, 2002)p119-137. 536 Vide ă7.8.2.4. 537 (OFER, 5769); (DELGADO, 2009) p336.

538 Ofer, em comunicação eletrônica sexta-feira, 11 de Novembro de 2011 10:30:

. , ”ă“masăoănúcleoădaă

Messorá é antigo, pelo visto não foi influenciado pelas antigas gramática árabes e hebraicas. 539

(OFER, 2001) p11. As datas foram extraídas de (YEIVIN, 2003) p13-19.

540 (OFER, 5769); (DELGADO, 2009) p336; Yeivin aceitou o resultado das pesquisas de Ofer (YEIVIN, 2003) p24.

541

según la ley del Señor” (grifos nossos)542.

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