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CAPÍTULO 3 O VIAJANTE OU A PAISAGEM?

4.2 A EVOLUÇÃO

4.2.3 O Terceiro Banco do Brasil – de 1906 até os dias atuais

A posse de Rodrigues Alves na Presidência da República confirmava a continuidade da política financeira do seu antecessor, Campos Sales, ancorada em “austeridade financeira, dentro dos antigos princípios de equilíbrio orçamentário, de valorização do meio circulante e elevação da taxa de câmbio”, e inicia seu governo com a discussão da reorganização do Banco da República em 1905 que, em processo de falência desde 1900, vinha se beneficiando de medidas de exceção, aprovadas pelo Congresso, para não decretar a sua liquidação (PACHECO, 1979, v. III, p.534).

Em julho de 1906, inicia-se, então, a terceira fase jurídica do BB, quando retoma a denominação de Banco do Brasil, com o aproveitamento das instalações e do acervo do Banco da República. Segundo Afonso Arinos (PACHECO, 1979, v. III, p.534), o novo Banco recebeu a “estrutura, tirocínio, facilidades materiais e funcionais do antigo banco” e um capital de 70.000:000$000 (setenta mil réis), dividido em 350 mil ações.

A despeito da eclosão de duas guerras mundiais, na primeira metade do século XX, o Brasil apresentou momentos de prosperidade e também enfrentou crises no meio financeiro. Como exemplo de prosperidade, o crescimento econômico que o Brasil viveu de 1930 a 1937, com o desenvolvimento do parque industrial, com a criação de mais de 12 mil estabelecimentos industriais (BB, 1988, p.186). Em 1937, é decretada a ditadura Vargas e tem início o Estado Novo. O Banco do Brasil exerceu o seu papel de principal instrumento do governo federal, creditício e financeiro.

Embora poucos dados sobre o quadro de funcionários e sua política de pessoal tenham sido encontrados nos documentos e na bibliografia consultada, em 1988, em livro lançado pelo próprio Banco, sobre a sua história, consta que em 15.07.1937, a diretoria do BB aprovou a concessão de cursos de aperfeiçoamento, a nível superior, para os funcionários (BB, 1988, p.182).

Em 1938, o Banco tinha 3.642 funcionários. No início desse ano, a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (CREAI), criada no ano anterior, inicia suas atividades, com o objetivo de “amparar, financeiramente, as mais diversas formas de produção”. Em documento interno da época, há uma orientação sobre a formação dos dirigentes da organização, para o exercício das atividades da nova Carteira: “... tendo-se de adestrar administradores ainda sem tirocínio até mesmo das operações bancárias comuns...” (MONTEIRO, s.d, p. 15).

Na primeira metade do século XX, a economia brasileira foi abalada pela Segunda Guerra Mundial, conflito que eclodiu em 1939 e terminou em 1945. Em 1942, com a aprovação da nova Lei das Sociedades Anônimas, o Banco teve seus estatutos alterados para a configuração de “atuar como autoridade monetária e como banco comercial” (HENRIQUES, 1995, p.60).

Na segunda metade do século XX, três grandes fatos marcaram a história desta organização. O primeiro, a Reforma Bancária de 1964 marca a perda de parte das funções do Banco como autoridade monetária, com funções de Banco Central. Em segundo lugar,

acontece, em 1986, a retirada da Conta Movimento11. Finalmente, em 1995, houve a implementação do “Plano de Ajustes12”. Neste Plano, foi feito o aporte de capital, através do Tesouro Nacional (BNDES e PREVI), de oito bilhões de reais. Alguns autores sugerem que esta é uma espécie de quarta fase econômica desta instituição.

O primeiro fato, a Reforma Bancária, aprovada em 196413, altera a configuração do Sistema Financeiro Nacional, extingue a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC14) e cria o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional. O Banco do Brasil perde grande parte de suas atividades como autoridade monetária e o binômio público- privado de sua atuação tende para uma crescente aproximação com o mercado bancário. Profundas transformações são implementadas: expansão da rede de agências, aumento da complexidade dos serviços e das operações bancárias, progressivo avanço da tecnologia e acirrada competição no mercado. Em 1967, passa a atuar no mercado internacional com a abertura de agências e escritórios na América Latina e, em 1971, abre uma agência em Nova Iorque.

O segundo marco histórico do século XX na história do BB, foi resultado de medidas aprovadas durante o Plano Cruzado, pelo voto 45/86, de 30 de janeiro de 1986, quando o BB deixa de ser agente financeiro do Tesouro e perde a Conta Movimento e a Conta de Suprimento. O Tesouro não poderia mais se financiar através de recursos repassados pelo Banco Central para o BB. Desafio que o Banco enfrentou com uma mudança de atuação no mercado, numa estratégia de tornar-se um conglomerado financeiro, entrando nos negócios de

leasing, corretagem, seguros e cartão de crédito. A partir de 1986, o Brasil se transformou em

Conglomerado Financeiro (Anexo I).

O terceiro, coincidiu com um novo plano de estabilização financeira, o Plano Real, implementado em julho de 1994. O Banco aprovou o Plano de Ajustes, em julho de 1995, que visava mudanças estruturais na organização e na atuação do Banco, começando pelo saneamento financeiro da Empresa, num período de prejuízos da ordem de 4,3 milhões. O Banco tinha à época 107 mil funcionários. Na ótica da reorganização administrativa, foi implementado um Plano de Demissões Voluntárias (PDV) (também induzidas e compulsórias),

11 Voto CMN 045/86, 30/01/86.

12 Nota Técnica MF 020/95, do Ministério da Fazenda, estabelece a política do governo para os bancos públicos. 13 Lei nº 4595, de 31.12.1964.

com uma expectativa de demissão de 15 mil funcionários, concretizando-se a retirada de 13.500, gerando um conturbado período de crise e instabilidades internas.

A história e a evolução do Banco do Brasil comprovam o papel que desempenhou em suas várias configurações, como instrumento do governo, na execução da política financeira, acompanhando as transformações estruturais e conjunturais da economia brasileira (BB, 1988, p.79-80).

Nesse breve relato, não foi contemplada a história da educação do BB, que será objeto de item próprio neste capítulo (4.4).

4.3 A SITUAÇÃO ATUAL (SÉCULO XXI)

Em 2001, o BB adotou uma configuração de banco múltiplo, o que permite a sua atuação em todos os segmentos do mercado financeiro.

Em 2003, o Banco criou a Vice-presidência de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental, responsável pelas políticas de educação e de atuação nas áreas social e ambiental. Para isso, definiu que, na relação com seus diferentes públicos, se fundamentaria na Carta de Princípios e Responsabilidade Socioambiental (Anexo II) e, especificamente, com relação ao público interno (funcionários e funcionárias) se nortearia pelo Código de Ética e Normas de Conduta Profissional do Banco do Brasil.

O Conselho Diretor do Banco do Brasil aprovou, em dezembro de 2003, um Plano de Ação de Responsabilidade Socioambiental para o período 2003-2007. Em 2005, adotou a “Agenda 21 do BB 2006-2007”, com o compromisso de:

™ disseminar os princípios e fortalecer a cultura de Responsabilidade Socioambiental (RSA) na comunidade BB;

™ manter processos administrativos coerentes com os princípios de RSA;

™ fortalecer a interação com os públicos de relacionamento (fornecedores, consumidores, clientes, público interno);

O Banco aderiu aos “Princípios do Equador”, em 2005, com o compromisso de observar um “conjunto de critérios mínimos de responsabilidade socioambiental, que deverão ser atendidos para a concessão de crédito”. Princípios criados, em junho de 2003, pelo

International Finance Corporation (IFC), instituição vinculada ao Banco Mundial. Adotou

também o Programa Pró-Eqüidade de Gênero do Governo Federal, que tem o objetivo de “alcançar novas concepções na gestão de pessoas e cultura organizacional para alcançar a eqüidade de gênero no mundo do trabalho” (www.presidencia.gov.br/spmulheres).

O Banco do Brasil ocupava, em 2006, a posição do maior banco do País e da América Latina. No ranking FT Global 500, do jornal inglês "Financial Times", que classifica as empresas de acordo com o seu valor de mercado, o BB ocupava a 64ª. posição entre os maiores bancos mundiais.

O Relatório Anual de 2006, destaca que: “O Conglomerado Banco do Brasil, além do banco múltiplo, reúne 15 empresas controladas e uma entidade fechada de previdência complementar”, e “detém participações estratégicas em todas as coligadas”. É o primeiro banco brasileiro a ter suas ações negociadas em bolsa de valores, desde 1906. Em 2006, aderiu ao Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), “segmento que reúne as empresas com as melhores e mais rigorosas práticas de governança corporativa” (BB, RELATÓRIO ANUAL 2006. p.8).

Em dezembro de 2006, o Banco tinha 82,672 funcionários, sendo 64,2% do sexo masculino e 35,8% do sexo feminino, além de contar com dez mil estagiários e cinco mil adolescentes trabalhadores. O ingresso na carreira funcional é feito através de concurso público, desde o início do século XX, e exige, desde 1992, o nível médio de escolaridade, o que representa em 2006 38% do quadro de funcionários e funcionárias, os demais estão assim distribuídos: 46% de graduados, 1% de nível fundamental, 15% tinham nível de especialização, mestrado e doutorado (BB, RELATÓRIO ANUAL 2006, p.9 e 147:8).

Como Banco presente em todo o País, dispõe de 15.113 pontos de atendimento e 39.661 Terminais de Auto-atendimento, instalados em cerca de 3 mil cidades, em todas as regiões brasileiras e em 22 países. Tem uma base de clientes com 24.374.000 correntistas (RELATÓRIO ANUAL 2006, p.8 a 11).