• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.1.3 O TERMO GESTÃO DO CONHECIMENTO E A POLÊMICA EXISTENTE

Como visto até o momento, apresentar o conceito de conhecimento é uma tarefa intrincada, dada à diversidade de interpretações existentes. Da mesma forma, apesar de ser um campo de estudo com poucas décadas de existência, esclarecer o significado do termo Gestão do Conhecimento também se mostra uma tarefa complicada em face à multiplicidade de conceitos e interpretações em vigor.

Por isso, antes de serem apresentados conceitos que buscam elucidar o que é ou do que se trata a Gestão do Conhecimento, será exposto parte do contexto de divergência que a envolve e a entremeia.

Um dos pontos que dificulta a explicação do termo Gestão do Conhecimento encontra- se vinculado ao próprio termo utilizado para designar este campo de estudo, uma vez que existe dificuldade em se compreender conhecimento e suas variantes como um processo ou um produto, imagine a hesitação sobre a forma de gerenciá-lo.

Nessa mesma linha de raciocínio, Allee (2002b apud FIRESTONE; MCELROY, 2003) afirma que a forma como o conhecimento é compreendido determina como o mesmo será gerenciado. Além disso, vários são os questionamentos sobre a possibilidade ou não de se gerenciar conhecimento, independente da forma como é compreendido.

Um bom exemplo para ilustrar essa colocação é dado por Snowden (2003) ao afirmar não ser possível garantir que um indivíduo faça uso efetivo de seu conhecimento, mas que é possível, sim, medir e avaliar os resultados advindos do esforço desempenhado por um profissional ou por uma equipe, embora não se possa saber se o potencial máximo de

utilização do conhecimento foi atingido. Tomando por base essa interpretação, é possível inferir não ser viável gerenciar os processos humanos e sociais de produção e de utilização de conhecimento, apenas os resultados produzidos por meio destes processos. Por ora, esta premissa não será aprofundada, sendo posteriormente analisada e discutida no decorrer do texto.

O próprio Karl Wiig, primeiro autor a fazer uso do termo Gestão do Conhecimento, como citado mais adiante, ressente-se por não ter encontrado, na época, uma descrição mais adequada (SVEIBY, 2001). E “Nonaka contrasta seu conceito de ‘criação do conhecimento’ com o de ‘gestão do conhecimento’, que o mesmo descreve como um termo ‘muito pobre’, bastante influenciado pela TI3” (SVEIBY, 2001). Desse modo, vários pesquisadores (ALLEE, 2002a, NONAKA; TAKEUCHI; 1997, 2001) preferem não fazer uso direto dessa nomenclatura.

Mesmo sendo esse um ponto polêmico, pode ser contornado se estudiosos e pesquisadores encontrarem consenso e clareza em relação ao objeto de estudo pesquisado e tratado pelo campo da Gestão do Conhecimento.

Ainda com o propósito de contextualizar o leitor nesta celeuma, é importante ressaltar que a Gestão do Conhecimento é reivindicada por várias áreas de estudo e que não há convencimento sobre qual, ou melhor, quais ramos de estudo são ou devem ser responsáveis por sua busca. Por outro lado, uma pergunta relevante a ser feita é se há necessidade de manter-se essa distinção. Seria mais interessante buscar consenso do que separação e, com isso, congregar maior robustez aos trabalhos de pesquisa. Por meio da troca, interação e integração entre as áreas interessadas, a possibilidade de se alcançar resultados menos contraditórios e ao mesmo tempo mais instigantes é expandida.

De acordo com Barquin (2001), a aceitação da Gestão do Conhecimento como um

requisito obrigatório para o desenvolvimento e o sucesso das organizações é crescente. Entretanto, há pouca concordância sobre qual comunidade detém a responsabilidade pela busca da Gestão do Conhecimento. Em resposta a essa discordância, ele afirma tornar-se óbvio que esse deva ser um esforço multidisciplinar, já que diversas linhas de pesquisas encontram-se inseridas no contexto da Gestão do Conhecimento.

Barquin (ibid.) faz esta exposição lembrando que, no caso de uma disputa, seria difícil entrar em controvérsia com filósofos, já que o conhecimento representa sua principal busca; ou com educadores, tidos como responsáveis pela criação de conhecimento desde os primórdios; ou com cientistas da informação (bibliotecários e arquivistas), que vêm realizando a classificação e organização do conhecimento por vários séculos; ou com psicólogos cognitivistas, que buscam entender como o conhecimento é adquirido, armazenado e manipulado pelo cérebro humano; ou com pesquisadores de gestão organizacional, que se ocupam em entender como a organização trata de um de seus ativos mais importante, o conhecimento; ou com os cientistas da computação, que se preocupam com o desenvolvimento e implementação de sistemas reais que produzam e transfiram conhecimento a partir de bits e bytes armazenados em repositórios. Isso reforça a necessidade de busca por consenso e não por embate e cria espaço para a discussão da Gestão do Conhecimento por meio de uma visão multidisciplinar.

O depoimento pessoal de Sveiby (2001, p. 4), apresentado a seguir, mostra que esse esforço, de certa forma, já vem ocorrendo, mesmo que ainda em estágio embrionário:

O conceito de gestão do conhecimento não é usual na sua ambigüidade, extraordinário na sua profundidade, ainda distante do seu esgotamento e – o melhor de tudo – não tem um dono com direitos, como TM, © e ®. De umas poucas sementes plantadas em pouco mais de uma década atrás, as ferramentas e práticas têm se multiplicado exponencialmente através dos esforços de centenas de milhares de praticantes e pensadores no mundo inteiro, os quais se baseiam nos estudos e práticas dos trabalhos pioneiros. O compartilhamento de informações e experiências sobre gestão do conhecimento não possuem precedentes na história da humanidade.

Um ‘movimento’ de pessoas em torno do globo, todas se relacionando e discutindo o tema pela Internet (SVEIBY, 2001).

Agora que o contexto que envolve e entremeia o desenvolvimento do campo da Gestão do Conhecimento já foi exibido, é hora de se buscar esclarecimento sobre a Gestão do Conhecimento.

Documentos relacionados