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O TEXTO JORNALÍSTICO

No documento Língua portuguesa (páginas 58-67)

Muitos são os textos expositivos que lemos ou estamos em contato, mas certamente o mais conhecido de todos nós, é o texto jornalístico. Por mais que vivamos num contexto de mídias tecnológicas que nos colocam diante da informação num piscar de olhos, sabemos que o jornal impresso ainda faz parte do cotidiano das pessoas, justamente por ser um meio de informação confiável.

Contudo, conhecer a estrutura de um texto jornalístico é fundamental, já que é ele um dos meios que usamos para nos manter informados das notícias. O texto jornalístico surge de uma boa pauta que é criada a partir das leituras e pesquisas prévias do jornalista. Quando estudamos, na unidade anterior sobre o texto expo- sitivo, que faz uma exposição significativa das informações a fim de que o leitor possa ser esclarecido a respeito do que se fala no texto. Isso, resume muito bem o que se quer de um texto jornalístico, ou seja, a informação. No entanto, só a infor- mação não é suficiente ao texto jornalístico, já que são nas páginas do jornal que encontraremos a notícia em textos opinativos, analíticos e expositivos.

Dispor as informações por ordem de importância, no que se refere aos assun- tos mais atuais é importante. Mas de que maneira o jornalista organiza seu texto jornalístico? Bem, geralmente os jornalistas seguem a estrutura básica da pirâmide invertida, como mostra a figura 23:

FigUrA 23 – Pirâmide Invertida

FoNTE: Slide Share. Disponível em: https://pt.slideshare.net/jessygama/o-que-pirmide-invertida

À medida que a matéria se desenvolve, seus detalhes deveriam chegar a ser menos

e menos importantes

O lead: Quem? Quê? Quando? Como? Onde? Por quê?

A informação mais importante vai primeiro

Corpo

Desenvolva seu ‘gancho’ noticioso com informações

de apoio, entrevistas, observação, referências

Figura 25 – Capa de Zera Hora

FoNTE: Zero Hora. Disponível em: https://www.zh.com.br

Observando a capa do Jornal Zero Hora percebemos que o jornal escolheu destacar, na manchete, a informação sobre o mau tempo no que se refere à economia, onde mostra nuvens de mau tempo sobre o desemprego. Se o leitor se interessar por questões econômicas, certamente irá ler toda a notícia dentro do jornal. Também, podemos perceber que há vários outros títulos na mesma página, destacando notí- cias que envolvem a previdência social e a operação lava-jato que estão diretamente correlacionadas com a economia.

Vejamos um exemplo, conforme o quadro 28, que vai além da notícia e que já vem apresentada pelo seu título:

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QUAdro 28 – Hackers usam e-mails falsos para acessar dados de usuários do Google

Empresa informou que já trabalha na resolução do problema. Criminosos enviavam links do Google Docs para ter acesso a contas de usuários.

O Google alertou seus usuários para que tomem cuidado com e-mails de contatos conhecidos pedindo-lhes para clicar em um link do Google Docs, após um grande número de pessoas reclamar nas redes sociais de terem suas contas hackeadas.

A empresa informou nesta quarta-feira (3) que tomou medidas para pro- teger os usuários dos ataques: desativou contas ofensivas e removeu páginas mal-intencionadas.

"Nossa equipe está trabalhando para evitar que este tipo de fraude aconteça novamente", informou a empresa em um e-mail.

Segundo especialistas em segurança que analisaram o esquema, usuários recebem por e-mail um pedido para clicar em um link para visualizar um documento do Google Docs e, sem saber, fornecem aos hackers acesso ao conteúdo de suas contas do Google, incluindo o correio de e-mail, contatos e documentos online.

"Esta é uma situação muito séria para quem está infectado porque as víti- mas têm suas contas controladas por alguém mal-intencionado", disse Justin Cappos, professor de segurança cibernética da Tandon School of Engineering da Universidade de Nova York.

Cappos afi rmou que recebeu sete desses e-mails maliciosos em três horas na tarde de quarta-feira, uma indicação de que os hackers estavam usando um sistema automatizado para realizar os ataques.

Ele disse não saber o objetivo do golpe, mas ressaltou que as contas com- prometidas podem ser usadas para redefi nir senhas de contas de bancos online ou dar acesso a informações fi nanceiras.

FoNTE: G1. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/hackers-usam-e-mail- s-falsos-para-acessar-dados-de-usuarios-do-google.ghtml

Blitz educativa

Uma aula diferente fora da sala de aula, mas com um grau signifi cativo por aprimorar a conscientização de jovens e adultos em relação à mistura perigosa entre álcool e direção. Foi assim que alunos e professores da Escola Municipal Gilberto Rezende Rocha Filho, de Gurupi, realizaram na tarde da última sex- ta-feira, 9, uma Blitz educativa com o tema: “Balada consciente”. Aproximada- mente 80 crianças participaram do momento de conscientização e os trabalhos foram acompanhados por professores e servidores da escola. Na oportunidade os futuros motoristas falaram aos condutores de veículos sobre a combinação perigosa entre álcool e direção. Panfl etos e cartazes confeccionados pelos pró- prios alunos foram entregues a cada motorista parado durante a blitz. Fonte: T1. Disponível em: https://www.t1noticias.com.br/curtas/blitz-educativa/51135/

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Após a leitura, podemos identificar cada elemento básico da notícia, conforme:

a) Quem? Os alunos e os funcionários da Escola Municipal Gilberto Rezende Rocha

Filho;

b) O Quê? A blitz educativa;

c) Quando? Na tarde da última sexta-feira, dia 09; d) Onde? Em Gurupi;

e) Como? Por meio de campanhas educativas e trabalhos de divulgação sobre o

tema (panfletos e cartazes);

f) Por quê? Para conscientizar os jovens sobre a importância de dirigir com cons-

ciência.

Você pode perceber que além de determinar a pertinência de um fato a ser noticiado, o jornalista precisa conseguir diversas informações a serem apresentadas em seu texto ao leitor e manter-se imparcial sobre os mesmos. Na análise acima, não con- seguimos perceber o que o jornalista pensou ou sentiu sobre o que escreveu. Aqui, mais uma vez, comprovamos que a função do texto jornalístico é o de informar, e essa informação não se refere à reação ou sentimentos do jornalista, que apenas apresentou os fatos apurados.

Vale lembrar que os jornais destinam um espaço à apresentação de opiniões chamado de editorial, que é um texto que traz a opinião de um jornal. Para Bucci (2000), a liberdade de imprensa é um princípio inegociável, ele existe para beneficiar a sociedade democrática em sua dimensão civil e pública, não como prerrogativa de negócios sem limites na área da mídia e das telecomunicações. Então, o edito- rial precisa ser enfático, mas equilibrado evitando o sarcasmo a interrogação ou a exclamação. Deve ser conciso sobre o que vai abordar e possuir argumentos bem elaborados que o jornal acredita serem parte de sua posição, bem como concluir expressando claramente a posição adotada.

O editorial é um artigo que apresenta a opinião do órgão, escrito pelo redator- -chefe e publicado em destaque. Mais uma vez, o editorial é um texto de natureza expositiva, onde o caráter analítico se sobressai. Também, é bem semelhante a dis- sertação, pois ele precisa apresentar claramente o ponto de vista a ser desenvolvido e argumentar para defender a postura adotada, de tal modo que a conclusão aglutine a argumentação desenvolvida ao longo do texto. Observe a estrutura de um editorial conforme quadro 30:

QUAdro 30 – Estrutura de um editorial

Para especialistas, dependência dá o mesmo prazer que álcool e drogas. Vício em tecnologia é 'primo' de transtornos como cleptomania e piromania.

Um estudo da Flurry, consultoria do Yahoo, apontou que há 280 milhões de “viciados” em aplicativos para celular no mundo, mas não tem base médica.

No entanto, muitos brasileiros, 10% do total de internautas segundo especia- listas do Hospital das Clínicas (SP), já foram diagnosticados com um vício real: é a dependência de tecnologia, que faz suas vítimas passarem até 12 horas conectadas e, quando estão off -line, tremerem, suarem, terem taquicardia e, em casos extremos, chegarem até a tentar suicídio. O G1 conversou com alguns deles e especialistas na área.

“Eu fui tendo vários ataques de pânico em diversos momentos: dormindo, di- rigindo, pilotando moto e até mergulhando, cara”, diz o despachante M.A*, de 42 anos, que passou dez anos se tratando esporadicamente com ansiolíticos (drogas para avaliar a tensão) até descobrir, em dezembro do ano passado, que um dos gatilhos para os ataques era a ansiedade por não estar conectado. “Eu vi que um dos grandes vetores da minha ansiedade era a tecnologia. ”

Ele teve contato com a tecnologia aos 16 anos, na década de 80. A partir daí, novidades já aposentadas, como o Orkut, e outras em atividade, como o Insta- gram, entravam em sua vida assim que lançadas e logo se tornavam um vício. “As pessoas confundem dependência com tempo de conexão. Não é o tempo que você passa conectado, mas o nível de perda de controle sobre a tecnologia que defi ne um dependente”, explica Eduardo Guedes, pesquisador e diretor do Instituto Delete, organização que trata dependentes em tecnologia e é da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No estudo da Flurry, por exemplo, "viciado" é aquele que abre um aplicativo mais de 60 vezes por dia.

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“Eu fi cava depois do expediente para usar a internet. Já fi quei preso no escri- tório por causa disso”, disse. Apaixonado por fotos, M.A. possui uma conta no Instagram com mais de 2,5 mil publicações, média de mais de três imagens por dia. A fi ssura era tanta que quando viajava para seu sítio, passava até três horas editando fotos. Como o lugar está fora da área de cobertura da rede de celular, M.A. abandonava a esposa e caminhava até o alto de um morro para conseguir conexão e publicar as imagens.

“A pessoa não percebe que a necessidade de estar conectado é cada vez maior e, para obter o mesmo prazer, ela tem que usar cada vez mais. É como se fosse uma droga”, explica a psicóloga Sylvia von Enck, do núcleo de dependência tecnológica do Hospital das Clínicas. “Na medida em que a pessoa não consegue controlar esses impulsos na busca do prazer, ela vai aumentando esses estímulos. ” Por isso, explica, a dependência tecnológica é considerada um dos transtornos do controle dos impulsos, assim como a cleptomania (furtar compulsivamen- te), piromania (prazer em atear fogo) e tricotilomania (arrancar os cabelos).

Falta de controle com apps e games

Para M.A., a falta de controle também se estendia a apps e games. Tanto que ele já baixou mais de 340 programas para celular e as batalhas de “Call of Duty: Black Ops II” durante a madrugada eram o terror das noites da esposa. “Eu dizia a ela: ‘Você prefere que eu fi que bebendo no bar? ’” Se trocasse o joystick pelo copo, daria no mesmo. O alcoolismo, assim como o vício em outras drogas, e a dependência tecnológica produzem efeitos semelhantes de satisfação no cérebro, Explica Guedes.

“No caso de uma substância química, existem elementos que interferem no funcionamento neurológico. Mas, no caso da internet, a pessoa libera hor- mônios que geram prazer e, com isso, fi ca de alguma forma aliviada quando passa muito tempo conectada, jogando ou em alguma atividade que a retire de um momento de desprazer, angústia e depressão”, diz van Enck.

Sem internet = abstinência

A psicóloga diz que a privação da internet funciona como uma abstinência forçada e pode gerar violência. “Nós já atendemos alguns casos de pais que foram buscar ajuda porque o ponto máximo que o fi lho, de 15 anos, chegou, depois de ter jogado objetos pela janela do apartamento, foi ameaçar se jogar. Em outro caso, um garoto de 17 anos pegou uma faca e tentou machucar a mãe. ” Sem ter protagonizado casos de violência, M.A. conviveu com o vício sem saber durante dez anos e só passou a se tratar no Instituto Delete após ser aconselhado por um amigo. Já o arquiteto B.R., de 29 anos procurou “o centro sem ter ideia do que estava acontecendo” em 2014, logo após ter uma crise de ansiedade enquanto assistia TV com a família.

Lidando com o transtorno

Sem desgrudar do celular ou do PC, ele estava sempre à espera de informa- ções sobre trabalho e alerta ao menor sinal de notifi cações de aplicativos.

“Se o smartphone vibrava, eu já estava olhando. ” Depois de passarem pelo instituto, tanto M.A. quanto B.R. dizem conseguir lidar com o transtorno. O arquiteto brinca dizendo que virou “copsicólogo” dos amigos e já até indicou o tratamento a dois conhecidos.

A psicóloga do HC diz, no entanto, que os pacientes nessa condição sempre terão de fi car alertas. “É uma ‘alta’”, afi rma, dita assim mesmo entre aspas, pois “às vezes, acontecem situações em que a pessoa acaba reincidindo, volta a apresentar os comportamentos compulsivos. ”

*Os nomes dos dependentes em tecnologia foram suprimidos pela reportagem a pedido deles para preservar a privacidade dos entrevistados

Use a tecnologia com moderação, alerta médica

Para a médica Ana Escobar, consultora do programa Bem Estar, devemos fi car alerta quando a pessoa deixa de ter um convívio social e quer fi car apenas conectada.

“As pessoas fi cam dentro delas mesmas, sem amigos, sem compartilhar mo- mentos. Isso pode ser um problema”.

Fonte: G1. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/07/viciados-em-tec- nologia-usam-app-game-e-celular-como-se-fosse-droga.html

Após a leitura do texto conseguimos identifi car seu tópico: “Para especialistas, de- pendência dá o mesmo prazer que álcool e drogas. Vício em tecnologia é 'primo' de transtornos como cleptomania e piromania. ” Perceba que o editorial nasce de um fato. No caso aqui, “um estudo da Flurry, consultoria do Yahoo” que mostra que “há 280 milhões de viciados” em aplicativos para celular no mundo”. Se a revista estivesse tratando esse episódio com base para uma notícia, elaboraria um texto em que os principais dados da pesquisa seriam expostos ao público leitor. No en- tanto, não foi esse o procedimento adotado pelo editorialista. Ele, após se informar sobre o assunto da pesquisa, passa a analisar os principais pontos que ela contém.

Contudo, o primeiro parágrafo já aponta a conclusão a que se pretende che- gar: “é a dependência de tecnologia, que faz suas vítimas passarem até 12 horas conectadas e, quando estão off -line, tremerem, suarem, terem taquicardia e, em casos extremos, chegarem até a tentar suicídio.”. Daqui para frente o editorialista tratará os dados da pesquisa, as conversas com alguns dos viciados e a opinião dos especialistas na área, para que a partir do segundo parágrafo apresentasse a fala dos pesquisados e a postura dos especialistas a fi m de encaminhar uma análise que o leve à conclusão anunciada.

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