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Língua portuguesa

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Academic year: 2021

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Texto

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AUTORA

LISANDRA JÖRGENSEN PREUSS

LÍNGUA

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LÍNGUA PORTUGUESA

LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

Santa Maria | RS

2017

AUTORA

LISANDRA JÖRGENSEN PREUSS

1ª Edição UAB/NTE/UFSM

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTRO DA EDUCAÇÃO

PRESIDENTE DA CAPES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA Michel Temer

©Núcleo de Tecnologia Educacional – NTE.

Este caderno foi elaborado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Santa Maria para os cursos da UAB.

Mendonça Filho Abilio A. Baeta Neves

Paulo Afonso Burmann Luciano Schuch Frank Leonardo Casado Martha Bohrer Adaime Jerônimo Siqueira Tybusch Sidnei Renato Silveira

REITOR VICE-REITOR

PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO

COORDENADOR DE PLANEJAMENTO ACADÊMICO E DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COORDENADOR DO CURSO DE LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO

NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL Paulo Roberto Colusso

Reisoli Bender Filho Paulo Roberto Colusso

DIRETOR DO NTE COORDENADOR UAB

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NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL Paulo Roberto Colusso

DIRETOR DO NTE

Camila Marchesan Cargnelutti Maurício Sena

Carmen Eloísa Berlote Brenner Caroline da Silva dos Santos

Carlo Pozzobon de Moraes – Ilustrações Juliana Facco Segalla – Diagramação Matheus Tanuri Pascotini – Capa Raquel Pivetta

Ana Letícia Oliveira do Amaral

Lisandra Jörgensen Preuss

ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO REVISÃO LINGUÍSTICA

APOIO PEDAGÓGICO

EQUIPE DE DESIGN

PROJETO GRÁFICO

P943l Preuss, Lisandra Jörgensen

Língua portuguesa [recurso eletrônico] / Lisandra Jörgensen Preuss . – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2017. 1 e-book

Este caderno foi elaborado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Santa Maria para os cursos da UAB Acima do título: Licenciatura em computação

ISBN 978-85-8341-209-0

1. Língua portuguesa – Gêneros textuais 2. Produção textual I. Universidade Federal de Santa Maria. Núcleo de Tecnologia Educacional II. Universidade Aberta do Brasil III. Título.

CDU 806.90:37

801.73

Ficha catalográfica elaborada por Alenir Goularte - CRB-10/990 Biblioteca Central da UFSM

Ministério da

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APRESENTAÇÃO

E

ste material está impregnado do processo de tecer ideias a partir do ato

da leitura e da compreensão de tais ideias. A estrutura foi organizada de maneira a proporcionar a você aluno uma dialogicidade com as mensa-gens contidas nos textos, estreitando os caminhos entre o que se diz e o que se compreende.

Acredito que pelo fato do contato acontecer via texto, há muito mais compro-metimento em analisar cada fragmento de mensagem nele contido. Nosso diálogo se dará pela reflexão além do texto, uma vez que ao emergir nas palavras vocês terão o privilégio de se aproximar, ainda mais, dos assuntos relevantes às questões tecnológicas, pois o material selecionado procura considerar tal temática. Para tal, organizar seu tempo de maneira a realizar as leituras e as atividades pertinentes à disciplina é fundamental para que você alcance os objetivos pensados em cada uma das seis unidades.

A experiência na área das linguagens vem mostrando que os textos que tratam especificamente dessa área fazem referência à evolução rápida da tecnologia na vida das pessoas. Desejo que você vivencie o conteúdo aqui proposto a fim de estabelecer um diálogo entre o que é aqui proposto com o que você já vivenciou em termos de Língua materna ao longo de sua vida escolar.

Escolhi, através das palavras de Paulo Freire, identificar quem sou enquanto professora de línguas há mais de vinte anos, dizendo-lhes que (...) sou professora “a favor da esperança que me anima apesar de tudo”. Sou professora “contra o desen-gano que me consome e imobiliza”. Sou professora “a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo descuidado, corre o risco de se amofinar e já não ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste”.

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ENTENDA OS ÍCONES

ATENção: faz uma chamada ao leitor sobre um assunto, abordado no texto, que merece destaque pela relevância. iNTErATividAdE: aponta recursos disponíveis na internet (sites, vídeos, jogos, artigos, objetos de aprendizagem) que auxiliam na compreensão do conteúdo da disciplina. sAiBA mAis: traz sugestões de conhecimentos relacionados ao tema abordado, facilitando a aprendizagem do aluno. TErmo do glossário: indica definição mais detalhada de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

UNIDADE 1 – TEXTO, CONTEXTO E INTERTEXTUALIDADE

UNIDADE 2 – TIPOS DE TEXTO: NARRATIVO, EXPOSITIVO E DESCRITIVO

UNIDADE 3 – TIPOS DE TEXTO: JORNALÍSTICO, PERSUASIVO E INFORMATIVO

Introdução Introdução

1.1 O texto e seus sentidos

3.1 O Texto Jornalístico 1.2 A Interlocução

3.2 O Texto Persuasivo

1.3 Elementos estruturais do Texto

3.3 O texto Informativo ·5 ·9 ·35 ·55 .11 .57 ·12 ·58 ·17 ·67 ·25 ·69 Introdução 2.1 O texto Narrativo 2.2 O Texto Expositivo 2.3 O Texto Descritivo .37 ·38 ·45 ·50

UNIDADE 4 – TIPOS DE TEXTO: ARGUMENTATIVO, DISSERTATIVO E ARTIGO DE OPINIÃO Introdução 4.1 O Texto Argumentativo 4.2 O Texto Dissertativo 4.3 Artigo de Opinião ·72 .74 ·75 ·78 ·82 UNIDADE 5 – RESUMO E RESENHA Introdução 5.1 O Resumo 5.2 A Resenha ·86 .88 ·89 ·94

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UNIDADE 6 – TEXTO TÉCNICO, FICHAS CATALOGRÁFICAS E FICHAMENTO

REFERÊNCIAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES Introdução 6.1 Os Textos Técnicos 6.2 A Ficha Catalográfica 6.3 O Fichamento ·101 ·121 ·123 .103 ·104 ·116 ·118

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TEXTO, CONTEXTO E

INTERTEXTUALIDADE

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licenciatura em computação|Língua Portuguesa · 11

INTRODUÇÃO

O

objetivo dessa unidade é compreender a importância da leitura como uma

forma de interação social, identificando as concepções ideológicas que perpassam o texto e sua intertextualidade, visando uma melhor interação com os textos lidos, uma vez que, de acordo com Carlos Drummond de Andrade, “a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase

totalidade, não sente esta sede” (ANdrAdE, 2017).

Considerando que vivemos em uma sociedade contemporânea que diariamente nos oferece um emaranhado de tipos de textos, tanto visuais, gráficos e jornalísti-cos, dos quais precisamos transitar com a habilidade própria de falantes nativos da Língua materna – a Língua Portuguesa, perceber no ato de ler um espaço de prazer é fundamental e, muitas vezes, esse prazer está na compreensão do que se lê. Do mesmo modo, nos é incumbida a interpretação correta, que sugere imedia-tamente a necessidade de conhecermos o contexto de produção dos textos, seu propósito e seus interlocutores. De propriedade de todas essas informações, somos considerados aptos a nos mover de modo crítico em meio à realidade social que nos cerca todos os dias, resistindo ou cedendo aos apelos textuais apresentados para nos desviar do propósito da intencionalidade de cada texto.

Contudo, uma diferença se destaca significativamente: nossas escolhas serão feitas por opção, ou seja, após uma análise discursiva correta optaremos pelo ca-minho intertextual que desejamos percorrer, sem cópias, mas sim nos valendo do contexto que nos será oferecido.

A primeira parte desse material abordará o texto e seus sentidos com enfoque no contexto de produção, a intertextualidade presente nos escritos e as formas de interlocução que o interlocutor faz durante a leitura de diversas tipologias textuais, com as quais se depara em seu cotidiano. A unidade inicial explora a imagem como texto impregnada de contexto significativo. Também, os elementos estruturais que constituem o texto fazem parte da organização da presente unidade.

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O TEXTO E SEUS SENTIDOS

1.1

Ao lermos diversos textos estamos perpassando pela estrutura textual de diversas tipologias textuais, o que implica ao leitor possuir conhecimento acerca da inten-cionalidade presente em cada uma. No entanto, para uma boa compreensão textual faz-se preciso perceber a intertextualidade presente nas palavras escritas de seu criador, já que todo texto possui um contexto e uma ideologia implícita.

Então, você sabe o que é um texto? Apenas uma frase é considerada um texto? E uma imagem? Observe a imagem da figura 1 e veja que conclusão você pode tirar dela. FigUrA 1– Obra Abaporu – Tarsila do Amaral (1928)

FoNTE: Photo Bucket

E agora? Caso você tivesse que retirar todas as informações presentes nessa imagem, o que você mencionaria?

a) Observa-se a desproporção na imagem;

b) Percebe-se que o sol parece estar mais próximo da imagem do que seria o cor-riqueiro e mesmo assim o verde permanece verde;

c) Abaixo do calor escaldante do sol parece estar sentada uma pessoa que aprecia a energia solar;

d) A imagem da pessoa não deixa claro se essa é do sexo feminino ou masculino; e) É, talvez, uma imagem conhecida;

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g) A cor da pele da pessoa demonstra exposição excessiva ao sol; h) Essa pessoa parece residir em um lugar quente;

Após tais indagações, será que podemos “ler” mais a fundo as informações dessa imagem? Tirar “algo” a mais dela?

Reflita bem: o responsável pela criação dessa imagem podia ter feito uma árvore com uma grande copa, que possibilitaria uma boa sombra à pessoa ali sentada, ao invés de um “cacto”. Por quê? Se você parar para pensar, vai perceber a presença de informações que remetem ao ser humano e sua relação com a natureza da vida e iniciará um processo de imaginar hipóteses, como:

•Será que a pessoa sentada, com a mão atrás da cabeça demonstra que ela está

pensando sobre o problema do calor excessivo?

•Será que o pé de cacto quer enfatizar esse calor excessivo?

•Será que esse calor excessivo é devido à ausência de árvores de sombra? •Por que será que essa pessoa não plantou tais árvores?

•Será que essa pessoa possui um problema maior que a questão de sua relação

com a natureza?

Então, será que podemos, a partir dessa imagem, concluir que a pessoa pos-sui cabeça pequena, em proporção ao seu corpo, pelo fato de não ter usado da capacidade pensante para perceber que plantar árvores é a garantia de sombra e ar puro? Ou ainda, será que o corpo grande representa a capacidade braçal dessa pessoa para o plantio de árvores, mas o desânimo e a falta de vontade não permi-tiram que ela o fizesse? Ou seja, os pés e o corpo grandes, sugere a valorização do trabalho braçal, enquanto que a cabeça pequena passa a ideia da desvalorização do trabalho mental? E as cores: verde, azul e amarelo, enfatizam a construção de um Brasil braçal e não intelectual que possuía maior impacto na época de sua criação? Vejam quanta informação conseguimos retirar de uma imagem onde não há a presença de palavras escritas. O mais valioso, porém, é constatar que conseguimos ir além do que está representado na imagem e concluímos algo a respeito da in-tenção de quem fez esse desenho: mostrar que ainda hoje, há uma desvalorização com o intelecto humano o que nos leva a refletir sobre as estruturas de poder pre-sentes em nossa sociedade. Nesse ponto, não podemos mais ter dúvidas sobre se essa imagem é um texto. Afinal, fomos capazes de realizar uma prática de leitura a partir da imagem.

Assim, para identificarmos um texto, precisamos atender a algumas condições: •Ele precisar oferecer condições de ser lido e interpretado;

•Seu sentido final precisa ser diferente do sentido das partes que o constituíram; •Ele sugere uma intenção específica por parte de quem o criou, podendo ser ela revelado ou não;

Ao falarmos em texto, estamos nos referindo ao uso da linguagem verbal ou não-verbal, ou seja, é uma unidade de partes que se unem umas às outras com

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uma intenção. Ele é a soma das manifestações linguísticas que foram criadas por alguém, em uma determinada situação, chamada de contexto, com uma determinada intenção.

1.1.1 A Relação Texto e Contexto

Nesse momento, já possuímos critérios para identificar um texto. Com isso pode-mos observar alguns elementos que nos ajudam a interpretar os textos que estão à nossa volta. O primeiro elemento a ser considerado no ato da leitura é que todo texto se refere a uma situação concreta, chamada de contexto.

O contexto pode ser: social, cultural, estético, político, situacional, geopolítico, entre outros, sendo fundamental identificá-los, pois favorecerá o leitor na hora da compreensão do texto.

Para tal, observe a releitura da obra Abaporu de Tarsila do Amaral da figura 2, na qual percebe-se a interferência na mudança do contexto original da obra, que a carregou de outra intencionalidade, diferente daquela pensada por Tarsila. FigUrA 2 – Releitura da Obra Abaporu – Tarsila do Amaral (1928)

FoNTE: Blog Priscila Pantaleão. Disponível em: https://priscilapantaleao.files.wordpress. com/2013/06/md-0000042391.jpg

Pense bem: à imagem foi acrescentada a frase: “havaianas todo mundo usa” e no pé gigante foi colocada uma havaiana branca. Por que isso aconteceu? Que contexto se insere tais acréscimos? Qual a intencionalidade de quem modificou a obra? Por que valer-se de uma obra de arte para isso? Diversas são os questionamentos acer-ca da imagem, mas em primeiro lugar precisamos compreender em que contexto

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essa imagem foi modificada. Nesse caso, o contexto que insiste em ser enfocado é o chamado de contexto situacional, que envolve sempre o conhecimento sobre o que está sendo dito e também as crenças e conclusões relativas ao texto em questão. Quais seriam os contextos aqui enfocados?

a) O primeiro contexto se refere aos trabalhadores por unir a ideia inicial da obra, carregando de intencionalidade a imagem, no momento em que a ela é inserido um chinelo de dedo da marca Havaianas. Aqui, a intenção é de enfatizar que é um chinelo durável, que não deixará o trabalhador na mão;

b) O segundo contexto se reporta à frase; “havaianas Todo mundo usa”, ou seja, ela não foi feita apenas para o trabalhador, mas sim para qualquer pessoa. Isso fica perceptível na escolha da cor do chinelo, que passa a ideia de ele ser moderno, leve e limpo. Por outro lado, quem não gosta de usar um chinelo, ainda mais da marca Havaianas?

c) O terceiro contexto é o da propaganda que passa a ideia do “todos”, ou seja, que marca de chinelos chega até as pessoas se não o da marca Havaianas, justamente por possuir chinelos de todos os valores, cores e modelagens. Algumas informações, presentes na imagem, dão a ela sentido de texto e indicam o contexto no qual a frase: “havaianas Todo mundo usa”, não tem uma relação direta com a intenção de Tarsila do Amaral, mas vale-se de um contexto de luta do trabalhador braçal com a do intelectual. Se considerarmos essas informações, concluiremos que a ideia de que todo trabalhador atual é um trabalhador que usa de sua capacidade intelectual no desempenho de suas tarefas braçais faz com que ele compre chinelos da marca Havaianas. Então, ser inteligente é saber escolher bem seu chinelo.

A identificação e a interpretação de todas as informações que completam a ideia principal do anúncio nos ajuda a desvendar o significado, porque são elas que determinam o contexto no qual a frase e o chinelo foram inseridos.

1.1.2 A Intertextualidade

A Intertextualidade é compreendida como sendo o diálogo entre textos diferentes em que um texto retoma o outro texto de alguma forma. Isso quer dizer que todo o novo texto se valeu de um texto já existente ou parte desse, para se transformar em um novo texto. Para Barros (2003, p. 4), “a intertextualidade é, antes de tudo, a intertextualidade interna de vozes que falam e polemizam no texto, nele reprodu-zindo o diálogo com outros textos”.

Então, a intertextualidade nada mais é que o diálogo entre textos verbais, visuais e sonoros. A intertextualidade acontece na relação entre textos, imagens, vídeos, propagandas fazendo referência ao texto que lhe deu origem. Para que o leitor a identifique é preciso que ele tenha conhecimento da obra e seu contexto e realize uma interpretação minuciosa de ambas.

TErmo do glossário: Contexto situacional se refere às informações que estão fora do texto.

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A intertextualidade pode ter várias finalidades: afirmar, negar, criticar ou trazer um tema anterior para a sua realidade, realizando as alterações que forem neces-sárias para dar sentido a intenção de quem a reescreve ou faz as adaptações que julgou eficazes para aquela situação intertextual.

Observe a figura 3 que ilustra a obra de Leonardo da Vinci que apresenta uma intertextualidade com o quadro Monalisa e questione-se:

• Qual a intertextualidade presente entre a obra original e a adaptada? • Houve perda de sentido da obra original para a adaptação?

• Que fatores diferenciam a obra original da obra adaptada? Por quê?

• Monalisa é considerada uma pintura atemporal, ou seja, está viva e cheia de novos sentidos com o passar do tempo. Qual a ideia que ela expressa? Há críticas à obra original presentes na adaptação?

FigUrA 3 – Obra e releitura da obra Monalisa – Leonardo da Vinci

FoNTE: Sócio Tramas. Disponível em: https://goo.gl/EksG1k

Refletindo sobre tais perguntas, podemos inferir que a obra Monalisa, de Leonardo da Vinci ao ser modificada trouxe um contexto intertextual explícito ao vivido pela sociedade atual, na qual tirar selfies virou prática diária das pessoas. Tal fator, evi-denciou, ironicamente, a postura digital pós-moderna, na qual podemos perceber uma intertextualidade no uso do smartphone, equipamento esse, que retrata a evolução e exprime a ideia de poder aquisitivo, uma vez que Monalisa é retratada fazendo uma selfie com um smartphone da marca mais cara: Apple. Sem contarmos que ela faz uma pose bem comum entre os adeptos dessa prática.

O conceito de intertextualidade vem crescendo e sendo percebido pelos leitores, que devido à ironia e à criatividade repaginam o conceito de texto e contexto inter-textual, uma vez que a intertextualidade aparece em nossa sociedade, de maneira explícita na linguagem visual, verbal e escrita, tornando-a agradável e sutil.

Assim, devemos ficar atentos para a relação entre o texto que gerou um novo texto, pois a relação entre eles não deve ser confundida com plágio, uma vez que a intertextualidade conta com uma análise da construção de sentido do leitor ou do escritor que, como uma prática da leitura de mundo que possui, cria um processo dialógico entre os discursos e os sujeitos. Tal ato, descaracteriza o perfil de plágio.

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LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO|Língua Portuguesa · 17

1.2

A INTERLOCUÇÃO

A interlocução é um diálogo sem pressa que o escritor faz com seu leitor. Quando pensamos no texto, surge a pergunta: será que todo texto fala com alguém? Do mesmo modo que existe um contexto para cada texto, cada texto tem um interlo-cutor preferencial. O que vem a ser um interlointerlo-cutor?

• No caso do texto, ele é o leitor a quem o texto se dirige, ou seja, o escritor escreve seu texto pensando em quem será seu interlocutor;

• Com quem se fala no texto;

A interlocução é a condição da persuasão, ou seja, não existe uma situação persu-asiva em que uma pessoa se encontre sozinha, sendo necessário ao menos duas pessoas que dialogam. A quantidade de interlocutores pode ser ampliada. Então surge a pergunta: será que você, quando vai argumentar com alguém, pensa nas características dessa pessoa na hora de escolher seus argumentos? Você cria uma imagem do seu interlocutor no momento de persuadi-lo? Por que isso é impor-tante? Por que existem argumentos adequados a determinadas pessoas que não usaríamos com outras?

Para identifi carmos o interlocutor de um texto precisamos observar dois aspectos relevantes: o assunto que o texto aborda e suas características formais. Para isso, precisamos observar onde esse texto foi publicado, ou seja, em revista, em jornal, ou outro. No caso de ser em uma revista, precisaremos identifi car um conjunto de possíveis leitores e, dependendo a área de publicação dessa revista o número de leitores fi ca reduzido ou ampliado.

O quadro 1 apresenta um texto onde será possível observar a presença do interlocutor.

QUAdro 1 – Identifi cação do interlocutor num texto

Tinder do emprego: Empreguei é o app para achar o “trabalho perfeito”

Temos que concordar: procurar emprego pode não ser a coisa mais fácil do mundo, não é mesmo? Aplicativos para esse fi m nunca são muito intuiti-vos. Mas imagina se você pudesse encontrar uma vaga de modo igualzinho a como você escolhe pretendentes no Tinder? Acredite se quiser, mas agora isso pode ser feito.

Idealizado pelo brasileiro Marcio Furtado, o Empreguei é um site e aplica-tivo que cadastra empresas e profi ssionais que estão à procura de emprego. A plataforma funciona como uma ponte entre o candidato e as vagas, de forma que o usuário e o empregador escolhem um ao outro até terem um “match”.

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Dentro do programa há também a opção de chat, onde, se combinadas, as partes podem conversar melhor para agendar entrevistas e tratar de outros assuntos.

Para as empresas, a ferramenta permite o recrutamento assertivo, com uma avaliação rápida do perfi l do profi ssional e contato direto com ele, sem a necessidade da tradicional análise de CVs formais, o que elimina várias etapas e, assim, gera ganho de tempo.

Para se inscrever, o candidato deve baixar o aplicativo, disponível para Android, ou acessar o site da plataforma e então preencher um cadastro. Após isso, basta aguardar o contato dos empregadores que buscam profi ssionais com aquele perfi l. Quem diria que um dia seria possível esperar o “match” da empresa dos seus sonhos?

FoNTE: Tec Mundo. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/carreira/115681-tinder-emprego--empreguei-app-achar-o-trabalho- perfeito.htm

Com relação à interlocução, o texto acima fala de um aplicativo – App criado para ajudar pessoas que estão a procura de emprego. Dito isso, podemos deduzir que os leitores interessados em assuntos científi cos, de modo geral, e em tecnologia para celular, de um modo particular, terão interesse nessa notícia. Serão, assim, os interlocutores possíveis para esse tipo de texto informativo.

No que se refere às marcas formais, podemos dizer que o texto usa linguagem própria da revista a quem se destina, ou seja, mantiveram os termos próprios da área tecnológica como: Tinder, App, match e Android. Tal texto, permite que iden-tifi quemos um interlocutor bem mais particularizado. O perfi l de interlocutor com que a propaganda trabalha é bem específi co. Ele se dirige às pessoas que fazem uso de um celular Android no qual é possível a instalação de um App que atenda suas necessidades atuais.

Contudo, a situação de interlocução expressa na charge da fi gura 4 é bem diferente da ideia anterior:

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FigUrA 4 – Retrato no avanço do desemprego

FoNTE: NTE, 2017

Nesse caso, os termos científicos ou específicos de uma determinada área foram evitados, mas a situação foi ilustrada num contexto mais geral, ou seja, que qualquer pessoa possua a capacidade de ser o interlocutor. A tentativa de facilitar a com-preensão do que se quer mencionar revela a preocupação com o leitor “leigo” e a necessidade de apresentar os fatos de modo compreensível para qualquer pessoa se interesse pelo assunto, independentemente de estar vivendo ou não, tal situação.

Como você pode perceber, a charge aborda ironicamente a questão do empre-go sem haver necessidade de empregabilidade e critica severamente os cabides de emprego, nos levando a nos questionarmos sobre: Quem esse personagem está representando? De quem esse personagem é funcionário? Por que as cores da charge são branco, azul e amarelo? Provavelmente, esse personagem seja um funcionário público que trabalha em repartições públicas nas quais há muita gente trabalhando, muito serviço para ser feito e nada é feito como deveria, surgindo assim, a expressão “cabide de emprego”. Também, o chargista aborda fortemente o gasto desnecessário com o funcionalismo público, quando mostra um personagem que tem um emprego, mas nem sabe quais são suas tarefas, conclamando para sua esposa a quem chamou de “amor” que lhe explique o sentido desse emprego que como ele bem disse: “acabei de deixar aqui” subentendendo ao leitor que havia deixado no cabide.

1.2.1 As Características do Interlocutor

Podemos não ter parado para pensar em nosso interlocutor, mas com certeza formamos sua imagem em situações persuasivas do diálogo que queremos estabe-lecer com ele, mesmo que seja imperceptível a nós. Já parou para pensar nas vezes

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que precisou convencer seu pai ou sua mãe a lhe deixar sair para festas sozinho? Qual foi a estratégia persuasiva usada? Provavelmente você tentou convencer a sua mãe, já que ela se comove mais facilmente com seus pedidos. Por que fazer isso? Porque você conhece o seu pai e sabe que, se sua mãe o convencer, fica mais fácil. Ou ainda, se sua mãe disse que você poderá ir, seu pai não irá contra a liberação de sua mãe. Você fez uso de estratégias persuasivas. Atitudes como essa significam que você escolheu o melhor interlocutor para a situação e adaptou seus argumentos àquela pessoa que mais facilmente é convencida.

A tira da figura 5 mostra uma situação em que a imagem do interlocutor é per-feitamente formada por Mônica no momento de escolher seus argumentos. Veja: FigUrA 5 – Uso do Celular

FoNTE: NTE, 2017

O argumento utilizado pela personagem principal é conhecido de qualquer pes-soa que usa o smartphone para fins de foto, de compras on-line, de Facebook, de WhatsApp, Twitter entre outros. Ela sabe que as pessoas usam o smartphone muito mais para outras finalidades do que para atender uma chamada telefônica normal, valendo-se então do argumento da interrupção da ação que ela estiver fazendo no celular.

Analisando a imagem do uso do smartphone percebemos que a dona do celular novo não possui mais uma relação de pessoalidade com sua amiga, o que gera o descomprometimento dela para com a amizade das duas, visto que o semblante da dona do smartphone no último quadrinho não abre espaço para que a amiga contra-argumente. Assim, a personagem principal gera a curiosidade na amiga, mas não permite que ela participe de sua vida tecnológica.

Agora, observe a figura 6 que tem por objetivo principal atrair estudantes logo no começo do ano letivo para o Método de aprendizagem chamado de sUPErA (franquia), considerado por seus idealizadores uma forma de aprendizado mais fácil, que gera boas notas e evita a recuperação dos alunos, pois ativa as múltiplas inteligências. A atividade cerebral, na propaganda chamada de “ginástica para o cérebro” vem a ser uma atividade extracurricular, que ajuda os alunos a obterem um maior rendimento escolar. Para isso, usaram o argumento da prática gratuita da ginástica cerebral, para venderem a ideia de que mente aberta é fruto de um desenvolvimento cognitivo bem-sucedido que faça com que o interlocutor queira a ser um franqueado da Escola sUPErA.

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licenciatura em computação|Língua Portuguesa · 21

FigUrA 6 – Smartphones e campanha volta às aulas da Escola sUPErA

FoNTE: Franquia Educacional. Disponível em: http://www.franquiaeducacional.com/sorteio-de-5-s-martphones-com-a-campanha-volta-as-aulas/

As caixas abertas representam a mente aberta das pessoas que desejam evoluir cognitivamente, quer seja para si ou para o desenvolvimento intelectual de seus filhos. Isso fica evidente nos desenhos feitos na frente de cada caixa, passando a ideia de que não possui idade para aprender, mas sim vontade, desejo de querer saber mais. Contudo, oferece um bônus para quem decidir abrir a cabeça para a nova forma de aprendizado oferecida pela Escola sUPErA, ou seja, ao exercitar o cérebro tem grandes chances de ganhar um smartphone Galaxy Y. O que é isso? Estratégia de publicidade. Não há esforço sem ganhos. Aqui todos ganham, inclusive a sUPErA, que o próprio nome já diz: Supere suas dificuldades e seja, um aprendiz de verdade! Como chamamos isso? Marketing.

As empresas de marketing quando projetam as propagandas publicitárias preci-sam tomar muito cuidado no momento de estabelecer a imagem de seus interlocu-tores, uma vez que a venda do produto criado dependerá muito da criação assertiva dessa imagem. Uma estratégia eficiente aposta na publicidade astuta, feita em cima de uma imagem inteligente de seu interlocutor, que devido às suas características intelectuais, escolhe um determinado produto de uma determinada marca.

Perceba isso, na campanha publicitária do Botafogo Praia Shopping no Rio de Janeiro, como mostra a figura 7, é o pioneiro no desenvolvimento de aplicativos para iPad e iPhone. Para tal, trouxe a ideia do Mais (+) como pano de fundo à ima-gem da mãe e da filha, sendo que essa aparece segurando um iPad e próximo a elas encontramos o slogan “Mais carinho, mais amor e sua mãe mais feliz”.

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FigUrA 7 – Campanha Dia das Mães

FoNTE: Binderland. Disponível em: https://binderlandia.wordpress.com/tag/campanha-publicitaria/ Repare bem como a chamada e o texto do anúncio sugerem seriedade, pois valoriza um sentimento tão lindo: o amor dos filhos por suas mães, agregando a essa ideia, situações importantes para a vida moderna das famílias, como por exemplo: o acesso fácil ao shopping (menos tempo gasto no trânsito, já que ele fica próximo ao metrô), tudo que as pessoas procuram tem no Shopping Nova América (ainda podem usar seu cartão visA), dispõe de várias mídias para que os interessados saibam mais sobre esse novo local e ainda podem concorrer a sorteios, caso decidam realizar suas compras no Shopping Nova América. Note que a ideia inicial da propaganda é enfatizar a qualidade do afeto entre mãe e filha, em especial, no Dia da Mães.

A propaganda busca diferenciar os serviços oferecidos pelo Shopping Nova América dos demais existentes no Rio de Janeiro. Podemos dizer então, que um leitor inteligente não gosta apenas de ser informado sobre as novidades de sua cidade de maneira superficial. O que esse leitor faz, então? Provavelmente irá até o referido shopping para constatar tudo que pode lhe ser oferecido naquele novo espaço para compras e lazer. O leitor gosta de ser respeitado como alguém capaz de formar sua própria opinião sobre o que o cerca.

De alguma forma, a sugestão é que os leitores da revista onde esse anúncio foi publicado sejam mais inteligentes, possuem maior autonomia de leitura e maior poder aquisitivo, pois os recursos persuasivos presentes na propaganda enfatizam a imagem positiva de um leitor que sabe o que quer para si. O que fica implícito nessa publicidade é o poder de compra de seus leitores, mas que provavelmente possuem cartão de crédito com um bom limite que os levará a comprar acima do valor estipulado, pagando com seu visA e aumentando suas chances de ganharem

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LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO|Língua Portuguesa · 23

o prêmio anunciado na propaganda. A imagem e as características do interlocutor sempre presentes na construção do anúncio publicitário. Então, quem é o público alvo dos anúncios publicitários?

Se você observar com mais cuidado, perceberá que, cada vez mais, os publicitários defi nem mais claramente quem será o público alvo de seus anúncios. Ou seja, o grupo de pessoas que os publicitários consideram potenciais compradores do produto ou ideia que desejam vender. A isso, damos o nome de estratégia de marketing.

Ao conhecerem o interlocutor a quem vão dirigir o anúncio, os publicitários criam as condições de escolherem os argumentos com maiores chances de persuadi-los a adquirir o produto ou a difundir a ideia de interesse de quem representam. Veja o anúncio na fi gura 8.

FigUrA 8 – Histórias que Veja conta

FoNTE: Pinterest. Disponível em: https://br.pinterest.com/explore/campanhas-publicit%C3%A1rias/ O anúncio apresentado é retirado de uma revista semanal, que escolhe o públi-co alvo públi-como interlocutor, por esse possuir características específi cas, visto que o anúncio tem focos precisos e preciosos a destacar:

• O texto dirige-se aos leitores inteligentes que entendem de assuntos políticos e econômicos, que de uma forma ou outra, já possuem uma caminhada profi ssional; • A propaganda curta busca diferenciar a revista em questão das demais revistas, ao defi nir a redação das reportagens como “muito bem escritas”, sem achismos ou palpiteiros de plantão escrevendo em suas colunas;

• O que está nas entrelinhas dos textos publicados pela referida revista, nada mais é que a ideia de que os colunistas da revista sabem muito bem do que escrevem, ao contrário daqueles que se valem de palpites para escrever;

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• A qualidade editorial faz com que o leitor seja diferente da grande maioria dos leitores de outras revistas semanais, pois a revista fornece ao seu leitor subsídios para análise de cenários futuros, não estagnando seu leitor aos fatos da atualidade; No caso do anúncio acima, todo o poder persuasivo está na imagem do senhor tampando a boca com uma das páginas da revista, como se ele estivesse dizendo: “Ops! Falei!”. E aqui não está o falar por falar, mas sim falar com propriedade de causa, sabendo exatamente o que escreve e pautado na realidade sem omissão de fatos. Não se sabe bem, quem são os donos das imagens ali postas, pois no contexto da propaganda, isso pouco importa, porque a mensagem ficou nítida: Você quer ler verdades, bem escritas ou mentiras bem contadas? Então, leia Veja. Só nela você encontra a verdade bem contada, bem escrita!

Perceba, ainda, no canto inferior direito, que o adjetivo escolhido para carac-terizar a revista retrata muito bem a sugestão implícita: Veja indispensável. Bem, o que isso sugere ao interlocutor? Que a leitura de Veja é indispensável para quem quer ficar por dentro da verdade das histórias que se conta por aí. Temos assim, um bom exemplo de como identificar a imagem do interlocutor é importante e pode contribuir para a construção de um texto persuasivo. De forma simples, percebemos a relação entre a boa imagem do interlocutor e sua contribuição na argumentação da redação, que aumenta a chance de persuasão do leitor.

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licenciatura em computação|Língua Portuguesa · 25

1.3

ELEMENTOS ESTRUTURAIS

DO TEXTO

Ao lermos um texto estamos lendo as ideias contidas acerca de um determinado assunto e que são expressas pelo seu autor. Todo texto possui elementos estruturais que o identificam durante a leitura e qual a intencionalidade presente nele. Para conseguirmos realizar uma boa leitura precisamos, antes de mais nada, compre-ender cada parte da ideia que constitui o conjunto de palavras, concatenadas corretamente, e que darão sentido ao que vai sendo lido. Neves (2002, p.226), por sua vez menciona que:

(...)saber expressar-se numa língua não é simplesmente dominar o modo de estruturação de suas frases, mas é saber combinar essas unidades sintáticas em peças comunicativas eficientes, o que envolve a capacidade de adequar os enunciados às situações, aos objetivos de comunicação e às condições de interlocução.

Todo texto deve possuir uma qualidade de escrita que permite ao leitor compre-ender a mensagem contida. Tais qualidades referem-se à unidade, a coesão e a coerência na articulação da linguagem escrita. Como bem mencionou Neves, não basta dominar a estrutura do texto para torná-lo um bom texto, mas proporcionar condições apropriadas de compreensão do que está expresso no texto.

Precisamos saber que a unidade se refere à clareza das ideias contidas no texto,

a coesão são as conexões das palavras de um texto e a coerência é a relação entre

as várias partes do texto criando uma unidade de sentido ao texto. Um texto só é coeso quando utiliza corretamente as conjunções, as preposições, os pronomes, entre outros. No entanto, a coerência refere-se ao sentido que as palavras têm em decorrência da forma como foram organizadas no texto, a fim de garantir ao leitor a compreensão da mensagem do texto.

Exemplo:

a) Todo mundo usa o Mac menos eu.

b) Todo mundo usa o Mac menos todo mundo. (Incoerente) Exemplo:

a) Todo mundo conhece a Apple de Steven Jobs, mas eu não a Microsoft. (In-coerente)

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Podemos observar que a frase “b” do exemplo 1 e a frase “a” do exemplo 2 pos-suem incoerência. Por quê? Porque na “b” há redundância no uso da expressão “todo mundo” enquanto que na “a” houve uma troca de assunto bruscamente que

impede o leitor de identificar a qual das duas empresas a conversa se refere. Observe as condições de interlocução presentes na história em quadrinhos – HQ e sua adequação comunicativa conforme figura 9:

FigUrA 9 – A selfie perfeita

FoNTE: NTE, 2017.

Então, fazemos as seguintes indagações quanto ao exposto na HQ:

a) A mensagem de chamamento da HQ: “Onde está você sua linda!#selfie” remete à ideia de que ela deva ser perfeita para os envolvidos;

b) Ao lermos a sequência de quadrinhos percebemos que a ideia do criador se centrava na questão de que a selfie só é boa para quem a faz;

c) O criador da HQ alerta sobre o constrangimento que a selfie ocasiona, pois expõe a imagem do outro em circunstâncias desagradáveis;

d) O texto da HQ, embora curto, apresenta ideias bem construídas e passa ao leitor claramente a intencionalidade por trás das imagens;

(27)

licenciatura em computação|Língua Portuguesa · 27

e) No último quadrinho da HQ percebemos a frase: “Selfie com meu gatão lindoooo!” ou seja, o amor é físico, em especial o amor próprio, de quem tirou a selfie. Para melhor compreendermos as estruturas que tornam um escrito bem redigido, destacamos: texto, parágrafo e períodos. Vejamos cada uma dessas partes:

1.3.1 O texto

O texto é uma unidade linguística com um conjunto de palavras e frases que ao serem organizadas coesamente geram o sentido compreensivo das ideias do seu autor. O texto vai sendo decodificado na medida em que o leitor vai fazendo suas conexões as do autor. O texto deve ser coeso e coerente não importando o seu ta-manho, mas sim a sua qualidade linguística. Para Fávero (2009) o texto nada mais é que, “uma unidade de sentido comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de relações responsáveis pela sua tessitura". Assim, quando escrevemos um texto, deixamos de lado o tempo e o espaço

1.3.2 O parágrafo

O parágrafo é o conjunto de ideias do escritor reunidas de modo a apresentar uma estrutura na qual as ideias sejam expressas ao leitor. É possível em um único parágrafo encontrarmos ideias diferentes, mas que ao estarem reunidas formam uma ideia maior. A unidade e a coerência dessas ideias são qualidades importantes do parágrafo.

Você já ficou com dúvida ao redigir um parágrafo? É bem provável que sim, pois o parágrafo é um dos elementos mais relevantes do texto, e, se não apresentar uma paragrafação estruturada, comprometerá as ideias as quais ficarão confusas, desorganizadas, distorcendo o sentido desejado das mesmas.

Esse conceito se aplica a um tipo de parágrafo considerado como padrão, e padrão não apenas no sentido de modelo, de protótipo, que se deva ou convenha imitar, dada a sua eficácia, mas também no sentido de ser frequente, ou predominante, na obra dos escritores (...) (GARCIA, 1988, p.203).

Então, qual seria a melhor maneira de organizar um bom parágrafo?

a) Possuir apenas uma ideia principal/núcleo que gerará as ideias secundárias que conversarão dialogicamente com a ideia principal;

b) Cada ideia apresentada nos parágrafos precisa estar relacionada à ideia principal do texto, para não tornar o texto um conjunto de argumentos sem conexão; c) No início do parágrafo deve iniciar com uma frase (tópico frasal) objetiva de no máximo duas ou três orações e que resuma bem a ideia a ser desenvolvida no decorrer do parágrafo;

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d) Nunca elabore um tópico frasal vago, pois difi cultará para o leitor a compreensão do parágrafo;

e) Não redija parágrafos muito longos e sim concisos, que apresentem a ideia prin-cipal, as secundárias e uma possível conclusão das ideias abordadas;

f) Para terminar um parágrafo se certifi que de que você desenvolveu a ideia principal como deveria, pois, ao iniciar um novo parágrafo subentende-se que você fará um intervalo entre o assunto do parágrafo anterior com o daquele que vai ser iniciado; g) Nunca misture assuntos em um mesmo parágrafo.

1.3.2.1 Proposta

Observe no quadro 2 e no quadro 4 algumas propostas de assuntos para a elabo-ração de redação.

QUAdro 2 – Proposta de assunto para elaboração de redação

Agora, observe no quadro 3 os parágrafos construídos a partir dessa proposta: QUAdro 3 – Textos construídos a partir da proposta

Fomos dominados pelas máquinas que inventamos?

Já não conseguimos viver sem celular, computador, internet e outros pode-rosos recursos tecnológicos. Queiramos ou não, eles transformaram o mundo durante o século 20 e ingressaram no século 21 com uma velocidade espantosa. Muita gente se adapta rapidamente às novidades e nem lembra como era a vida sem elas. Para outros, porém, ocorre uma dúvida: nossa existência seria melhor ou pior sem tudo isso? Seríamos diferentes? Há quem odeie e quem ame irrestritamente essas máquinas. Qual é nossa relação com os avanços da tecnologia?

FoNTE: Educação Uol. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/lista/ proposta200804

A tecnologia a nosso favor

Nas últimas décadas a tecnologia invadiu nossas vidas. Seja no trabalho, na rua ou em casa, estamos constantemente em contato com aparelhos como televisões, DVDs, micro-ondas, celulares, computadores etc. Todos esses recursos trouxe-ram bastante agilidade na execução de nossas tarefas: das mais simples, como

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LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO|Língua Portuguesa · 29

O que podemos perceber na elaboração dos parágrafos? a) Uso da norma culta da Língua escrita;

b) Bem redigida;

c) Expressões coesas simples, mas bem elaboradas; d) Uso de argumentos claros e objetivos;

e) Parágrafos bem defi nidos no que tange as ideias expressas em cada um. QUAdro 4 – Proposta de assunto para elaboração de redação

A grande maioria da população absorveu rapidamente todas essas inovações, especialmente os mais jovens, que cresceram na era da informática. Fazem pesquisas, compras, ouvem música, trocam mensagens, namoram, tudo pela internet. No entanto, muitos se tornam excessivamente dependentes dessa rede de comunicação. Eles se habituaram tanto a essa realidade virtual que se esqueceram como é viver no mundo real. Há também aqueles que utilizam a internet para práticas criminosas, como é o caso de pedófi los, fraudadores e os chamados "hackers", que invadem sistemas de segurança extremamente complexos para roubar bancos e outras instituições.

Contudo, a tecnologia não agrada a todos. Muitas pessoas não se adap-taram a toda essa modernidade e optam por fazer suas atividades de modo tradicional. Há quem prefi ra ouvir música nos velhos discos de vinil ou ainda escrever uma carta e enviá-la pelo correio a um amigo distante. Porém, essa "aversão" à tecnologia pode trazer problemas, como é o caso daqueles que não conseguem sacar dinheiro num caixa eletrônico e para isso tem o cons-trangimento de precisar pedir ajuda, muitas vezes a estranhos.

A tecnologia estará cada vez mais presente em nosso cotidiano com o objetivo nos poupar tempo. Portanto, é necessário que todos tenham a chance de aprender a lidar com ela, de forma responsável e consciente. Caso contrário, agravaremos ainda mais problemas sérios em nosso país como a criminalidade e a exclusão social.

FoNTE: Educação UOL. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/reda-cao/ult4657u196

Era tecnológica

A tecnologia avança a passos largos, e nessa caminhada, deixamo-nos perder pelos recursos que ela tem a nos oferecer, ainda que, para uma grande minoria, o saudosismo de uma época em que ela era inexistente - ou pouco evoluída - tende a ser mais glorifi cado à época em que vivemos da qual a "high tech" já está muito agregada ao nosso cotidiano.

No que tange à praticidade, a tecnologia se mostra cada vez mais presente. A globalização não é possível sem ela, as novas tecnologias de informações são vitais ao mercado fi nanceiro, o que seria da bolsa de valores sem esse

(30)

intercâmbio? No cotidiano de um grande contingente de pessoas, não é

diferente, o que é muito útil e benéfi co.

Entretanto, há os reveses, que, colocam em cheque se todo esse processo tecnológico ao passo que veio "facilitar”, este, trouxe junto uma gama de problemas que nem todos estão predispostos a encarar, como por exemplo; A poluição, emitida por inúmeras indústrias em detrimento ao meio ambiente, o caos no trânsito, o desemprego, devido ao uso intensivo de máquinas, tais problemas exigem certas medidas mais do que paliativas, pois do contrário, podem beirar ao irreversível.

A verdade é que a tecnologia não é algo efémero, ela veio para fi car - sem pedir licença - o que não é problema, muito pelo contrário, se aliada ao bom senso e a necessidade real, tem muito o que oferecer em prol da qualidade de vida, a humanidade agradece.

FoNTE: Educação UOL. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/ redacao/ult4657u203

O que podemos perceber na elaboração dos parágrafos? a) Pouco domínio da norma culta da língua escrita;

b) Difi culdades linguísticas evidentes: falta de pontuação, falta de letras maiúsculas, problemas de acentuação e de escolha do vocabulário;

c) Texto com parágrafos sem nexo, o que impossibilita a compreensão das ideias. Contudo, precisamos compreender que bons parágrafos dão vida às ideias de seus autores que por sua vez ganham sentido na compreensão do leitor. Dessa forma, a presença de um tópico frasal apropriado à redação do texto ajuda o leitor no pensar refl exivamente sobre o que está escrito.

Os tópicos frasais podem ser separados em alguns tipos, como veremos a seguir, no quadro 5:

Classifi cação Exemplo

a) Declaração

Inicial O autor faz uma declaração inicial e após realiza um comentário sobre ela: Nas últimas décadas a tecnologia invadiu nossas vidas. Seja no trabalho, na rua ou

em casa, estamos constantemente em contato com aparelhos como televisões, DVDs, micro-ondas, celulares, computadores etc. Todos esses recursos trouxe-ram bastante agilidade na execução de nossas tarefas: das mais simples, como preparar uma refeição às mais complexas, como elaborar o projeto de um avião.

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licenciatura em computação|Língua Portuguesa · 31

b) Definição Os parágrafos são iniciados com termos que pedem uma ligeira conceituação:

De dentro, tudo parece incrivelmente devagar; de fora, a velocidade high-tech se apresenta com toda crueldade.

É um vício; há viciados de todos os jeitos, uns viciam em drogas, cigarros, bebi-das - outros em tecnologia e bugigangas eletrônicas.

c) Divisão O uso de um numeral ou um pronome indefinido no plural como vários, alguns,

de modo a apresentar as ideias como uma enumeração: Predominam ainda no

Sul do Brasil duas convicções errôneas sobre o problema do uso excessivo da tecnologia entre os jovens: a de que…. E a de que …. (...

d) Alusão

Histórica O uso de fato histórico como ponto de partida para desenvolver o parágrafo é ponto forte, ou ainda a comparação do passado com o presente: Há algumas

décadas, os filhos se sentavam juntos com os pais, não importando o que faziam, obedeciam às ordens dos chefes de casa. Hoje, vemos crianças e adolescentes

fazendo as refeições no horário deles, e não querem de jeito comer na hora certa. e) Interrogação O parágrafo é iniciado com uma pergunta que indagadora que não é respondida de imediato, mas ao longo da argumentação: É possível imaginar as escolas bra-sileiras em pleno desenvolvimento educacional e com justiça social enquanto existir tanto descaso para com os servidores da educação? Ora, se um país como o Brasil já vem investindo muito dinheiro dos cofres públicos em políticas Públicas Educacionais viáveis é bem possível que em muito pouco tempo tenhamos uma educação e uma valorização profissional mais efetiva do que essa percebida no país.

f) Adjetivação Quando a base da argumentação conta com um ou mais adjetivos: Ineficaz. É

o mínimo que se pode dizer sobre os discursos que as famílias vêm adotando diante do aumento exacerbado do número de horas que os filhos passam no computador. As ações realizadas pelos familiares não conseguem minimizar os possíveis danos ocorridos ou que virão a ser percebidos com o decorrer dos anos.

g) Citação Inicia com a citação de uma frase interessante de alguém de renome sobre o

assunto abordado: “Achamos que zilhões de Macs serão vendidos. Mas não

criamos o Mac para outras pessoas. Nós o construímos para nós mesmos.

Éra-mos o grupo que julgaria se o Mac era grandioso ou não. Não faríaÉra-mos nenhuma pesquisa de mercado. Só queríamos fazer o melhor que pudéssemos” (Steve Jobs).

h) Oposição O uso do contraste de ideias instiga o diálogo argumentativo entre escritor e

leitor: De um lado temos as discussões sem limites sobre o uso desenfreado da tecnologia entre os jovens. De outro observamos pessoas idosas sendo encoraja-das a usar as tecnologias por entendermos que essas ferramentas podem ajudar na memória e tardar o aparecimento de doenças relacionada com a memória. FoNTE: Autora, 2017, adaptado por NTE,2017

(32)

1.3.3 O período

Contempla a ideia completa do escritor, ou seja, tem sentido completo. O parágrafo, por sua vez, é formado de períodos, que podem ser chamados de período simples ou composto. O período simples é aquele em que há uma frase com sentido único, enquanto que o período composto há a presença de, em uma mesma frase, várias orações que se articulam entre si. Para que um parágrafo possua períodos bem ela-borados, ele precisa dos conectivos (preposições e conjunções) que estabelecem a relação entre os períodos. As preposições têm a função de ligar palavras, enquanto que as conjunções ligam as orações.

Exemplos de Período simples:

O aluno vai agora para a aula de Informática. A falta de estudo é a doença do século! Exemplos de Período composto:

Só me resta uma alternativa: estudar para a prova de Banco de Dados. Queremos que você aceite nosso convite.

Observe as tirinhas da figura 10: FigUrA 10 – Procura-se

FoNTE: NTE, 2017

Podemos observar, que no primeiro quadrinho, a cliente faz uso de um período composto, quando diz: “Fiquei sabendo que aqui eu encontrarei tudo que procuro para o Dia dos Namorados!”, enquanto que na pergunta, “Você está à procura de algo específico? ”, do segundo quadrinho, percebemos um período simples. Observe a tirinha da figura 11.

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FigUrA 11– Cadê os ícones?!

FoNTE: NTE, 2017

A tirinha vale-se de uma frase constituída de um período simples: “Não há ícone nenhum para clicar!” Para levar o leitor a uma profunda reflexão, que poderia gerar um texto mais completo a partir do uso de tal frase como tópico frasal.

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Considerações finais do capítulo

Considerando tudo que abordamos nesta unidade sobre texto, contexto e inter-textualidade onde percebemos as diversas e diferentes vozes, que emergiram dos diferentes textos com os quais contrapomos as nossas vozes em prol dos enunciados próprios da estrutura do texto, que em meio à intertextualidade, procuramos nos alinhar com o contexto neles proposto.

Nesta unidade fomos desafiados a olhar o texto com os olhos voltados ao contexto, que, cheio de surpresas, nos levou a descobrir uma intertextualidade. Tal qual a vida diária nos proporcionou conhecer o texto além da decodificação de palavras, nos colocou num contexto de atitudes voltadas a compreensão do espaço escrito, dado pela palavra escrita, lida e analisada nas suas mais diversas formas.

Aprendemos a conhecer os elementos que envolvem o texto e o que fomentam a intertextualidade contida nas linhas do texto e que estão situadas em contextos específicos. Também apresentamos a relação entre emissor e receptor das men-sagens dos textos, analisando a coesão e a coerência contida nos textos escritos compreendendo o valor da comunicação entre o texto e seu receptor.

Na unidade seguinte, você encontrará importantes textos previamente defi-nidos quanto ao gênero textual, forma e estilo de escrita presente nos mesmos, dependendo para quem eles foram escritos. Destacamos que se, a “palavra quer ser ouvida, entendida, respondida (...)” é porque de alguma maneira existem lei-tores que a tornam significativa ao não apenas decodificarem palavras, mas sim, ao impregná-las de sentido. (BAKHTiN, 2003, p. 334).

(35)

2

TIPOS DE TEXTO: NARRATIVO,

(36)
(37)

INTRODUÇÃO

A

o longo de nossas vidas, nos deparamos com mensagens orais ou escritas

disponibilizadas em textos e música, ou até mesmo dispostas em outdoors, banners, cartazes, etiquetas, entre outros. A televisão, o jornal, o rádio e a internet nos colocam em contato diário com diferentes gêneros textuais, apresen-tados em vários formatos e estilos. Por isso, o objetivo dessa unidade é entrarmos em contato com diversos gêneros textuais, quer sejam eles orais ou escritos, visando uma compreensão mais profunda da amplitude que envolve identificar, conhecer e inferir sobre tudo que vemos ou lemos.

Todo texto exerce uma função própria e uma das mais importantes condições para sua eficácia é saber identificar que atribuições ele deve cumprir, no contexto empírico no qual foi produzido. Ao escrever um texto apresentamos um conjunto de instruções, que se diferem daquelas que apontamos quando escrevemos sobre filmes que assistimos ou livros que lemos e ainda, quando argumentamos sobre um assunto polêmico em voga na sociedade. Em todos esses casos, os textos querem expor uma mensagem, mas que varia de acordo com a estrutura, o gênero textual e o objetivo dessa mensagem. Para cumprir as muitas funções, abordaremos nessa unidade, os textos narrativos, expositivos e descritivos para conhecer os diferentes recursos que o autor se vale no momento da produção escrita desses gêneros.

Nesta unidade, damos ênfase à compreensão de cada um dos gêneros textuais mencionados, para a partir desse entendimento, elaboramos textos concisos que garantam o desenvolvimento correto de cada proposta tipológica em voga nessa unidade, bem como nos leve a pensar e repensar os assuntos que permeiam cada tipologia.

(38)

2.1

O TEXTO NARRATIVO

A narrativa é uma história contada que possui elementos constitutivos, tais como: narrador, personagens, espaço e tempo. A história narrada pode ser de acontecimentos reais ou imaginados. Construir uma narrativa requer que a ação, contada pelo narrador, seja vivida por personagens, desenvolvida num espaço e tenha um tempo determinado.

A narrativa possui uma estrutura composta por:

a) Introdução: mostra a situação inicial, localiza a ação, já que é o onde, e o quando, se passa a história; descreve as personagens;

b) Desenvolvimento: conta a ação propriamente mencionada;

c) Conclusão: apresenta o final da ação, ou seja, quando se encontra a solução para um problema chega ao fim a história.

Para que um texto seja bem narrado, ele precisa possuir elementos-chave que oferecem o sentido ao que vai ser narrado. Esses elementos narrativos são carac-terísticas fundamentais a uma narração bem redigida. São eles:

a) Espaço: lugar onde acontece a narrativa;

b) Tempo: é aquele que nos indica quando aconteceu, em que época aconteceu, há quanto tempo aconteceu o fato narrado;

c) Personagens: certamente são os elementos principais de uma narrativa, já que, sem dúvidas, sem eles dificilmente a história aconteceria;

d) Narrador: quem nos conta a história. O narrador pode ser: o narrador-personagem, que conta e participa da história, sempre narrada em 1ª pessoa; o narrador-observador, que conta a história sendo vista por fora e não participa dela e, dessa maneira, não conhece muito sobre os personagens; o narrador-onisciente, que narra a história em 3ª pessoa e que, em certos momentos, participa da história narrando os fatos em 1ª pessoa e sabe tudo sobre os personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos. Veja a figura 16:

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Figura 16 – Estrutura do texto narrativo

FoNTE: Do autor, adaptado por NTE, 2017

Agora, observe os elementos do texto narrativo na figura 17: Figura 17 – Elementos do Texto Narrativo

FoNTE: NTE.

Para escrever um texto narrativo é preciso, primeiramente, saber o que é uma história, ou seja, precisamos apresentar fatos, que são construídos a partir de complicações que se somam à ação narrada, permitindo ao autor desenvolvê-las de maneira mais detalhada, enfocando o modo como os personagens se comportam, em um cenário que vise a solução da complicação.

O texto narrativo oportuniza ao leitor uma noção imediata da história, pois os acontecimentos vão despertando o interesse e a curiosidade do leitor. Para isso, o escritor da narrativa precisa se perguntar quem é esse leitor, a fim de garantir que ele compreenda exatamente o que o escritor quis dizer. Então, é preciso que o escritor dê todas as informações necessárias para que o leitor compreenda a história narrada. Vejamos algumas propostas, nos quadros a seguir, de temas narrativos e suas narrativas correspondentes: O Quadro 9 apresenta o Tema I:

• O que aconteceu? (fato em si) • Com quem? (personagens)

• Como? (modo) • Onde? (local) • Quando? (tempo) • Por quê? (causa)

Elementos essenciais ao texto narrativo; Elementos auxiliares para o desenvolvimento da narração; TEXTO NARRATIVO Personagens Espaço Narrador Tempo Enredo Participam da narrativa interagindo com o leitor Encadeamento dos fatos narrados Retrata o momento em que os fatos ocorren Lugar onde a trama acontece Introdução: início da história; Desenvolvimento: acontece o conflito; Clímax: ponto de maior tensão, o conflito atinge o ápice; Desfecho:

solução do conflito Mediador entre a história

narrada e o leitor Personagem: narra

em 1° pessoa Observador: relata em 3° pessoa os fatos que observa

Onisciente: sabe e revela tudo sobre o enredo

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QUAdro 9 – Tema I

Veja no Quadro 10 a narrativa sobre o tema I: QUAdro 10 - Narrativa sobre o tema I

Quando a criatura encantada lhe disse que ele teria direito a apenas um único desejo, ele, muito esperto, soube instantaneamente o que pediria.

– Se é assim, quero ter o dom de poder realizar todos os meus desejos, bastando para isso apontar apenas o meu dedo.

– Que assim seja, mestre! – disse a criatura com um sorriso irônico.

Cuidado com o que se deseja

Pedro era um garoto muito arrogante; sempre reclamava de tudo e queria que as coisas fossem feitas à sua maneira. Queria que todos ao seu redor fossem condescendentes com seus caprichos e, quando as coisas não saíam ao seu contento, tinha ataques tão terríveis, que muitas vezes seus vizinhos pensaram em chamar a polícia para contê-lo.

Um belo fi m de tarde, logo depois da escola, Pedro estava caminhando pela rua quando se deparou com uma garrafa de formato anormal em cima do meio-fi o; abaixou-se, pegou-a e, como era afobado, em vez de admirar o peculiar acabamento da garrafa, começou a sacudi-la para ver se havia algo dentro. Porque não ouviu nenhum som, concluiu que deveria estar vazia. Quando estava prestes a jogá-la fora, percebeu ranhuras no casco, que era feito de vidro fosco, e levantou a garrafa contra a luz. Forçando a vista, percebeu alguns sinais que aos poucos foram se convertendo em letras. Pôde ler então a mensagem: “Abra-me! ”.

O menino, convencido de que se tratava de uma brincadeira, decidiu não obedecer ao comando de uma estúpida garrafa. Ainda com o objeto na mão, caminhou mais um quarteirão e estacou no meio do caminho. A curiosidade ainda persistia. Escondeu-se atrás de um muro, olhou para todos os lados e, quando se convenceu de que estava sozinho, abriu a garrafa.

De dentro dela, saiu uma fumaça rosada que, ao se dissipar, revelou uma estra-nha criatura encantada que lhe disse que ele teria direito a um desejo; apenas um desejo. Pedro, muito esperto, soube instantaneamente o que desejaria. — Se é assim, quero ter o dom de poder realizar todos os meus desejos,

bas-tando para isso apontar simplesmente o meu dedo.

— Que assim seja, mestre! — disse a criatura com um sorriso irônico, desa-parecendo logo em seguida.

Pedro correu para casa, doido para começar a realizar seus desejos, agora que possuía esse fantástico poder.

Ao dobrar uma esquina, deu um encontrão em uma menina. Refazendo-se do susto, ele viu que não era apenas uma menina; era simplesmente a menina

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LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO|Língua Portuguesa · 41

Era a nova vizinha; e era muito, muito bonita. Vivia só e não gastava conversa com ninguém dali. Mas, todas as noites, havia um entra-e-sai esquisito de rapazes muito alinhados do seu apartamento. Minha tia, muito puritana e fi scal da vida alheia, resolveu xeretar.

FoNTE: silvA, Douglas G. Gonçalves, 2017

Minha tia xereta e a nova vizinha

Eu morava com minha tia em um condomínio muito pacato, desses nos quais todos os vizinhos se conhecem e sabem da vida uns dos outros. Um dia surgiu ali uma pessoa que, por seu comportamento, acabou destoando dessa característica local.

Era a nova vizinha; e era muito, muito bonita. Vivia só e não gastava conversa com ninguém dali. Mas, todas as noites, havia um entra-e-sai esquisito de rapazes muito alinhados de seu apartamento. Minha tia Adelaide, muito puritana e fi scal da vida alheia, resolveu xeretar.

mais cobiçada do bairro, a mais linda da região, pela qual Pedro era apaixonado. — Agora vou me dar bem! — maquinou o menino, murmurando para si.

Pedro, discretamente, apontou o dedo para a menina e, baixinho, disse: — Apaixone-se por mim.

A bela menina, como se estivesse em transe hipnótico, lançou sobre Pedro um olhar de malícia e gemeu docemente:

— Ai, meu Deus! Que gato!

O menino, apesar de ter sido atendido em seu desejo, mas ainda surpreso com o efeito que presenciava, encabulado, apontou o dedo para si mesmo e disse: — Gato? Eu?

A partir desse dia, a bela menina, quando andava pelas ruas dali, era perseguida e assediada por um gatinho branco e fofo, sempre a miar e a ronronar em volta de suas pernas. E Pedro, menino caprichoso e malcriado, para estranheza de toda a vizinhança, nunca mais foi visto.

FoNTE: Letras e Artes. Disponível em: http://www.letraseeartes.com.br/2011/01/tres-bons--exemplos-de-textos-narrativos.html

O Quadro 11 apresenta o tema II: QUAdro 11 – Tema II

Veja a narrativa cômica sobre o tema II apresentada pelo Quadro 12:

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A rotina era sempre a mesma: por volta das vinte horas, iniciava-se a chegada dos rapazes. Em seguida, luzes começavam a piscar de forma irregular, pes-soas conversavam e faziam todo tipo de barulho. Minha tia, de sua janela, ia fi cando cada dia mais intrigada.

— Eles chegam de noite, fazem a baderna deles e, lá pelas vinte e três horas, saem, dizendo estarem cansados, que é cansativo, mas que vale a pena... alguns chegam a sair ajustando as roupas! Que pouca vergonha!

Duas semanas foi o tempo que minha tia levou para tomar coragem e ligar para a polícia, solicitando uma intervenção.

— Tem um apartamento muito suspeito aqui e está incomodando a todos. Na verdade, era apenas titia quem estava se sentindo incomodada. — Por favor, façam logo alguma coisa! Aquilo lá mais parece um bordel! — Pois não, madame. Estamos enviando uma viatura para aí agora mesmo.

Mas antes a senhora, por gentileza, me passe os seus dados.

Menos de dez minutos depois, minha tia, debruçada em seu observatório, a janela, acompanha excitada a chegada da polícia.

— Vianinha! — Vianinha era eu. — Vianinha, corre aqui, meu fi lho! Venha ver, que agora é que vão pegar a sirigaita!

Fui até onde ela se encontrava. Dali pudemos acompanhar o desembarque de dois policiais que se encaminharam para o edifício. Poucos minutos depois, os dois deixaram o prédio e atravessaram serenamente a rua, em direção à portaria de nosso bloco. A campainha tocou, e minha tia, como uma adoles-cente descontrolada, correu para abrir a porta.

— Boa noite, senhora — cumprimentou um dos policiais. — A senhora é a Dona Adelaide?

— Sim, sou eu mesma — empertigou-se titia.

Os dois policiais se entreolharam. Depois um deles, com expressão grave, disse: — Parabéns! A senhora acaba de nos fornece um fl agrante...

Minha tia, não aguentando mais de expectativa, o interrompeu: — E então? Fale logo! Vão levar a prostituta?

— Como eu ia dizendo, a senhora nos forneceu um fl agrante. Um fl agrante de um estúdio fotográfi co de modelos. A moça, na verdade, estuda moda à tarde e, durante a noite, tira fotografi as de modelos masculinos. Se a senhora continuar achando isso vergonhoso ou algo assim, pode ligar; não para a polícia, mas para um psicólogo. No mais, faça-nos um grande favor, sim? Deixe a moça trabalhar em paz.

Pena que por perto não havia nenhum balde para eu enfi ar a minha cabeça. FoNTE: Letras e Artes. Disponível em: http://www.letraseeartes.com.br/2011/01/tres-bons--exemplos-de-textos-narrativos.html

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LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO|Língua Portuguesa · 43

Veja agora o tema III apresentado pelo Quadro 13: QUAdro 13 – Tema III

Meu pai me pedira para guardar aquela pequena caixa de madeira escura por tempo indeterminado e me fez jurar que eu jamais a abriria sem o seu consentimento.

FoNTE: Letras e Artes. Disponível em: http://www.letraseeartes.com.br/2011/01/tres-bons--exemplos-de-textos-narrativos.html

O maior de todos os presentes

Era noite. A chuva que caía não dava trégua e se lançava sobre nossa casa torrencialmente. Como sempre acontece em noites de tempestade, a energia acabou. Eu, criança ainda, só poderia estar nervoso e muito assustado; e as estranhas formas tremulantes que o brilho das velas formava nas paredes simplesmente pioravam tudo, o que me levava a perguntar a todo instante: — Pai, quando a luz vai voltar?

— Em breve, meu fi lho — dizia meu pai, puxando-me para perto de si. — Logo, logo a chuva vai diminuir, e a luz vai acabar voltando. Tem que ter paciência. — Eu queria que a mamãe estivesse aqui — eu gemi.

— Sim, fi lho; eu sei. Eu também gostaria muito. Mas, de alguma forma, ela está aqui conosco. Temos de ser pacientes.

Meu pai fi cara viúvo muito cedo. Eu não conheci minha mãe, e era ele quem tinha de fazer os dois papéis; ele era muito cuidadoso comigo. Foi por ver minha afl ição é que hoje eu tenho certeza de que ele fez o que fez.

Deixando-me sozinho por uns instantes, foi até o quarto e voltou de lá com algo na mão. Reconheci logo o pequeno objeto: era uma caixa de madeira escura que ele mantinha em sua escrivaninha. Eu tinha curiosidade em saber o que havia ali dentro, pois ele já havia me falado que fora vovô quem lhe presenteara com ela ainda em sua mocidade.

— O tempo passa rápido, não é, fi lho? — Ele perguntou. — Passa, papai; que nem fl echa, né?

— Pois é. Hoje você já está com dez anos e já é quase um homem, não é? — Sim, papai.

— Pois, então, é hora de lhe passar esse presente.

Naquele momento, ele me entregou a caixa de madeira. Eu já não me aguen-tava de curiosidade e já ia abri-la, quando ele me fez jurar que eu jamais a

Veja a narrativa de mistério sobre o tema III apresentada pelo Quadro 14:

Referências

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