• Nenhum resultado encontrado

2 REFLEXÃO TEÓRICA E ESTUDO EMPÍRICO

2.1 Reflexão teórica

2.1.2 O uso das TICs na gestão pública

A evolução das TICs tem incentivado e provocado novas perspectivas na condução de procedimentos e processos nos órgãos públicos, contribuindo para a diminuição da sua complexidade e a melhoria dos serviços prestados.

De modo geral, a Administração Pública tem introduzido recursos de TICs em suas atividades, buscando uma maior eficácia, eficiência e efetividade, oportunizando o acesso a serviços e informações aos cidadãos e às organizações, destacando-se as ações, do assim chamado, Governo Eletrônico15, que tem como elemento basilar, segundo João Oliveira (2009), o uso das TICs em todas as áreas onde seja possível reconstruir a estrutura de governo, redesenhar processos, informatizar atividades operacionais e prover serviços melhores para a sociedade.

Ao tratar das possibilidades de otimização de processos na gestão pública, com recursos de TICs, João Oliveira (2009) ensina:

É essencial repensar e reestruturar os serviços dos órgãos públicos e direcioná-los para o atendimento de todos os cidadãos. Existem possibilidades reais de otimização de processos na Gestão Pública ou mesmo de criação de novos procedimentos baseados em recursos da TIC.

15 Segundo a Divisão de Administração Pública e Gestão para o Desenvolvimento do Departamento de Economia e Assuntos Sociais das Nações Unidas (UNDESA/ONU): Governo eletrônico é um governo que aplica a TIC para transformar suas relações internas e externas para otimizar a execução de suas funções. O conceito de governo eletrônico tem como centralidade o uso da TIC em todas as áreas onde seja possível reconstruir a estrutura de governo, redesenhar processos, informatizar atividades operacionais e prover serviços melhores para a sociedade.

Entretanto, isso exige não apenas um tratamento tecnológico, mas, também, um processo de gestão qualificado, com conhecimento e coordenação, para que a implementação de projetos nessa área tenha respaldo dos altos dirigentes e que eles possam ser incentivadores e promotores dessas iniciativas (OLIVEIRA, 2009, p.12).

Ainda para João Oliveira (2009), as TICs oportunizam a introdução de novas práticas na gestão pública com a análise, redesenho e desmaterialização de processos com o objetivo de melhorar o atendimento à sociedade por meio de inovações na gestão. O autor ainda enfatiza que esta reorganização pode trazer benefícios substanciais, principalmente na redução de custos, otimização de recursos, informatização e automação de processos, permitindo a melhoria da prestação de serviços com o uso de mecanismos e tecnologias que possam desencadear significativos ganhos de desempenho.

João Oliveira (2009) destaca ainda que:

[...] o planejamento e a governança da TIC, aliados às novas práticas de Gestão Pública, trazem efeitos positivos para o trabalho interno das repartições e o atendimento ao cidadão, tanto no modelo tradicional (balcão), como em uma visão de serviços eletrônicos (Internet, equipamentos móveis, terminais de autoatendimento etc.). Os recursos disponibilizados pela TIC expandiram o rol de opções para que os órgãos públicos possam buscar a melhor forma de adquirir, implementar e avaliar a sua utilização (hardware, software, sistemas informatizados etc.). (OLIVEIRA, 2009, p.9).

O uso de TICs na gestão pública tem como principais finalidades o atendimento ao cidadão, a gestão interna, o desenvolvimento e fortalecimento da democracia. Quanto ao atendimento ao cidadão, o Estado deve implementar novas formas de relacionamento e oferecer serviços de forma eficaz e eficiente. A gestão interna compreende: a) a análise, reestruturação e simplificação dos processos; b) o desenvolvimento de programas de capacitação e formação continuada; e c) o aprimoramento de sistemas de informação que promovam o compartilhamento de informações e deem suporte às tomadas de decisão.

As TICs podem contribuir significativamente para o fortalecimento da democracia na medida em que oportunizam aos cidadãos o acesso às informações, uma maior possibilidade de participação e interação com o poder público (sites de internet, redes sociais, blogs, chats, e-mails), além de um maior acompanhamento e controle das ações governamentais, por meio das informações divulgadas

publicamente na internet, permitindo ao poder público dar maior transparência às suas ações e prestar contas à sociedade.

No quadro sintético apresentado a seguir, elaborado por Gil-Garcia; Luna- Reyes (2008, p. 57, tradução nossa) pode-se perceber as possibilidades de aplicação dos recursos de TICs no governo:

Quadro 1 – Mapeamento das aplicações de Governo Eletrônico com os elementos da

teoria da Administração Pública

Abordagens de

Administração Pública Categorias de Governo Eletrônico Elementos de Governo Eletrônico

Administrativa e-serviço e-serviço,

e-comércio

e-administração e-administração,

e-recursos humanos, e-compras

Política e-democracia e-democracia,

e-participação, e-voto,

e-transparência

Legal e-política pública e-política pública,

e-governança Fonte: GIL-GARCIA E LUNA-REYES (2008).

Nota-se que suas aplicações vão da área administrativa, passando pela política e estendendo-se à legal. Nessas áreas pode-se perceber a gama de atividades que têm potencial para a implementação e uso de recursos computacionais, desde a oferta de serviços, passando pela garantia de direitos, chegando até o exercício democrático, como o voto.

Nesse sentido, João Oliveira (2009), destaca que as estratégias para a implementação de programas de governo eletrônico, além dos fundamentos e relações que permeiam esse tema, devem dar importância: a) ao foco nos cidadãos e nas organizações; b) à infraestrutura padronizada e compartilhada; c) ao novo modelo de organização e reorganização da retaguarda; e d) à governança, com a necessária participação das instâncias superiores do governo e à inclusão social – pressupõe o provimento de condições para que os socialmente excluídos tenham acesso a serviços e informações.

Espera-se que as diversas iniciativas na área de TICs promovidas pelo governo, contribuam para o aprimoramento dos serviços públicos, possibilitando ao país atingir níveis elevados de desenvolvimento humano e a construção de democracia sólida e igualitária (BALBE, 2010).

Na área educacional também existe um vasto rol de possibilidades de aplicação de recursos de TICs, não podendo o gestor escolar prescindir deste apoio para dar conta do grande volume de atividades sob sua responsabilidade, como será discutido a seguir.