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O Uso de Critérios de Seleção no Melhoramento Genético de Bovinos de

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

3.1 Revisão Bibliográfica

3.1.5 O Uso de Critérios de Seleção no Melhoramento Genético de Bovinos de

Cardellino e Rovira (1987) citam como critérios de seleção, características que podem ser medidas nos animais ou em seus parentes. Exemplificando, se tivermos o objetivo de aumentar o peso ao desmame, nossos critérios serão, ganho de peso diário, habilidade materna, precocidade, o próprio peso a desmama, entre outros.

Ao implantar um programa de melhoramento genético dentro de uma propriedade de bovinocultura de corte, inicialmente devem ser traçadas as metas a serem atingidas, que nada mais são do que os objetivos de seleção. A seleção dos animais pertencentes ao rebanho será baseada nos objetivos de seleção, que indicam o que queremos ver no fim do processo. Para se atingir este objetivo são delineados os caminhos, ou seja, os critérios de seleção (CARDELLINO e ROVIRA, 1987; ALLENCAR, 2002).

Conforme Cardoso, In Barcellos (2007), o produtor inicialmente deve definir seus objetivos a médio e longo prazo antes de iniciar processo de seleção. Com base nos objetivos devem ser identificadas quais as características que devem ser incluídas no programa. Essas decisões devem ser tomadas com base na carência de seu rebanho e na importância econômica que tem cada característica, e destaca que quanto maior o número de caracteres menor o progresso em cada um deles individualmente, evidenciando a importância de conseguir selecionar realmente os caracteres que podem agregar maior importância ao produtor.

3.1.5.1 Medidas Objetivas

As características de crescimento, como o peso corporal, medidas na fase inicial do desenvolvimento do animal, servem como importantes ferramentas na determinação da eficiência econômica de qualquer sistema de produção de bovinos e podem ser recomendadas como critérios de seleção (FERRAZ FILHO et al., 2002). Devemos ter o cuidado de evitar diferenças nas pesagens não esperadas, Campos e Cardoso (1995) ressaltam que as condições de pesagem devem ser as mesmas para todos os animais de um determinado grupo a ser comparado.

Conforme Severo (1994), uma das principais causas de variação entre os animais, tanto no peso a desmama, quanto no peso ao sobreano, é o conteúdo do rúmen e o intestino. Para evitar esta variação, este erro, os animais devem ser submetidos a um jejum total de 12-14 horas antes da pesagem.

Um exemplo de manejo simples a ser empregado para evitar erros nos pesos dos animais, é deixar o lote a ser pesado encerrado na mangueira desde a tardinha

da véspera. No caso de terneiros a serem desmamados, os mesmos devem ser separados das mães na véspera também, permanecendo na mangueira isolados. Outro ponto importante são os bebedouros nas mangueiras, que devem ser esvaziados ou tampados (SEVERO, 1994).

Um formulário próprio para a pesagem contendo a listagem dos animais, informações de nascimento e genealogia, deve ser usado para anotação dos pesos e observações (SEVERO, 1994).

3.1.5.1.1 Peso ao Nascer

Conforme Severo (1994), o peso ao nascer é o dado mais difícil de ser tomado, por se tratar de uma pesagem feita a campo, e apesar de existirem balanças portáteis para este fim, muitas vezes os erros são em decorrência dos campeiros terminarem estimando o peso dos animais e informando como sendo dado real.

Conforme Cardoso e Lopa (2010) o peso ao nascer deve ser verificado nas primeiras 48hs de vida.

Os valores de herdabilidade para peso ao nascer encontrados por Albuquerque & Meyer (2001), Sakaguti et al. (2003) e Dias et al. (2005), variaram de 0,26 a 0,37.

As correlações genéticas estimadas entre o peso ao nascer e pesos até os dois anos de idade são positivas, de moderadas a altas magnitudes, com tendência de diminuição após esse período. Desta forma, devemos tomar cuidado para não aumentar o peso ao nascer de forma que a seleção possa provocar aumento da incidência de partos distócicos (BOLIGON et al., 2009).

A coleta do peso a desmama deve ser a mais próxima possível dos 205 dias de idade do terneiro, no mínimo 160 e no máximo 250 dias, desta forma ao ajuste de idade para 205 dias e a correção para idade da mãe, a tomada de peso torna-se mais homogênea possibilitando a comparação dos indivíduos neste modelo que simula como se todos tivessem a mesma idade no dia da pesagem (FRIES, 1972).

O peso a desmama tem como principal finalidade avaliar o desenvolvimento do animal do nascimento até o desmame, incluindo seu ganho de peso diário, conforme relata Campos, In Elias (2006), além de estar vinculado a fatores genéticos do animal, possui grande influência do potencial da mãe quanto a sua habilidade materna

Leal (2007) cita que desempenho do terneiro está vinculado também ao ambiente materno, que é representado principalmente pela produção de leite e habilidade materna.

Boligon et al. (2009) encontrou valores de herdabilidade para peso a desmama de 0,33. Em virtude das correlações genéticas entre os pesos serem positivas e de moderada a alta magnitude, a seleção para peso em qualquer idade deverá promover mudança no peso nas demais idades.

3.1.5.1.3 Peso ao Sobreano

O peso a desmama deve ser ajustado para uma idade fixa como forma de correção. Fries (1972), recomenda o ajuste para 365 dias de idade para sistemas de criação intensivos, para sistemas intermediários 452 dias e para sistemas extensivos 550 dias. As datas de avaliação refletem o crescimento obtido nos diferentes sistemas, sendo por exemplo mais tardio em sistemas extensivos.

Campos e Cardoso (1995) frisam como a melhor época para realizar a pesagem dos animais nascidos na primavera é aos dezoito meses, ou seja, ao sobreano.

No dia de avaliação e pesagem, somente devem ser realizados manejos para esta finalidade. Conforme Cardoso e Lopa (2010) outros manejos como, castração, marcação, assinalação, entre outros que possam causar estresse aos animais, devem ser realizados em outra ocasião que não seja com a pesagem dos animais.

A seleção por peso ao sobreano é efetiva, segundo Boligon et al. (2009) a herdabilidade para esta característica é de 0,34, resultando em ganhos satisfatórios através da seleção de animais superiores na avaliação.

3.1.5.1.4 Perímetro Escrotal

Diante das dificuldades para se implantar programas de seleção por idade a puberdade, se buscou por utilizar características indicadoras de precocidade sexual, que tenham variabilidade genética adequada, possuam correlação genética favorável a idade à puberdade e outras características economicamente importante e sejam de fácil mensuração (BERGMANN, 1998).

O perímetro escrotal é uma característica a ser usada como forma de melhoramento de fertilidade da progênie. Selecionando animais com maior perímetro escrotal, pode-se esperar melhorias na progênie relacionadas a puberdade precoce e maior produção espermática. Podemos relacionar com a antecipação da puberdade nas fêmeas e conseqüentemente, idade de concepção e ao primeiro parto antecipada, acarretando num melhor retorno econômico ao produtor (SEVERO, 1994; BERGMANN, 1998).

Gressler et al.(2000) e Campos, In Elias (2006), recomendam como melhor idade para a medição desta característica os 18 meses, ou seja, ao sobreano, devido a maior variabilidade genética encontrada nesta fase. A medida por ser realizada utilizando uma fita métrica, tomando a medida no local de maior circunferência escrotal sendo utilizada uma escala em centímetros, com uma casa decimal (ex: 38,2cm).

Valores de correlações genéticas entre Perímetro Escrotal aos 18 meses, e Idade ao Primeiro Parto, Datas do Primeiro Parto, Datas do Segundo Parto e Primeiro Intervalo de Parto, de -1,00; 0,21; -0,35; e -0,44, respectivamente, e herdabildade de 0,31, foram encontrados por Gressler et al. (2000).

3.1.6.2 Escores Visuais

O uso de escores visuais em programas de melhoramento genético bovino, tem se mostrado uma ferramenta eficaz na seleção de animais superiores. Os escores visuais de conformação, precocidade, musculatura e tamanho são importantes características disponíveis e economicamente viáveis para selecionar animais que produzam mais carne ou carcaça, que cumpram as exigências do mercado, em menor tempo (FRIES, 1996).

Apesar de terem natureza objetiva, os escores visuais, quando aplicados de maneira criteriosa e por avaliadores qualificados, podem servir para alterar o valor genético dos animais em caracteres relacionados com a carcaça, como grau de desenvolvimento muscular e grau de acabamento (CARDOSO et al. 2001).

Os escores visuais aliados as características mensuráveis de crescimento, constituem ferramenta importante quando se busca aumentar a produção de carne (COSTA et al., 2004).

Para a realização de uma avaliação fidedigna dos animais, seja que espécie for, os técnicos devem possuir um mínimo de conhecimento de anatomia e de padrões raciais, pois desta forma as probabilidades de acerto serão maiores (LEAL, In BARCELLOS, 2007).

Para avaliação de escores visuais, inicialmente deve-se possuir animais de um mesmo grupo contemporâneo a serem avaliados comparativamente, desta forma, antes de iniciar a avaliação individual é realizada a observação do grupo como um todo. Esta prática permite a identificação prévia dos animais médios, superiores e inferiores que servirão de comparativo para posterior avaliação de todo grupo (CAMPOS, In ELIAS, 2006).

3.1.6.2.1 Conformação

Ao olharmos o animal vivo, quando se avalia a conformação, deve imaginar a carcaça do mesmo pendurada em um frigorífico (SEVERO, 1994).

Koury Filho (2010) relata correlação genética entre conformação, peso a desmama e ao sobreano, de 0,97 e 0,83, respectivamente. Desta forma, considera que aumento nos pesos corporais deve ser esperado como resposta correlacionada a seleção por escores visuais

Em estudos para estimação dos valores de herdabilidade para conformação a desmama em rebanho da raça Angus, Cardoso et al. (2001) encontrou valores de 0,18 e Forni et al. (2007) em animais da raça Nelore, 0,12. Já ao sobreano, Cardoso et al. (2004) encontrou valores de herdabilidade para conformação de 0,19. Koury Filho et al. (2010) também encontrou valores de herdabilidade ao sobreano de maior magnitude que a desmama, sendo de 0,24.

Cardoso, In Barcellos (2007), destaca que animais com boa conformação apresentam boa quantidade e distribuição muscular em cima de uma adequada estrutura física com um correto sistema de aprumos.

Kippert et al. (2006), cita como a combinação de comprimento e profundidade do corpo, o desenvolvimento muscular e a harmonia geral do indivíduo, aliado a capacidade do animal em produzir carne se abatido naquele momento, componentes fundamentais para avaliação do escore de conformação.

3.1.6.2.2 Precocidade

Conforme Koury Filho e Albuquerque (2002) a precocidade se evidencia pela facilidade do animal depositar gordura subcutânea, ou seja, grau de terminação para abate, pois conclui que animais mais precoces permanecem menos tempo nos pastos, aumentando a eficiência do sistema de produção, conseqüentemente mais lucro ao produtor.

Precocidade nada mais é que a rapidez que o animal tem em dar acabamento à carcaça, deve possuir as formas musculares desenvolvidas e reservas de gordura, porém sem um grande peso vivo. São características de animais precoces: maior profundidade de costelas, maior caixa torácica, silhueta cheia, virilhas pesadas e em início de deposição de gordura subcutânea, principalmente na base da cauda (KIPPERT et al.,2006).

Cardoso et al. (2001; 2004) relata herdabilidade para precocidade a desmama e ao sobreano de 0,19 e 0,25, respectivamente. Segundo Koury Filho et al. (2010), a

correlação genética entre peso corporal a desmama e precocidade é 0,67, e com peso ao sobreano cita uma correlação de 0,59.

Leal (2007) cita a importância da profundidade, amplitude de tórax e bom arqueamento da região das costelas como necessidade para que os órgãos internos possam funcionar bem e, com isto, teremos animais mais precoces e eficientes.

3.1.6.2.3 Musculatura

A musculatura é uma característica a ser usada na seleção que permite adequar o rebanho aos padrões exigidos por frigoríficos. Esta característica é avaliada pela presença de massas musculares principalmente no quarto traseiro, lombo, paleta e antebraço (KIPPERT et al., 2006).

Uma das razões para seleção de animais mais musculosos é a relação entre os mesmos e índices superiores de rendimento de carcaça(KOURY FILHO & ALBUQUERQUE, 2002).

Koury Filho (2010) cita valores de correlação entre musculatura e peso a desmama e ao sobreano, de 0,62 e 0,68, respectivamente. Os valores encontrados por Cardoso et al. (2001; 2004) para herdabilidade de musculatura a desmama, foi de 0,19 e ao sobreano 0,26

Na avaliação, um dos pontos a serem observados, conforme Severo (1996), é que animais com musculatura mais desenvolvida movimentam seus músculos que se contraem ritmicamente ao contrario da gordura que simplesmente balança sem forma definida.

Animais com a musculatura mais desenvolvida, quando se encontram em estação, apresentam os membros mais afastados, quando observados tanto pela frente quanto por trás (CARDOSO, In BARCELLOS, 2007).

O tamanho deve ser mensurado através da visualização lateral do animal, obtendo uma relação entre a altura e o comprimento (KIPPERT et al., 2006).

O fator idade deve também ser levado em consideração na avaliação do animal, Severo (1994) cita que normalmente a medida que o comprimento é maior, o mesmo normalmente ocorre com a altura, porém exceções acontecem e as mesmas devem ser penalizada ao mensurarmos o escore de tamanho.

Leal (2007) destaca que animais que apresentam carcaças pesadas e de grande tamanho, não possuem relação com comprimento de pernas e a sua altura, mas sim com o comprimento corporal.

Os valores de herdabilidade para tamanho ao desmame e sobreano são respectivamente 0,21 e 0,24 (CARDOSO et al., 2001; 2004).

3.1.6.2.5 Racial

Para se realizar uma avaliação correta, é imprevisível o conhecimento integral dos padrões raciais, só assim poderemos julgar quais animais realmente atendem os padrões da raça (LEAL, 2007)

O grupo genético ou a raça é composto por um conjunto de caracteres fenotípicos, o biótipo, a pelagem, a conformação, e o desempenho produtivo (CARDOSO & LOPA, 2010).

Nos sistemas de criação os animais só terão seus registros definitivos mediante a visita do inspetor técnico a fazenda, que realizará a revisão de aspectos raciais e de desempenho, conforme o regulamento interno de cada raça, para posterior emissão dos registros e marcações a fogo (ELIAS, 2006).

3.1.6.2.6 Umbigo

A avaliação de umbigo e prega prepucial pode variar conforme a raça, sendo que animais de origem taurina, o apresentam de forma menos expressiva que

animais zebuínos. Desta forma, Cardoso & Lopa (2010) definem que o umbigo e a prega prepucial devem ser avaliados conforme critérios pré-definidos para cada raça.

Avalia-se através da referência entre seu tamanho e posicionamento em relação ao abdômen do animal (KOURY FILHO & ALBUQUERQUE, 2002).

Segundo Cardoso, In Barcellos (2007), a importância desta característica se dá quando avaliamos animais sintéticos ou cruzados, por apresentarem maior variabilidade de tamanho e para evitar problemas de prepúcio nos touros.

A forma, tamanho do umbigo e prega prepucial podem interferir negativamente na capacidade reprodutiva de um touro, este deve possuir orifício prepucial voltado para frente e ângulo não maior que 45°, de modo a não dificultar a cópula (CARDOSO & LOPA, 2010).

Alencar (2002) cita que um dos fatores importantes na seleção de tamanho de umbigo é evitar umbigos extremamente grandes, pois estes estão associados ao aumento de incidência de lesões, que podem gerar perdas produtivas e diminuição de índices reprodutivos.

3.1.6.2.7 Pelame

Conforme Bertipaglia et al. (2007) as condições térmicas adversas ocorrem no

ambiente normal dos animais, causando-lhes estresse e levando-os a reduções no desempenho, como resultado da diminuição na saúde e na higidez. Dentro de certos limites, os animais podem se ajustar fisiológica, comportamental ou imunologicamente de modo a sustentar a homeostase orgânica e minimizar as conseqüências adversas. Neste processo de ajuste, entretanto, podem ser afetadas as funções menos vitais ao organismo, como o desempenho (produção e reprodução) e o bem- estar, quando a duração dos estressores ambientais excedem a capacidade compensatória dos animais, geneticamente determinada.

Além dos fatores ambientais que interferem no equilíbrio térmico dos animais, o pelame é essencial nas trocas térmicas organismo versus ambiente. A estrutura física de suas fibras e a camada de ar armazenada no pelame promovem isolamento térmico e proteção contra a radiação solar direta (Silva, 2000; Silva et al., 2001).

Turner (1958) cita que o pelame está diretamente relacionado à capacidade do animal em perder ou ganhar calor do ambiente, por isso, os diversos tipos de pelames envolvem isolamento térmico, eficiência de termólise evaporativa, atributos termorreguladores (entre tipo de pelame e sudação) e associação do tipo de pelame com produção, ganho de peso, reprodução e outras características não ligadas diretamente à termorregulação.

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