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Objetivo: Conhecer as representações de pais ou acompanhantes de crianças

Capítulo III – Apresentação dos Resultados

2. Objetivo: Conhecer as representações de pais ou acompanhantes de crianças

Neste estudo procurámos ainda conhecer e analisar as perceções, expetativas e anseios dos pais ou acompanhantes das crianças que frequentam o Centro de

Análise e Discussão dos Resultados

Desenvolvimento da Criança face à intervenção dos Doutores Palhaços da “Operação Nariz Vermelho”.

Para tal estabelecemos à priori três áreas de interesse, de acordo com o guião da entrevista,relativas à intervenção dos Dr. Palhaços no CDC: i) importância da sua intervenção, ii) áreas de intervenção e iii) inconvenientes da sua intervenção. Tendo por base estas três áreas de interesse e a análise de conteúdo efetuada às entrevistas realizadas aos pais ou acompanhantes destacamos cinco temas, os quais vão ser analisados e discutidos, do tema mais recorrente para aquele em que os entrevistados dedicaram menor atenção no seu discurso.

Os pais ou acompanhantes fizeram um balanço positivo da presença dos Dr. Palhaços no CDC, considerando a intervenção muito positiva, adequada e importante para os seus filhos. Afirmaram ainda ser este um projeto excelente e bem pensado. Os nossos resultados vão ao encontro dos trabalhos publicados por Masetti (1998, 2001, 2003) no Brasil, os quais também ressaltaram aspetos bastante positivos, inclusive para os acompanhantes, como: moderação da ansiedade, participação mais ativa no tratamento da criança, além do aumento da confiança na equipa.

No estudo de Araújo e Guimarães (2009) os pais e acompanhantes apontaram igualmente benefícios para as crianças, seja como atividade estimulante, como estratégia distrativa em relação às adversidades ou como mediador da modificação da perceção da experiência hospitalar.

Os pais ou acompanhantes do nosso estudo valorizaram a figura do palhaço como alguém diferente, proferiram que estes trazem magia e alegria, que gostam muito das crianças, são simpáticos e dedicados e marcam a diferença no ambiente hospitalar. Estas perceções corroboram com o exposto por Santos (2011). Este autor refere que o Dr. Palhaço não é um palhaço comum, cujo vestuário e maquilhagem são extravagantes, que fala alto e faz barulho, mas antes um palhaço que agindo, por vezes, quase silenciosamente, age de forma subtil, adaptando-se às necessidades e características do contexto em que atua.

No geral os pais ou acompanhantes fizeram um balanço muito positivo da intervenção dos Dr. Palhaços. Estes entrevistados destacaram ser a intervenção dos Dr. Palhaços apropriada e importante; haver uma boa interpretação do seu papel, bem como uma adequação do trabalho às idades das crianças; e que constitui uma mais- valia para pais e crianças. Manifestaram também contentamento pelos resultados dos Dr. Palhaços em relação às crianças; por estes gostarem delas; serem simpáticos e dedicados. Agradeceram ainda aos Dr. Palhaços pelo seu trabalho no CDC.

As precauções tomadas pelos Dr. Palhaços nas suas intervenções com as crianças, foi outro fator destacado nos discursos. Salientaram ainda que os Dr.

Análise e Discussão dos Resultados

Palhaços visitam todos os quartos da pediatria ou os espaços do centro e que se preocupam com a especificidade de cada criança, respeitando também a sua individualidade.

A maioria dos pais ou acompanhantes refere que a intervenção dos Dr. Palhaços não tem aspetos negativos, no entanto um dos pais refere que o filho demonstra ter medo ou assusta-se, possivelmente “derivado a achar estranhos” […] “não gosta

talvez da figura” (P10).

Segundo os discursos dos pais ou acompanhantes a intervenção dos Dr. Palhaços desencadeia, no geral, emoções positivas nas crianças, transmite bem-estar, alegria e riso às crianças, desmistificando o contexto hospitalar, frequentemente entendido como invasivo e agressivo. Mas, segundo os entrevistados, desencadeia também emoções negativas, quando as crianças estranham os Dr. Palhaços, se assustam, sentem vergonha ou timidez, nomeadamente se as crianças não gostam de Palhaços.

No que diz respeito às ações desenvolvidas pelos Dr. Palhaços, estas são de natureza lúdica, utilizando a música, as canções, as bolas de sabão, as piadas e gracinhas para incentivarem e cativarem as crianças e estabelecerem laços de amizade. É importante que os brinquedos e as brincadeiras sejam direcionados à faixa etária específica da criança, ou mesmo à sua patologia. Para Leifer (1999) os brinquedos escolhidos e as brincadeiras executadas devem ter como base a idade, o nível de atividade permitido, bem como os interesses da criança.

A visita dos Dr. Palhaços é pautada por um quase total trabalho de improvisação, para o qual os artistas têm formação específica dada pela ONV. Apesar de se basearem em técnicas específicas de palhaço, estes profissionais atuam de determinada forma consoante o contexto (sala de espera, corredor do centro, sala de terapias ou mesmo na enfermaria de pediatria) e a criança (desde os mais pequenos até aos maiores) adequando a sua intervenção à idade da criança visitada.

Oliveira e Oliveira (2008) também referem que a dupla de artistas que compõe os Dr. Palhaços é formada por profissionais especializados na arte de palhaço (áreas de teatro clown), artes circenses e musicais. Como método de aproximação, possuem como princípio básico a aceitação da criança e, por meio de improvisação e caracterização (roupas, objetos, maquiagem), iniciam o trabalho artístico.

Os entrevistados disseram que os Dr. Palhaços trazem alegria aos pais e às crianças, promovem momentos de boa disposição em situações mais delicadas, desmistificam e desdramatizam o contexto hospitalar e ainda tornam o ambiente hospitalar mais leve. Como referem Souza e Oliveira (2003) a presença dos Dr. Palhaços traz benefícios para a mãe e criança, representando segurança e conforto.

Análise e Discussão dos Resultados

As interações com os Dr. Palhaços envolvem o riso, a gargalhada entre crianças e Dr. Palhaços, sendo as participações mais restritas dos demais atores sociais. Alguns pais ou acompanhantes mencionaram ainda que a intervenção dos Dr. Palhaços não tem idade, ou seja vai dos 0 aos 80 anos. Oliveira e Oliveira (2008) também mencionam que os Dr. Palhaços interagem com os pais e acompanhantes, proporcionando momentos de lazer e descontração, facto que pode ser considerado uma mais-valia, já que durante o internamento ou em ambulatório as crianças estão sujeitas a inúmeros momentos de dor e sofrimento. Estes autores consideram ainda que os pais e os acompanhantes, são parte integrante e de suma importância no quotidiano da criança que se encontra hospitalizada ou em ambulatório, tornando-se também eles em beneficiados pela presença dos Dr. Palhaços.

Os pais ou acompanhantes das crianças que frequentam o CDC referiram ainda que existe uma participação positiva, as crianças brincam, tocam nos materiais disponibilizados pela dupla (instrumentos musicais, nariz vermelho, bolas de sabão) e perseguem-nos para todo o lado.

Segundo a opinião dos pais ou acompanhantes, na maioria dos casos as crianças colaboram, participam, reagem e interagem com os Dr. Palhaços, mas em algumas situações a interação é fraca, ausente, a criança não liga ao Dr. Palhaço, ou a família não lhe atribui importância. Foi referido também que a participação nem sempre é efetiva, ou seja as crianças pela sua patologia nem sempre conseguem expressar de forma clara algum tipo de reação face à intervenção dos Dr. Palhaços.

Além da interação existente entre os Dr. Palhaços e a criança durante as suas visitas, os encontros proporcionam interação entre as próprias crianças, facto que continua a ser observado mesmo após a saída da dupla dos serviços. Face a estes dados afirmamos que a intervenção dos Dr. Palhaços proporcionam a socialização e interação entre as crianças, o que permite a criação de nova rede social, que age como circunstância facilitadora para a saída do isolamento social, que, por vezes, a doença ou a deficiência acaba por provocar nestas crianças. Tal facto também pode ser associado à condição de recuperação/reabilitação (cf. Oliveira & Oliveira, 2008).

Quanto aos aspetos a melhorar na intervenção dos Dr. Palhaços no CDC, os pais ou acompanhantes relataram a necessidade de aumentar a frequência e o tempo de intervenção, e, por outro lado, desenvolver uma intervenção mais abrangente e variada.

Concluída a análise e discussão dos resultados referentes às perceções dos pais ou acompanhantes consideramos útil fazer uma breve síntese.

Análise e Discussão dos Resultados

Segundo os pais ou acompanhantes há uma boa aceitação da intervenção dos Dr. Palhaços, reconheceram os benefícios dessa intervenção no CDC. Estes benefícios situam-se ao nível do bem-estar, da alegria, do riso, do ânimo, da magia e ainda ajudam no desenvolvimento da criança. Afetam não só as crianças internadas ou em ambulatório, mas também os pais e familiares, cuja intervenção é totalmente revigorante.

Araújo e Guimarães (2009) também mencionaram que o brincar proporciona benefícios não só à criança, mas também aos acompanhantes e à equipe de saúde, pois transforma as perceções do ambiente hospitalar, que é (re)definido como um contexto de desenvolvimento para os agentes sociais implicados nas diferentes esferas de ação.

Constatou-se ainda que os pais e acompanhantes consideram que a possibilidade de brincar no CDC permite perceber este contexto como um espaço agradável, descontraído e motivador para todos (crianças, pais ou acompanhantes e profissionais), transformando a interação/intervenção num espaço de afeto e emoção.

3.

Objetivo: Conhecer as representações dos Dr. Palhaços face à sua