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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

4 RESULTADOS 97 4.1 Apresentação do perfil pessoal e funcional dos respondentes

1.2 Objetivos específicos

Por conseguinte, do detalhamento do objetivo geral supramencionado decorrem os seguintes objetivos específicos:

a) conhecer a intensidade de bem-estar no trabalho dos servidores técnico- administrativos da UFSM;

b) verificar se o perfil pessoal e funcional dos respondentes interfere nos níveis de bem-estar no trabalho;

c) aferir a percepção de suporte organizacional destes profissionais;

d) identificar o nível de intensidade do comprometimento organizacional afetivo destes funcionários para com a UFSM;

e) averiguar as correlações entre as dimensões do bem-estar (afeto positivo, afeto negativo e realização), o suporte organizacional e o comprometimento organizacional afetivo;

1.3 Justificativa

Paschoal, Torres e Porto (2010) pontuam que em virtude do estudo científico da felicidade (ou bem-estar) no trabalho ser recente, a identificação e sistematização dos fatores intervenientes nesse constructo consiste em uma tarefa desafiadora. Além disso, a literatura sobre antecedentes do bem-estar no trabalho se apresenta constituída, principalmente, de estudos que abordam as emoções e humores no trabalho, que consistem na dimensão hedônica do bem-estar. Tais estudos foram conduzidos, conforme exemplificam Silva, Porto e Paschoal (2010) por pesquisadores como Totterdell et al. (2004), Barsky e Kaplan (2007), Weiss e Cropanzano (1996), Williams et al. (1991). Quanto à dimensão eudaimônica do bem-estar no trabalho, caracterizada como expressão pessoal e realização do trabalhador e indicada como um elemento central no bem-estar, não costuma ser incluída nas pesquisas sobre bem-estar laboral. Este estudo, por contemplar o bem-estar no trabalho operacionalmente enquanto afetos positivos e negativos e realização pessoal, busca abarcar as duas dimensões (hedônica e eudaimônica) e, assim, contribuir para uma mais completa compreensão do constructo.

Ademais, conforme Dessen e Paz (2009), nos estudos organizacionais acerca da realidade brasileira do trabalho, não é vasta a quantidade e diversidade de pesquisas no que se refere à identificação de variáveis organizacionais que interferem no bem-estar ocupacional, o que sugere que muitas relações ainda podem ser investigadas. Quanto à relação entre suporte organizacional e o constructo bem-estar no trabalho, tal qual entendido nesta pesquisa (dimensão hedônica e dimensão eudaimônica), foi encontrado um estudo, desenvolvido por Paschoal, Torres e Porto, em 2010. Já quanto à relação entre suporte organizacional e comprometimento organizacional, há mais estudos que se detêm em explorá-la, tais como, por exemplo, os desenvolvidos por Costa, Filenga e Siqueira (2012), Nascimento, Emmendoerfer e Gava (2012), Campos, Estivalete e Löbler (2011) e Siqueira (2005).

Não foram encontrados, na literatura científica específica da administração pública brasileira, estudos que tenham analisado as relações entre esses três constructos (bem-estar no trabalho, suporte organizacional e comprometimento organizacional) e, nesse sentido é que se assenta a principal justificativa deste trabalho: investigar as relações ainda incipientes entre essas variáveis tão relevantes para a gestão organizacional pública.

Complementarmente, conforme disposto no artigo V, da seção Das Regras

Deontológicas, do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, o “trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade

deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio”. Desvela-se incutida nessa premissa a necessidade de se refletir sobre o sentido do trabalho na vida do servidor público. Nesse sentido, cabe mencionar que esta pesquisa instiga as reflexões acerca do sentido e da dimensão ontológica do trabalho na vida desse profissional, a fim de que este lhe represente para além de uma ocupação, uma fonte tanto de edificação moral e dignidade quanto de vivências positivas avessas ao estresse, como a realização e, sobretudo, a felicidade.

A premissa de que a felicidade pessoal pode ser alcançada por meio do trabalho estimula os gestores de pessoas e os estudiosos do comportamento organizacional a identificarem estratégias eficazes na promoção do bem-estar no ambiente laboral (PASCHOAL, TORRES, PORTO, 2010). Nesse viés, a presente pesquisa pretende contribuir ao dar prosseguimento a esses estudos exploratórios.

Ademais, considerando-se a promoção do bem-estar no ambiente laboral um propósito a ser contemplado nas práticas e condutas gerenciais das políticas de gestão de pessoas nas organizações, reveste-se de suma relevância o desenvolvimento de pesquisas como esta, que

contribuem para tal intento visto apresentarem evidências científicas sobre fatores do contexto sócio-organizacional que podem potencialmente favorecer estados emocionais positivos nos colaboradores organizacionais.

Concomitantemente, face às transformações no mundo do trabalho e aos novos paradigmas advindos dos preceitos da administração gerencial, as instituições públicas têm sido exigidas pela sociedade civil, contribuintes e cidadãos-usuários dos serviços, em termos de qualidade e eficiência nos serviços prestados. A IES estudada, enquanto organização avançada da sociedade em termos de conhecimento, de ciência e de tecnologia, precisa abrir- se à sociedade, e a serviço desta, construir melhor qualidade de vida para a população (FRANCO, 2004). Sob esta análise da IES como organização prestadora de serviços, legitima-se seu comprometimento fiel com a qualidade acadêmica e com o desenvolvimento científico, tecnológico e cultural da sociedade.

Acresce-se a essa peculiaridade o contexto das universidades federais, e da instituição em questão, no qual se vivencia uma realidade de profundas transformações, derivada de um conjunto de metas baseadas em uma lógica expansionista e assentadas nas proposições do REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).

Este redimensionamento do ambiente organizacional das IES implica, por conseguinte, no aumento considerável de demandas à organização, o que a desafia permanentemente a buscar formas de contar com o envolvimento de todos seus servidores bem como de que estes sejam partícipes de equipes comprometidas para responder satisfatoriamente a estas demanda e, assim, gerar a melhoria do serviço público. Reforça-se, nesse sentido, a importância da realização dessa pesquisa tendo em vista a possibilidade de seus resultados consubstanciarem valiosos diagnósticos, à organização em foco, tanto para a melhoria na gestão de pessoas, elemento contributivo ao seu potencial competitivo e êxito organizacional, quanto para, por conseguinte, ao atingimento dos resultados esperados a partir do relacionamento com os servidores.

No que tange à conformidade à linha de pesquisa Inovação e sustentabilidade na

gestão pública, este estudo se inspira no que diz Gartner (1990), o qual postula que inovação

é o termo que faz referência a como as organizações agregam valor, acrescendo conhecimentos, por meio de experiências novas ou já adquiridas, aos rearranjos de práticas e programas de gestão, visando produzir, além de melhorias contínuas nos processos de trabalho, resultados significativos que tragam benefícios para o serviço público e para a sociedade. Já Kuczmarski (1998), por sua vez, acrescenta que adotar uma mentalidade e

práticas inovadoras é o que permite à organização diferenciar-se e se sobressair perante a concorrência e obter indicadores efetivos de crescimento. Ratifica-se, desse modo, o proveito do estudo em questão, por não ter ênfase no ineditismo ou mudanças radicais, muito menos paliativas, mas sim nas transformações incrementais e consistentes, buscando-se sempre contextualizar e adequar à maneira de conceber iniciativas inovadoras à esfera pública.

Sobretudo, a expansão dos horizontes do conhecimento sobre os aspectos comportamentais humanos no ambiente laboral que as investigações desta pesquisa indubitavelmente proporcionará, devem servir, eminentemente, para guarnecer de subsídios os dirigentes e líderes que têm em sua alçada de competência a elaboração e implementação das políticas de gestão de pessoas, no sentido de que estas práticas se destinem a criação de um ambiente propício ao trabalho, com melhor qualidade de vida e com condições favorecedoras do bem-estar dos colaboradores na organização. Nesse sentido, esta pesquisa se demonstra ainda mais pertinente, visto seu nexo de afinidade com as atuais metas organizacionais da UFSM, delineadas no seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), vigente de 2011 a 2015, no que concerne especificamente ao conteúdo preceituado no eixo norteador “valorização das pessoas”.

Por fim, em termos teóricos, justifica-se a relevância da pesquisa tendo em vista a escassez de estudos que tratam do bem-estar no trabalho bem como suas correlações com suporte organizacional e comprometimento organizacional afetivo, principalmente na universidade em análise. Embora haja consciência e preocupação dos gestores acerca desses aspectos, ainda inexistem estudos que se proponham a mensurá-los e descrevê-los na organização em questão. Nesse sentido, o estudo oferecerá significativa contribuição para a produção e o compartilhamento de informações que possam subsidiar o desenvolvimento de práticas otimizadoras e continuadas de gestão de pessoas.