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1 INTRODUÇÃO

1.5 OBJETO DE EMPIRIA

Para a validação mútua entre a pesquisa teórica e a pesquisa exploratória, buscou- se acesso ao Curso de Licenciatura Plena em Educação Básica Séries Iniciais – 1ª a 4ª séries na modalidade EAD1 desenvolvido no NE@AD da UFES.

O NE@AD da UFES foi escolhido para o desenvolvimento da pesquisa pela peculiaridade que traz ao utilizar, como meio de comunicação e interação principal entre a UFES e os pólos (CRE@ADS), a VC. Em tempos de plataformas on-line e e-

learning, a UFES escolhe uma tecnologia síncrona, que permite a visualização dos

interlocutores. A IES, também, dispõe dos recursos de comunicação tradicionais, telefone, fax etc. e de outros meios de comunicação on-line baseados em possibilidades da Internet. Sua configuração estrutural permite ainda a criação multimídias (stand alone ou em rede) e a diagramação apostilas.

É um núcleo de referência para o desenvolvimento de cursos de formação acadêmica a distância no estado do Espírito Santo, dispondo de materiais de análise que estão em pleno funcionamento, e em desenvolvimento, o que permite a análise do material didático que foi produzido e que está em processo de produção.

Segundo as informações na página do NE@AD no site da UFES:

Os cursos desenvolvidos na UFES, na modalidade de EAD, são estruturados através da combinação das modalidades de ensino a distância e presencial, numa prática bimodal ou semipresencial. Um terço das atividades acadêmicas são realizadas presencialmente, por meio de videoconferências “abertas”, orientação acadêmica individual ou para grupos e a apresentação de seminários temáticos semestrais. As provas são realizadas presencialmente (UFES, NE@AD).

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O Curso de “Licenciatura Plena em Educação Básica Séries Iniciais – 1ª a 4ª séries na modalidade EAD” é denominado pela totalidade dos sujeitos que dele participaram por abreviações: “Curso de Pedagogia do NE@AD”, “Curso de Pedagogia – séries iniciais em EAD”, ou ainda, formas similares. As abreviações serão adotadas para referenciar o Curso ao longo do texto da dissertação, em função de sua concisão. Esta denominação também reflete a divisão entre as modalidades presenciais e a distância. Tornando-se necessária para designar a qual Curso / Setor da UFES estava-se vinculado, bem como, reflete um momento de 'cisma' de alguns quanto à forma implantação da modalidade e às conseqüências, em atos e fatos, que dela derivaram e que aparecem, em parte, descritas na dissertação de Moreto (2006).

Pertencendo a uma universidade pública, o NE@AD surge das determinações Federais que reforçam a necessidade da Interiorização dos cursos das Universidades Públicas Brasileiras, ou seja, a expansão do atendimento a uma demanda de formação profissional para os municípios do interior dos Estados que tem dificuldade de deslocamento para a capital por motivos socioeconômicos.

Cita o Programa de Interiorização da UFES na Modalidade Aberta e a Distância (Anexo I da Resolução nº 65/2000 – Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CEPE) que:

Apesar da Emenda Constitucional n.º 14, de 1996 ter suprimido tal obrigatoriedade, a Universidade buscando desenvolver ações também voltadas para a interiorização, criou a Coordenação de Interiorização através do Conselho Universitário, Resolução n.º 04 de 20 de janeiro de 2000 (UFES, CEPE, 2000).

Quanto ao processo de interiorização, desde 1990 a UFES vem estudando e implantando o PINES – Plano de Interiorização da UFES no norte do Espírito Santo (ES). O Pólo Universitário de São Mateus - que atualmente está em processo de desmembramento para a efetivação da Universidade Federal de São Mateus - é um dos resultados do PINES.

O fato mobilizador que determinou as iniciativas e estudos de viabilidades para a implantação da modalidade de EAD na UFES, encontra-se, em 1996, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei N.º 9.394/96) que em seu Art. 62, determina que para atuar como docente na educação básica seria necessária a formação em IES, bem como institui que só poderiam ser contratados novos docentes para as séries iniciais do Ensino Fundamental devidamente “habilitados em nível superior ou formados em treinamento para lecionarem nas séries iniciais do Ensino Fundamental” (BRASIL,1996).

Dados das Secretarias Estadual e Municipais de Educação – SEDU – SEMEC’S, revelam que no ES a formação dos professores que atuam nas Séries Iniciais – objeto deste Projeto – reclamam ao atendimento em torno de 12 mil profissionais, em exercício nas Redes Estadual e Municipal de Ensino (UFES, CEPE, 2000).

Segundo consta no Projeto do Curso de Licenciatura Plena em Educação Básica Séries Iniciais – 1ª a 4ª séries na modalidade EAD (Anexo II da Resolução n°

65/2000 - CEPE), cerca de 12 mil profissionais estavam em exercício docente nas séries iniciais, sem a formação determinada pela Lei 9.394/96 (LDB).

A partir do ano de 2000, com a reformulação no Programa de Interiorização da UFES para que pudesse atender a esta demanda de formação docente no Estado do Espírito Santo, bem como continuar com ofertas de cursos diversificados para o Interior, a nova Coordenação de Interiorização, criada na reformulação do PINES em 2000, apresentou a proposta de criação do NE@AD na UFES. Com “[...] a implantação de uma estrutura estadual, regionalizada e aberta de educação, insere- se em um contexto de profundas alterações nas relações produtivas e socioculturais e comunicacionais das sociedades contemporâneas” (UFES, CEPE, 2000).

Buscando atender às demandas federais e mediante os percalços estruturais que a demanda de alunos e o tempo para completar a formação exigiam, a Coordenação de Interiorização da UFES, buscou a parceria com outra Instituição que já tinha um trabalho reconhecido e aprovado no MEC: o NEAD do Instituto de Educação da UFMT, estabelecendo-se um convênio para a:

a) socialização da experiência empreendida;

b) curso de Especialização em EAD para os Professores da UFES e Orientadores Acadêmicos (OA);

c) fornecimento inicial do material didático já impresso;

d) assessoria e acompanhamento durante a implantação e execução do Curso de Licenciatura Plena em Educação Básica – 1a a 4a Séries, na modalidade EAD.

Segundo o Diretor Administrativo em atuação na época, a UFMT foi indicada pelo MEC como modelo de implantação, já com ampla prática em EAD na formação de professores.

– Quando a UFES foi credenciar-se junto ao MEC para trabalhar com educação aberta, o MEC nos disse que não se poderia credenciar a Instituição no abstrato. Mas teria que credenciar a Instituição já apresentando um produto ou um curso. Então, na época, nos recomendou devido a um compromisso que eles tinham de atender uma grande demanda em nível nacional, que na época, em 2001, estava em torno de 400.000 (quatrocentos mil) professores do ensino fundamental sem graduação [...]. Nos recomendou que entrássemos com o curso de graduação na área de Pedagogia – séries iniciais. E que naquele momento

a universidade que tinha iniciado uma experiência na produção de material didático e saindo do parcelado para a educação aberta era a UFMT com o curso de pedagogia. Então ele nos recomendou que o ideal era que formássemos uma parceira com o Mato Grosso para iniciar o nosso processo de implantação, mediante isso, nós fizemos um contato com a UFMT e vimos que o material que eles já tinham produzido na época era bom. Em cima disso firmamos a parceria. Além do material, firmamos uma parceria que eles desenvolveriam conosco um curso de especialização para OAs. Que na época nos abrimos 650 (seiscentas e cinqüenta) vagas, estando aí, vagas abertas para todos os municípios do Espírito Santo, que nós queríamos abrir aí a discussão sobre educação aberta no estado todo. Então, cada município proporcionalmente ao seu tamanho, nós abrimos uma quantidade de vagas, então um ano depois, nós já tínhamos no estado do Espírito Santo, em todos os municípios, pelo menos um professor especializado em EAD – Orientação Acadêmica. Com isso abriu-se a discussão em nível estadual e incluso nessas vagas os professores da Universidade foram convidados e abrimos um número de vagas por cento. E dando preferência para o Centro de Educação pois o curso seria de pedagogia (DIRETOR ADMINISTRATIVO, 2007).

Segundo Foerste (2005), as experiências da UFMT vêm obtendo sucesso em desenvolver projetos de parceria entre a Universidade Federal e as escolas públicas municipais. Sua atuação recorre a 1970, quando a UFMT ofertou cursos de Licenciatura parcelada em pólos regionais.

O modelo de EAD desenvolvido pela UFMT foi escolhido para implantação pela UFES, pois:

a) permite acessibilidade aos municípios do interior, por meio da criação de CRE@ADs, atendendo às demandas quantitativa de aluno em seus locais de origem e possibilitando deslocamentos curtos;

b) proporciona especialização de profissionais locais para a orientação acadêmica em EAD;

c) cria uma infra-estrutura básica com laboratórios, biblioteca, auditório, salas para as atividades acadêmicas.

Os Professores Especialistas (PEs) reúnem-se via videoconferência (VC) com os Orientadores Acadêmcios (OAs) para gerenciar as atividades didáticas, esclarecer dúvidas e dialogar sobre as necessidades gerais dos CRE@ADs. Se necessário, em caso específicos, os Professores, os Orientadores ou os CRE@ADs podem agendar entre si VCs para solucionar questões específicas de um local ou de discussão de uma temática, ou ainda, palestra para os alunos. A VC, portanto, além de ser um

recurso síncrono de presença e comunicação dos sujeitos, funciona como um ‘manual do OA’, de caráter dinâmico.

Para os alunos, os cursos são semipresenciais e o material didático essencialmente apostilados, em função de diversas dificuldades com as novas tecnologias tanto em nível institucional – nas escolas – quanto variantes em função das habilidades dos sujeitos. Constitui-se em modalidade semipresencial pois são feitos encontros regulares entre os alunos e os OAs nos CRE@ADs. Neste momento são discutidas dúvidas, organizadas atividades, é feita a gerência dos tempos de aprendizado dos módulos, apresentados trabalhos e socializados conhecimentos.

Com relação a outras possibilidades de interação, quando necessário podem ser desenvolvidas palestras via VC para os alunos, acesso à plataforma via Internet e, ainda, criação de materiais complementares, como CD-ROM e sites, o que torna ‘maleável’ o acesso aos conteúdos didáticos. Os materiais didáticos são desenvolvidos mediante o público e o Curso em questão tornando-os mais adequados a cada situação.

Para a implantação do Curso de Licenciatura Plena em Educação Básica Séries Iniciais – 1ª a 4ª séries na modalidade EAD da UFES foram conveniadas várias ações conjuntas entre o NEAD/UFMT e o recém-criado NE@AD/UFES. Entre estas atividades estava a formação dos Orientadores Acadêmicos e dos Professores Especialistas da UFES em EAD pela UFMT e o uso dos materiais didáticos deste Núcleo pelos PEs da UFES. E, em um segundo momento previsto em convênio com a UFMT, após a implantação e estruturação do NE@AD/UFES, este Núcleo passou a produzir seu material, em frente às necessidades dos Especialistas da UFES, aos objetivos do curso e sua regionalidade.

A produção do material sofreu vários problemas de percurso como atrasos e só foi completamente implantado com a entrada da 3ª turma do Curso de Pedagogia. Até então foram utilizados os materiais didáticos da UFMT, com exceção dos fascículos de geografia e história que abordavam conteúdos locais e que foram produzidos por PEs da UFES, necessitando para isso que esses módulos fossem remanejados para o final do curso.

De maneira geral o material autorado pelos PEs e produzidos pela UFES, foi aplicado uma única vez para a 3ª entrada do Curso de Pedagogia. Nos volumes Metodologia EAD I e Metodologia EAD II, que apresentam o curso de Pedagogia do NE@AD/UFES, explica-se como esta IES pretende que se efetive o processo de ensino-aprendizagem a distância; percebe-se que existe uma proposta de desenvolvimento de uma comunicação visual integrada em todos os fascículos, bem como uma postura direcionadora quanto ao seu uso, na aplicação da imagem nos materiais impressos e como devem ser entendidos como elementos ilustrativos, o que parece diferir das necessidades de algumas disciplinas conforme será abordado no estudo de caso.

Pelos fatores acima descritos e dentre os cursos que estavam em desenvolvimento, no momento dos encontros iniciais para autorização do desenvolvimento da pesquisa nesta Instância, optou-se pelo Curso de Pedagogia – séries iniciais, com foco específico na 3ª entrada. Os motivos que levaram a optar por este curso foram:

a) O Curso foi aquele que efetivou e viabilizou a criação do NE@AD.

b) Ainda estava em andamento, e já tinha formado mais de três mil alunos até então, no início das atividades de pesquisa em setembro de 2006. Estavam em andamento as duas últimas ‘entradas’, cada qual com cerca de mil e trezentos alunos.

c) Os PEs, em sua maioria, são professores ligados ao CE da UFES e, alguns, ainda ligados ao PPGE, fato que viabilizaria o acesso aos professores.

d) Os materiais didáticos foram criados especialmente para o Curso, por professores da UFES.

e) As VCs para orientação destes materiais estavam acontecendo neste ínterim. f) Os Centros Regionais de Educação Aberta e a Distância (CRE@ADS)

estavam montados e estruturados.

g) Os sujeitos já estavam ambientados aos recursos disponíveis de comunicação, possibilitando que a observação in loco fosse pouco invasiva. h) A grande maioria dos sujeitos: a Diretoria, os alunos, os OAs e PEs são

professores ou estão diretamente ligados à docência, o que habilita a especular mais sobre a importância da imagem na educação como elemento mediador de processos de conhecimentos.

i) Apenas a equipe administrativa e técnica do NE@AD não é constituída docentes; a equipe técnica foi formada em sua maioria por discentes estagiários da UFES.

Quanto aos Centros Regionais de Educação Aberta e a Distância, foram criados 15 CRE@ADS, para o atendimento inicial do Curso de Pedagogia – séries iniciais em todo o Estado. Ao final da terceira entrada, 13 CRE@ADs estavam em funcionamento com os mesmos equipamentos de VC e de informática.

– Só que já são seis anos desses equipamentos e em tecnologia de informação, seis anos correspondem a um século. [...] Nós conseguimos manter ainda funcionando, hoje, 13 das 15 estações de vídeo [...] (COORDENADOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – TI, 2007).

Mapa 01 – Mapas de distribuição de Municípios por CRE@ADS (à esquerda implantação

inicial em 2001, à direita implantação ao final da 3ª entrada em 2008). Fonte: Moreto (2006); UFES, NE@AD, Mapas2.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Núcleo de Educação Aberta e a Distância.

Característica da Educação na Modalidade Aberta e a Distância. Disponível em:

Os CRE@ADs foram criados em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo e das Prefeituras Municipais, onde acontece o encontro presencial (quinzenal) entre o aluno e o Orientador Acadêmico. Nessa estrutura ficam disponibilizados recursos de biblioteca, equipamentos audiovisuais, laboratórios de informática, espaços para as Orientações e auditório para a VC.

Os municípios participantes do projeto de Licenciatura Plena em Educação Básica serão organizados em Centros Regionais – cre@ad’s, com infra– estrutura e organização de serviços que permitam o desenvolvimento das atividades de cunho administrativo e acadêmico exigidas por um curso universitário a distância. Cada cre@ad atenderá aproximadamente 350 alunos por entrada, dependendo da demanda verificada (UFES, CEPE, ANEXO I, 2000).

Cada Centro Regional de EAD contará com uma equipe de Orientadores Acadêmicos, na proporção de 25 a 35 alunos por Orientador (UFES, CEPE, ANEXO II, 2000).

Das 9.000 vagas oferecidas pelo Curso de Pedagogia/EAD, um total de 7050 alunos (professores da rede pública) foram atendidos pelo Curso nas três entradas.

O que representa, no universo de pessoas vinculadas à 3ª entrada, 1.667 alunos em todo o Estado do Espírito Santo. Para, tanto, somente na terceira entrada atuaram 23 PEs; 3 Diretores; equipe técnico-administrativa em torno de 10 a 15 pessoas no NE@AD; 1 Coordenador de Curso; 13 Coordenadores de CRE@AD; 62 OAs; mais as equipes técnico-administrativas de cada um dos 13 pólos, conforme necessidade e disponibilidade das Prefeituras Municipais.

No CRE@AD Vitória, na 3ª entrada, o universo era de 345 alunos e 13 OAs. Os alunos eram provenientes dos municípios de Alfredo Chaves; Cariacica; Serra; Viana e Vitória. Não foram levantados dados de quantos especificamente eram de cada Município, apenas conseguimos a informação de que cerca de 20 a 25 alunos eram de Alfredo Chaves, município que não faz parte da área metropolitana da Grande Vitória. Ao longo de todo o Curso o CRE@AD Vitória foi responsável pela formação de 1.448 alunos, ou seja, 20,53% de todos os alunos.