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O OBJETO NA METONÍMIA DO DESEJO

3. Desejo inconsciente 4 Sintoma 5 Metonímia.

3.3 O OBJETO NA METONÍMIA DO DESEJO

Para que a cadeia significante deslize, o deslizamento metonímico da fala do sujeito implica em um resto, em algo que não se apresenta como significante, denominado por Lacan de objeto, resto metonímico. A relação do sujeito com esse objeto é o que a psicanálise denomina de fantasia.

O objeto que resta desse deslizamento é uma das formas que assume o objeto a, que é o objeto que causa o desejo no sujeito. Por ser um objeto que falta, impulsiona tal desejo, interferindo na dialética da demanda, da relação desse sujeito com o Outro. É justamente por ser um sujeito de falta, que o objeto a mobiliza esse sujeito na sua relação com o mundo, através do desejo.

Sobre essa relação, Quinet (2008, p. 90) afirma: “a demanda, na medida em que é constituída pelos significantes emitidos pelo sujeito, tem apenas um significado: o desejo que é causado pelo objeto a”. A fantasia para Freud (1912/1996) faz parte da realidade psíquica, estando presente em qualquer sujeito, mas é essencialmente estruturante na neurose. A partir do estudo sobre as

neuroses, Freud apontou a importância das fantasias na formação dos sintomas e na vida do sujeito.

No Rascunho M., Freud (1897/1996) compreende que as fantasias são originadas a partir de uma combinação inconsciente, como também de situações experienciadas pelo sujeito. Elas mantêm uma relação com os sintomas por estes, de certa forma, principalmente as fobias, serem derivados de determinadas fantasias, devido a uma espécie de distorção da realidade que possibilita a construção desses sintomas.

Representada por Lacan pelo matema S barrado punção de a ($ ◊ a), a fantasia tem como função, através do uso significante, dar uma resposta à questão do desejo do Outro, sendo este desejo do Outro como uma alteridade, um lugar onde, através do significante, o desejo perpassa e o sujeito se dirige na tentativa de articular seu próprio desejo, buscando o reconhecimento desse Outro.

Essa posição que o sujeito toma diante do desejo do Outro, essa resposta que ele procura dar à questão Che vuoi? é essencialmente significante, e por isso determinada numa dimensão simbólica. No grafo do desejo, inscreve-se a importância da fantasia por ser ela que regula o desejo, onde o sujeito tenta resolver sua questão frente ao enigma que é o desejo do Outro através de sua relação com o objeto a.

Lacan (1956/1995) ressalta que Freud já percebia a busca do homem pelo objeto perdido, aquele que inicialmente foi o ponto de ligação das primeiras satisfações de quando criança. Essa busca pelo reencontro está no centro da relação entre o sujeito e o objeto, sendo contínua a procura pelo objeto perdido, pois o objeto a ser encontrado não será o exato objeto procurado pelo sujeito. Haverá sempre uma defasagem entre o que o homem busca e aquilo que ele encontra, por ser o objeto encontrado sempre faltoso de algo, substitutivo, uma parte.

A partir disso, Lacan (1995, p. 19) alega:

O sujeito se esforça para manter suas relações de objeto a qualquer preço, utilizando todas as espécies de acomodações nesse objetivo: mudanças de objeto com o uso do deslocamento, ou da simbolozação, que, pela escolha de um objeto simbólico arbitrariamente investido dos mesmos valores

afetivos do objeto inicial, vai lhe permitir não se ver privado de relações objetais.

O objeto para Lacan não se reduz apenas a algo que corresponde ao desejo do sujeito, mas é um instrumento que mascara, camufla a relação conflituosa do sujeito com o mundo, através de sua demanda. Apresenta-se em princípio como uma busca do objeto perdido: “o objeto é sempre o objeto redescoberto, o objeto tomado ele próprio numa busca, que se opõe da maneira mais categórica à noção do sujeito autônomo, onde desemboca a ideia do objeto acabado.”(LACAN, 1995, p. 25).

Para avançarmos sobre a questão do conceito de metonímia na neurose obsessiva e desejo no obsessivo, é necessário desenvolvermos mais sobre a noção de objeto em psicanálise. Para isso, o conceito de objeto fálico se faz necessário.

Freud (1923/1996) em A organização genital infantil apontou uma primazia do órgão genital masculino, nomeado por ele de falo, na organização genital infantil. Na teoria analítica o objeto fálico ocupa um lugar central, em torno do qual se configura a problemática do complexo de Édipo e, consequentemente, o complexo de castração.

Desde Freud, o papel do pai tem fundamental importância na história da psicanálise, ao trazer a função paterna como elemento central na normalização da sexualidade. Em A interpretação dos sonhos, Freud (1900/1996) já introduz a questão do Complexo de Édipo4 e sua importância na configuração da neurose. Depois, observaria em sua obra que este complexo na verdade seria universal, por ter uma função essencial no desenvolvimento da vida mental da criança.

É a partir da tragédia de Sófocles sobre o mito do Édipo Rei que Freud se baseia para desenvolver a ideia do complexo de Édipo, o qual é estruturante para o sujeito no tocante ao desejo. Como afirma Lacan (1973/1993, p. 55) em Televisão: “o mito, é isso, a tentativa de dar forma épica ao que se opera da estrutura”. Segundo Freud (1996, p.289):

       

4 Representação inconsciente que exprime o desejo sexual/amoroso da criança pela mãe e sua hostilidade para

O Rei Édipo, que assassinou Laio, seu pai, e se casou com Jocasta, sua mãe, simplesmente nos mostra a realização de nossos próprios desejos infantis. Contudo, mais afortunados que ele, entrementes conseguimos, na medida em que não nos tenhamos tornado psiconeuróticos, desprender nossos impulsos sexuais de nossa mãe e esquecer nosso ciúme de nossos pais.

Em seu artigo A dissolução do complexo de Édipo, Freud (1924/1996) identifica a importância da autoridade do pai na dissolução da problemática do Édipo e a ameaça de castração como uma razão de sua resolução.

Lacan (1953/1998) retoma a dialética do complexo de Édipo, centralizando a questão na triangulação, a partir de sua teoria do significante, admitindo uma função simbólica. Lacan considera que é no processo da metáfora paterna que se reconhece o suporte da função simbólica, isto é, o complexo de Édipo é estruturante, e é em torno da metáfora paterna que a criança tem acesso ao nível simbólico, reconhecendo-se como sujeito com suas particularidades através da fala, do movimento significante. Por isso o falo tem essa função significante, por preencher esse lugar simbólico.

Lacan refere à função simbólica ao “princípio inconsciente único em torno do qual se organiza a multiplicidade das situações particulares de cada sujeito”. (ROUDINESCO, 1998, p. 714). Por isso ela é tão importante e está essencialmente ligada ao significante.

Em Totem e Tabu, Freud (1913/1996) aproxima alguns pontos que seriam semelhantes entre a dinâmica na vida mental dos homens mais primitivos e a vida mental dos neuróticos, através do mito do pai da horda primeva. Para ele, o totemismo, o animal totêmico existente na cultura primitiva corresponde para nós ao pai. Uma das consequências dessa aproximação feita pelo pensamento freudiano é:

Se o animal totêmico é o pai, então as duas principais ordenanças do totemismo , as duas proibições de tabu que constituem seu âmago – não matar o totem e não ter relações sexuais com os dois crimes de Édipo, que matou o pai e casou com a mãe, assim os dois desejos primários das crianças, cuja repressão insuficiente ou redespertar formam talvez o núcleo de todas as psiconeuroses. (FREUD, 1996, p. 137)

No totemismo, é a morte do animal e seu status de totem que reforça entre os intergrantes do clã um processo de identificação, pois eles incorporam para si as características que creditam a esse totem. Para Freud, esse animal totêmico é um substituto do pai, e a lei que ele representa enquanto totem permite, portanto, que ele interdite, proibindo o incesto no que se refere ao complexo de Édipo, sob a ameaça de punição através da castração, simbólica, pois o pai morto é simbolizado por esse totem. É a partir desse assassinato do pai – a ausência do pai que Lacan denominou de pai real – que a função paterna ganha dimensão simbólica.

A noção de falo tem estreita relação com a questão do pai em psicanálise, onde o falo não diz respeito ao orgão material, o pênis, mas ao elemento, ao objeto

pelo qual circunda a questão intitulada por Lacan de metáfora paterna, ou metáfora do Nome-do-Pai. Este Nome-do-Pai é o que em Freud refere na mitologia ao pai morto, o símbolo paterno.

Para Lacan (1958/1998), o falo é um significante que permite, através de sua condição simbólica, que o sujeito se posicione em relação ao desejo. Por ser um significante, só se tem acesso ao falo através do Outro, sendo preciso que o sujeito reconheça o desejo desse Outro e por esse significante perceba sua condição de sujeito de falta.

Ainda sobre a formação do sintoma, Lacan traz o exemplo do par constituído pela mãe e a criança: a mãe enquanto o Outro, através da fala passa uma mensagem para a criança, mensagem que carrega em si o seu desejo. Essa mensagem do desejo materno é recebida pela criança e esta, em relação à fala da mãe, num processo metonímico vai se identificando com o objeto de desejo materno. A relação aqui não é tão somente da criança com a mãe, mas essencialmente com o desejo dela. “O que a criança busca, como desejo de desejo, é poder satisfazer o desejo da mãe, isto é, to be or not to be o objeto da mãe” (LACAN, 1999, p. 197). A criança deseja ser o objeto de desejo da mãe, o objeto que capaz de preencher a falta da mãe, o falo que falta à mãe. Ela então se questiona se é ou não o falo da mãe, o significante do desejo da mãe.

Podemos perceber o desejo do sujeito submetido ao desejo do Outro. “Depois, ou seja, a entrada em jogo do para-além da mãe, que é constituído pela relação dela com um outro discurso, o do pai” (LACAN, 1999, p. 208). É a partir da

intervenção paterna na relação mãe/filho que a criança se insere numa dimensão simbólica e substitui o significante materno pelo significante do pai.

É nessa experiência do desejo, nessa dialética da demanda de amor entre o sujeito e o Outro que se ordena o desenvolvimento. Num primeiro momento, o que corresponde à demanda se refere à fala da mãe. Sobre essa questão, compreende- se que:

O desejo é uma coisa que se articula. O mundo no qual ele entra e progride, [...], mas é um mundo onde impera a fala, que submete o desejo de cada um à lei do desejo do Outro. A demanda do jovem sujeito, portanto, cruza com maior ou menor felicidade a linha da cadeia significante, que está ali, latente e já estruturante. Por esse simples fato, a primeira experiência que ele tem de sua relação com o Outro, ele a tem com esse Outro primeiro que é sua mãe, na medida em que já a simbolizou. [...]. Portanto, é na medida em que essa intenção ou essa demanda atravessa a cadeia significante que ela pode impor-se junto ao objeto materno (LACAN, 1999, p. 194).

O que comporta um para-além em relação ao desejo do Outro (o desejo materno) e permite que o para-além dessa relação com a fala do Outro seja introduzido, ou seja, para que a criança se subjetive enquanto sujeito, é através o intemédio do significante fálico, a partir da mediação dada pela posição do pai na ordem simbólica. (LACAN, 1958/1999).

Sobre isso, Quinet (2004, p. 102) afirma:

O sujeito experimenta o desejo do Outro, primeiro como identificado ao falo imaginário enquanto atributo do Outro, mas a experiência não será decisiva enquanto o sujeito não experimentar o fato que confirma que a mãe não tem o falo.

O motivo pelo qual Lacan denominou esse processo de metáfora paterna se deve ao fato de quê, por ser metáfora, implica uma substituição de um significante por outro significante, e é o pai no complexo de Édipo que surge como significante no lugar do significante materno. Define ainda: “o significante paterno como o significante que, no lugar do Outro, instaura e autoriza o jogo dos significantes”. (LACAN, 1999, p. 328). A função da metáfora paterna é estruturante, por ser a partir dela que se institui o sujeito psíquico, através da ordem significante.

A seguir, Lacan (1999, p. 180) traz, a partir da fórmula da metáfora, a função paterna no complexo de Édipo, um significante substituto. Enquanto o x está se referindo ao significado ao sujeito, por isso desconhecido:

E conclui:

Qual é a via simbólica? É a via metafórica. [...], o esquema que nos servirá de guia: é na medida em que o pai substitui a mãe como significante que vem a produzir o resultado comum da metáfora, aquele que se expressa na fórmula que está no quadro.

O elemento significante intermediário cai, e o S se apodera, pela via metafórica, do objeto do desejo da mãe, que então se apresenta sob a forma do falo. (LACAN, 1999 p. 181)

A fórmula presente na citação explica o papel da função paterna no complexo de Édipo, o S enquanto significante pai que substitui o S’, o significante materno, isto é, o primeiro significante introduzido na simbolização. O x representa o que a mãe enquanto S’ já estava ligada. O x representa o significado do desejo da mãe, o falo. Resultado: o S, o significante paterno, através da via metafórica, apodera-se do objeto de desejo da mãe, o qual se apresenta sob a forma de falo, s’. Enquanto o S’, o significante intermediário (materno) cai (LACAN, 1958/1999).

Um exemplo simples para entender essa dinâmica é a criança que quer sempre dormir junto à mãe, e esta corresponde ao seu desejo. O pai, então, entra e interdita, proibe a criança de dormir na cama, ou seja, barra o desejo da criança, substituindo o significante da fala da mãe “você pode ocupar esse lugar” para o significante paterno “não, você não pode ocupar esse lugar, ele é meu”. Ou seja, a criança percebe que o objeto de desejo da mãe não é mais ela, e sim o pai, este ocupando o lugar de outrona relação.

Três aspectos da função paterna foram elencados por Lacan (1957/1995), e permitem o entendimento da importância do significante pai na organização simbólica do sujeito. De acordo com os registros essenciais da realidade humana,

Lacan os denominou de Simbólico, Imaginário e Real, os quais se referem ao tríplice aspecto do pai simbólico, pai imaginário e pai real.

O pai simbólico é na verdade uma necessidade de construção simbólica, visto que não se encontra representado em lugar algum, por isso é definido como significante, situado apenas num para-além, numa construção mítica (LACAN, 1957/1995).

O pai imaginário está relacionado ao processo de idealização, no qual o sujeito se identifica com o pai. É com esse pai que se relaciona todo o tempo e se faz imaginário justamente por fazer parte da relação imaginária, a qual permite o suporte psicológico das relações com o outro enquanto semelhante. É o pai imaginário também por apresentar algumas características típicas para a criança, como um pai assustador, severo, o qual não necessariamente corresponderá ao pai na realidade. Existe, pois, uma figura caricata do pai nas fantasias das crianças (LACAN, 1957/1995).

O pai real para Lacan é dificilmente apreendido pela criança, por conta da intervenção das fantasias que a criança constrói a respeito do pai, como também por conta da necessidade da relação simbólica. É a dificuldade de apreender o que há de mais real, apreender as coisas como são, e permeia o sujeito a vida inteira, por não conseguir perceber com o que está lidando realmente. “É ao pai real que se defere, efetivamente, a função de destaque no complexo de castração” (LACAN,1995, p. 226).

No complexo de Édipo o papel do pai é o de intervir na relação entre a mãe a criança, interditar a mãe. Esse é um ponto central na problemática edipiana, pois é o pai quem intervém enquanto lei para proibir o incesto, ele representa essa proibição sob a articulação simbólica da ameaça de castração, através de sua presença e os efeitos que isso traz no inconsciente. Entretanto, o pai, mesmo intervindo como objeto real na triangulação para configurar a castração, ele não é um objeto real, o pai que Lacan refere à metáfora paterna é o pai simbólico.

Lacan (1958/1999) afirma que a problemática da castração tem sempre como objeto algo imaginário, por ser justamente a castração uma falta imaginária do objeto – no que se refere ao Édipo, o objeto fálico. Por isso, a castração não é uma

castração real, e é através dela que o falo materno ganha o status de objeto simbólico.

A castração se constitui por uma dívida simbólica, por ser o mesmo objeto de desejo, o falo, ele mesmo, o objeto que instaura a falta, a partir de sua função significante, e faz o sujeito advir ao nível simbólico. Quinet (2004, p. 101) ressalta que “o Outro recebe os efeitos da castração e deixa sua posição de todo-poderoso, pois depende de uma “corte superior”, da lei simbólica. O Outro está assim marcado pela castração, barrado em seu poder ( )”. É através do complexo de castração que o sujeito reconhece seu desejo barrado, insatisfeito, essencialmente marcado pela falta no Outro, isto é, marcado pelas condições da fala, na medida em que o desejo do Outro também é barrado e marcado pelo significante fálico.

A metáfora do Nome-do-Pai, como já dito, é uma substituição do significante pai no lugar do sigificante da mãe, como uma simbolização entre a mãe e a criança. É a partir do advento da metáfora paterna que se encontra uma resolução possível na dialética edipiana, através da perda simbólica do objeto. Isso quer dizer que será a partir da metáfora paterna que a criança percebe-se como faltante enquanto objeto fálico de desejo da mãe e simbolicamente o pai passa a ocupar o lugar que antes era da mãe, lugar da lei.

É precisamente isso que é expresso por ser mito necessário ao pensamento de Freud que é o mito de Édipo. Examinem-no mais de perto. É necessário que ele mesmo forneça a origem da lei sob essa forma mítica. Para que haja alguma coisa que faz com que lei seja fundada no pai, é preciso haver o assassinato do pai. As duas coisas estão estreitamente ligadas – o pai como aquele que promulga a lei é o pai morto, isto é, o símbolo do pai. O pai morto é o Nome-do-Pai, que se constrói sobre o conteúdo (LACAN, 1999, p. 152).

Nesse mesmo nível que se situa a lei, o significante falo se introduz em relação ao encontro com o Outro, o que Lacan (1958/1999) traz sob a fórmula S( ), ou seja, o significante do A barrado. “Trata-se muito precisamente do que acabo de definir como sendo a função do significante falo, ou seja, a de marcar o que o Outro deseja como marcado pelo significante, isto é, barrado”. (p. 379). “O pai é, no Outro, o significante que representa a existência do lugar da cadeia significante como lei. (LACAN, 1999, p. 202)

É através desse Outro - marcado também pelo significante fálico - que o sujeito reconhece seu desejo insatisfeito, e é justamente por esse desejo ser marcado pela falta, a partir do significante fálico, que o sujeito procura de forma incessante buscar realizar o desejo através do movimento significante. Uma das vias utilizadas pelo sujeito para encontrar a resposta à questão do desejo são as fantasias. Outra está mais relacionada a isso que falta ao Outro, diz respeito aos sintomas. Os sintomas são as manifestações ao nível do corpo de toda problemática do significante em relação à sexualidade, como desenvolvido até agora.

4 A METONÍMIA NA NEUROSE OBSESSIVA

A psicanálise iniciou suas pesquisas a partir dos estudos sobre as neuroses, a saber, a neurose obsessiva e a histeria, portanto, os sintomas neuróticos. Josef Breuer, entre 1880 e 1882, a partir de um caso de histeria, trouxe alguns aspectos sobre o sentido dos sintomas neuróticos. Freud (1987/1996) em Rascunho N, em seus primeiros relatos, já trazia os sintomas como a realização de um desejo, assim como os sonhos.

Em seu artigo Tipos de desencadeamento da neurose, Freud (1912/1996) afirma que a formação dos sintomas representa uma espécie de satisfação substituta e que o desencadeamento da neurose estaria ligado a uma situação psíquica específica, a qual poderia ser decorrente de vários fatores, entretanto já estaria presente no indivíduo enquanto sadio.

Freud (1913/1996) considera que uma das formas de expressão do inconsciente diz respeito à linguagem dos sonhos. Contudo, uma vez que ele igualmente considera que o inconsciente fala mais de um dialeto, afirma que as diversas condições psicológicas que distinguem as diferentes formas de neurose permitem dizer que haverá modificações na forma como o inconsciente se expressa, pois os sintomas se diferenciam, e consequentemente sua linguagem.

O conflito existente na história do sujeito é, de certa maneira, solucionado pela formação de sintomas. Enquanto a linguagem na histeria se utiliza de gestos, no corpo, a linguagem na neurose obsessiva está mais relacionada ao nível de pensamentos penosos, ideias obsessivas.

Em seu artigo O sentido dos sintomas, Freud (1917/1996) sustenta a ideia de que os sintomas possuem um sentido e que têm uma relação com a história do

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