• Nenhum resultado encontrado

9 Güevón aqui é usado como uma forma coloquial de se referir a uma outra pessoa, similar ao

―cara‖ do português brasileiro. Literalmente significa otário ou babaca, mas é muito comum seu uso cotidiano da forma aqui explicada.

experto en el asunto de los papelitos. De ahí en adelante todo fue sorpresa, novedad, ingenio, asombro. Y tuve mucha felicidad de estar en ese lugar, con todos los que estábamos allí, haciendo lo que estábamos haciendo. Nadie más en el mundo estaba preocupado por hacer, en ese instante, lo que estábamos haciendo nosotros. Era un momento mágico-religioso, era la activación de una fuerza de la que todos nos nutríamos, era una verdadera experiencia de creación colectiva. Vi a la gente en torno a los títeres, vi risa, emoción y mucho deseo de hacer, de ser partícipe. Los que se cansaban pedían cerveza y se sentaban, los que jugaban lo hacían de modo íntegro, con la energía puesta en esa tarea. Mucha comunión, mucha comunión. En un sentido estrictamente ritual el match resultó impecable. […] Es similar a lo que ocurre durante un baile indígena en nuestras comunidades amazónicas, según hemos podido observarlo ya sea directamente o a través de televisión o cine: ellos bailan en un espacio ideal como es la maloca, en cuyo centro sucede la fase más importante del ritual. Nadie es ajeno al Baile, todos participan, ya sea observando o bailando, o repartiendo cahuana, mambe, ambil, comida, incluso descansando en las hamacas o en el suelo, pensando, comentando, esperando el turno para entrar otra vez en el Gran Asunto que está sucediendo. Más allá de un juego el Baile es un evento ritual que se alimenta del juego y su modus operandi pero que lo trasciende. […]. Lo que sucede en la maloca y lo que sucede en los match es RITUAL, es creación colectiva pura, es un asomo esencial a nuestro oficio, o a nuestro gusto por el oficio como es el caso de los invitados. Somos Uno en el match, somos JUTI en el match.10

10 “En torno a la JUTI y a los match‖, crônica escrita por Javier Gámez, sobre os dois

primeiros match, em 2005, grifo do autor. O grupo Gente Serpiente, do qual faz parte Javier, tem vários anos de experiência trabalhando com comunidades indígenas na Colômbia, tanto fazendo oficinas de construção e animação de bonecos, quanto pesquisando com eles sua tradição oral e assim adaptando mitos para ser encenadas pelo seu grupo. A crônica foi publicada no primeiro número da revista JUTI-Noticias, uma iniciativa da própria JUTI para divulgar sua experiência e criar uma memória do projeto coletivo.

dinâmicos (inclusive alguns dos grupos da JUTI, com freqüência, apresentam-se gratuitamente no CIAT), mas encontro um grande desafio, que ainda precisa ser melhor definido. Diferentemente do CIAT, a JUTI não tem uma territorialidade que lhe permita visibilizar melhor seus vínculos e as particularidades sociais dos mesmos. Como re-localizar, como re-configurar uma espécie de territorialidade dos vínculos, num mundo cada vez mais des-territorializado? Como criar comunidades e vizinhanças menos instáveis, quando os limites da própria coletividade dilatam-se e contraem-se permanentemente, ora um impulso unipessoal, monológico, ora uma força global que abrange até a subjetivação de bonequeiros chilenos na Patagônia?

e e e

Por enquanto, só me cabe tentar dar conta, brevemente, de uma re-configuração do que tratei aqui, e não posso fazer isso sem recorrer ao paradoxo, como o berço das idéias associadas aos títeres e aos palhaços, bem como dos próprios títeres e palhaços. Assim, trata-se de um risco ineludível.

Since the puppet's apparent autonomy suggests free-will, while its manipulation evokes determinism, the issue of' who controls whom' is one of the many recurrent paradoxes in puppet theory. Shershow writes that for Gordon Craig, 'the puppet is ... both a passive slave' and 'a worshiped [sic] and adored master'. Craig is not the only one to have something each way: if it is impossible to encapsulate the puppet in a single metaphor and the metaphors are mutually contradictory, perhaps one can find 'the puppet' in the contradictions. Paradox seems inherent in the very concept of a living object, and playing with paradox is half the fun of puppet theory, but definitions can hardly be mutually exclusive and all be right! (WILLIAMS, 2007, 122)

Talvez seja por causa das limitações da linguagem que, geralmente, quando tentamos compreender algo, nos leva a afastar-nos e a negar outras coisas com as quais poderiam estar associadas. Tendo isso em mente, acho que o importante não é desconstruir categorias e conceitos, mas antes revelar a tensão nas quais elas se situam. Desta

bairro no qual eles moram, num dos morros no nordeste da cidade. Antes de ali se instalarem, os dois viajaram muito pela América Latina, até que decidiram criar seu próprio espaço de trabalho nesta montanha, pela qual se apaixonaram. Eles têm este projeto de formação e criação artística há mais de 15 anos. O CIAT tem uma sala para 150-200 pessoas, um pequeno ateliê, um camarim, e uma pequena casa na parte de trás (onde eles antes faziam encontros literários, de leitura de contos e poesias; mas que agora, devido à situação econômica, está alugada). Embora eles tenham desenvolvido seu projeto graças a recursos públicos (apoios e bolsas), a principal força que os tem impulsionado, inclusive nos momentos mais difíceis, é a autogestão. Eles não a mencionam nunca, sempre falam que tudo o que eles têm ali devem, de fato, à arte e ao seu amor pela arte. Passo com eles toda a tarde do sábado, enquanto trabalham e ensaiam uma peça de clown (na qual, para minha alegria, participam dois jovens que tinham participado do projeto social comigo, agora eles estão vinculados ao CIAT, um como palhaço e o outro como técnico geral), e posso ouvir, observar – e lembrar – como acontecem as coisas nesse bairro. No processo de consolidação do CIAT há muita gente envolvida: um escultor fazendo a fachada da sala; artistas que pintam a cenografia, outros que se apresentam de graça ou por muito pouco dinheiro; mães que apóiam com lanches extras (há bastante crianças que chegam para as oficinas sem antes terem tomado o café da manhã); o vizinho que empresta sua prensa para resolver um problema com a máquina polidora (que foi emprestada, por sua vez, pelo pai da Ligia), usada para cortar umas varetas de ferro; Gerardo, o bonequeiro que mora no bairro, passa para cumprimentar, chega com uma sacola cheia de pão, e acaba ficando para ajudar no trabalho de construção e ensaio; o vizinho que é músico e foi o contato chave para conseguir a doação, feita pela Orquesta Filarmónica de Bogotá, de umas velhas cenografias que iam ser jogadas no lixo, e que agora estão sendo recicladas e adaptadas para várias peças novas… Enfim, é a dinâmica do próprio bairro, historicamente autogestionado, com certas condições que facilitam os laços solidários e comunitários. Pois a maioria das famílias que moram ali estão no bairro há muito tempo, e muitos dos novos moradores são pessoas que foram atraídas por essa dinâmica comunitária particular do bairro, pela vida meio rural e meio urbana, ao mesmo tempo longe e perto da cidade.

Deste modo, e voltando à JUTI, me pergunto sobre o que seu processo tem tanto de semelhante quanto de diferente ao do CIAT. Vejo muitas semelhanças na força dos vínculos solidários, abertos e

Percebido desta forma, o match parece um evento que vai além da experiência apenas estética (do tipo do teatro ocidental), mais parecido às apresentações de teatro de sombras javanesas. O match é aquilo que coletiviza, que define, que tece, que oferece sentido a um estar juntos. Além disso, não há uma platéia propriamente dita, estável, com sua fronteira definida perante o palco; espacialmente existe a diferenciação dos dois espaços (o Gran Asunto – nas palavras de Javier – do match de improvisação, ou seja, a improvisação mesma nunca acontece entre as cadeiras ou no lugar que ocupam os espectadores), mas as pessoas que assistem e que organizam o match circulam sem limites, sem aquela formalidade que se poderia atribuir à ritualidade do teatro, que apesar de ser o lugar condensado das ambigüidades e paradoxos, onde as coisas são tomadas em mais de um sentido (CAMARGO, 2005), é uma arte que implica numa (séria) sacralidade ou transcendência estética. Pelo contrário, é aquela aparente desordem – no palco e na platéia – em permanente movimento que nutre a grande brincadeira em que mergulham bonequeiros e não bonequeiros, um processo ritual de invenção, constituição e reafirmação de uma ordem social. O ato de improvisar, bem como o de apenas assistir ao evento de criação do imprevisto, é um passe muito efetivo para vivenciar aquele estado de criança descrito por Johnstone (1990), isto é, não o pré-adulto ou adulto sem madurecer, mas aquele estado que é atrofiado e estragado pela condição adulta.

yo creo que los primeros match fueron muy chéveres11, por el hecho de que estaban lejanos de cualquier cuestión académica o de pronto dentro de lo crítico o cualquier cosa, sino que la gente se sentaba a chupar12 y a jugar con los muñecos, y ahí empezaban a salir un resto de cosas, […] los titiriteros que estaban ahí podían cogerla, podían cogerla, y terminaba siendo como una gran bohemia, un café bohemia en el cual todo el mundo cantaba, todo el mundo tocaba guitarra, todo el mundo hacía, pero en este caso con títeres, y usted terminaba haciendo una acción de desahogo que la improvisación permitía en cierto modo, coger herramientas para lo que usted estaba haciendo, sí? Entonces siento que ahora el match