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CAPÍTULO 2 METODOLOGIA

3.2 As aulas observadas: situando o leitor

Concluída a fase das entrevistas e devidamente autorizados pelos sujeitos que delas participaram e que se enquadravam no perfil traçado para as observações de aula, iniciamos a nossa pesquisa de campo. Nesse período, acompanhamos uma sequência de 10 horas-aula em cada turma de 3º ano, o que efetivamente se traduziu em 20 horas-aula totais de observação.

Antes do início das mesmas, solicitamos o horário de aulas de cada professora e o calendário letivo de suas respectivas escolas. A Professora B ministrava aulas nas turmas de 3º ano A, B e C, no turno da manhã da Escola B, sendo a turma B a única em que ela tinha acompanhado no ano letivo anterior ministrando com aulas de língua portuguesa. A Professora A lecionava nas turmas A e B da Escola A, ambas no turno da tarde, tendo acompanhado os alunos que delas faziam parte em 2010. A escolha pela turma A ocorreu em função de adequação aos nossos horários.

Com base nas considerações de Moreira e Caleffe (2008) que mencionam a importância de o pesquisador não fazer observações nas primeiras visitas, a fim de que os

96 indivíduos gradativamente se acostumem com a sua presença, estivemos nas respectivas salas em dois momentos diferentes, no mês de abril/2011, deixando a decisão de informar aos alunos sobre quem éramos e os motivos pelos quais ali estávamos para as próprias docentes.

Nesse sentido, a Professora A optou por não comunicar aos estudantes sobre as finalidades de nossas observações de aula, sob o argumento de que eles se comportariam mais naturalmente se desconhecessem os motivos da pesquisa, o que foi respeitado por nós até o último momento de observação.

Por outro lado, a Professora B, já no primeiro momento informou aos alunos sobre alguns dados nossos (nome, profissão etc.) e as razões pelas quais estaríamos com eles durante um certo período de tempo. A referida Professora justificou que, agindo dessa forma, os alunos comportar-se-iam mais naturalmente e ela estaria, ao mesmo tempo, evitando quaisquer especulações que pudessem surgir. De igual modo, realizamos as observações respeitando a decisão dessa educadora.

Tendo em vista o tipo de observação (sistemática, participante e individual) escolhido para nosso estudo, as observações de aula tinham como objetivo analisar as situações didáticas em que são propostas as produções de texto. Para tanto, consideramos os seguintes critérios de análise: (1) quais as situações didáticas em que são propostas as produções textuais argumentativas; (2) quais gêneros textuais são trabalhados; (3) quais os objetivos traçados para as aulas; (4) que conteúdos são privilegiados pelas professoras no ensino de língua portuguesa; (5) relação entre as atividades propostas e as atuais orientações para o ensino da produção de textos.

A partir dessa direção, registramos as aulas num diário de campo, tentando compreender cada evento como uma ação de linguagem que envolve uma metodologia de ensino articulada a uma opção política (GERALDI, 2004); e a nossa atuação, como uma forma de descrever e interpretar a realidade, numa tentativa de compartilhar significados com outros (MOREIRA e CALEFFE, 2008).

Apoiando-nos ainda em Geraldi (2004, p. 40), enfatizamos: “[...] as questões aqui levantadas procuram fugir tanto da receita quanto da denúncia, buscando construir alguma alternativa de ação, apesar dos perigos resultantes da complexidade do tema: ensino de língua materna”. Antes, registramos que não visualizamos problemas de indisciplina nas duas turmas observadas, o que possivelmente já contribuiria para a realização de atividades pedagógicas com certa tranquilidade.

97 3.2 1 As aulas observadas da Professora A

As observações de aula na turma da Professora A tiveram início no dia 03/05/2011 e transcorreram até o dia 18/05/2011. No decorrer desse período, observamos que os encaminhamentos didáticos consistiam, geralmente, em atividades gramaticais. Esse conteúdo esteve presente em seis dos dez eventos de aula por nós acompanhados.

Bronckart (2007), ao realizar algumas considerações sobre as abordagens didáticas da linguagem e seu funcionamento, verificou que estas, quando centradas na unicidade da língua, articulam-se aos métodos tradicionais de ensino. Segundo ele,

Com efeito, elas preconizam que se realize, em primeiro lugar, uma abordagem gramatical (no sentido de gramática de frases), destinada a dotar os alunos de uma consciência explícita das principais categorias e estruturas do sistema da língua, pensando-se que, com essa base, os alunos desenvolveriam, posteriormente, uma maestria textual, tanto em relação aos aspectos de produção quanto aos de compreensão-interpretação. (BRONCKART, 2007, p. 84).

As ocorrências nas aulas da Professora A e a forma como ela encadeou a sequência de conteúdos, nos encontros, dão indícios de que sua prática se rege por esse pensamento.

Vejamos as aulas de nº 01 e 02:

Data da aula: 03/05/2011

Aulas nº 01 e 02 Conteúdos trabalhados: leitura, estrutura do enunciado ou do período, formas nominais do verbo, colocação pronominal

Duração 2 horas-aula – 1h e 40min

Descrição

1.1 A professora coloca no quadro a letra da música Xote das meninas, do compositor Luiz Gonzaga 1.2 Justifica o fato de utilizar uma música pela necessidade de otimizar o tempo, já que os alunos

terão de copiá-la

1.3 Quando todos terminam de copiar, a professora inicia a leitura oral do texto, perguntando se os alunos conhecem o significado da palavra xote

1.4 Uns alunos arriscam a resposta dizendo que era uma música; outros, que era uma música má 1.5 A professora ouve, mas não faz intervenção. Comenta que a música foi escolhida por conta dos

temas a serem trabalhados/discutidos na unidade

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significados os alunos desconhecem.

1.7 Na sequência, os alunos dizem: flora, gibão, cintado e surdina

1.8 A professora começa a explicar o significado de cada palavra e coloca questões, intituladas de

Intepretação de texto, no quadro

1.9 Nesse momento, alguns alunos começam a entrar e a sair da sala; a professora parece ficar alheia à situação

1.10 A professora fala que Luiz Gonzaga compôs várias músicas que retratam o sertão nordestino 1.11 Ao registrar nove questões no quadro sob o título Interpretação de texto, a professora coloca três que se referem a aspectos gramaticais (estrutura do enunciado ou do período) – ver exercício no Anexo 1 deste trabalho (p. 187)

1.12 Num determinado momento, um aluno observa que é um exercício de interpretação e solicita que a professora retire as questões sobre gramática

1.13 A professora responde que as questões fazem parte da interpretação e continua

1.14 A professora dá um intervalo de tempo (aproximadamente dez minutos) e começa a explicar cada questão

1.15 Vai fazendo os questionamentos e os alunos vão respondendo oralmente

1.16 A professora comenta que muitas vezes lemos um texto, mas não o interpretamos 1.17 Pergunta aos alunos sobre a relação que existe entre os dois primeiros versos e os dois

últimos

1.18 Um aluno responde: que “nada”

1.19 A professora insiste e os alunos tentam relacionar os versos 1.20 Um dos alunos pergunta qual é a resposta

1.21 A professora retoma, falando sobre amadurecimento

1.22 Vai para a terceira questão e alguns alunos comentam sobre o que significa enjoar da boneca 1.23 Alguns alunos dizem que a música fala sobre deixar de comer

1.24 Nesse momento, inicia-se uma pequena discussão sobre o que seriam os sintomas de uma paixão

1.25 A professora comenta sobre mudanças no comportamento das mulheres quando estas se encontram apaixonadas

1.26 Um dos alunos comenta que tanto o homem quanto a mulher passam por mudanças no comportamento quando se apaixonam. Diz ter assistido a uma reportagem sobre isso e argumenta em defesa de sua posição com informações científicas. Acrescenta que as pessoas ficam

diferentes por sofrerem influências do cérebro

1.27 A professora continua explicando as demais questões e uma aluna brinca, dizendo que a paixão não pode adoecer; que quem adoece são as pessoas que estão apaixonadas

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1.28 A discussão continua com a condução da professora e os alunos começam a conversar sobre ações que são consequências de uma paixão

1.29 O sinal toca e a professora encerra a discussão, comentando que na aula seguinte corrigirá as últimas questões.

Analisando os eventos dessa aula, percebemos que os objetivos traçados para a aula dividem-se em fazer com que os alunos analisem/interpretem o texto selecionado pela professora A e, paralelamente, apliquem seus conhecimentos sobre a estrutura do enunciado, aparentemente, por meio do texto. Considerando que, em sua entrevista, a professora mencionou trabalhar sempre com textos, verificamos a tentativa de lidar com esse objeto nessa aula. Faremos aqui algumas considerações.

No que se refere à escolha do texto para leitura, Suassuna (2009, p. 28) afirma:

[...] o que se lê na escola? Geralmente, a decisão sobre que leitura indicar para os alunos depende menos de critérios linguísticos e cognitivos do que de condições concretas como a existência de um livro na escola, ou mesmo a possibilidade de reprodução do texto. Assim, termina-se por ler qualquer coisa, muitas vezes os textos mutilados dos livros didáticos. Ao lado disso, há outras questões importantes relativas ao objetivo (para que se lê?) e ao método (como se lê?).

Por essa ideia e pelo que assistimos, a professora parece não estabelecer critérios definidos para a utilização do gênero textual música: inicia a aula justificando o fato de utilizar uma música pela necessidade de otimizar o tempo, já que os alunos terão de copiá-la; e, logo depois, comenta que a música foi escolhida por conta dos temas a serem discutidos na unidade, sem explicitar a que temas estava se referindo. Pela última fala inferimos que ela irá tratar de alguns temas voltados a questões sociais, uma vez que explica que Luiz Gonzaga compôs várias músicas que retratam o sertão nordestino.

A consideração que ora fazemos é que, ultrapassando a motivação real para o trabalho com a música nessa aula e o procedimento de copiar o texto/exercício no quadro − o que já caracteriza perda de tempo pedagógico −, as atividades que teriam por base o texto não proporcionavam a compreensão das múltiplas funções sociais da leitura (ANTUNES, 2003).

Somando-se a isso, vimos um misto de questões gramaticais que não se inserem em conteúdos definidos. Atentemos:

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Conteúdos Questões

Estrutura da oração ou do enunciado

7. Retire do texto um período simples. 8. Retire do texto dois períodos compostos. 9. Existe no texto:

a)Uma conjunção coordenativa, encontre-a, copie a frase e classifique a conjunção

Colocação pronominal

b)Um pronome oblíquo, encontre-o, copie e classifique segundo a colocação pronominal.

3. Formas nominais do verbo

c)Verbos no infinitivo, gerúndio e particípio. Encontre-os e coloque-os separadamente por forma nominal a qual30 pertencem

A observação desse evento suscitou mais algumas questões relevantes:

i. no que diz respeito ao ensino de gramática, vimos “uma gramática descontextualizada, amorfa, da língua como potencialidade” (ANTUNES, 2003, p. 31), que se preocupa com a estrutura; que se afasta da reflexão sobre os usos, da percepção de que ela está a serviço dos interlocutores para atender às intenções destes na produção de textos. A descontextualização a que nos referimos ficou evidente na fala de um aluno, que observa tratar-se de um exercício de interpretação e solicita que a professora retire da atividade as questões sobre gramática;

ii. nos eventos em que a professora A perguntava aos alunos sobre as palavras cujos significados lhes eram desconhecidos (1.6, 1.7 e 1.8), esperávamos que a docente fosse propor alguma atividade que ultrapassasse a busca pela significação delas; uma atividade metalinguística (GERALDI, 2003) que possibilitasse a reflexão sobre os diferentes contextos de uso das palavras em foco, sobre a intenção do compositor ao utilizá-las e sobre a significação dos recursos linguísticos usados;

iii. outro ponto que destacamos é que a professora A pergunta aos alunos sobre as palavras que eles desconhecem e ela mesma apresenta as suas significações. Esse episódio nos faz lembrar as palavras de GERALDI (2009, p. 122), que acerca do ensino de língua, nas nossas aulas de português, registra: “[...]as

101 análises resultantes das teorias gramaticais que inspiram os conteúdos ensinados são respostas dadas a perguntas que os alunos (enquanto falantes da língua) sequer formularam”;

iv. não percebemos a realização de um trabalho que, com efeito, pudéssemos afirmar que foi com o texto. Não houve realização de atividade que permitisse o aluno refletir sobre o fato de os textos atenderem a finalidades sociais diversas, estruturando-se, para isso, de diferentes formas, para atingir determinados objetivos (SUASSUNA, 2009).

Vejamos agora as aulas subsequentes31.

Data da aula: 09/05/2011

Aulas nº 03 e 04 Conteúdo trabalhado: concordância verbal

Duração 2 horas-aula – 1h e 40min

Descrição

2.1. A professora entra na sala e não retoma o que havia ficado pendente na aula anterior 2.2. Comenta com os alunos que irá trabalhar concordância verbal

2.3. Começa a registrar no quadro um exercício sobre o referido conteúdo (exposto nos anexos desta pesquisa)

2.4. Após o registro, inicia a leitura das questões

2.5. Enfatiza que a regra geral é o verbo concordar com o sujeito em número e pessoa 2.6. A maioria dos alunos não se mostra envolvida com a aula

2.7. Inicia-se mais uma vez o entra-e-sai de alunos

2.8. A professora sai da sala para solicitar que os alunos entrem e participem da aula 2.9. Alguns entram, outros permanecem do lado de fora e a aula continua

2.10. Não há perguntas por parte dos alunos

2.11. Uma aluna se dispõe a copiar o exercício no quadro, alegando que a professora demora muito 2.12. A mesma aluna pergunta o motivo pelo qual a professora não leva as atividades xerografadas

e menciona que seria muito melhor se ela fizesse dessa forma 2.13. A professora ouve, mas não responde

2.14. Os alunos começam a responder o exercício, mostrando que têm muitas dificuldades para resolvê-lo

31 No período de 04 a 07/05/2011, não houve aulas na Escola A, em virtude de fortes chuvas na cidade, que

culminaram com a entrada excessiva de água na escola. Por decisão dos órgãos públicos locais, responsáveis por acompanhar situações como essa, a escola foi interditada, já que o esgoto das áreas circunvizinhas misturava-se às águas que penetravam no espaço escolar. Por conta disso, as aulas foram retomadas somente no dia 09/05/2011.

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2.15. Antes do término da aula, a professora vai colocando as respostas no quadro e vez por outra, pede para os alunos justificarem o emprego de uma ou outra forma verbal no exercício

2.16. A professora justifica junto à pesquisadora que não trabalhou com texto na aula, porque os alunos estavam com dificuldade para responder a questões sobre concordância verbal

2.17. Encerra-se a aula

Para além da preocupação de mostrar a realização de atividades fundamentadas no texto, o que verificamos foi a ênfase no processo de ensino-aprendizagem de uma “gramática fragmentada, de frases inventadas, da palavra e da frase isoladas, sem sujeitos interlocutores, sem contexto, sem função; frases feitas para servir de lição, para virar exercício”. (ANTUNES, 2003, p. 31).

Suassuna (2009, p. 30), comentando sobre as considerações de Neves (1991) acerca das formas de trabalho com a gramática na escola, registra: “a programação escolar (...) reflete, na sua compartimentação, o desprezo pela atividade essencial de reflexão e operação sobre a linguagem”.

No período de 10 a 14/05/2011, a professora A não ministrou aulas na escola por estar em gozo de uma licença. Por conta disso, voltamos a realizar as observações, no 3º ano A, no dia 16/05/2011. Um dos aspectos que nos chamou atenção foi o fato da professora A ter conhecimento do nosso objeto de estudo, ter afirmado na entrevista que lidava sempre com textos em sala de aula e ter enfatizado que estava aguardando a nossa chegada para continuar o trabalho sistemático com produção de textos. Ainda assim, estávamos concluindo a observação da quarta aula e não havia sinais dessa prática pedagógica. Sendo otimistas, porém, continuamos as observações.

Data da aula: 16/05/2011

Aulas nº 05 e 06 Conteúdo trabalhado: concordância verbal

Duração 2 horas-aula – 1h e 40min

Descrição

3.1 A professora inicia a aula realizando a correção da atividade do dia 09/05

3.2 Coloca primeiramente a quarta questão, comentando que é necessário explicá-la para depois voltar para a terceira questão

3.3 Aborda as regras de concordância verbal (verbo anteposto ao sujeito) 3.4 Alguns alunos, mais uma vez, retiram-se da sala

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3.5 A professora registra no quadro uma anotação intitulada Casos especiais de concordância (material exposto nos anexos deste estudo) – Ver Anexo 3 (p. 189) deste estudo

Dada a semelhança com os eventos ocorridos nas aulas nº 03 e nº 04, acrescentamos apenas que, no espaço de algumas unidades de ensino, “seja com preocupação normativa, seja com preocupação descritiva, as atividades relativas ao ensino da gramática são atividades de exclusiva exercitação da metalíngua”. (NEVES apud SUASSUNA, 2009, p. 30). Novamente, são privilegiados como objeto de ensino conteúdos gramaticais, e os objetivos de ensino não se articulavam com as orientações dos documentos oficiais da rede estadual de ensino, a exemplo do que defende a BCC-PE (PERNAMBUCO, 2008, p. 67):

A proposta de Língua Portuguesa na BCC-PE deverá considerar as modalidades oral e escrita da língua e, nelas, as habilidades de compreensão e produção. As noções básicas que fundamentam a base curricular na área estão apoiadas na compreensão de que a linguagem é uma atividade de interação social pela qual interlocutores atuam por meio de diferentes gêneros textuais, expressando e criando os sentidos que marcam as identidades individuais e sociais de uma comunidade.

O que percebemos é um estudo da língua portuguesa fragmentado e, se pensarmos nas considerações de Bakhtin acerca da história da língua, da fala e da enunciação, vemos que na perspectiva didática da professora A, o estudo de português “torna-se a história das formas linguísticas separadas (fonética, morfologia, etc.) que se desenvolvem independentemente do sistema como um todo e sem qualquer referência à enunciação concreta” (BAKHTIN, 2010, p. 109).

Na sequência, temos agora:

Data da aula: 18/05/2011

Aulas nº 07 e 08 Conteúdo trabalhado: Modernismo; leitura e interpretação de texto

Duração 2 horas-aula – 1h e 40min

Descrição

4.1. A professora inicia a aula falando que é preciso ver literatura também e que, no 3º ano, o assunto é Modernismo

4.2. Informa que colocará um poema no quadro para conversar sobre o assunto, mas que antes quer ouvir um pouco sobre o que seria Modernismo

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4.4. A professora comenta que é uma escola literária e que o Romantismo havia sido a escola literária que antecedeu o Modernismo

4.5. Lembra que no Romantismo a figura da mulher é idolatrada, exaltada e cita como exemplo a música de Cazuza (“Exagerado, jogado a seus pés, eu sou mesmo exagerado”)

4.6. Ressalta que no Modernismo a mulher é uma figura real

4.7. Registra no quadro o seguinte trecho: “Quando os portugueses chegaram aqui foi debaixo de uma baita chuva aí vestiram o índio. Se fosse dia de sol o índio teria despido o português”. Obs.: está escrito conforme o registro da professora no quadro

4.8. Solicita aos alunos que analisem o trecho e falem sobre ele

4.9. A professora lembra ainda que os modernistas se expressavam de forma diferente, não obedecendo a regras

4.10. Questiona os alunos sobre o trecho. Indaga se as palavras utilizadas foram usadas no sentido literal

4.11. Faz perguntas sobre o que significa vestir, despir, ...enfim, sobre o que o autor quis dizer 4.12. Os alunos não conseguem explicar o trecho e a professora vai comentando sobre o significado

do mesmo

4.13. Antes, no entanto, comenta que é isso o que os autores modernistas vão cobrar: a interpretação do que foi dito para além do que foi dito

4.14. Continua dando as boas-vindas ao Modernismo e diz que a partir daquele momento, os alunos teriam de se esforçar mais para compreender os textos modernistas.

4.15. Registra no quadro o poema Autopsicografia (de Fernando Pessoa) para que os alunos copiem (ver anexo 2)

4.16. Logo após o texto, coloca uma atividade de interpretação para os alunos responderem

4.17. Na correção das atividades, os alunos não conseguem ultrapassar as informações superficiais do texto; apenas um dos alunos, respondendo a terceira questão, registra que a relação que existe entre o leitor e o autor é que o leitor se envolve tanto com o texto que chega a se colocar no lugar do poeta. Esse foi o mesmo aluno que em aula anterior argumentou sobre as influências do cérebro no comportamento de pessoas apaixonadas.

Considerando a tentativa de introdução de um tema literário, julgamos pertinente expor no corpo desta análise a atividade proposta. Segue, então:

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1) Na primeira estrofe do poema, Fernando Pessoa trabalha com um jogo de palavras. Quais são essas palavras? O que o autor nos transmite?

2) O poema afirma que o poeta sente dores. Explique quais são e como se manifestam. 3) Qual a relação estabelecida entre o poeta e os leitores?

4) Na segunda estrofe temos vários verbos, alguns no singular, outros no plural. Interprete os vários sujeitos, substituindo os pronomes por substantivos.

5) Explique a relação estabelecida entre coração e razão na última estrofe.

Primeiramente, chamamos atenção para a informação da professora A sobre a necessidade de os alunos estudarem literatura no 3º ano, dando-nos indício de que no ano anterior essa área da linguagem não havia sido estudada. Outra situação é que mesmo assim, a docente atribui aos alunos a responsabilidade por interpretar textos e, nesse caso, textos modernistas que, segundo ela, vão exigir a interpretação de informações além da linearidade do texto. Embora não se constitua objeto de nosso estudo, pensamos que “a literatura é

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