3.3 OBSERVADOR DE ESTADOS
3.3.1 Observador de Ordem Plena
Nesta seção será utilizada a notação
x
para designar o vetor de estadoobservado, sendo que em muitos casos, este vetor é utilizado na retroação de estados para gerar o vetor de controle desejado.
Para elucidar de forma mais clara o tema abordado nesta seção, será definido o sistema contínuo no tempo a seguir:
.
.
x
A xB u
(3.23).
Em que:
x:
vetor de estado (n-dimensional); u:
sinal de controle (escalar); A:
matriz (n x n);
B:
matriz (n x 1).Admitindo-se que o estado
x
deva ser aproximado pelo vetor de estadoobservado
x
do modelo dinâmico que representa o observador de estado conforme equação (3.25), pode se verificar que este observador possuiu como sinais de entrada para estimativa dey
eu
, e como sinal de saída estimadox
:
.
.
e.
.
x
A x
B uk
y
C x
(3.25)O termo que envolve a diferença do valor medido do sinal de saída
y
e o valor estimado do sinal de saídaC x.
é conhecido como termo de correção. A matrize
k
funciona como uma matriz de ponderação, em que o seu termo monitora o estadox
. Quando existem discrepâncias entre as matrizes A e B utilizadas nomodelo e as do sistema real, será realizada a adição do termo de correção para reduzir os efeitos devidos às diferenças entre o modelo dinâmico e o sistema real. A figura a seguir apresenta o diagrama e blocos do sistema e do observador de estado de ordem plena:
Figura 31 - Diagrama de blocos de sistema e do observador de estado de ordem plena, quando o sinal de entrada (u) e o sinal de saída (y) são escalares.
Fonte: Adaptado de Ogata (2000).
Será admitido para a Figura 31 que as matrizes A e B são as mesmas tanto para modelo, quanto para o sistema real, e que a ordem do observador de estados é a mesma do sistema. Desta forma, pode-se definir que o sistema real é representado pelas equações (3.23) e (3.24), e que o modelo do observador será definido pela equação (3.25) .
Para se obter a equação que determina o erro do observador de estados, deve-se subtrair a equação (3.25) da equação (3.24), conforme apresentado a seguir:
.
.
e.( .
. )
(
e. ).(
)
x x
A x
A xk
C xC x
Ak C
xx
(3.26)Desta forma, pode-se definir que a diferença entre
x
ex
como sendo o vetor erro, podendo desta forma a equação (3.26), ser reescrita como:(
e. ).
e
Ak C e
(3.27)Considerando a equação (3.27), pode-se perceber que o comportamento dinâmico do vetor de erro é determinado pelos autovalores da matriz
Ak C
e.
. Se esta matriz for estável, o vetor erro convergirá para zero independentemente dovalor inicial do vetor
e
, ou seja, o vetor de estado observadox t( )
convergirá para( )
x t
quaisquer que sejam os valores iniciais para os mesmos. Desta maneira épossível escolher os autovalores da matriz
Ak C
e.
, de tal forma que ocomportamento dinâmico do vetor seja assintoticamente estável e adequadamente rápido.
Segundo Ogata (2000), se o sistema for de estados completamente observáveis, a matriz de ganho do observador pode ser determinada de forma a conduzir à matriz
Ak C
e.
desejada.Porém, existe um grande problema em se projetar um observador de ordem plena, segundo Ogata (2000), o qual este se encontra em determinar a matriz de ganho do observador
k
e de tal modo que a dinâmica do erro determinado pela equação (3.27) seja assintoticamente estável com suficiente velocidade de resposta. Sabendo-se que a estabilidade assintótica e a velocidade de resposta da dinâmica do erro são determinadas pelos autovalores da matrizAk C
e.
, pode-se deduzir que o projeto de um observador de ordem plena se resume na determinação de uma matrizk
e apropriada para que a matrizAk C
e.
possua autovalores desejados.Ainda considerando o sistema descrito pelas equações (3.23) e (3.24), o projeto do observador de ordem plena pode ser resolvido através do problema dual, conforme representado pelas equações a seguir:
*.
*.
z
A
zC
v
(3.28)*.
nB
z
(3.29)Admitindo-se que o sinal de controle
v
seja representado pela equação aseguir:
.
v k z
(3.30)Se o sistema dual apresentar estados completamente observáveis, a matriz de ganho de retroação de estados
k
pode ser determinada com o objetivo que aAdmitindo-se que [
1,
2,...,
3], são os autovalores desejados para a matriz do observador de estados, então, tomando-se os mesmos [
i] como autovalores desejados para a matriz de ganho de retroação do sistema dual, obtém-se:
1
2
( *
*. )
...
nsI
A
C
K
s
s
s
(3.31)Considerando-se que os autovalores de
A*C*.K
sejam os mesmos de*.
Ak
C
, têm-se:( *
*. )
(
*. )
sI
A
C
K
sI
AK
C
(3.32)Feitas as devidas comparações entre o polinômio característico
( *
*. )
sI
A
C
K
e o polinômio característicosI
( .A
k
e*. )C
do sistema observado, referido na equação (3.27), encontra-se a seguinte relação:*
e
k
k
(3.33)Desta forma, utilizando-se a matriz K determinada pela abordagem da alocação de polos do problema dual (pode ser observada em Ogata (2000) em 12- 2), pode-se determinar a matriz de ganho do observador K, para o sistema original usando-se a relação apresentada por (3.33).
Para que se possa determinar a matriz de ganho do observador
k
e, algumas condições necessárias e suficientes precisam ser respeitadas, como o dual do sistema original representado pela equação (3.28) seja de estados completamente controláveis. A condição de completa controlabilidade de estados para este sistema dual é que o posto da equação a seguir sejan
.
1*
*. * . . .
*
n. *
C
A C
A
C
(3.34)Esta é a condição de completa observabilidade de estado do sistema original definido pelas equações (3.23) e (3.24), ou seja, esta é a condição necessária e suficiente para que o sistema seja completamente observável.
4 APLICAÇÃO DE CONTROLE SEMIATIVO EM SUSPENSÃO VEICULAR UM QUARTER-CAR
Para realizar a análise de um sistema dinâmico com o intuito de fazer ajustes, é necessária a aquisição de dados para sua identificação e especificação de desempenho. Segundo Tusset (2008), isto é realizado através da resposta do sistema a excitações padronizadas sobre as quais são definidas as características de desempenho. O ajuste e o projeto dos controladores devem ser realizados com o objetivo de manter o sistema dinâmico dentro das características de desempenho solicitadas para tais processos.
O tipo de excitação utilizado para identificação e análise de desempenho do sistema de suspensão veicular controlável, neste capítulo, foi a excitação do tipo degrau com 0,1 m de amplitude, que é a mais utilizada para análises e especificações de desempenho transitório. De acordo com Moura (2013), a utilização da excitação do tipo degrau, em testes, fornece normalmente um desempenho satisfatório a entradas reais.
Para a realização das simulações computacionais, utilizando o software MatLab®, foram utilizados os valores da Tabela 2, adaptados de Gaspar, Sazaszi e Bokor (2003).
Tabela 2 – Parâmetros para o sistema de suspensão
s m mu l s b bsnl 290 kg 40kg 700 Ns/m 200 Ns/m y s b ksl nl s k kt 400 Ns/m 235x102 N/m 235x104 N/m 190x103 N/m
Fonte: Adaptado de Gaspar, Sazaszi e Bokor (2003).
Estes parâmetros de suspensão foram escolhidos de forma a obter a frequência natural em torno de 2 Hz para
m
S e de 12 Hz param
u, frequências estas próximas às utilizadas para simulações de suspensões automobilísticas, segundo Pinheiro (2004).Nas seções seguintes deste capítulo, serão apresentadas a dinâmica do sistema passivo em comparação com as ações dos controladores on/off, skyhook, groundhook e híbrido, para uma excitação do tipo degrau. Os parâmetros, que serão
analisados, frente a esta excitação, são distribuídos em duas classes, sendo a primeira, utilizada para análise de conforto dos passageiros.