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Oferta de softwares e serviços para pessoas jurídicas

4. Diretrizes POLÍTICAS PARA DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE

4.4. Massificação do uso de software: o lado da oferta

4.4.2. Oferta de softwares e serviços para pessoas jurídicas

A Figura 4.5 ajuda entender como se dá o atendimento da demanda por software das pessoas jurídicas. A expansão da demanda por software ocorre por diversas razões: a inclusão digital de mais indivíduos, a informatização de uma organização, uma necessidade específica de solução informatizada, etc. Os agentes buscam otimizar seu processo de aquisição de software, buscando a solução que melhor atenda ao preço mais baixo que obtiver.

Há solução que vale a pena

comprar? Obter cópia do produto Y Contratar desenvolvimento Análise de Requisitos Design Conceitual Design Alto-nível Design detalhado Codificação Mercado Produtos e Serviços Serviço na Web? Sim Investimentos de implantação Não Pesquisa no mercado Não Testes Serviços de Alto Valor Serviços de Baixo Valor Investimentos de Implantação Manutenção Fim Início Demanda Software Y Demanda sw. Y atendida Contratar serviço Y Sim Investimentos de implantação Reuso de código Expansão intensiva e extensiva da demanda por software

Desenv. Interno? Não Sim Reuso de Projeto Sub-contratações Treinamento e mudanças de processo

Figura 4.5 – Fluxo de atendimento da demanda por software

Após constatada a demanda por uma solução Y, o demandante procura no mercado uma solução que o atenda. Esta pesquisa inclui soluções livres, proprietárias e serviços prestados via Web, buscando a melhor relação custo-benefício para solução do problema. Se o demandante encontra uma solução que o atenda, obtém a cópia do programa ou contrata o serviço, realiza os investimentos para implantação (treinamento de pessoal, alterações no processo de negócio, etc), o software entra em manutenção (atividade constante) e a demanda é considerada atendida.

Se não encontrar uma solução no mercado, ela terá que ser desenvolvida. Se o demandante conta com uma equipe de desenvolvimento própria, pode optar por desenvolver internamente, eventualmente interagindo com o mercado para aquisição de componentes de software, programas complementares ou sub-contratar parte do processo de desenvolvimento. Se o demandante não possui uma equipe própria ou optou por contratar externamente, uma firma da indústria de software, capaz de executar Serviços de Alto Valor, é selecionada para prestar o serviço de desenvolvimento. Executam as etapas de análise de requisitos e desenho do projeto, constantes do modelo de negócio de Serviços de Alto Valor, e faz a codificação e os testes. Com a solução pronta, são realizados os investimentos de implantação.

As atividades desempenhadas dentro do modelo de negócio dos Serviços de Alto Valor são as responsáveis pelo dinamismo da indústria, criação de novas soluções e informatização de mais setores. Estas atividades podem ser feitas por firmas especializadas ou internamente às empresas que julgarem esta opção interessante. Estas atividades exigem forte interação entre o fornecedor e o demandante, o que exige que o demandante tenha conhecimentos específicos para decidir qual solução melhor atende seus modelos de negócio.

Os softwares embarcados, não citados diretamente no diagrama, têm o mesmo fluxo. O diferencial é que na maioria das vezes será optado por desenvolver internamente e interações eventuais com o mercado, exceto em alguns casos de firmas especializadas em softwares embarcados específicos.

Como o contexto em que estamos lidando é de difusão de software, a resposta à pergunta “Há solução que vale a pena comprar” será SIM na maioria das vezes, podendo ser atendido por um serviço na web ou um produto específico. Como podemos observar no fluxo, as atividades desenvolvidas até o atendimento da demanda, representados pelos retângulos, são: 1) a pesquisa

no mercado e seleção da solução que será adquirida, decorrente de uma análise das necessidades de informatização da organização; 2) obtenção de cópia do produto, que tem valor nulo para o caso de softwares livres ou cópias ilegais de softwares proprietários; 3) investimentos de implantação, que envolve os investimentos em bens complementares (outros softwares, treinamento, hardware, implantação, adaptações, etc); 4) manutenção de bens complementares e do próprio software, que é uma atividade contínua.

Estas atividades não são de elevado conteúdo tecnológico, pois não envolvem diretamente o desenvolvimento de novos softwares, mas a implantação de soluções já existentes e alterações eventuais. Esta é uma realidade do início do processo de difusão, em que a demanda se materializa em produtos de menor complexidade e mais genéricos. Esta fase, no entanto, faz parte de uma trajetória de aprendizado que leva à diversificação da demanda à medida que se caminha nesta trajetória. E com a difusão de software, esta trajetória se verifica em um elevado número de firmas, evoluindo de maneira mais homogênea. O tempo entre a difusão e demandas mais qualificadas, que envolvam desenvolvimento de softwares, não é conhecida, mas depende da absorção inicial. Se há um entendimento rápido sobre como se utilizar softwares e as funcionalidades que eles podem ter, esta demanda pode surgir com mais velocidade. Daí extrai-se que, embora a demanda ocorra por produtos existentes e serviços complementares a ele, a expansão intensiva gera expansão extensiva, que exige a execução das atividades descritas no processo produtivo de software. Neste ponto, é relevante que a política garanta que a trajetória de aprendizado possa ocorrer livremente, encontrando apenas as restrições inerentes ao aprendizado em si, buscando eliminar obstáculos alheios a este processo.

Uma política voltada ao fortalecimento da oferta para atendimento da demanda decorrente da difusão do software para novos agentes econômicos deve ser focalizada no desenvolvimento de organizações (empresas, cooperativas, organizações sem fins lucrativos, etc) especializadas nestas atividades. A política deve envolver formação de recursos humanos e criação de empresas em número suficiente para ganhar escala no atendimento e intensificar a difusão.

As principais habilidades requeridas na formação de recursos humanos são: conhecer sistemas de informação; saber como eles devem ser utilizados nas firmas; colocá-los em funcionamento; entender seu código-fonte; e realizar pequenas alterações. Uma parte destes profissionais deve ser direcionada para as empresas demandantes, para que executem a atividade de conhecimento da

necessidade e façam a ponte com o mercado. Outra parte deve ser colocada para prestar os serviços de instalação do programa, obtenção dos bens complementares e manutenção.

Para que haja concorrência, escala de atendimento e geração de empregos, a política deve prever incentivos à criação de novos empreendimentos voltados para a implantação de sistemas de informação. Os instrumentos para incentivar a criação de empreendimentos são a redução do custo de sua abertura, criação de incubadoras de negócios, ensino de empreendedorismo e como visualizar oportunidades, formação de spin-offs a partir de empresas maiores e de universidades, etc.

O modelo de negócios das empresas que atuam é, principalmente, de serviços e o modelo de produtos, para os casos em que se tratar da implantação de um software proprietário pela própria firma. O preço cobrado na prestação do serviço é de suma importância, uma vez que interfere diretamente na intensidade da difusão.

A política deve envolver mecanismos para manter os preços baixos para estimular a difusão, intervindo indiretamente nos mercados para incentivar a concorrência. Sob esta ótica, os softwares livres devem ser priorizados porque as barreiras à entrada são menores no modelo de negócios de prestação de serviços com software livre, incentivando a concorrência. Os softwares livres devem ser priorizados também porque eles reduzem as barreiras para o início de uma trajetória de aprendizado rumo aos Serviços de Baixo Valor e Serviços de Alto Valor. Isso ocorre porque o software livre disponibiliza seus códigos-fonte, que podem ser estudados, entendidos, copiados, executados, etc.