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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.5 OFICINAS

A oficina é a forma prática de se fazer algo, é a prática da vivência, da dinâmica de grupo ou técnica de grupo (MIRANDA, 1996; 2000; MILITÃO, 2000). De acordo com Matos (2006), toda atividade que se envolve com um grupo (reuniões, workshops, grupos de trabalho, entre outros), objetivando integrar, desinibir, “quebrar o gelo”, divertir, aprender, promover conhecimento, incitar à aprendizagem, competir e aquecer, pode ser denominada dinâmica de grupo, vivências e técnicas de grupo.

As Oficinas de Estimulação Cognitiva através de jogos e brincadeiras adaptados para idosos fazem parte do Programa de Terapias Alternativas da UMT-DF e são realizadas desde 2006. Há quatro anos essas Oficinas são desenvolvidas com método específico voltado para idosos com TCL sendo, no estudo atual, adaptadas para realização com idosos analfabetos.

As atividades foram oferecidas ao grupo uma vez por semana, com duração de duas horas cada oficina, em calendário pré-estabelecido através de Cronograma de Atividades das Oficinas de Estimulação Cognitiva através de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos Analfabetos (Apêndice A).

As oficinas foram compostas por dez encontros de estimulação cognitiva através de jogos e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos, estrategicamente divididos em dois módulos (I e II): Oficinas de Estimulação da Memória de Longo Prazo e Oficinas de Estimulação da Memória de Curto Prazo. Essa divisão justifica-se devido à maior facilidade que os idosos têm de recordar acontecimentos distantes (Memória de Longo Prazo) em relação aos recentes (Memória de Curto Prazo), sendo ainda forma de estimular o aprendizado, deixando o idoso mais confiante e motivado para prosseguir até o término das oficinas. No segundo momento, feita a estimulação da Memória de Curto Prazo, pois o idoso tem dificuldade de guardar informações ou fatos recentes, apresentando maior grau de complexidade para o mesmo. A Memória de Curto Prazo é o armazenamento temporário de acontecimentos e itens percebidos no passado imediato (STUART-HAMILTON, 2002).

A finalidade dessa divisão também foi permitir aos idosos ter acesso a número considerável de atividades e a diferentes tipos de jogos e brincadeiras. A primeira oficina foi composta por jogos de apresentação e integração, com a intenção de integrar a pesquisadora ao grupo. Na última oficina utilizaram-se jogos de finalização, que fornecem oportunidade para avaliação do conjunto de oficinas. A descrição das Oficinas de Jogos e Brincadeira Adaptadas para Idosos Analfabetos está no Apêndice E.

As alterações fisiológicas do envelhecimento podem influenciar a realização de determinadas atividades, pois as mudanças físicas no idoso podem exigir adaptação de posições e mudanças nos tipos de atividade (de individual para coletiva) e no tamanho dos objetos utilizados, assim como a retirada de determinadas atividades por risco de perda do equilíbrio e conseqüentes quedas. No estudo atual, essas alterações foram consideradas na hora de adaptar os jogos e as brincadeiras para os idosos.

A falta de escolaridade foi considerada em todas as oficinas, sendo evitados e/ou adaptados os jogos e as brincadeiras que dependem diretamente de leitura, interpretação do texto e realização de cálculos. Porém, não foi menosprezado o fato dos indivíduos idosos analfabetos poderem contar histórias através de jogos interativos de leitura e histórias contadas, que dependem da experiência de vida de cada idoso e não do seu nível de escolaridade.

Na execução das oficinas houve participação de profissionais da saúde (enfermeira, assistente social e técnico de enfermagem), todos lotados na UMT-DF. Estes profissionais fizeram o papel de facilitadores das oficinas. Houve também a participação de um profissional que realizou as gravações, fotografias e filmagens.

A pesquisadora participou de forma ativa na escolha e adaptação dos jogos e brincadeiras para idosos analfabetos e vivenciou todas as oficinas, exercendo observação participativa no cenário, fazendo a reflexão sobre as atividades realizadas e seus significados após cada oficina.

Os idosos participaram de forma efetiva durante todas as oficinas. No início de cada uma, foi recordado o tema dos encontros anteriores, através de cartazes ilustrativos e perguntas direcionadas de forma geral e livre aos mesmos, podendo se expressar e se ajudarem mutuamente no resgate das lembranças. Realizada também apresentação teórica durante dez minutos, sobre o tema relacionado à oficina do dia.

Ao final de cada encontro foi proposta uma Estratégia de Estimulação Cognitiva para Idosos Analfabetos - Tarefa de Casa, em forma de exercício, para ser executada no domicílio diariamente, a fim de proporcionar contínua estimulação cognitiva durante aquela semana (Apêndice C).

Cada oficina foi composta por quatro tipos de jogos e/ou brincadeiras específicas

voltadas ao tema da oficina. Entretanto, o último jogo e/ou brincadeira de cada encontro foi utilizado como plano de contingência, caso houvesse tempo livre, desmotivação ou qualquer outra intercorrência que ocasionasse a necessidade de substituição ou acréscimo de atividade.

Seguem-se os títulos e objetivos de cada uma das Oficinas, que estão detalhadas no

Anexo E

1ª Oficina.

Apresentação e Integração

Objetiva promover socialização e ambientação do grupo. 2ª Oficina.

Memorização por Associação

Tem como finalidade associar a sonorização aos seus respectivos objetos, seres. 3ª Oficina.

Memorização por Repetição e Aprendizagem

Aplica a visualização de desenhos através do método de repetição, a fim de ajudar maior memorização.

4ª Oficina.

Recuperação e Lembrança por Associação (Evocação da Memória):

Utiliza brincadeiras cantadas, pretendendo estimular a integração através das músicas e a recordação de fatos e acontecimentos do passado, relacionando cantigas a movimentos. 5ª Oficina.

Percepção, Sensibilidade e Atenção.

Exercita a estimulação da cognição através dos órgãos do sentido, da visão e do tato. 6ª Oficina.

Jogos Interativos de Leitura.

Brinca com a leitura do facilitador e realiza gestos corporais para exercitar o potencial criativo e a agilidade de raciocínio.

7ª Oficina.

Criatividade e Raciocínio.

Utiliza histórias contadas, para incentivar a construção de histórias para memorização de figuras. Resgata o potencial da memória coletiva montando histórias, exercitando a criatividade e raciocínio, e também objetivando a aquisição de autonomia nas atividades de vida diária.

8ª e 9ª Oficinas.

Jogos e Brincadeiras Sensoriais

Estimula a memória sensorial através dos cinco sentidos e da cooperação mútua. 10ª Oficina.

Jogos e Brincadeiras de Finalização e Confraternização.

Apresenta aprendizagens diversas aos membros do grupo, tanto no sentido da cognição como da percepção do outro, proporcionando espírito de coletividade.

Para promover a adesão e a presença nas Oficinas, foram feitos pela pesquisadora contatos telefônicos com os idosos do GE um dia antes de cada Oficina, para lembrá-los e motivá-los a participar. Após a finalização de cada encontro, foi oferecido lanche organizado pelos facilitadores e também trazido de forma espontânea pelos idosos.

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