• Nenhum resultado encontrado

DE ANÁLISE DOS DADOS

3.1.1 C OLETA DE D ADOS

Na primeira fase do estudo utilizamos o método do inquérito populacional para coletar dados de caráter quantitativo e qualitativo da população de gerentes das Unidades de Saúde do município de São Paulo vinculadas ao PSF.

Apesar do inquérito populacional não propiciar uma compreensão aprofundada da perspectiva do respondente, escolhemos o método de inquérito por ele permitir coletar uma grande quantidade de informação em um curto espaço de tempo e permitir a generalização dos resultados (THCU/CHP, 2002). O método do inquérito populacional permitiu ainda a identificação, entre a população de unidades de saúde da família do município de São Paulo, daquelas que realizam (segundo seus gerentes) atividades relacionadas com DSS. Esta identificação serviu de base para a amostra intencional da segunda fase de coleta de dados.

O método do inquérito populacional foi empregado com o objetivo de: (1) Mapear o trabalho com DSS realizado no PSF do município de São Paulo; (2) Situar as atividades mapeadas no contexto das demais atividades do programa; (3) Identificar a visão dos gerentes do PSF do município de São Paulo sobre a as principais barreiras e facilitadores para trabalhar com DSS no PSF do município de São Paulo; (4) Identificar a visão dos gerentes do PSF do município de São Paulo sobre o modelo PSF.

Para a realização do inquérito, desenvolvemos um questionário semi-estruturado auto- aplicável (anexo 1) que foi oferecido para todos gerentes de Unidades de Saúde do município de São Paulo vinculadas ao PSF (P=201). O questionário foi pré-testado com 3 ex-gerentes de Unidades de Saúde da Família do município de São Paulo, vinculadas ao PSF e 3 gerentes de Unidades de Saúde da Família do município de Diadema. O questionário é composto de cinco partes, descritas a seguir:

A primeira parte do questionário (questão A) é uma caracterização simples do respondente e da Unidade de Saúde em que trabalha. A caracterização do respondente contempla nome, sexo, idade, formação, informações para contato, tempo no cargo, tempo na unidade e tempo na região. A caracterização da Unidade de Saúde contempla nome oficial e fantasia, tipo de equipamento, coordenadoria, instituição parceira, subprefeitura, bairro, informações para contato, idade, total de famílias cadastradas, total de famílias acompanhadas, número de equipes completas e incompletas no caso de PSF e número de agentes comunitários de saúde no caso de PACS.

A segunda parte do questionário (questões B e C) objetivou identificar com que freqüência as USF trabalham com atividades relacionadas aos diferentes grupos de

promoção da saúde descritos em nosso referencial teórico e quais os tipos de atividades que vem sendo desenvolvidas em cada grupo.

Na questão B pedimos que os respondentes identificassem a freqüência e dessem exemplos de atividades relacionadas a cinco diferentes objetivos. Os objetivos correspondem aos diferentes grupos de promoção da saúde descritos em nosso referencial teórico. A vinculação de cada grupo com seu respectivo objetivo está sistematizada no quadro apresentado a seguir (quadro 7). Para identificar a freqüência das atividades escolhemos a realização de uma escala de freqüência objetiva (diariamente, semanalmente, mensalmente, semestralmente e anualmente) em contraponto a uma escala de freqüência relativa (nunca, raramente, às vezes, freqüentemente e sempre). A escala de freqüência objetiva tem a vantagem de facilitar a comparação entre respostas, porém não contempla atividades realizadas sem freqüência pré-estabelecida. A fim de contemplar também atividades realizadas sem planejamento prévio foi incluída, como possibilidade de resposta na questão B, a opção ocasionalmente.

QUADRO 7–OBJETIVOS EM RELAÇÃO AOS GRUPOS DE CONCEITOS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE.

Objetivos Grupo

Atividades que objetivam prevenir, tratar, detectar precocemente e/ou curar

doenças através de intervenções biomédicas. A

Atividades que objetivam a mudança de comportamento de membros da

comunidade para o desenvolvimento de estilos de vida mais saudáveis. B Atividades que objetivam estimular membros da comunidade a se ajudarem

mutuamente no enfrentamento de problemas individuais. C Atividades em conjunto com a comunidade que objetivam a melhoria da qualidade de vida dos membros da comunidade e/ou a resolução de problemas locais. D Atividades que objetivam a elaboração e/ou mobilização por políticas públicas que interfiram na saúde e/ou qualidade de vida da população. E

A questão B, por estar associada a atividades regulamentadas pelo programa, além de sofrer, como as demais questões do questionário, com potenciais “erros de interpretação”, também sofre com uma possível propensão do gerente em assinalar aquilo que a coordenação do programa espera dele. No entanto, buscamos minimizar estes desvios com o pré-teste do questionário e a garantia de sua confidencialidade.

A questão C é uma questão aberta que objetivou captar formas de trabalhar a determinação social da saúde não contempladas na estrutura da questão B.

A terceira parte do questionário (questões D e E) objetivou identificar as parcerias realizadas pelas unidades e quais os determinantes sociais de saúde que estão sendo mais trabalhados nas unidades, tomando como base a revisão bibliográfica que fizemos sobre os determinantes sociais de saúde mais citados na literatura. A quarta parte do questionário (questões F e G) objetivou identificar na opinião dos entrevistados quais são as principais barreiras e facilitadores para o trabalho com os determinantes sociais de saúde no âmbito do Programa Saúde da Família do município de São Paulo.

A quinta parte do questionário (questões H, I e J) explorou a posição dos entrevistados sobre o PSF de maneira geral. A questão H objetivou identificar a percepção dos entrevistados sobre a diferença do Programa Saúde da Família em relação ao modelo tradicional de Atenção Primária no que se refere aos pontos centrais apresentados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do município de São Paulo como objetivos da Estratégia Saúde da Família. A questão I objetivou identificar a opinião dos entrevistados sobre a principal vantagem e a principal desvantagem do PSF enquanto modelo para o território de atuação do respondente. Para garantir objetividade da resposta pedimos que as vantagens e desvantagens percebidas fossem sintetizadas em uma palavra. A questão J pede a opinião do entrevistado sobre a adequação do PSF às necessidades do território de atuação em que se insere e os motivo que justificam esta opinião.

Entre as dificuldades enfrentadas no desenvolvimento do questionário estava o desconhecimento de parte da população estudada sobre o tema do estudo: a determinação social da saúde. Para minimizar esta dificuldade listamos os DSS no questionário em uma questão fechada (questão E), de forma a informar o respondente do que se tratava a determinação social da saúde, antes de fazer perguntas abertas sobre o tema.