Após uma análise detalhada dos resultados e respetiva discussão, obtidos através da aplicação do instrumento de recolha de dados aos alunos participantes no estudo, estamos agora em condições de elencar um conjunto de conclusões que apresentamos de seguida.
O perfil do aluno desta amostra, que frequenta as escolas secundárias do concelho de Vila Real, é um sujeito do sexo feminino, pertencente à classe etária dos 17-18 anos frequenta o 12º ano, não reprovou de ano, não recebe subsídio de ação social, reside numa aldeia e coabita com a mãe e o pai.
A prevalência da experimentação de bebidas alcoólicas foi de 87,4%, o que constitui uma proporção bastante elevada.
Obtivemos um resultado de 13,3% dos alunos da amostra que se enquadram na classe do bebedor habitual com problemas e 0,9% na classe “alcoholic like” da escala AAIS, proporções superiores às do estudo que utilizamos para comparação.
Constatamos que existem 20,5% de alunos da amostra que se enquadram na classe com consumo excessivo do AUDIT, um valor que consideramos bastante preocupante.
O tipo de bebida mais consumida pelos participantes no estudo são os Cocktails de bebidas alcoólicas, o que também constitui uma preocupação devido ao elevado teor de álcool destas bebidas e à idade dos alunos em causa.
Embora o maior grupo da amostra (24,9%) tenha referido beber 1 copo ou menos, existe um grupo de 22,6% de alunos que indicou beber ate ficar alegre ou bêbedo.
Quanto aos motivos que levaram ao consumo de bebidas alcoólicas por parte dos alunos desta amostra, salientamos a curiosidade (51,8%), facto que deve ser trabalhado nas sessões de educação para a saúde para a prevenção deste consumo.
A maioria da amostra costuma consumir estas bebidas com amigos da mesma idade ou companhias mais adultas, o que indica o efeito predominante da pressão social do grupo em conformidade com este comportamento, realidade que também deverá ser trabalhada.
Conclusão
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Quanto às consequências experienciadas por estes alunos, derivadas do consumo de bebidas alcoólicas, embora a maioria da amostra tenha referido não ter sentido qualquer efeito, salientamos que 2,3% dos participantes se envolveram em ações de violência com os pares ou de destruição de objetos e, ainda, 1,6% referiu ter sido vítima de acidentes, ferimentos, ter tido problemas com a polícia ou ter sido castigado na escola, consequências que consideramos bastante graves e com reflexo na vida e futuro destes jovens.
A experimentação de bebidas alcoólicas parece ser influenciada pela classe etária e ano de escolaridade. As classes do AAIS parecem ser influenciadas pelo ano de escolaridade e a sua pontuação pelo sexo, classe etária, ano de escolaridade e tipo de ensino.
As classes do AUDIT parecem ser influenciadas pelo sexo, ano de escolaridade, tipo de ensino e a pontuação pelo sexo, classe etária, ano de escolaridade e tipo de ensino.
As variáveis estabelecimento de ensino, ser beneficiário de subsídio de ação social, local de residência e coabitação do aluno não se demonstraram discriminativas no presente estudo.
Parece existir relação entre a variável idade e a pontuação da escala AAIS e AUDIT, assim como entre a pontuação das duas escalas, tendo maior expressividade neste último caso.
Face a estes resultados é, de todo, pertinente desenvolver intervenções de enfermagem comunitária nesta população, no sentido de prevenir o consumo de bebidas alcoólicas. O presente estudo funcionou como diagnóstico de situação, pelo que nos comprometemos a ceder os resultados às unidades de cuidados na comunidade responsáveis pelas áreas geográficas onde se localizam as diferentes escolas, bem como às escolas envolvidas.
As intervenções deverão ter um caráter contínuo e envolver os diferentes atores, como os alunos, professores, pais/encarregados de educação e os profissionais de saúde que integram as equipas de saúde escolar, onde se espera que faça parte um enfermeiro especialista em saúde comunitária.
A principal limitação deste estudo prende-se com o facto de ser transversal e, assim sendo, não existe relação causa efeito.
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