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Ao terminar este percurso é premente que se realize uma análise retrospetiva de todo o caminho percorrido e da sua influência na construção do perfil da mestranda como docente.

Apesar de este caminho não ter sido, como já foi mencionado, um sonho de criança, a mestranda sente agora, após passar por várias experiências educativas, que este é o caminho que a faz feliz. Os primeiros tempos não foram fáceis e os que se seguiram muito menos, no entanto, a facilidade não permitiria os sucessos que o desafio, a exigência e o rigor permitiram. Ao longo destes dois anos, a mestranda enfrentou muitos desafios, sendo que, para os superar, foi necessário muito trabalho, empenho, responsabilidade e crescimento pessoal, profissional e social. Existiram momentos de grande desânimo, de desmotivação e até de lágrimas, mas foram vencidos pela vontade de querer terminar este percurso e começar outro de forma profissional, sempre com o apoio do par pedagógico e dos professores supervisores (e não só).

O presente relatório representa o culminar de um processo de formação inicial, pelo que se procurou evidenciar saberes adquiridos nas didáticas, conhecimentos teóricos que se transformaram em atividades e experiências realizadas na prática e contribuíram para o desenvolvimento profissional da mestranda. Neste processo formativo a futura professora demonstrou ter desenvolvido competências e adquirido saberes que a habilitam para a docência, mantendo uma perspetiva crítica e pró-ativa, preparada para ajudar a construir aprendizagens e a preparar cidadãos capazes de descobrir, enfrentar e transformar o mundo.

Assim, tendo-se definido finalidades e objetivos no começo da prática educativa importa agora olhar retrospetivamente para o que permitiu à professora estagiária concretizar, de forma geral, as finalidades a que se propôs, enunciadas na introdução deste relatório. Das várias conclusões parcelares que se foram apresentando ao longo deste relatório, extraem-se, agora, algumas conclusões finais de caráter mais generalizado.

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Em primeiro lugar, permitiu pôr em prática e confrontar os conhecimentos teóricos e teórico-práticos adquiridos ao longo da formação académica nas diferentes áreas, verificando os seus efeitos na formação dos alunos. Assim, foi possível realizar práticas pensadas em função do contexto e devidamente fundamentadas.

Na disciplina de Português, destacou-se o contacto direto com os livros e a utilização do site “Catalivros” para fomentar o gosto pela leitura através das tecnologias. No domínio da Oralidade a atividade do poema cantado, realizada para promover a escuta ativa, que é pouco trabalhada nos contextos.

Na disciplina de Matemática, salienta-se o ensino ligado ao real, desenvolvendo atividades nas quais a criança veja utilidade, recorrendo sempre que possível a um ensino exploratório. Promoveu-se ainda com evidente gosto e interesse por parte dos alunos, a utilização de materiais diversificados como as figuras geométricas em chocolate ou o jogo “O pensador”, bem como o recurso às novas tecnologias Geogebra e jogos da Escola Virtual.

Em História e Geografia de Portugal recorreu-se frequentemente às tecnologias para dinamizar e enriquecer as aulas: vídeos, músicas, os RQcodes e o Googlemaps foram alguns dos materiais utilizados. Além das tecnologias, criaram-se também recursos como o quadro do comportamento e uma janela barroca e recorreu-se também a uma grande diversidade de documentação histórica. Tentou-se também promover a Cidadania e trabalhar as regras de sala de aula através de atividades como o quadro do comportamento e vídeos das crianças.

Por fim, em Ciências da Natureza, promoveram-se atividades práticas e experimentais, de forma a potenciar o desenvolvimento de processos científicos como a observação, classificação, previsão, identificação e controle de variáveis.

No que respeita aos objetivos “Lançar uma visão autocrítica sobre a ação da formanda” e “Promover o processo reflexivo” foram, do ponto de vista da mestranda, conseguidos, visto ao longo de todo o relatório existir uma reflexão constante sobre a ação da professora estagiária. Esta visão autocrítica foi feita ao longo de todo o ano, existindo sempre uma reflexão pós ação, ou seja, uma reflexão após a aula, o que permitiu à mestranda aperceber-se dos erros cometidos e do que poderia ser melhorado.

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Existiu sem dúvida um enriquecimento pessoal ao longo deste percurso e toda a ação pedagógica da professora estagiária desenvolveu-se com permanente ligação entre o racional e o emocional, entre a teoria e a prática, entre o hoje e o amanhã. No entanto, existiram também dificuldades/fragilidades que devem ser reconhecidas e utilizadas como ponto de partida para melhorar a prática.

Olhando para trás a mestranda acha que a sua maior dificuldade foi e continua a ser manter uma relação equilibrada com os alunos, ou seja, manter o equilíbrio entre ser amiga deles e ser professora deles. Apesar de esta ambiguidade não ter trazido problemas no período em que a estagiária esteve nas escolas, poderia trazer problemas de indisciplina a longo prazo. Outra dificuldade sentida foi ao nível da correção da linguagem científica, que por vezes não era a mais adequada, mas ao longo do ano houve um esforço para a melhorar.

Por outro lado, é importante identificar também os pontos fortes.

Identifica-se como ponto forte o estabelecimento de uma comunicação clara e objetiva e que, ao mesmo tempo, imprimiu dinamismo e ritmo às aulas, proporcionando um clima de trabalho adequado e em conformidade com as regras de funcionamento da sala de aula. A correta gestão do tempo foi também algo que a mestranda conseguiu em grande parte das aulas lecionadas. No entanto existiu um ou outro momento em que o entusiasmo era tanto que a mestranda perdia a noção do tempo, estendendo em demasia a atividade.

Para terminar, a mestranda gostaria também de salientar momentos que a marcaram como professora e como pessoa: um aluno que tinha muitas mensagens de saudades, tendo um dos postais inclusive uma foto da turma. A mestranda quer também destacar uma aluna que no primeiro dia de aula assustou a mestranda, pela sua forma mal-educada de entrar na sala e de falar com a professora. Esta aluna era desinteressada, mal-educada e repetente e

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com tempo, paciência e trabalho das estagiárias, tornou-se uma aluna assídua, interessada e educada, tendo feito a mestranda verter lágrimas no momento da despedida.

Chegando ao fim do segundo ciclo de estudos da formação inicial de professores, importa encará-lo como uma etapa num longo caminho a percorrer, estimulando o aperfeiçoamento ao longo da carreira, pois, ao perspetivar o futuro, há que ter consciência da continuidade do processo formativo, com novos desafios, obstáculos, receios e ambições.

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