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OPERAÇÕES AEROTERRESTRES

No documento ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS (páginas 26-34)

Operação Aeroterrestre (Op Aet) é uma operação militar que envolve o “movimento aéreo e a introdução de forças de combate e de seus respectivos apoios em uma área de objetivos” (BRASIL, 2017d, p 2-1).

É uma operação de complexo planejamento, tendo em vista ser normalmente empregada à retaguarda do inimigo. Essa peculiaridade faz com que as funções de combate Logística e Inteligência sejam primordiais para o seu desencadeamento.

Quanto ao seu tipo, é classificada como Operação Complementar, pois não se encaixa em nenhum dos tipos de operações básicas. Diversos fatores podem ser alterados em seu emprego, simplesmente pelo local e momento serem diferentes de sua última atuação, tais como: “condições técnicas necessárias para seu desencadeamento, o conceito de emprego, as múltiplas finalidades, a composição dos meios a empregar, o planejamento e a execução” (BRASIL, 2017d, p 2-1), por isso é tão trabalhosa em seu planejamento.

das Op Aet, por ser organizada, equipada e instruída para esse tipo de emprego, mesmo que não haja o lançamento com paraquedas” (BRASIL, 2017d, p. 2-7).

Tropas altamente especializadas, os paraquedistas são classificados como tropa especial nas Forças Armadas de todos os países do mundo, seja por seu contínuo treinamento, ou pelo desenvolvimento de conteúdos atitudinais durante suas atividades de adestramento.

A Brigada de Infantaria Paraquedista (Bda Inf Pqdt) é a Grande Unidade (GU) que tem por base os batalhões de infantaria paraquedistas. Sua principal característica é “a elevada mobilidade estratégica, proporcionada pelo transporte aéreo em aeronaves de asa fixa e pela possibilidade de emprego com a utilização

de paraquedas” (BRASIL, 2017d, p. 1-2).

Uma das atuações mais marcantes de tropas paraquedistas na história, foi

justamente no dia “D” em Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial, onde

segundo o sítio da BBC News Brasil, cerca de “ 23 mil militares, decolaram para

atuar nas áreas do ataque às praias” (BBC NEWS, 2019), sendo por muitos considerada a maior operação já realizada, a qual posteriormente culminaria com a

expulsão das tropas alemães do território francês e a reconquista de Paris.

FIGURA 1: Dia “D” em Normandia.

O emprego de Op Aet continua atual no combate moderno, uma vez que “permite a rápida inserção de tropa em qualquer região de um teatro de operações, sobrevoando obstáculos e resistências interpostas” (BRASIL, 2017d, p 1-1).

2.1.1 Características das Operações Aeroterrestres

A necessidade de superioridade aérea momentânea, a distância de tropas amigas e a dificuldade de suprimento logístico, atuam como aspectos a serem considerados no planejamento de uma Operação desse tipo.

Verifica-se então, que as Operações Aet possuem características que a diferem de todas as outras executadas pelo EB, e caso não sejam minuciosamente analisadas e planejadas, podem infligir sérios danos ao êxito da missão.

Apectos como a agressividade, que consiste na “ação precisa, oportuna e

rápida para a conquista dos objetivos de assalto. Essa característica é necessária, considerando a vulnerabilidade da F Aet no momento da ação, principalmente pela dificuldade de apoio do escalão superior” (BRASIL, 2017d, p 2-2); e

sustentabilidade, na qual a “F Aet deve cumprir sua missão valendo-se dos meios operacionais e logísticos que lhe forem atribuídos, uma vez que, após desencadeada a Op Aet, a implementação de apoios não previstos no planejamento é de difícil execução” (BRASIL, 2017d, p 2-2), são extremamente necessários para o cumprimento de uma missão AET.

2.1.2 Condições para realização das Operações Aeroterrestres

O estudo dos fatores de decisão são essenciais para o sucesso da Operação. Dentre eles, cabe ressaltar que Terreno, Condições Metereológicas e Inimigo devem ser constantemente acompanhados pelas células de inteligência,

para que a missão transcorra conforme planejado.

E ainda, tem-se que a “conquista e manutenção de superioridade aérea local, tanto na área dos objetivos, quanto ao longo dos corredores aéreos, pelo menos durante a inserção e a retirada da F Aet” (BRASIL, 2017d, p. 2-2), a “Existência de regiões favoráveis ao lançamento aéreo (ZL ou ZE) e/ou ao pouso de aeronaves (ZP ou ZPH) na área dos objetivos ou em suas cercanias, previamente levantadas pela tropa de precursores paraquedistas” (BRASIL, 2017d, p. 2-2) e a “Inexistência ou supressão de defesas antiaéreas inimigas nas proximidades das Z Dbq” (BRASIL, 2017d, p. 2-3) são fatores essenciais para a execução das Op Aet.

2.1.3 Limitações das Operações Aeroterrestres

As Operações Aet embora utilizem de aeronaves para incursão em território inimigo, é constituída de tropas altamente vulneráveis ao ataque inimigo, particularmente ao Blindado. Durante o Assalto Aet, o paraquedista até tocar o solo não consegue empregar seu armamento, ficando exposto à ação inimiga. Isso sem levar em consideração o tempo de reorganização das tropas, após o salto.

Justamente por possuir peculiaridades em seu emprego, as Op Aet

apresentam algumas limitações. A “Defesa antiaérea restrita após o desembarque e

a acentuada vulnerabilidade às ações ofensivas terrestres durante a reorganização, principalmente após o lançamento por paraquedas” (BRASIL, 2017d, p. 2-3), restrigem as possibilidades da tropa Aet, no que diz respeito ao inimigo.

Já a “dependência de condições meteorológicas favoráveis às atividades Aet, particularmente no que concerne à velocidade dos ventos e à visibilidade vertical e horizontal” (BRASIL, 2017d, p. 2-4), e a restrita mobilidade tática, visto que “não possui viaturas motorizadas para sua locomoção, na maioria das vezes, a não ser que esses meios também possam ser lançados ou caso haja tropas amigas para dar o referido apoio” (LOMBARDI, 2014, p.21), dificultam o prosseguimento das Op Aet e constituem limitadores comuns para toda operação desse tipo.

2.1.4 Tipos de operações aeroterrestres

Dependendo de sua finalidade, as Op Aet podem ser divididas em Incursão Aeroterrestre (Inc Aet) e Assalto Aeroterrestre (Ass Aet).

A primeira diz respeito a uma operação em que não há intenção de conquista ou de manutenção de terreno, havendo uma “penetração, normalmente furtiva e por meio de salto de paraquedas, em área sob o controle do inimigo, e a execução de uma ação ofensiva, seguida de retraimento ou de retirada” (BRASIL, 2017d, p. 2-4).

Já na segunda, foco do presente trabalho, há a intenção de conquistar uma região de importância elevada para o prosseguimento da operação. Por ser realizada com o limitador do meio aéreo e, ao mesmo tempo, o militar necessitar perdurar na ação o fator tempo influencia muito esse tipo de operação, atuando diretamente nos aspectos logísticos da atividade e na capacidade operacional das tropas empregadas.

2.1.4.1 Assalto aeroterrestre

Esta é a mais comumente empregada quando se utiliza uma Operação Aet. Ocorre a incursão aérea, a penetração, a conquista e a manutenção de uma cabeça de ponte aérea e, finalmente, o prosseguimento das operações. Normalmente empregada à retaguarda do inimigo, é uma operação de difícil coordenação.

Todos os escalões devem estar bem adestrados e adequados ao tipo da atividade a ser realizada. Em relação à DA Ae, especial atenção deve ser dada ao “Sistema de Controle e Alerta e ao Sistema de Comunições, pois haverá

necessidade de coordenação e controle do espaço aéreo em ambiente hostil”

(SANTOS, 2015, p. 40).

Segundo o Manual de Op Aet, p. 2-4, o Ass Aet é uma operação aérea:

destinada a introduzir forças pára-quedistas e equipamentos, prioritariamente por lançamento de paraquedas e eventualmente por meio de pouso, com a finalidade de conquistar uma região no terreno de significativa importância para o cumprimento da missão das forças de superfície (cabeça-de-ponte aérea – C Pnt Ae).

FIGURA 2: Operação de adestramento Tápio Fonte: Acervo da Bda Inf Pqdt

Para o mesmo manual, p. 1-3, a C Pnt Ae é definida por:

área geográfica conquistada e/ou mantida, a fim de proporcionar o espaço necessário para o desembarque por via aérea de tropas, equipamentos e suprimentos. Deve possuir, além disso, espaço para a dispersão dos meios, para defesa em profundidade e para a manobra da força encarregada de sua manutenção.

2.1.5 Fases das operações aeroterrestres

As Op Aet são divididas em quatro fases: a preparação, o movimento aéreo,

as ações táticas iniciais e as ações táticas subsequentes.

Entretanto, no desenvolvimento da Operação Aet, “o início de uma fase não é condicionado ao término da fase anterior, o que influencia diretamente no estudo de situação continuado de AAAe” (BRASIL, 2017b, p. 9-3).

Define-se como preparação, “todas as ações realizadas entre o recebimento

de uma ordem de alerta ou diretriz de planejamento e a decolagem das primeiras aeronaves para o cumprimento da missão” (BRASIL, 2017d, p. 2-5). Nessa fase, os Cmt das diversas frações realizam os estudos de situação necessários para o emprego, ao mesmo tempo que suas tropas começam a ser reunidas nos aeródromos de partida.

A segunda fase é a do movimento aéreo, a qual é iniciada com a decolagem das primeiras aeronaves em destino à missão e é encerrada com o seu retorno. Nesse momento, deve-se buscar o desembarque das forças de assalto “preferencialmente em uma única vaga. Quando em vagas sucessivas, pode haver a superposição dessa fase com a seguinte” (BRASIL, 2017d, p. 2-6). Este é o momento do salto aeroterrestre ou do pouso de assalto a ser realizado pela F Aet.

Já, a fase das ações táticas iniciais começa com “a chegada das forças de

combate (componente terrestre da força aeroterrestre) ao solo” (BRASIL, 2017d, p. 2-6) e é encerrada, em um Ass Aet, “com a conquista e a consolidação da C Pnt Ae inicial” (BRASIL, 2017d, p. 2-6).

Nesse momento, os objetivos impostos pelo escalão superior são conquistados e busca-se impor ao inimigo as intenções do Cmt da Op Aet.

Finalmente, a última fase é a das ações táticas subsequentes. Incluem todas atividades desencadeadas após o término da ação ofensiva inicial e culminam com a manutenção dos objetivos conquistados na operação, até que ocorra a junção com a tropa amiga que irá substituí-la em posição.

ações ofensivas que, partindo da C Pnt Ae, favoreçam sua defesa ou facilitem ações futuras, junção com outras forças terrestres amigas” (BRASIL, 2017d, p. 2-6), além de outras missões táticas, observadas as restrições das tropas Aet pós salto.

2.1.6 Escalonamento dos meios da Força Aeroterrestre

O escalonamento é necessário para proporcionar segurança às tropas empregadas, além de reforçar progressivamente o poder de combate durante a conquista da C Pnt Ae.

Dessa forma, subdivide-se em quatro escalões o Ass Aet: precursor, assalto, acompanhamento e recuado. São objetos de estudo nesta pesquisa apenas os dois primeiros, entretanto, vale ressaltar, que durante o desembarque do escalão de acompanhamento, geralmente após o estabelecimento da defesa de uma cabeça de ponte aérea, os materiais que não possuem capacidade para serem lançados das aeronaves, como a Vtr do COAAe Elt de Seç, são inseridos no teatro de operações, por meio do pouso das Anv.

2.1.6.1 Escalão precursor

Precede a F Aet por meio da “tropa de precursores paraquedistas (Prec Pqdt), reforçada por elementos de saúde, inteligência e outros” (BRASIL, 2017d, p. 2-9).

Nesse escalão, as equipes precursoras possuem a missão de realizar a infiltração aérea à frente da maior parte da tropa, para reconhecer, balizar, prover a segurança e operar a Zonas de Lançamento (ZL) de paraquedistas, próxima ao objetivo a ser conquistado.

Caso a equipe de precursores que tenha se infiltrado anteriormente tenha sido anulada pelo inimigo, o Esc Ass deve ser precedido “por uma equipe de Prec Pqdt que, embarcada em um avião, 20 (vinte) minutos à frente, esteja em condições de executar o lançamento da tropa sem auxílio de qualquer elemento no solo” (BRASIL, 2017d, p. 2-9).

No desencadeamento desse Esc, “busca-se a inclusão de elementos de AAAe dotados de Msl AAe Ptt e meios de Com, juntamente com o escalão precursor, a fim de prover a DA Ae da(s) zona(s) de lançamento e de aterragem, bem como, a ligação desses elementos de AAAe com os órgãos da F Ae” (BRASIL, 2017d, p. 9-3).

2.1.6.2 Escalão de assalto

Utilizando-se do princípios da massa, surpresa, ofensiva e manobra, o

escalão de assalto (Esc Ass) busca “atacar para conquistar os objetivos e

estabelecer uma C Pnt Ae inicial que permita o desembarque em segurança das forças subseqüentes” (BRASIL, 2017d, p. 2-9).

Composto pelas Unidades em primeiro escalão, de apoio ao combate e de apoio logístico, deve ser formado por todas as tropas essenciais ao cumprimento da missão.

É essencial a manutenção da integridade tática nos aviões e a realização de um grande esforço aéreo, para obter a quantidade de vagas necessárias nas aeronaves, para bem cumprir a missão.

2.1.7 Coordenação e controle do espaço aéreo

De responsabilidade do Cmt F Aet, deve buscar estabelecer medidas que favoreçam a identificação dos vetores aéreos assim que estes entrem no espaço aéreo, com a finalidade de evitar o fratricídio com tropas amigas e de realizar o engajamento de aeronaves amigas.

Cabe ao elemento de operações do EM Cj da F Aet “verificar as possibilidades de conflito e propor as normas ou medidas de coordenação necessárias” (BRASIL, 2017d, p. 3-15).

Corredores de segurança, Volumes de Responsabilidade de Defesa Antiaérea (VRDA Ae) e Zonas de Vôo Proibido são algumas das medidas que podem ser adotadas para este tipo de coordenação.

Durante uma Op Aet “é comum o emprego da AAAe da F Aet fora do controle proporcionado pela F Ae e pela AAAe do Esc Sp. Nesse caso, o COAAe do Esc AAAe orgânico da F Aet poderá ser o COAAe P na operação” (BRASIL, 2017b, p. 9-4).

2.1.8 A Reorganização

É o momento após o salto aeroterrestre, em que as tropas são balizadas à uma zona de reunião (Z Reu) para novamente constituirem suas frações de origem, antes de partirem para conquista do objetivo.

Nesta fase, há uma “acentuada vulnerabilidade às ações ofensivas terrestres (BRASIL, 2017d, p. 2-3), em que poderá ocorrer o ataque inimigo sobre as tropas

empregadas.

Vale ressaltar, que o “tempo médio de reorganização de uma FT BI Pqdt é de 1h15min” (ANELLI, 2017, p. 115), já o “tempo médio de estabelecimento da Defesa Antiaérea varia entre 45 e 50 min” (ANELLI, 2017, p. 115).

Verifica-se então, que embora a DA Ae seja estabelecida em tempo inferior ao de reorganização da FT BI Pqdt, ela ainda permanece cerca de 50 min sem a sua DA Ae plenamente estabelecida. Isso constitui um risco à F Aet e uma oportunidade para a manobra do inimigo, crescendo de importância a conquista de superioridade aérea mesmo que momentânea, durante uma operação de Assalto Aet.

No documento ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS (páginas 26-34)