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Orçamento Público Participativo em São José dos Campos: PRINCIPAIS DINÂMICAS

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Orçamento Público Participativo em São José dos Campos: PRINCIPAIS DINÂMICAS

Está foi a primeira análise da pesquisa, que procurou caracterizar as dinâmicas do orçamento participativo de São José dos Campos.

Sobre o processo de participação popular no município de São José dos Campos, um movimento histórico importante é a promulgação da Lei orgânica em 1990, refletindo em muito os preceitos participativos da Constituição de 1988. Seu capítulo III é dedicado a garantir a participação popular, como se verifica em artigo 9˚: “todo poder é naturalmente privativo do povo, que o exercerá de forma direta ou através de seus representantes eleitos”, em muito se parece com o artigo 1˚ da Constituição Federal de 1988, que diz que “todo poder emana do povo, que o exercerá indiretamente, através de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Corroborando com tal perspectiva o artigo 12 da Lei Orgânica Municipal, vem a introduzir dinâmicas de gestão participativa, isto é, garantir a participação popular nas decisões do município, e que está participação se dará através de audiências públicas, conselhos populares e demais formas previstas na Lei Orgânica, bem como no seu artigo 16, que determina que a obrigatoriedade da audiência pública, entre outros, para a elaboração dos projetos de lei das diretrizes orçamentárias, do orçamento anual e do Plano Plurianual, e que precisam ser divulgadas para a população, com pelo menos 15 dias de antecedência e em pelo menos dois órgãos da imprensa local (Lei Orgânica São José dos Campos, 1990).

Art.16 É obrigatória a realização de audiência pública nos seguintes casos: I - projeto de licenciamento que provoque impacto ambiental, definido em lei; II - atos que envolvam conservação ou modificação do patrimônio histórico, arquitetônico, artístico ou cultural do Município;

III - elaboração dos projetos de lei das Diretrizes Orçamentárias, do Orçamento Anual e do Plano Plurianual. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica no 11/91, de 31/10/91)

IV - elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado;

V - elaboração ou alteração de legislação reguladora do uso e ocupação do solo.

§ 1o Não se exigirá audiência pública para os casos do Inciso V deste Artigo, quando a elaboração ou alteração não causar impacto ambienta 1 na área objeto da modificação pretendida e houver prévia e expressa anuência da maioria dos moradores ou domiciliados no mesmo local. (Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica no 18/92, de 25/06/92)

§ 2o A audiência pública, prevista neste artigo, deverá ser divulgada com, no mínimo, quinze dias de antecedência, em, pelo menos, dois órgãos da imprensa local. (Renumerado o § 2o do artigo 16 pela Emenda à lei Orgânica no 18/92, de 25/06/92) (LEI ORGANICA SAO JOSE DOS CAMPOS, 1990).

A peça orçamentária do município também vem descrita na Lei Orgânica, que determina que leis de iniciativa do Poder executivo estabelecerão o Plano Plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais. No artigo 205 § 1˚, determina que a lei que instituir o plano plurianual, estabelecerá de forma setorizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração paras as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como as relativas aos programas de duração continuada, para o período de governo e até o final do primeiro ano do mandato do governo subsequente. E em seu § 2˚ determina que a lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da Administração, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual e disporá sobre as alterações na legislação tributária e política de pessoal do município. O artigo 206 determina que os orçamentos fiscal, de investimento e de seguridade social comporão a lei de orçamento anual (Lei Orgânica São José dos Campos, 1990).

O ciclo orçamentário municipal é composto de quatro etapas, sendo a primeira a elaboração da proposta orçamentária, a segunda etapa a discussão, votação e aprovação da lei orçamentária, a terceira a execução orçamentária e a quarta etapa seria o controle e avaliação do orçamento.

Como se pode constatar pela lei orgânica a participação popular no orçamento vem ocorrendo desde 1990, através de audiências públicas, mas nem sempre o orçamento foi considerado como um orçamento participativo.

Em 2013 a atual prefeitura lançou o Planejamento Orçamentário Participativo - POP, abrindo espaço para as audiências públicas, já determinadas pela lei orgânica e utilizada pelas gestões anteriores, para incluir os moradores nas dinâmicas da elaboração e implantação do orçamento público (MORAES, 2012).

De acordo com o site oficial da Prefeitura Municipal, O Planejamento Orçamentário Participativo – POP é um instrumento de planejamento estratégico da prefeitura de São José dos Campos, desenvolvido pelas Secretarias de Promoção da Cidadania, Fazenda e do Governo, que pretende a partir da participação popular definir as diretrizes, objetivos, metas e programas da Administração municipal para o período de 2014 a 2017.

O POP, Planejamento Orçamentário Participativo, é um instrumento de planejamento estratégico da Prefeitura de São José dos Campos desenvolvido pelas secretarias de Promoção da Cidadania, Fazenda e do Governo. O programa pretende, a partir da participação popular e da discussão com toda a

sociedade civil, definir as diretrizes, objetivos, metas e programas da administração municipal para o período de 2014 a 2017. Através da participação direta da população, o objetivo do POP é envolver os moradores nos debates sobre o planejamento e o futuro da cidade e também no controle e na definição da aplicação dos recursos públicos. (PREFEITURA DE SAO JOSE DOS CAMPOS, 2013).

De acordo com o site da prefeitura as reuniões de 2013 atraíram mais de 3000 moradores. O POP é estratégico, por que visa o crescimento econômico e o desenvolvimento social da cidade, servindo como orientação para os planejamentos de curto e médio prazo da cidade.

O escopo principal do POP é envolver os moradores nos debates sobre o planejamento e o futuro da cidade. As primeiras reuniões ocorreram para que a população participasse das definições para o Plano Plurianual referente aos anos de 2014 a 2017, as prioridades para a lei de diretrizes orçamentárias de 2014 e das leis orçamentárias de 2015 e 2016, além da eleição de representantes para compor a comissão de acompanhamento do POP.

Este debate sobre o planejamento da cidade com a população permite que os processos de escolhas dos projetos sejam feitos de forma mais eficiente, pois buscará atender de forma efetiva as demandas da população. Ou seja, a participação da população, faz com que a gestão pública seja mais eficiente e faz com que as demandas da população sejam atendidas de forma efetiva.

A atual comissão de acompanhamento do POP é composta de 19 membros das comunidades, eleitos durante cada plenária e 19 integrantes do governo municipal. A finalidade da comissão além de acompanhar o POP é de elaborar o projeto de lei e o regimento interno do orçamento participativo dos próximos anos (PREFEITURA..., 2015). Esta participação do cidadão no debate sobre o planejamento e acompanhamento do orçamento enriquece o processo das escolhas dos projetos que são importantes para a população, além de melhorar o diálogo entre sociedade e ente estatal, criando maior transparência aos processos orçamentários. Para a gestão pública é primordial existir esses espaços de interação, conforme exposto no capitulo 2.1 a publicidade que é um dos princípios da administração pública vem a garantir a participação popular. Através da transparência dos atos a população tem um maior controle sobre a atuação do gestor público, que por sua vez vai tratar dos assuntos públicos de forma mais eficaz e eficiente, limitando assim o uso indiscriminado da coisa pública pelos gestores (BALESTERO, 2011).

Para facilitar o processo de consulta às comunidades, a dinâmica das plenárias ocorreu da seguinte forma: a cidade foi dividida em 19 regiões onde ocorreram as reuniões (plenárias)

entre comunidade e prefeitura. De acordo com o site oficial da prefeitura, foram escolhidas escolas e outros pontos de fácil acesso a população e a maioria das reuniões ocorreram em dias úteis às 19 horas e em dois sábados às 16 horas. Os dias que aconteceriam as reuniões foram amplamente divulgados pelos meios de comunicações e com 15 dias de antecedência (PREFEITURA...,2015). A divisão da cidade nas 19 regiões foi feita de forma adequada, melhor que dividir somente em 4 regiões geográficas (Norte, Sul, Leste e Oeste) que normalmente é feita. Isto, propiciou a prefeitura conhecimento das necessidades locais das microrregiões.

A Figura 3 apresenta o mapa da divisão da cidade de São José dos Campos nas 19 regiões para elaboração do POP.

Figura 3 - Mapa das 19 regiões para as plenárias Fonte: prefeitura Municipal de São José dos Campos

As reuniões da primeira edição do POP, para elaboração do PPA de 2014 a 2017, ocorreram entre os meses de junho e julho de 2013, iniciando no dia 28 de junho 2013 e finalizando no dia 30 de julho de 2013 e as da segunda edição, para elaboração da LDO 2015 e LOA 2015 e 2016, ocorreram entre julho e agosto de 2014, começando em 15 de julho e finalizando em 9 de agosto de 2014.

No início das plenárias, o prefeito fazia a abertura e passava a palavra para os secretários da fazenda e o da cidadania com o propósito de transmitir aos presentes a sistemática do planejamento orçamentário participativo. Em seguida, os participantes eram divididos em grupos para debater os temas previamente decididos pela prefeitura relacionados às áreas de governo, que podem ser identificados no quadro 3 abaixo e com o auxílio de um funcionário público designado para ser o moderador do grupo e outro para ser o relator das decisões de cada grupo decidiam os temas e áreas e duas ações primordiais para o período de 2014 a 2017, através de votação (PREFEITURA....,2015).

Os temas a serem escolhidos e as áreas podem ser identificadas no Quadro 3 abaixo:

TEMAS ÁREAS

Desenvolvimento econômico e sustentável Meio ambiente, geração de emprego e renda, desenvolvimento econômico, educação e turismo.

Políticas sociais e afirmações de direitos Saúde, educação, desenvolvimento social, promoção social e cidadania, esportes, cultura, defesa do cidadão.

Desenvolvimento urbano e direito à cidade Planejamento urbano, obras e saneamento,

regularização fundiária, habitação, transportes, meio ambiente, serviços municipais e educação.

Administração eficiente e transporte, com democracia, participação e controle social

Administração, finanças, comunicação, direito à informação, conselhos municipais, educação, portal da transparência, e planejamento orçamentário participativo. Quadro 3 – Temas e áreas para debate do POP

Fonte: Prefeitura de São José dos Campos, 2015

O Quadro 3 é de extrema relevância para a implantação das políticas públicas, envolvendo todas as áreas de atuação da prefeitura para o desenvolvimento sustentável da cidade. Dentro dos temas e das áreas cada região relacionou o que seria primordial que fosse implementado pela prefeitura. E de acordo com isto a prefeitura escolheu os projetos com viabilidade técnica e financeira para incluir no PPA, na LDO e na LOA.

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