• Nenhum resultado encontrado

Definição 2.1.1. Dizemos que uma relação © em W é uma ordem admissível, se satisfaz as

seguintes condições para todo w1, w2, w3, w4 P W .

pbq w1 © w2 e w2 © w1 implica que w1  w2;

pcq w1 © w2 e w2 © w3 implica que w1 © w3;

pdq w1 © w2 ou w2 © w1;

peq Para cada cadeia de elementos em W da forma w1 © w2 © w3   , existem j P N e w P W ,

tais que wi  w para i ¥ j;

pfq w1 © w2 implica que w3w1w4 © w3w2w4; em outras palavras, © é compatível com a

multiplicação à esquerda bem como à direita.

Uma relação © em W satisfazendo os itens paq  pdq é dita ser uma ordem total em W . E uma ordem total satisfazendo o item peq é chamada uma boa ordem em W .

Se w1 © w2 e w1  w2, escrevemos w1 ¡ w2.

Segue da definição que uma boa ordem em W que satisfaz a condição pfq, isto é, que é compatível com a multiplicação, é uma ordem admissível.

Definição 2.1.2. A ordem lexicográfica¥Lexem W é definida da seguinte forma: Primeiramente,

assumimos que x1 ¥Lex x2 ¥Lex    ¥Lex xn. Sejam w1, w2 P W , dizemos que w1 ¥Lex w2 se

w1  w2w para algum w P W , ou se w1  wxi1w

1, w

2  wxi2w

2 para alguns w, w1, w2 P W e

algumas letras xi1, xi2 P X com i1   i2.

Note que a ordem¥Lex é uma ordem total em W . Agora, se |X| ¡ 1 temos que ¥Lex não

é compatível com a multiplicação, e também não é uma boa ordem. Portanto, não é uma ordem admissível. Por exemplo, x22 ¡Lexx2 mas x2x1 ¡Lexx22x1. Além disso, temos a seguinte cadeia

estritamente decrescente x2x1 ¡Lex x22x1 ¡Lex x32x1 ¡Lex   .

Algumas ordens admissíveis que serão necessárias no nosso estudo são as seguintes.

Definição 2.1.3. Definimos a ordem lexicográfica graduada ¥grLex em W , da seguinte forma:

para w, w1 P W dizemos que w ¥grLex w1 se degpwq ¡ degpw1q, ou se degpwq  degpw1q e

w¥Lexw1.

Definição 2.1.4. A ordem de eliminação ¥Elim é definida assim: sejam w, w1 P W , então

w¥Elim w1 se degxipwq ¡ degxipw

1q para algum i P t1, . . . , nu e deg

xjpwq  degxjpw 1q para todo j P t1, . . . , i  1u, ou se degx ipwq  degxipw 1q para todo i P t1, . . . , nu e w ¥ Lexw1.

Exemplo 2.1.5. Seja X  tx1, x2u. Então:

• x1 ¥Elim x22, dado que degx1px1q  1 ¡ 0  degx1px

2 2q.

• x32x1 ¥Elim x1x22, dado que degx2px 3 2x1q ¡ degx2px1x 2 2q e degx1px 3 2x1q  degx1px1x 2 2q.

• x1x22 ¥Elim x22x1, dado que degx1px1x

2 2q  degx1px 2 2x1q, degx2px1x 2 2q  degx2px 2 2x1q e x1x22 ¡Lexx22x1.

Definição 2.1.6. Dizemos que uma ordem admissível© é graduada se degpwq ¡ degpw1q implica

que w © w1.

Note que ¥grLex é uma ordem graduada, mas ¥Elim não o é.

Definição 2.1.7. Seja f P KxXyzt0u, então f pode ser apresentado de forma única como

f  c1w1    csws,

onde wkP W e ckP Kzt0u. Se wl  max

¡ twku então escrevemos

• lmpfq  wl, e chamamos wl de monômio líder de f .

• lcpfq  cl, e chamamos cl de coeficiente líder de f .

O monômio líder lmp0q e o coeficiente líder lcp0q não estão definidos.

Sejam f , f1, f2 P KxXyzt0u. Algumas propriedades do monômio líder que seguem facilmente

da definição, são as seguintes:

• Se f1 f2  0 então lmpf1 f2q ¨ maxtlmpf1q, lmpf2qu.

• Para w, w1 P W , tem-se que lmpwfw1q  w lmpfqw1. • lmpf1f2q  lmpf1q lmpf2q.

Agora, se M € KxXy é um submódulo à direita, definimos o semigrupo lmpMq  tlmpfq | f P M, f  0u

e o submódulo monominal à direita

LMpMq  xlmpfq | f P M, f  0y € KxXy. O módulo LMpMq é chamado de módulo monômios líder de M.

Exemplo 2.1.8. Consideremos F  Kxx1, x2, x3y, e ¡ a ordem ¡grLex.

Seja I0 € F o ideal bilateral dado por I0  xx1x2 x2x1, x1x3 x3x1, x2x3 x3x2y. Logo,

temos que lmpI0q  xx1x2, x1x3, x2x3y € W .

Considere agora I1  xx21 x1, x22 x2, x23 x3y. Assim, tem-se que lmpI1q  xx21, x 2 2, x

2 3y €

Consideremos agora o conjunto OpMq : W z lmpMq. Este conjunto fornece uma base linear do espaço F{M, de acordo com o seguinte resultado.

Teorema 2.1.9. Seja I € F um ideal. Então F  I ` Span

KpOpIqq, soma direta de espaços

vetoriais.

Demonstração. Primeiro vejamos que I X SpanKpOpIqq  t0u. Suponha f  0, tal que f P IX SpanKpOpIqq. Então lmpfq P lmpIq X OpIq  H. Portanto I X SpanKpOpIqq  t0u. O fato de que F  I SpanKpOpIqq segue do seguinte algoritmo:

Seja f P F , f  0. Se lmpfq P lmpIq, então existe gI P I tal que lmpfq  lmpgIq. Além

disso, dado que I é um ideal de F , podemos escolher gI de forma que lcpgIq  1. Defina então,

f1 P F , como sendo

f1  f  lcpfqgI.

No caso em que lmpfq R lmpIq, temos que lmpfq P OpIq, e defina f1 como sendo

f1  f  lcpfq lmpfq.

Note que, em ambos os casos, temos que f1  0 ou lmpfq ¡ lmpf1q, e tem-se que

f  f1 lcpfqh1,

onde h1 P I ou h1 P OpIq. Se f1  0, podemos fazer o mesmo procedimento para f1 e assim

temos que f1  f2 lcpf1qh2, onde f2  0 ou lmpfq ¡ lmpf1q ¡ lmpf2q. Logo,

f  f2 lcpfqh1 lcpf1qh2,

onde h1, h2 P I Y OpIq. Lembre que ¡ é uma boa ordem. Então, mediante a iteração deste

procedimento, existe n tal que fn 0, lmpfq ¡ lmpf1q ¡    ¡ lmpfnq, fn 1  0, e

f  lcpfqh1 lcpf1qh2    lcpfnqhn 1,

onde hi P I Y OpIq para 1 ¤ i ¤ n 1. Portanto f P I SpanKpOpIqq, como desejado.

Como consequências imediatas do teorema acima temos os seguintes resultados.

Corolário 2.1.10. Seja I € F um ideal.

(a) As classes módulo I dos elementos de OpIq formam uma base do K-espaço vetorial F {I. (b) Para cada polinômio f P F , existe um único polinômio ˆf P SpanKOpIq tal que f  ˆf P I.

Definição 2.1.11. Seja I € F um ideal. Dado f P F , o único polinômio ˆf P SpanKOpIq tal

que f  ˆf P I é chamado de forma canônica de f módulo I. Este polinômio ˆf é denotado por CanIpfq.

Observação 2.1.12. Sejam I € F um ideal e f, g P F .

(a) CanIpfq  CanIpgq se, e somente se, f  g P I,

(b) CanIpfq  0 se, e somente se, f P I.

Exemplo 2.1.13. Seja I0 como no Exemplo 2.1.8 e seja f  2x1x2x3 3x3x21. Calculemos

CanI0pfq seguindo o algoritmo na demonstração do Teorema2.1.9, isto é, dado fi P F escrevemos

fi 1 fi lcpfiqhi 1 onde hi 1P I0 quando lmpfiq P lmpI0q, ou no caso em que lmpfiq P OpI0q

então hi 1 P OpI0q. Portanto, existe r P N tal que

f  lcpfqh1 lcpf1qh2    lcpfrqhr 1  fI0 fˆ

com fI0 P I0, ˆf P SpanKOpI0q. Logo, ˆf  CanI0pfq.

Lembramos que I0  xx1x2 x2x1, x1x3 x3x1, x2x3 x3x2y e lmpI0q  xx1x2, x1x3, x2x3y.

Consideramos f  f0  2x1x2x33x3x21. Então, para f temos que lmpfq  x1x2x3 P lmpI0q.

Assim consideramos h1  x1px2x3 x3x2q P I0 e, neste caso escrevemos

f1  f0 lcpfqh1  2x1x3x2 3x3x21.

Para f1 temos que lmpf1q  x1x3x2 P lmpI0q. Logo, h2  px1x3 x3x1qx2 P I0 e

f2  f1 lcpf1qh2  2x3x1x2  3x3x21.

Seguindo este procedimento temos os seguintes: lmpf2q  x3x21 R lmpI0q, h3  x3x21 P OpI0q

f3  f2 lcpf2qh3  2x3x1x2.

lmpf3q  x3x1x2 P lmpI0q, h4  x3px1x2 x2x1q P I0

f4  f3 lcpf3qh4  2x3x2x1.

lmpf4q  x3x2x1 R lmpI0q, h5  x3x2x1 P OpI0q. Logo, f5  f4 lcpf4qh5  0.

Assim, temos que f  lcpf0qh1 lcpf1qh2 lcpf2qh3 lcpf3qh4 lcpf4qh5 onde h1, h2,

h4 P I0 e h3, h5 P OpI0q.

Logo, CanI0pfq  lcpf2qh3 lcpf4qh5  2x3x2x1 3x3x

2 1.

Documentos relacionados