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Os organismos a partir de 2002

No documento O IDT, IP no contexto do NPM e do PRACE (páginas 62-67)

CAPÍTULO 1: A POLÍTICA DA DROGA EM PORTUGAL

1.2. ORGANISMOS PÚBLICOS RESPONSÁVEIS PELA EXECUÇÃO DAS POLÍTICAS

1.2.2. Os organismos a partir de 2002

Com a tomada de posse do XV Governo Constitucional, a 06 de abril de 2002, anuncia-se a intenção de fundir, dada a sua complementaridade, o IPDT e o SPTT, criando, assim, um único organismo, sob tutela do MS, de resposta à toxicodependência (IDT, 2003b).

O propósito declarado surge plasmado em dois normativos, o DL nº 120/200299, de 03 de maio, e a Lei nº 16-A/2002100, de 31 de maio, e é concretizado com a publicação, a 29 de novembro, do DL nº 269-A/2002, no qual é determinada a criação do IDT no âmbito do MS. O IDT permitiu, assim, juntar num único organismo público toda a intervenção no combate à droga e à toxicodependência (IDT, 2003a), conforme se pode observar na Figura 8.

Figura 8 – O IDT como resultado da decisão de fusão entre o IPDT e o SPTT, nos termos definidos pelo DL nº 269-A/2002, de 29 de novembro.

IDT

SPTT IPDT

Fonte: Produzido pelo autor.

No Preâmbulo ao DL nº 269-A/2002, de 29 de novembro, são apontados dois motivos enquadradores para justificar a opção pela criação do IDT: (1) “no quadro de uma

organização administrativa racionalmente ordenada, impõe-se reconduzir a Administração Pública a uma dimensão adequada para poder nortear os seus serviços por princípios de qualidade e eficiência”101; (2) “o actual modelo organizativo na área da

99 “Aprova a Lei Orgânica do XV Governo Constitucional. Transitam da Presidência do Conselho de

Ministros para o Ministério da Saúde os serviços e os organismos com competências em matéria de prevenção e tratamento da toxicodependência” (IDT, 2003a: 9).

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“Primeira alteração à Lei nº 109-B/2001, de 27 de dezembro (aprova o Orçamento de Estado para 2002). Os serviços e organismos da administração central, incluindo os institutos públicos, na modalidade de serviços personalizados do Estado e de fundos públicos, que prossigam objetivos complementares, paralelos ou sobrepostos a outros serviços existentes ou cuja finalidade de criação se encontre esgotado, serão objeto de extinção, reestruturação ou fusão. No Ministério da Saúde serão fundidos o IPDT e o SPTT” (IDT, 2003a: 9).

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droga e da toxicodependência, onde coexistem duas instituições, o Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência e o Instituto Português da Droga e da Toxicodependência, tem dado sinais de falta de racionalização de meios e de ausência de uma coordenação que se exige simples e flexível”102.

O IDT tem como missão “garantir a unidade intrínseca do planeamento, da concepção, da

gestão, da fiscalização e da avaliação das diversas fases da prevenção, do tratamento e da reinserção no domínio da droga e da toxicodependência, na perspectiva da melhor eficácia da coordenação e execução das políticas e estratégias definidas”103.

As atribuições do IDT encontram-se definidas no art.º 5.º, capítulo II, do anexo ao citado diploma, as quais enquadram-se nos princípios orientadores tanto da ENLCD como do PANLCDT Horizonte 2004, cujo propósito era a coordenação e a execução das atividades constantes desses dois documentos (Dias, 2007).

A 12 de março de 2005 toma posse o XVII Governo Constitucional liderado por José Sócrates, cujo respetivo Programa “consagra como um dos seus objectivos tornar a

Administração Pública amiga da cidadania e do desenvolvimento económico”104, assim como, “estabelece (…) a sua determinação em reorganizar a administração central para

promover economias de gastos e ganhos de eficiência pela simplificação e racionalização de estruturas”105. A concretização deste propósito consubstancia-se com a publicação, primeiro, da RCM nº 124/2005, de 04 de agosto, que estabelece o PRACE, e, posteriormente, da RCM nº 39/2006, de 21 de abril, que “aprova, no âmbito do Programa

de Reestruturação da Administração Central do Estado, as orientações gerais e especiais para a reestruturação dos ministérios”106. Este último normativo consagra a manutenção do IDT,IP107.

Na sequência da operacionalização dos dois diplomas referidos é então publicada, através do DL nº 212/2006, de 27 de outubro, a nova Lei Orgânica do Ministério da Saúde. O diploma determina um reforço das competências do IDT,IP em resultado da absorção das atribuições até aí cometidas aos Centros Regionais de Alcoologia do Centro, Norte e

102 Cfr. o disposto no Preâmbulo do Decreto-Lei nº 269-A/2002, de 29 de novembro.

103 Cfr. o disposto no art.º 4.º, capítulo II, do anexo ao Decreto-Lei nº 269-A/2002, de 29 de novembro. 104 Cfr. o disposto no Preâmbulo da RCM nº 124/2005, de 04 de agosto.

105 Idem. 106

Cfr. o disposto no n.º 1 da RCM nº 39/2006, de 21 de abril.

55 Sul108. De acordo com a alínea e) do n.º 2 do art.º 26.º do mencionado decreto “são

extintos, sendo objecto de fusão (…) os Centros Regionais de Alcoologia do Centro, Norte e Sul, sendo as respectivas atribuições integradas no Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.”, o que ocorrerá formalmente com a publicação da Lei Orgânica

do Instituto, ou seja, do DL nº 221/2007, de 29 de maio (ver Figura 9).

Este normativo consagra a manutenção do “Instituto da Droga e da Toxicodependência,

que fora criado pelo Decreto-Lei nº 269-A/2002, de 29 de Novembro, e que passa agora a designar-se Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P., absorvendo as atribuições dos Centros Regionais de Alcoologia do Centro, Norte e Sul que são extintos”109. Ou seja, parafraseando o EMCDDA (2011: 21-22),

the Institute on Drugs and Drug Addiction (IDT) received an extended mandate for policy coordination to include the field of alcohol and is now responsible for the planning, management, monitoring and evaluation of prevention, treatment and rehabilitation for both drugs and alcohol.

Figura 9 – O IDT,IP como resultado da decisão de fusão entre o IDT e os CRA’s, nos termos definidos pelo DL nº 221/2007, de 29 de maio.

IDT

CRA's

IDT, IP

Fonte: Produzido pelo autor.

Esta opção política resultou da constatação de que a dimensão desta problemática superava o consumo de substâncias estupefacientes e psicotrópicas, denominadas ilícitas, estendendo-se também ao consumo de substâncias lícitas, pelo que era fundamental ter um organismo público, sob tutela do MS, dedicado exclusivamente ao estudo e combate desta problemática, no seu sentido mais amplo.

Assim, de acordo com o mesmo decreto, “o IDT, I.P., tem por missão promover a redução

do consumo de drogas lícitas e ilícitas, bem como a diminuição das

108

Cfr. o disposto no Preâmbulo do Decreto-Lei nº 212/2006, de 27 de outubro.

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toxicodependências”110. Ou seja, prossegue uma estratégia integrada de combate à droga e à toxicodependência e dos Problemas Ligados o Álcool (PLA).

Tendo como referência os princípios orientadores constantes do PNCDT 2005-2012 e o PACDT Horizonte 2008, o IDT,IP definiu como valores o humanismo, a integração de respostas, o pragmatismo, a territorialidade, a centralidade no cidadão, a qualidade das intervenções e a qualificação dos profissionais (IDT,IP, 2012b).

Com a criação do IDT,IP damos por finda a primeira parte do enquadramento teórico. De seguida iremos debruçar-nos sobre as reformas administrativas ocorridas em Portugal, tendo como referência o mesmo período temporal que serviu de base ao trabalho desenvolvido neste primeiro ponto. Refira-se que, na explanação que se segue, vamos também situar/ compreender o momento da criação do IDT,IP no contexto das reformas administrativas, em concreto, as que foram induzidas pelo PRACE.

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