• Nenhum resultado encontrado

O PRACE E O IDT,IP

No documento O IDT, IP no contexto do NPM e do PRACE (páginas 85-89)

CAPÍTULO 2: AS REFORMAS ADMINISTRATIVAS EM PORTUGAL

2.3 O PRACE E O IDT,IP

Tendo presente o raciocínio sequencial do presente trabalho este ponto específico deve ser entendido como o elo de ligação entre os dois corpos temáticos desenvolvidos ao longo destes capítulos: (1) a política da droga em Portugal; e, (2) as reformas administrativas ocorridas em Portugal.

119 De acordo com Rocha (2011: 157), para além do PRACE, fazem parte deste conjunto de reformas: a nova

lei dos vínculos, carreiras e remunerações (Lei nº 12-A/2008, de 27 de fevereiro); o código do trabalho em Funções Públicas (Lei nº 59/2008, de 11 de setembro); a redução das categorias e carreiras, cujas promoções e remunerações passam a estar dependentes da avaliação de desempenho; a reestruturação da avaliação de desempenho (Lei nº 66-B/2007, de 28 de dezembro); nova lei dos dirigentes (Lei nº 51/2005, 30 de agosto); a revisão do Estatuto Disciplinar (Lei nº 58/2008, de 09 de setembro).

76 De facto, a construção teórica explanada até este momento visa enquadrar e contextualizar o momento da criação do IDT,IP enquanto entidade responsável pela execução das políticas públicas portuguesas contra as drogas, lícitas e ilícitas, de 2007 a 2012, tendo como fatores de análise as opções tomadas, ao longo do tempo, de políticas públicas de luta contra as dependências e de políticas de Administração Pública.

Em momento anterior tivemos ocasião de situar a criação do IDT,IP no âmbito da evolução histórica das políticas públicas das drogas. Importa agora investigar/ compreender a criação do IDT,IP no quadro das reformas administrativas prosseguidas por Portugal, nomeadamente ao longo da primeira década do novo milénio, em concreto como consequência do PRACE.

O PRACE, instituído pela RCM nº 124/2005, de 04 de agosto, previa que o Programa decorresse em três fases subsequentes120: (i) fase do enquadramento estratégico; (ii) fase de avaliação e redefinição organizacional de estruturas e recursos da administração central; e, (iii) fase de execução.

Conforme o estipulado no mesmo diploma, o Programa, no plano técnico, seria conduzido por uma Comissão Técnica121, a qual deveria produzir um relatório final122 para a reestruturação da administração central.

De acordo com Bilhim et al (2006), autores do Relatório Final da Comissão Técnica do PRACE, a abordagem metodológica seguida para levar a cabo a missão definida pelo Programa baseou-se em duas condições base: (i) recolha exaustiva de informação de forma a reunir as condições que permitissem aferir, tão específico quanto possível, a missão de cada Ministério; e (ii) baseado na informação recolhida e trabalhada, recomendar, então, estruturas organizacionais habilitadas a cumprir eficaz e eficientemente a missão de cada Ministério. Ou seja, esta metodologia permitiu, desde logo, clarificar as missões, atribuições e competências das múltiplas áreas da Administração Pública, e, na sequência, estabelecer uma tradução orgânica das mesmas.

No prosseguimento dos trabalhos realizados no âmbito do PRACE é aprovada, a 30 de março, a RCM nº 39/2006, de 30 de março, o normativo que define as orientações gerais e especiais para a reestruturação dos ministérios123. Ou seja, com a publicação deste diploma o Governo dava por findo as duas primeiras fases definidas pelo PRACE, estando, assim,

120 Cfr. o disposto nas alíneas a), b) e c) do n.º 3 da RCM nº 124/2005, de 04 de agosto. 121 Cfr. o disposto na alínea a) do n.º 6 da RCM nº 124/2005, de 04 de agosto.

122

Cfr. o disposto no n.º 9 da RCM nº 124/2005, de 04 de agosto.

77 em condições de dar início à fase de execução do Programa, com a elaboração e posterior aprovação das leis orgânicas dos ministérios124. Seguir-se-ia, após análise das microestruturas atuais e dos recursos a elas afetos a apresentação de sugestões de reorganização dos serviços a apresentar aos membros do Governo em cada ministério125. No âmbito das orientações especiais a que deve obedecer a reestruturação do Ministério da Saúde, a RCM nº 39/2006, de 30 de março, decreta, sem prejuízo de avaliação visando a sua reestruturação, em fase imediata de cumprimento do PRACE, a manutenção do Instituto da Droga e da Toxicodependência, I. P. (IDT,IP)126. O normativo estipula também a manutenção dos centros regionais de alcoologia, embora passassem a funcionar na dependência das administrações regionais de saúde127.

Com a publicação do DL nº 212/2006128, de 27 de outubro, dá-se início à execução do PRACE no Ministério da Saúde, enformado pelas orientações que determinaram a reorganização dos serviços centrais para o exercício de funções de apoio à governação, de gestão de recursos, de natureza consultiva, de coordenação interministerial e operacionais129. Essas orientações consubstanciam-se na introdução de um novo modelo organizacional que tem por base a racionalização de estruturas, o reforço e a homogeneização das funções de suporte à governação, a aproximação da Administração Central dos cidadãos e a devolução de poderes para o nível local ou regional, tudo como parte integrante de um movimento de modernização administrativa que visa a melhoria da qualidade dos serviços públicos130.

O diploma legal referido confirmou a manutenção do IDT,IP, enquanto organismo integrado na administração indireta do Estado que prossegue atribuições no âmbito do Ministério da Saúde, sob superintendência e tutela do respetivo Ministro131. Refira-se que, com o propósito de simplificar a estrutura orgânica existente (do MS), o mesmo normativo determina um reforço das atribuições do IDT,IP através da absorção das competências até aí cometidas aos Centros Regionais de Alcoologia do Centro, Norte e Sul132. Neste sentido,

124 Cfr. o disposto no Preâmbulo da RCM nº 39/2006, de 30 de março. 125 Idem.

126

Cfr. o disposto no ponto xii) da alínea c) do nº 22 da RCM nº 39/2006, de 30 de março.

127 Cfr. o disposto no ponto xiv) da alínea c) do nº 22 da RCM nº 39/2006, de 30 de março. 128 Estabelece a Lei Orgânica do Ministério da Saúde em resultado do PRACE.

129 Cfr. o disposto no Preâmbulo do Decreto-Lei nº 212/2006, de 27 de outubro. 130 Idem.

131

Cfr. o disposto na alínea e) do n.º 1 do art.º 5.º do Decreto-Lei nº 212/2006, de 27 de outubro.

78 o normativo estipula a extinção por fusão dos Centros Regionais de Alcoologia do Centro, Norte e Sul, sendo as respetivas atribuições integradas no IDT, IP133.

A lei orgânica do IDT,IP é publicada em DR através do DL nº 221/2007, de 29 de maio. Deste modo concretiza-se o esforço de racionalização estrutural consagrado na Lei Orgânica do Ministério da Saúde. É definido, assim, o modelo organizacional do IDT,IP enquanto estrutura do MS, o qual está conforme as orientações definidas pelo PRACE e com os objetivos estabelecidos no Programa de Governo no que concerne à modernização administrativa e à melhoria da qualidade dos serviços públicos, com ganhos de eficiência134.

O IDT,IP é um instituto público integrado na administração indireta do Estado, dotado de autonomia administrativa e património próprio, que prossegue atribuições do MS sob superintendência e tutela do respetivo Ministro135. É um organismo central, com sede em Lisboa, que exerce a sua atividade em todo o território nacional e que dispõe de cinco serviços desconcentrados (ao nível das NUTS II136), designados por delegações regionais137.

133 Cfr. o disposto na alínea e) do n.º 2 do art.º 26.º do Decreto-Lei nº 212/2006, de 27 de outubro. 134 Cfr. o disposto no Preâmbulo do Decreto-Lei nº 221/2007, de 29 de maio.

135 Cfr. o disposto no n.º 1 e n.º 2 do art.º 1.º do Decreto-Lei nº 221/2007, de 29 de maio.

136 Abreviatura para Mapas do Nível II da Nomenclatura de Unidades Territoriais para fins estatísticos,

previstos no Decreto-Lei nº 317/99, de 11 de agosto.

79

CAPÍTULO 3: IDT,IP – IMPACTOS DA EVOLUÇÃO DOS RECURSOS, DOS

No documento O IDT, IP no contexto do NPM e do PRACE (páginas 85-89)