• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3 – CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

3.5 Organização e análise dos dados

A análise das informações foi realizada em consonância com os fundamentos da pesquisa qualitativa. Nessa abordagem, o processo construtivo-interpretativo das informações (GONZÁLEZ REY, 2005) pode ser realizado seguindo um desenho flexível em face da pluralidade de instrumentos, participantes e dados com base nas questões orientadoras da investigação.

Sendo assim, optamos, a priori, por sistematizar o processo de análise elegendo categorias sustentadas por Bogdan e Biklen (1994, p. 222-223), quando anunciam o “código

de contexto e de definição da situação”48 correlacionados com os focos de interesse dos objetivos específicos. Assim, elas se constituíram elementos descritivos e conceituais para a explicação dos achados da pesquisa em relação à implementação da auto-avaliação.

Para a descrição e interpretação dos dados, empregamos a proposta de triangulação das fontes nos termos de Yin (2005). Para esse autor, tal procedimento permite (YIN, 2005, p.125) “utilizar várias fontes de evidência” para a percepção das realidades múltiplas de um fenômeno.

Desse modo, foi possível construirmos uma teia de sentidos a respeito do fenômeno da implementação da auto-avaliação proposta pelo SINAES na UEG-UnUCSEH, por meio do entrelaçamento dos diferentes pontos de vista dos sujeitos que compõem comissão e núcleo e a não-comissão, dos dados expressos nos documentos e das inferências da pesquisadora, conforme a representação exposta na figura abaixo:

Auto-avaliação proposta pelo SINAES Documentos Pesquisadora Comissão e núcleos Análise Documental Entrevistas Não-comissão

Figura 1 – Arranjo das fontes para a triangulação dos dados

O tipo de triangulação aqui eleito sustenta-se na consulta a diversas bases de informação, como análise documental e entrevistas, para permitir a comparação de uma mesma informação por meio dos diferentes pontos de vista dos entrevistados e documentos. Esse procedimento se fez necessário haja vista o campo de auto-avaliação suscitar, em seu processo de implementação, diferentes concepções, interesses, propósitos e ações dos participantes.

48

As categorias elaboradas a partir do código de contexto e de situação consideraram as afirmações que os participantes fizeram, por escrito e/ou falado, a respeito do processo de implementação da auto-avaliação por eles vivenciado e de sua posição conceitual e valorativa em relação ao objeto em estudo.

O referencial interpretativo das informações foi construído com base na análise de conteúdo proposta por Franco (2005). Essa opção nos interessou por considerarmos as intenções e ações impressas nos registros da Unidade Universitária em estudo, conhecidos por meio da análise documental, bem como dos sentidos atribuídos pelos participantes do processo de auto-avaliação institucional.

A análise de conteúdo se constitui em um procedimento de interpretação efetivado por meio de um processo sistemático de interpretação. No primeiro momento, foram descritos os contextos para depois serem feitas as inferências de interpretação das questões específicas do problema investigado. Segundo Franco (2005, p. 16), esse tipo de análise busca compreender, explicitar, desvendar e fazer comparações a respeito do tema, relacionando-as para que “[...] as descobertas tenham relevância teórica”.

A unidade de análise temática, “auto-avaliação institucional”, foi utilizada no presente trabalho pelas razões sinalizadas por Franco (2005): as informações foram produzidas pelas representações sociais, conceitos, expectativas, atitudes e valores, entre outros, dos participantes.

Todo esse procedimento nos possibilitou compreender as descobertas de relevância teórica construídas no processo de implementação da auto-avaliação institucional na perspectiva dos seguintes pontos:

ƒ as estratégias adotadas para a implementação da auto-avaliação institucional e os sentidos atribuídos pelos participantes do processo vivenciado;

ƒ os fatores que facilitaram ou inibiram a implementação da auto-avaliação institucional numa perspectiva formativa;

ƒ a auto-avaliação como um instrumento para o aperfeiçoamento e desenvolvimento institucional;

ƒ as interfaces entre os documentos próprios da instituição e a proposta do SINAES, considerando ainda as respostas dos participantes nas suas diferentes posições e papéis sociais.

Em tal perspectiva, a análise de conteúdo desdobrou-se em duas dimensões singulares, porém interdependentes e complementares: as unidades de registro e as de contexto.

Nesta pesquisa, trabalhamos com a unidade de registro49 de cunho temático para a análise das seguintes informações: avaliação da educação superior, auto-avaliação institucional e avaliação formativa.

A discussão dessas unidades de registro situou-se em unidades de contexto50, pois, segundo Franco (2005, p. 44), é preciso especificar “[...] os contingentes contextuais em que as informações foram produzidas”. As unidades de contextos foram:

ƒ a comissão e o núcleo de avaliação institucional da UEG–UnUCSEH;

ƒ os pontos de vista dos docentes, discentes, gestores e técnicos administrativos não participantes de comissão a respeito do processo de implementação da auto-avaliação proposta pelo SINAES.

Os traçados desses caminhos metodológicos possibilitaram a realização da pesquisa conforme os propósitos aqui anunciados. As informações produzidas a respeito da implementação da auto-avaliação institucional na Unidade Universitária de Ciências Sócio- Econômicas e Humanas em Anápolis/GO serão apresentadas no próximo capítulo.

49

Nos termos de Franco (2005), a unidade de registro é a menor parte do conteúdo, cuja ocorrência é registrada de acordo com as categorias levantadas, podendo ser em forma de palavra, tema, personagem ou item.

50

De acordo com Franco (2005), as unidades de contexto são “o pano de fundo” que imprime significado às unidades de análise.

CAPÍTULO 4 – MEDIAÇÕES E TENSÕES NA AUTO-AVALIAÇÃO DA UEG-