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A – Quais as competências e atividades atuais do conselho?

Ator 1 – A primeira competência que eu vejo é a que eu me referi anteriormente, é uma competência normatizadora, ela é uma competência legislativa, vamos dizer assim, normatizadora. Nesse sentido, o conselho, ele tem que ter essa competência de normalizar a educação dentro do município, embora a situação esteja normatizada num amplo federal e no estadual, mas o município tem a sua especificidade, ela tem essa competência normatizadora. Ela tem essa competência também fiscalizadora, que é fiscalizar o poder executivo, no sentido de estar acompanhando o cumprimento da política educacional, e deve ter essa visão de Estado, visão de Estado e não de governo, são bem diferentes; a visão pública porque estamos

lidando com a educação pública e uma das referências para confecção dessa política pública. Eu vejo que é o plano municipal de educação, é através dele que você tem a política pública explicitada, o plano municipal de educação, e o conselho está muito ligado ao plano, porque acompanhar a execução desse plano é ao mesmo tempo propor e ter essa competência propositiva.

B – O conselho representa os anseios dos diferentes grupos da comunidade? Qual segmento da sociedade as políticas públicas municipais querem atingir? Quais as prioridades?

Ator 1 – A atual configuração do conselho, a gente pode assim pensar, ele representa os diferentes grupos da sociedade, mas eu acredito que para ele representar realmente os anseios de todos os membros da comunidade, eu acho que ele deveria ser mais representativo. Qual o seguimento da sociedade que as políticas públicas municipais querem atingir, eu penso que é aquele segmento que mais necessita da educação pública, no sentido de que a função do Estado é de promover um direito fundamental do cidadão, o direito à educação; esse direito à educação é um direito social, ele é um direito humano também, aí que entra a questão chave, fundamental, e quem deve prover esse direito é o Estado. Então, o conselho através do exercício das suas competências deve justamente atender, aliás, criar as condições para que o Estado possa atender e cumprir o seu dever. Eu acho que a prioridade é oferecer educação de qualidade, políticas públicas e municipais, oferecer educação de qualidade.

C – Quais os grupos que estão presentes, organizados e possuem maior influência na elaboração das políticas públicas municipais?

Ator 1 – Bom, nós temos as representações das diversas corporações, no caso, sindicatos, nós temos representantes do sindicato municipal, da APEOESP, da ODEMO. Entretanto, a gente percebe que havendo indicações desse segmento, eles são muito pontuais e corporativos, como, por exemplo, a representação do segmento das escolas particulares. Quando a gente foi normatizar a questão da data-base para entrada no fundamental dos seis anos, isso aí gerou muita polêmica, porque o representante municipal das escolas particulares queria que essa data-base seguisse orientação do estado, que era uma data-base de julho. Então são seis anos, podia ser cinco anos, mas desde que você fizesse seis anos em julho daquele ano, e aí o que prevaleceu foi justamente a normatização que já havia sido apontada pelo conselho nacional de educação, a data-base seguiria justamente o início do ano letivo, você tem seis anos, você tem o direito a se matricular; e isso eles viam, essa questão dessa discussão em tempo de perder aluno de escola particular para escola pública, então você tem muitas demandas

corporativistas. Agora os que mais, os que estão mais organizados e presentes, a gente tem dois supervisores que atuam: um diretor de escolas, coordenador da própria rede. Eles acabam reorganizando melhor porque eles estão mesmo na área, e acabam assumindo os trabalhos, porque o trabalho do conselheiro de normatizar, ele precisa produzir documentos para serem discutidos, porque administração, ela é pública, mas ela não é oral, ela é escrita; então para isso você tem que ter tempo, então seriam esses grupos mais organizados, embora o sindicato não deixe de fazer suas reivindicações corporativas e pontuais.

D – Os grupos organizam-se para discutir a pauta e propor ações para validar suas ideias? Existe acordo prévio antes da tomada de decisão? Como?

Ator 1 – Não, eu não percebo isso não, pelo menos o percentual de administração, eu já estou há um ano e meio e não tenho percebido, a pauta quem faz é a presidente de conselho. Normalmente ela não consulta os membros, ela deveria consultar os membros, mas ela faz a pauta, publica e a gente discute a pauta proposta, embora a gente já tenha feito intervenção. Ela tinha que fazer uma pauta mais discutida, preparada, mas o conselho, ele tem reuniões mensais de maneira sistemática e essa pauta ela tem que ser pública, ela tem que ser publicada, mas a gente não vê influência, no caso, para se discutir pauta. Então, a atual presidente, ela é supervisora de ensino, e até se for dizer que existe algum caso, pelo menos ela não conversa assim, não existe, ela encaminha normalmente. No início das reuniões, ela propõe justamente uma rodada para cada um falar, eu acho que nesse sentido também acontece essa democracia, embora ela não partilhe a pauta, mas ela, no primeiro momento, ela abre justamente para se fazer as discussões daquela pauta, naquele dia, e a gente gasta um bom tempo em preliminares, que eu acho até interessante, é a metodologia dela.

E – Existe autonomia nas decisões do conselho ou o grupo apenas referenda as propostas do executivo (prefeito ou secretária)?

Ator 1 – O que eu percebo é que essa autonomia está sendo construída, sobretudo nessa última gestão – 2009/2010. Os documentos de todas as decisões que o conselho tomou, a secretária homologou, procurou o diálogo e não houve ingerência por parte do executivo nas decisões do conselho, aliás, devo ressaltar que a atual secretária trabalha dentro de uma linha de parceria com o conselho, diferentemente de secretários anteriores. Eu acho que quem tem a ganhar é a própria rede o próprio sistema municipal e o próprio município.