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De acordo com Fonseca (2002), methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação. Ou seja, metodologia da pesquisa é o estudo da organização dos caminhos a serem percorridos, pode ser compreendida como um estudo dos métodos ou dos instrumentos necessários para a elaboração de um trabalho científico. É o conjunto de técnicas e processos empregados para a pesquisa e a formulação de uma produção científica, ou seja, é o balizamento seguro para que uma pesquisa tenha seus propósitos alinhados aos resultados, por meio da metodologia temos um alicerce para os pesquisadores.

Entendemos por metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sensibilidade). A metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias e está referida a elas.(...) Na verdade a metodologia é muito mais que técnicas. Ela inclui as concepções teóricas da

abordagem, articulando-se com a teoria, com a realidade empírica e com os pensamentos sobre a realidade. (MINAYO, 2007, p.14).

É interessante perceber, aqui, a diferença entre metodologia e método. A metodologia se dedica pela validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa. Portanto, não deve ser confundida com o conteúdo (teoria) nem com os procedimentos (métodos e técnicas). Dessa forma, a metodologia de cunho qualitativo e interpretativo vai além da descrição dos procedimentos a serem utilizados na pesquisa, no entanto, embora não seja a mesma coisa, teoria e método são dois fatores inseparáveis, "devendo ser tratados de maneira integrada e apropriada quando se escolhe um tema, um objeto, ou um problema de investigação". (MINAYO, 2007, p.44).

O ser humano é um ser histórico, em constante construção e reconstrução. O conhecimento possibilita o crescimento pessoal e, por sua vez, profissional de cada um de nós.

A partir do horizonte de sentido em que se situa a práxis histórica, a linguagem abre-se, por sua própria estrutura, a um diálogo de sujeitos na intenção de fundamentar criticamente um consenso à base de pretensões de validade diversas e fundamentáveis argumentativamente. Coloca-se como exigência fundante da práxis humana o reconhecimento universal de todos os homens em sua dignidade inalienável no horizonte da efetivação de um sentido radical: o sentido da emancipação humana. (MARQUES, 1990, p.95).

Tendo em vista que a construção, reconstrução e criticidade do conhecimento ocorrem nas relações entre as pessoas, podem ser identificadas diferentes formas de relacionamento no decorrer da história e interligado a isto diferentes metodologias de descobertas, quando a citação acima nos remete a questão de que é muito mais que técnicas, cabe salientar a motivação pessoal, as necessidades para não somente existir no mundo, e sim colaborar com a sua transformação para o bem comum, enfim outros caminhos, a emancipação humana.

Classificar e organizar são atividades cotidianas do ser humano, essas ações na esfera educacional facilitam o entendimento do raciocínio e ajudam o leitor e/ou pesquisador nos rumos das suas provocações e conceitualizações a serem formuladas.

A presente pesquisa foi realizada na Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas tendo em vista seu processo educacional, mais precisamente, a partir de uma análise de documentos internos da escola, o Projeto Institucional Pedagógico (PIP), o Perfil Profissiográfico dos Cursos, o Plano de Disciplinas (PLADIS) e os Projetos Interdisciplinares.

Nesta dissertação, a construção de sistemas de categorias da pesquisa foi centrado na análise das dimensões da formação - humana e técnica -, identificando cada formação nos documentos, com foco na questão do ser humano perpassando pelo contexto militar e a realidade educacional

civil. O significado mais amplo dos dados é obtido mediante seu cotejo com as teorias selecionadas para a fundamentação do trabalho, em Marques, Libanêo e Saviani pretendendo-se, assim, responder a problemática da pesquisa em torno de verificar aspectos formativos das dimensões humanas identificadas em documentos referentes à formação profissional dos Sargentos das Armas. Quanto à área do conhecimento definida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que é a principal agência destinada ao fomento da pesquisa científica e tecnológica e à formação de recursos humanos para a pesquisa no país, a presente pesquisa está situada na Grande Área 7: Ciências Humanas.

A realização do presente trabalho abrange recursos metodológicos distintos e complementares. Segundo a natureza da abordagem, trata-se de uma pesquisa qualitativa (Minayo, 2007), pois não se preocupa com números e suas estatísticas, entretanto tem o foco no aprofundamento da compreensão de um grupo social, neste caso de uma Organização Militar. Por sua vez, os sujeitos compõem a sua história, na perspectiva humana, e, nesse sentido, emerge a pesquisa interpretativa como um recurso metodológico, que pode se mostrar uma importante ferramenta de análise de dados, visto que: possibilita um olhar compreensivo para a inquietação da pesquisadora frente a uma realidade que lhe é familiar, entretanto pode vir a ser compreendida em novos níveis, a exemplo da dimensão humana subjacente a possíveis dados da pesquisa a serem construídos a partir da análise do contexto em estudo.

Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um único modelo de pesquisa para todas as áreas científicas, buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que deve ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas, nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não métricos e se valem de diversas abordagens.

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. O universo da produção humana que pode ser resumido no mundo das relações, das representações e da intencionalidade e é objeto da pesquisa qualitativa dificilmente pode ser traduzido em números e indicadores quantitativos. (MINAYO, 2007, p.21).

Na pesquisa qualitativa, segundo Gil (2010), o pesquisador é também o sujeito participante de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. Suas características são: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de

descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências.

Entretanto, o pesquisador deve estar atento para alguns limites e riscos da pesquisa qualitativa, tais como: excessiva confiança no investigador como instrumento de coleta de dados; risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo possa representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado, além de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo; falta de detalhes sobre os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas; falta de observância de aspectos diferentes sob enfoques diferentes; certeza do próprio pesquisador com relação a seus dados; sensação de dominar profundamente seu objeto de estudo; envolvimento do pesquisador na situação pesquisada, ou com os sujeitos pesquisados.

A metodologia de pesquisa foi norteada pela revisão bibliográfica, articuladamente a uma análise de documentos (Projeto Institucional Pedagógico, Perfil Profissiográfico, Plano de Disciplinas). Também, de Projetos Interdisciplinares desenvolvidos pelos alunos, que tratam de conhecimentos referentes à Instituição, Exército Brasileiro, para a obtenção do título de sargento aperfeiçoado.

Ao longo do processo da pesquisa, um procedimento metodológico que integrou o processo de construção e análise de dados foi o uso de relatos pessoais com vistas a descrever aspectos considerados relevantes para situar e contextualizar a realidade vivenciada na formação e prática profissional como pedagoga que hoje desempenha sua função educativa como militar. Por meio destas vivências busquei complementar a parte da pesquisa que abrangeu a análise documental, com foco nas minhas percepções e reflexões sobre as experiências formativas que acompanham as vivenciadas práticas, pois, como destaca Alarcão (2011, p. 49), o avanço no conhecimento sobre a formação e a prática pedagógica supõe a reflexão, sendo "preciso fazer um esforço grande para passar do nível meramente descritivo ou narrativo para o nível em que se buscam interpretações articuladas e justificadas, e sistematizações cognitivas".

Assim, quanto à natureza, uma das maneiras tradicionais de classificar as pesquisas, neste estudo, ele pode ser entendido como uma pesquisa aplicada, em que se objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos, envolvem interesses e verdades locais, pois está amparada em análise documental que enriquecem seus dados.

Outrossim, a pesquisa documental foi adotada como procedimento básico de pesquisa. Ela apresenta muitos pontos de semelhança com a pesquisa bibliográfica, entretanto a principal

diferença está na natureza das fontes. Quando se refere a uma pesquisa bibliográfica o material é elaborado por autores, já na documental o material a ser consultado é interno à Organização, podendo se tratar de documentos institucionais, pessoais, jurídicos, iconográficos e registros estatísticos. (GIL, 2010, p.31).

De acordo com objetivos traçados, trata-se, também, de uma pesquisa exploratória, que segundo Gil (2010, p.27), "têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses." Para que se possa avaliar a qualidade dos resultados da pesquisa, outros critérios metodológicos também se fazem necessários, como a classificação segundo os procedimentos dos dados, o delineamento, citando Gil (2010), em que: a pesquisa é balizada pela pesquisa bibliográfica, com referências pautadas na temática para auxiliar na conceitualização e amadurecimento das hipóteses, a coleta de dados envolvendo uma pesquisa documental entre o ambiente militar e civil e a interpretação e análise dos dados levantados para compor um confrontamento das realidades, num processo não linear nem estanque, mas por ciclos que se complementam.

O ciclo de pesquisa não se fecha, pois toda pesquisa produz conhecimento e gera indagações novas. Mas a ideia do ciclo se solidifica não em etapas estanques, mas em planos que se complementam. Essa ideia também produz delimitação do processo de trabalho científico no tempo, por meio de um cronograma. Desta forma, valorizamos cada parte e sua integração no todo. E pensamos sempre num produto que tem começo, meio e fim e ao mesmo tempo é provisório. Falamos de uma provisoriedade que é inerente aos processos sociais e que refletem nas construções teóricas. (MINAYO, 2007, p.27).

A pesquisa exige minúcia e perspicácia do pesquisador, ante à pretensão de responder ao problema e contando, no seu princípio, com a elaboração de hipóteses, que norteiam o processo de construção dos dados. Trata-se de verificar se as informações contribuem na produção fundamentada de respostas ao problema e às hipóteses, ou seja, se os resultados observados correspondem às ideias e argumentações esperadas, ou se emergem outras possibilidades ou até mesmo outras questões da pesquisa. Assim, o primeiro passo da análise das informações é a verificação do teor e significado a elas atribuídos, cientes de que a realidade é sempre mais complexa do que as hipóteses e questões elaboradas pelo pesquisador. Assim, a construção dos dados de forma rigorosa sempre traz à tona outros elementos ou outras relações não cogitadas inicialmente. Nesse sentido, a análise das informações tem uma segunda função, a de interpretar informações e fatos não cogitados, rever ou afinar as hipóteses, para que, ao final, o pesquisador seja capaz de propor modificações e pistas de reflexão e de pesquisas para o futuro.

Ao escolher esta organização metodológica da pesquisa, destaco como sua característica, a flexibilidade, pois analisam-se vários aspectos do problema com os delineamentos da pesquisa que iniciam pelo levantamento bibliográfico até a sua análise dos dados construídos.

3 A DIMENSÃO HUMANA NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA

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