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2.1 O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Montes Claros/ MG

2.1.2 Organização Pedagógica

As UET’s estão autorizadas a oferecer cursos com Habilitações Profissionais de Nível Médio, com possibilidades de saídas intermediárias, como Qualificação Profissional Técnica e Especialização Técnica de Nível Médio.

A Qualificação Profissional Técnica é oferecida como módulo com terminalidade dentro da estrutura curricular de um curso técnico. Ao concluir o módulo, o aluno obtém um certificado de Qualificação Profissional Técnica para exercício profissional ou continuidade de estudos.

Segundo informações da diretoria do SENAC, foi abolida dos planos de cursos a possibilidade de saída intermediária dos módulos que davam direito a uma certificação. O programa passa por reformulações e não tem data para retornar.

Entende-se por Especialização Técnica o aprofundamento de estudos ou a complementação de uma Habilitação Técnica de Nível Médio, destinada a oferecer novas competências aos alunos que já concluíram um curso técnico e que querem especializar- se em um segmento profissional. Essa especialização deve estar relacionada ao perfil profissional formado no curso técnico.

Outra possibilidade oferecida é a certificação profissional, que abrange a avaliação e certificação de competências profissionais, de estudos não formais e experiências no trabalho, visando ao aproveitamento para prosseguimento de estudos ou ao reconhecimento para fins profissionais. Para se obter a certificação, o requerente deve ter concluído o Ensino Médio e comprovar o exercício profissional de, no mínimo, 2 anos

85 em ocupação diretamente relacionada ao perfil profissional em que pretende habilitar-se (SENAC, 2014b).

Essa prática não é comum no SENAC Montes Claros, de acordo com a direção dessa UET. O aproveitamento de experiências é algo muito complicado, e as equivalências com as disciplinas ofertadas nos cursos técnicos são difíceis de ser identificadas. Outro ponto é que, normalmente, a experiência profissional está concentrada em uma etapa do processo, o que torna indispensável a frequência em todos os módulos, para que o aluno desenvolva as competências necessárias para se tornar técnico. Essa informação contrapõe-se à ideia proposta pelo regime de acumulação flexível que prega que a força de trabalho deve estar apta a participar de todas as etapas da produção. Essa UET atribui a não procura por esse tipo de aproveitamento à falta de conhecimento sobre essa possibilidade. Os aproveitamentos de estudos são feitos de um curso já realizado para o que se pretende cursar.

O Regimento Escolar Unificado das UET do Estado de Minas Gerais permite que os alunos possam solicitar aproveitamento de estudos realizados, no limite de 5 anos, nas seguintes situações:

a) Qualificações Profissionais Técnicas (etapas ou módulos concluídos em cursos de educação profissional técnica de nível médio).

b) Cursos de FIC, com carga horária mínima de 160h.

c) Outros cursos de educação profissional técnica que foram realizados no trabalho ou em cursos superiores de graduação.

d) Instituições devidamente credenciadas por meio de processos formais de certificação profissional.

Os cursos técnicos são organizados por Eixos Tecnológicos, um conjunto articulado de atividades voltadas ao “aprender a pensar, aprender a fazer e aprender a ser e à mobilização e articulação de conhecimentos, habilidades, valores, emoções e tecnologias, possibilitando o desenvolvimento de competências e a construção de diferentes itinerários formativos18” (SENAC, 2014b).

Os Eixos Tecnológicos possibilitam um trabalho interdisciplinar, o que promove maior integração do corpo docente em planejar ações voltadas às demandas da

18Conjunto de cursos de diferentes níveis de complexidade tecnológica, que compõem o portfólio de ofertas

de uma dada escola, organizado a partir do levantamento das demandas locais de profissionalização por segmento profissional. É o percurso de formação de escolha do aluno, numa perspectiva de educação continuada (SENAC, 2009b).

86 comunidade local. Cada um desses eixos possui um núcleo politécnico, que pretende romper com o modelo de educação centrado no “fazer” e enfatizar o permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva, possibilitando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (SENAC, 2009a).

Quanto à avaliação da aprendizagem escolar, o SENAC adota dois tipos: a diagnóstico-formativa e a certificativa.

A diagnóstico-formativa tem a função de fornecer informações contínuas e progressivas sobre a aprendizagem escolar e a evolução do ensino, possibilitando identificar o estágio de desenvolvimento dos alunos em relação à aquisição dos conhecimentos, habilidades e valores previstos no Plano de Curso e no Plano de Trabalho de cada Componente Curricular. Permite, ainda, detectar os problemas e dificuldades relacionados a essa aquisição, com o objetivo de nortear a sequenciação das atividades curriculares e o planejamento de intervenções didático-pedagógicas específicas para a superação das dificuldades identificadas. A certificativa tem a função de atestar as competências desenvolvidas nos Componentes Curriculares dos Módulos e legitimar a promoção de um Módulo curricular a outro e a conclusão do processo de formação oferecida pelo curso (SENAC, 2014b).

Para aprovação, são adotados conceitos pontuais a partir de indicadores de eficiência e eficácia19:

CD: Competência Desenvolvida: conceito atribuído ao aluno cujo desempenho nas atividades avaliativas evidencie a aquisição dos conhecimentos, habilidades e valores explicitados nos indicadores de eficiência e eficácia estabelecidos para a competência avaliada. Acrescentam-se a esse conceito os níveis que estabelecem quais saberes o aluno tem capacidade de exercer em atividades explicitadas nos indicadores de eficiência: nível A (utiliza saberes de natureza básica, complementares e mais complexos; nível B (utiliza saberes de natureza básica e complementares); C (utiliza saberes de natureza básica).

CED: Competência em Desenvolvimento: conceito atribuído ao aluno que se encontra em processo de desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e valores necessários à competência definida para o Componente Curricular. No desempenho desse

87 aluno, evidenciam-se alguns indicadores de eficiência definidos para a competência avaliada, enquanto outros necessitam de novas oportunidades de aprendizagem.

CND: Competência ainda Não Desenvolvida: conceito atribuído ao aluno que, após a realização das atividades de recuperação paralela e final do Componente Curricular, ainda não desenvolveu a(s) competência(s), não tendo sido evidenciado em seu desempenho todos os indicadores de eficiência definidos para a competência avaliada. São considerados aprovados os alunos que obtiverem o conceito CD em todas as competências que integram determinado componente curricular (disciplina), além de 75% de frequência; e não aprovados aqueles que obtiverem conceito CND.

Os módulos são avaliados pelos alunos a partir dos seguintes itens: a) Curso/ Componente curricular/ Disciplina: avaliação direcionada para os conteúdos abordados, carga horária e material didático; b) Instrutor/ Orientador de curso: são avaliados aspectos como relacionamento, pontualidade, didática, assistência aos alunos. Os professores que, na avaliação, obtiverem menos de 80% de satisfação são acompanhados, de forma mais próxima e individualizada, no próximo módulo que ministrarem, pela supervisão pedagógica. Outros aspectos como infraestrutura e avaliação geral do curso/ disciplina também são contemplados.

Entendidos a estrutura, organização e funcionamento do SENAC, faz-se necessário relacionar essa educação profissional às mudanças no mundo do trabalho.

Para isso, apresentaremos uma discussão teórica acerca dos modos de produção baseados no taylorismo/fordismo e toyotismo, e depois a formação profissional realizada pelo SENAC Montes Claros/ MG dentro desses dois modelos.

89 CAPÍTULO III - DO TAYLORISMO/ FORDISMO AO TOYOTISMO