• Nenhum resultado encontrado

Este estudo se caracterizou como sendo de natureza descritiva, com uma abordagem pautada por um esforço epistemológico, orientado por uma perspectiva hermenêutica. Partindo da afirmação de Popper (1973), de que somente pode ser científico o que pode ser discutível, o objetivo central desse estudo se apresenta na direção de compreender o trabalho docente na Educação Superior no processo de formação inicial em EF. Para tal, a abordagem das questões orientadoras desse estudo foram subdivididas em três capítulos, articulados entre si, que pretenderam possibilitar maiores condições de profundidade nas argumentações de sustentação das discussões propostas, conforme a seguir.

Capítulo I – “Formas-de-ser” da Educação Física brasileira contemporânea…

O primeiro capítulo apresenta de forma concreta, o início da construção dessa tese, discutindo o conhecimento ao qual se refere a EF contemporânea, onde é possível considerar que diferentes interpretações do campo tem levado a diferentes “formas-de-ser” da EF brasileira. O objetivo deste capítulo se apresentou na perspectiva de identificar o conhecimento que vem se edificando na EF contemporânea, bem como, estabelecer relações com o trabalho docente nos processos de formação inicial em EF.

Esta foi a forma que encontrei para me apropriar do tema referente ao conhecimento da EF na contemporaneidade, no sentido de “cercar” o tema específico da pesquisa. Desta maneira, se tornou relevante alargar o pano de fundo que sustenta esse estudo. Assim, foi desenvolvido neste capítulo, um aprofundamento teórico que contribuiu decisivamente para uma maior compreensão dos fenômenos abordados.

Esse processo se deteve na investigação de referências veiculadas no âmbito da EF, ou mesmo fora dela, que apresentassem interesse em discutir a própria EF, ou seja, referências com pretensões epistemológicas. Nesse momento investigativo, a discussão tentou compreender o conhecimento que vem constituindo a EF brasileira,

partindo de uma reflexão sobre seu desenvolvimento, do debate epistemológico a esse respeito e das relações/ influências/conseqüências desse processo para com o campo da EF.

Este capítulo do estudo foi desenvolvido principalmente nos anos de 2007 e 2008, por meio de um aprofundamento teórico, que segundo Demo (1991, p. 30),

[...] assume o papel de incentivo à pesquisa, na condição de propedêutico, ou seja, como instrumento fundamental para construir a capacidade de construir conhecimento. Sendo conhecimento construtivo fator instrumental das inovações na sociedade e na economia, a questão da ciência, da pesquisa e do conhecimento adquire relevância particular na formação dos alunos e passa a figurar entre os desafios essenciais do sistema educacional como um todo. Penso que isso proporcionou maior propriedade para abordar as questões centrais deste estudo, ao me situar de forma crítica frente aos elementos que vem constituindo o que se denomina na contemporaneidade como sendo “Educação Física”. Ao abordar o trabalho docente na Educação Superior no processo de formação inicial em EF, torna-se condição sine qua non, para maior balizamento das discussões que serão realizadas, compreender de forma mais profunda, “que campo é esse?”, com todo o cuidado que tal questão exige.

Ao perceber a importância de compreender o próprio campo da EF, procuro investir na idéia de que compreender bem “que campo é esse” pode permitir operar com maior discernimento no exercício da docência em seu interior.

Para tal, foram construídas algumas categorias, conforme tópicos específicos desse capítulo. Inicialmente, procuro estabelecer nexos entre filosofia e ciência, discutindo uma (possível) identidade epistemológica para o campo da EF, protagonizando um diálogo com diferentes interpretações da EF brasileira, que chamei de diferentes “formas-de-ser” da EF contemporânea. Tencionando possibilidades de dialogo entre diferentes abordagens da EF, procuro neste capítulo, situar a EF como uma “zona de fronteira” entre as ciências humanas e sociais e ciências biológicas e da saúde. Após, introduzo a hermenêutica como um campo de possibilidades de diálogo para a EF, finalizando este capítulo com a apresentação do que denominei de quatro teses (não) conclusivas.

Desta maneira, pretendi discutir de forma mais consistente, o conhecimento que vem constituindo o campo da EF brasileira,

estabelecendo nexos com trabalho docente e a Educação Superior, tema abordado de maneira mais concreta no Capítulo II.

Capítulo II – Docência no processo de formação inicial em Educação Física: problematizando o trabalho docente e seu entorno.

No segundo capítulo, com o pretexto de avançar na discussão desenvolvida no capítulo I, são apresentados elementos para discutir o trabalho docente na Educação Superior no processo de formação inicial em EF. Os objetivos deste capítulo foram: a) Investigar sobre como têm sido tratadas as demandas da docência na Educação Superior no processo de formação inicial em EF; b) Sistematizar elementos importantes para discutir o trabalho docente neste âmbito; c) Problematizar o trabalho docente na Educação Superior no processo de formação inicial em EF. A fim de arregimentar maiores elementos nesta discussão, foi realizado um trabalho de campo entre julho de 2009 e março de 2010, desenvolvido no contexto da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e da Unochapecó (Universidade Comunitária da Região de Chapecó2).

As discussões deste capítulo se desenvolveram de forma bastante intensa, visto terem sido ‘concluídas’ no contexto da cidade do Porto (Portugal), onde realizei um estágio sandwich de quatro meses na Faculdade do Desporto (FADEUP) da Universidade do Porto (UPORTO), entre dezembro de 2009 e março de 2010.

Tal período de imersão nos estudos da tese pôde proporcionar um processo interpretativo mais aprofundado, visto que, os esforços investidos na reflexão e discussão dos ‘achados’ do trabalho de campo foram realizados com exclusiva disponibilidade de tempo. Da mesma forma, as relações estabelecidas com a realidade portuguesa e outras realidades européias (alemã e italiana, principalmente, onde realizei duas imersões bastante significativas, compreendendo melhor como as pessoas pensam e vivem nestes dois países), promoveram um olhar “de fora” que, sem dúvida, contribuiu intensamente com as discussões

2 Nesse momento, cabe um destaque inicial, para referendar um esclarecimento sobre as IES comunitárias. As IES comunitárias configuram-se como uma universidade pública, não Estatal, sem financiamento público, de gestão privada. Ao não ter um “dono”, se constrói sob a lógica da sustentabilidade, e não sob a lógica do acúmulo de capital. Entendo que se torna importante ressaltar o importante significado destas IES em regiões periféricas, onde a articulação de lideranças da comunidade possibilitou a educação superior fazer parte do contexto de regiões desprivilegiadas, muito antes da ampliação do número das IES privadas ou da recente expansão das IES públicas federais.

pretendidas. Este momento se construiu a partir da continuidade dos pressupostos estabelecidos no capítulo I, abordando diretamente as questões orientadoras desse estudo, agora com maior número de elementos referentes ao trabalho docente na formação inicial em EF.

Capítulo III – Reflexões e contribuições para o trabalho docente no