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1 O compositor

2.5 A Orquestra Sinfônica da USP

A Universidade de São Paulo foi fundada em 1934, com a junção de 5 faculdades já existentes em São Paulo e em 1945, foi formada na universidade a Orquestra Universitária de Concertos da Universidade de São Paulo. Esta orquestra era formada por músicos amadores das mais variadas carreiras.

Figura 34 – Orquestra Universitária de Concertos da Universidade de São Paulo, sob regência do Maestro León Kaniefsky (1948)

Por sua natureza, a Orquestra Universitária de Concertos não tinha ensaios diários. A maior parte do repertório necessitava de adaptações, executadas pelo seu regente titular, Maestro León Kaniefsky (1897-1975), doutor em engenharia química, formado pela USP. Existem registros de atividade desta orquestra até o ano de 1953.

A criação da Orquestra Sinfônica da USP é conexa à criação do curso de graduação em música e da Escola de Comunicações e Artes. No final da década de 1960, o Maestro Olivier Toni, ex-aluno de Guarnieri, e que havia idealizado e criado a Orquestra Sinfônica Jovem Municipal e a Escola Municipal de Música em São Paulo, apontava a necessidade da existência de uma orquestra e de um curso de música dentro da USP.

Assim, durante o ano de 1970 foram formulados os cursos de Teatro, Artes Plásticas e Música, que entraram em funcionamento no ano seguinte. Em 1972, foi autorizada a implementação de uma orquestra, pela reitoria da USP, com liberação de verba e apoio do Governo do Estado.

Este primeiro modelo de orquestra seria voltado para fins didáticos, gerido pela Escola de Comunicações e Artes, com o Maestro Olivier Toni, a frente do projeto, acumulando assim, a função de professor do curso de música, criado na instituição em 1970.

Ao longo de dois anos a orquestra foi planejada, até que em 1974 foi institucionalizada a Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo, que entrou em funcionamento no ano seguinte. Segundo Leite (2013), o fato de o curso de graduação em música não dispor de alunos em número e especializações suficientes para compor uma orquestra fez com que o plano original do Maestro Olivier Toni fosse transformado de uma orquestra didática ao invés de uma orquestra de perfil profissional.

“Com a criação da Orquestra Sinfônica da USP, consegui realizar um sonho antigo, o de ter uma orquestra própria para trabalhar, não com subalternos, mas com amigos, como em família. Uma orquestra é como um organismo humano, só tem bom desempenho quando age harmoniosamente.” Camargo Guarnieri em (VERHAALEN, 2001).

Figura 35 – Camargo Guarnieri em frente à sede da Orquestra Sinfônica de Chicago em 1973, no dia em que regeu um concerto, o qual teve como solista a pianista Laís de Souza Brasil

Para o cargo de Regente Titular e Diretor Artístico, o reitor da USP à época, Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, nomeou o Maestro Camargo Guarnieri, e para regente assistente, o Maestro Ronaldo Bologna, ex-trompista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo e professor da USP. Guarnieri aceitou o novo desafio, visto que no ano anterior havia se aposentado de seu trabalho no Teatro Municipal de SãoPaulo.

Figura 36 – Da esquerda para a direita, a pianista Laís de Souza Brasil, Camargo Guarnieri, Flávio Marotta Rangel e o reitor da USP Orlando Marques de Paiva, no concerto inaugural da Orquestra

Sinfônica da USP, em 1975

Segundo Verhaalen (2001) a situação de ser diretor artístico de uma nova orquestra, onde seria possível executar sua música, incentivou Camargo Guarnieri a novos desafios, como escrever para o novo grupo. Desde então diversas obras foram escritas e estreadas pela Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo, a OSUSP.

No início a OSUSP era formada por alguns músicos egressos de outras orquestras profissionais de São Paulo, como a Orquestra Sinfônica Estadual, (atual OSESP) e a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (OSM), além de outros jovens músicos em início de carreira e profissionais advindos de outros estados, e do exterior, como foi o caso dos spallas Cussy

de Almeida de Recife e Elias Slon da Argentina. Foi construído um auditório na Cidade Universitária, para sediar a nova orquestra.

Figura 37 – Camargo Guarnieri regendo o concerto de estreia da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo em 1975

Ao ser contratado, Guarnieri passou a percorrer diversas cidades e estados em busca de músicos dispostos a prestar concurso para uma nova orquestra, que ofereceria o maior salário dentre os conjuntos sinfônicos àquela época.

Camargo Guarnieri dirigiu a Orquestra Sinfônica da USP de 1975 até 1993. Após seu falecimento, a orquestra passou a ser dirigida pelo Maestro Ronaldo Bologna, até 2001. Durante sua permanência à frente da OSUSP foi lançado um CD em 1996 e realizada uma turnê pela Alemanha.

Entre 2002 e 2008 o grupo foi dirigido pelo maestro Carlos Moreno, que implantou o Projeto Academia, onde jovens recém-ingressos na carreira poderiam trabalhar ao lado dos profissionais da OSUSP. Através deste projeto a OSUSP passava a contar com sopros e percussão, visto que o grupo, apesar de constar a palavra “Sinfônica” no nome, sempre fora uma orquestra de cordas.

Até a implementação do Projeto Academia, eventualmente eram convidados sopros e percussão para executar determinadas obras. Nesta época a orquestra executou as sinfonias de Brahms e Tchaikowski, os choros

de Camargo Guarnieri, sinfonias de Beethoven e as Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos. Foi gravado um CD em comemoração aos 30 anos da OSUSP (2005) e a orquestra recebeu o Prêmio Carlos Gomes como “Melhor Orquestra do Ano”, (2006).

Entre 2009 e 2011 o grupo foi dirigido pela maestrina Ligia Amadio. A partir de 2012, devido a uma reformulação artística e administrativa, a orquestra passou a ser dirigida por um conselho, tendo os maestros Wagner Polistchuk e Ricardo Bologna como regentes principais, contando ainda com vários regentes convidados.

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