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Os ambientes e a realização das entrevistas

morais, crenças, mitos, etc [ ]”.É o conhecimento acessível à maioria dos indivíduos e de

7 CONSTRUÇÃO DO DSC: CONSIDERAÇÕES

7.2 Os ambientes e a realização das entrevistas

Seguem as descrições dos ambientes onde foram coletados os discursos dos bibliotecários que participaram deste estudo na mesma ordem de realização das entrevistas.

6 de março. Cheguei à escola antes do horário marcado. A

escola é nova e ocupa três prédios. Assim que cheguei pude observar a presença de alguns trabalhadores na quadra de esportes. Da parte externa da escola, pude notar também, a atmosfera tranquila, o jardim bem cuidado. Essa atmosfera permanecia à medida que me aproximava do primeiro prédio. Entrei. Parei em frente à recepção para pedir informações. Perguntei pela bibliotecária às duas funcionárias que ali estavam. Após perguntar meu nome, uma delas disse-me que eu estava sendo aguardada na biblioteca, e me orientaram o caminho. Não foi difícil encontrá-la. A biblioteca está no segundo piso do primeiro dos três prédios ocupados pela instituição. Abri a porta da biblioteca e deparei-me com um grupo formado por três pessoas, que, de pé, ocupava uma das mesas. Cumprimentei-o acreditando que a bibliotecária fizesse parte dele. Afinal, fazia algum tempo que eu não a via. O grupo me olhou surpreso, mal retribuindo o cumprimento. Avancei um pouco mais para o interior da biblioteca, quando, então,

avistei a bibliotecária. Nós nos cumprimentamos e não deixei de notar nela satisfação em me receber. Ela me convidou para sentar numa cadeira em frente a sua mesa. Sentei-me. Conversamos brevemente sobre amenidades e passamos então, a tratar sobre este estudo. Falei sobre a relevância da sua colaboração nele. Informei e apresentei o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), ela leu e o assinou. Comentei sobre a necessidade de obter informações mais específicas quanto a sua formação, à biblioteca e à instituição, entregando-lhe documento próprio para esse fim, que ela preencheu e o assinou. Na biblioteca, além da bibliotecária e eu, havia apenas aquelas três pessoas, que, depois de certo tempo, se retiraram. Era sexta-feira e a biblioteca estava tranquila. As sextas não há agendamento para a hora do conto. É dia de o bibliotecário se dedicar ao planejamento e às atividades técnico-administrativas da biblioteca; por isso a entrevista naquele dia. Pedi à bibliotecária que passasse a Carta de Apresentação ao diretor da instituição, sugerindo que ocupássemos uma das quatro mesas destinadas aos usuários para dar início à entrevista. Testei o gravador e começamos. Procurei deixá-la bem à vontade para que a entrevista fluísse. No entanto, da primeira ao início da segunda resposta percebi que ela estava meio tensa, mas aos poucos, foi se soltando. Por duas vezes a entrevista foi interrompida. Numa a bibliotecária foi solicitada, por um grupo de pessoas que procurava a chave da sala de vídeo; noutra foi com o barulho da sirene anunciando término e início das aulas. Fora isso a entrevista transcorreu sem transtornos. Durante a minha permanência naquele espaço não me interessei em observar o acervo da biblioteca, nem detalhes quanto ao espaço físico. Eu me interessava mais em verificar como as pessoas frequentavam o ambiente, como chegavam e saiam dele e como a bibliotecária procedia, apesar de poucos terem procurado o espaço naquele dia. Mesmo assim foi possível observar a integração dessa profissional com os que lá chegavam. A forma amistosa com que se correspondiam e a satisfação dela em integrar aquela instituição eram evidentes. Falou-me com satisfação do desempenho dos alunos obtido no último vestibular e de quando é reconhecida e cumprimentada por alunos fora da escola. Mas, ali, naquele ambiente, foi impossível deixar de notar que o espaço físico da biblioteca da instituição é pequeno; de aproximadamente 70m². Nela havia 4 mesas com 4 cadeiras cada, a mesa da bibliotecária, com uma cadeira e outra destinada ao atendimento (entrevistas de referência ou algo do gênero). Havia também, uma mapoteca parafusada à parede.

Nela os mapas estavam enroladinhos; uma forma de driblar pequenos espaços. Logo na entrada, duas estantes encostadas à parede abrigavam o acervo de referência. O acervo geral ficava próximo às mesas. Havia um microcomputador, acredito que para consulta dos alunos à internet, mas naquele momento pareceu-me estar desligado. Havia outro microcomputador ao lado da mesa da bibliotecária, acredito que para uso exclusivo. Vi o cantinho destinado à hora do conto. Numa das duas paredes próximas a ele, havia uma estante e nela caixas contendo gibis e livros. Na outra havia um painel de pano confeccionado em Patchwork onde a bibliotecária coloca livros em exposição. No chão havia um tapete emborrachado em E.V.A. onde as crianças se espalham, acredito, para ouvir histórias. Mesmo pequeno, o espaço físico da biblioteca é climatizado, agradável e organizado. A distribuição dos móveis define a distribuição das pessoas no ambiente, de acordo com os seus interesses (hora do conto, acesso à informação on-line, às estantes, solicitação de informações junto ao bibliotecário, elaboração de trabalhos; outros) e o espaço do profissional para a realização de suas atividades; tudo harmoniosamente integrado. Concluída a entrevista, conversamos mais um pouco. A bibliotecária me mostrou um pouco da biblioteca e da escola, mas sem sairmos do primeiro prédio.

18 de março. Ao chegar à instituição me apresentei ao

funcionário que controlava o acesso das pessoas às instalações. Ele me indicou o trajeto que me levaria à biblioteca. Agradeci e segui em frente. Logo, à direita, havia um grupo formado por pequenos alunos que brincava no parquinho. A escola possui três prédios: um térreo, onde funciona a recepção, a direção e o setor administrativo; e mais dois, cada um com três andares onde estão distribuídas as salas de aula, a cantina, a sala de informática etc. A biblioteca se localiza no terceiro piso do segundo prédio. No térreo desse prédio há um pátio que abriga uma cantina onde os alunos podem ocupar mesas e cadeiras e até mesmo ficarem de pé, para conversar, fazerem seus lanches. Além da biblioteca, o prédio abriga salas de aula, serviço de orientação pedagógica, sala de informática e outros. Subi seis lances de escada e cheguei à biblioteca. A porta dela estava aberta e entrei. Nela havia três pessoas, mas a bibliotecária não estava ali. No entanto, logo em seguida ela chegou. Nós nos cumprimentamos e nos acomodamos numa das seis mesas existentes no local. Escolhemos uma bem próxima a uma grande janela das duas existentes ali. Após cumprir as formalidades relacionadas a este estudo, testei o gravador e passamos à entrevista, que transcorreu

dentro do previsto. O entra e sai de pessoas, característico de uma Biblioteca Escolar, foi bem pequeno, apenas cinco entraram e se acomodaram para ler. O espaço físico da biblioteca é pequeno. Menor do que a do contexto anterior, mas é bem organizado e bem iluminado. Toda a mobília é nova, feita sob medida, com exceção das mesas e cadeiras, novas, mas não sob medida. As seis mesas, quadradas, com quatro cadeiras cada, estavam tão próximas umas das outras, tão apertadas, que deixavam transparecer que o uso de todos os lugares ao mesmo tempo, senão, impossível, gera desconforto aos que fazem uso deles. Instalada no terceiro piso, as grades existentes nas duas grandes janelas oferecem segurança aos que frequentam o local. O barulho vindo do pátio invadia todo o ambiente da biblioteca, incomodando os que lá estavam (alunos, bibliotecária, professores e esta pesquisadora). Como os demais funcionários, a bibliotecária trajava um dos modelos de uniforme adotado pela instituição; uma maneira de demarcar as diferentes funções exercidas por seus funcionários. Durante a entrevista percebi que ao discursar a bibliotecária não me olhava. Enquanto ela falava o seu olhar focava numa estante de livros de literatura que ficava à sua frente. Sentadas uma ao lado da outra, mas em diferentes lados da mesa, apenas quando eu fazia as perguntas é que ela virava a cabeça em minha direção. Talvez, uma maneira de se concentrar. Também percebi certa ansiedade na bibliotecária, trazida, quem sabe, pelos desafios detectados naquele ambiente, como o de sentir-se pouco valorizada. Contudo percebi nela, uma enorme vontade de investir em mudanças, na realização de novas atividades que “chamem” tanto alunos quanto professores para o espaço da biblioteca. Percebi isso não apenas nos seus discursos, mas na maneira como explora o mural existente no interior da biblioteca, e com o movimento trazido por ela com a “Semana da Poesia” que mobilizou toda a escola, por exemplo. Foi por conta dessa atividade que precisei esperar por mais de uma semana para entrevistá-la. Talvez, por conta da necessidade da bibliotecária interagir com os demais da escola, foi que, ao chegar, não a encontrei na biblioteca. Acredito que para que as coisas aconteçam na biblioteca/escola é preciso que os profissionais “corram atrás”. No caso específico dessa biblioteca significa que a bibliotecária precisa, também, subir e descer três andares, ou seis lances de escada.

18 de março. Extraordinariamente, essa terceira entrevista

ocorreu fora do ambiente de atuação profissional da entrevistada. Isto se deu em função de a bibliotecária estar afastada da instituição para tratar

do mestrado, e deste acontecer em município diferente de onde se localiza a biblioteca onde atua. A entrevista ocorreu, então, na biblioteca do CED/UFSC, em Florianópolis, uma das bibliotecas setoriais que integra o Sistema BU-UFSC, onde combinamos nos encontrar às 18 horas desse dia. Ao chegar ao local, notei que ela me aguardava. A biblioteca do CED estava bastante cheia, mas deu pra escolher uma mesa mais ao fundo, onde nos acomodamos. Testei o gravador a fim de verificar a potencialidade do mesmo, pois tínhamos que falar baixo durante a entrevista para não incomodar os usuários da biblioteca que ali estavam. Sentamos uma ao lado da outra. Apresentei as razões do estudo, e que o nosso compromisso com o mesmo seria selado pelo Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE). Assinei este documento e passei-o a ela, que, após fazer a leitura o assinou, imediatamente. Tomada essa providência, solicitei-lhe que respondesse o questionário (Anexo 4), com qual buscava conhecer o seu perfil profissional e da instituição/biblioteca a qual estava vinculada. Como a entrevista se deu fora do contexto profissional da entrevistada, pelas razões expostas anteriormente, a Carta de Apresentação ao diretor da instituição foi dispensada. Mesmo distante do seu ambiente profissional, as questões apresentadas seguiram o Roteiro de Perguntas. Portanto os termos “nesta instituição” e “nesta biblioteca” não se referiram à biblioteca do CED/UFSC, mas ao local de trabalho da entrevistada. Durante a entrevista ficamos muito próximas uma da outra e nos olhávamos constantemente. Em alguns momentos tive a impressão de haver certa cumplicidade entre nós, quer pela proximidade e/ou familiaridade com o objeto da pesquisa - a pesquisa escolar; ou, quem sabe, pela consideração mútua. Isso aconteceu durante toda a entrevista, que transcorreu bem, e que mesmo distante do contexto relatado, possibilitou conhecê-lo através dos discursos da bibliotecária. Ficou evidente o entusiasmo da dela com o trabalho em Biblioteca Escolar, bem como a compreensão de que os desafios são superados com a participação de todos que atuam na escola através do diálogo. Ao concluir essa conversa, agradeci a colaboração da colega. Como nas entrevistas anteriores, não consegui desligar o gravador e, simplesmente, me despedir. Permanecemos mais um pouco no local da entrevista. Ali, conversamos sobre a nossa profissão e a do professor; sobre a biblioteca e a atuação do bibliotecário; sobre o GBAE/SC, o mestrado e sobre o aprendizado que o profissional obtém, quando atua, participa, noutras

esferas além do exercício profissional. Saímos juntas da biblioteca do CED/UFSC e logo após nos despedimos.

20 de março. Cheguei à instituição por volta das dezenove

horas e dez minutos. Por problemas com o transporte cheguei nela com duas horas de atraso. A instituição é enorme e se localiza em município ao norte do Estado. Nela foram entrevistadas duas colegas bibliotecárias. Ao chegar, busquei, junto ao fiscal de pátio, informação quanto à localização da biblioteca. Ele não me disse onde ficava a biblioteca, mas indicou o caminho da recepção onde eu poderia obter essa informação. Eu me apresentei na recepção. Por telefone a funcionária falou para a bibliotecária que eu havia chegado. Ela desligou o telefone e então, me indicou o caminho de acesso à biblioteca. Segui suas orientações. Estava escuro e havia muitos alunos transitando pelos corredores. Sem nenhuma dificuldade logo avistei a biblioteca. De seu interior resplandecia uma luz branca, destacada no escuro da noite. Entrei e, do hallzinho onde havia dois conjuntos de armários guarda- volumes e a catraca, constatei que o ambiente estava repleto de estudantes. Ao fundo, numa sala com divisórias de vidro, avistei as bibliotecárias. Procurei colocar a pouca bagagem que carregava num dos guarda-volumes, mas não obtive sucesso; o espaço era pequeno. Nesse instante as bibliotecárias me avistaram e uma delas veio em minha direção, liberando o acesso à bagagem. Nós nos abraçamos e pedi desculpas pelo inconveniente do atraso, principalmente porque isso obrigaria uma delas a permanecer por mais tempo no local de trabalho até a conclusão da entrevista. Isto porque as entrevistas precisariam ser realizadas naquele recinto profissional e em separado, ou seja, uma por vez. Definido a primeira a ser entrevistada a acompanhei até outra sala para dar início ao trabalho. No entanto ao testar o gravador e ajeitar o ambiente para a entrevista, ele começou a ser procurado por funcionários da biblioteca, visto que por este setor as pessoas têm acesso ao banheiro da biblioteca. Voltamos, então, à sala das bibliotecárias ficando decidido que, enquanto uma fosse entrevistada, a outra ficaria em outro local. E assim seguiram-se a primeira e a segunda entrevista. A primeira entrevistada e eu nos acomodamos numa mesa redonda. Sentei- me de frente para o salão principal da biblioteca, de onde observava o movimento dos freqüentadores ao local através de uma parede envidraçada. A minha frente e de costas para esse salão se encontrava a quarta entrevistada deste estudo. Testei novamente o gravador. Apresentei a bibliotecária as razões do estudo e o TCLE. De forma

resumida disse que esse documento selava compromisso bilateral, e resguardava a identificação da instituição a que está vinculada, e a dela própria. Após assinar esse documento passei às suas mãos a Carta de Apresentação, ficando a mesma de apresentá-la ao diretor da instituição; uma maneira de mostrar a ele que as bibliotecárias da instituição estão colaborando com esta investigação, que estão pensando e falando sobre a pesquisa que acontece naquela escola. Após, solicitei à bibliotecária que preenchesse o formulário, no qual buscava conhecer seu perfil profissional e da instituição. Cumpridas as formalidades, antes de iniciar a entrevista, comentei que a bibliotecária ficasse à vontade e que procurasse se esquecesse do gravador. Às dezenove horas e trinta e cinco minutos demos, então, início à entrevista. No começo a entrevistada mexia e olhava muito para as próprias mãos e anéis. Percebi certo nervosismo, mas ele foi desaparecendo à medida que a conversa avançava. Ainda, no início, a entrevista foi interrompida por uma professora que abriu subitamente a porta da sala onde estávamos. Ela queria saber da bibliotecária se a Revista Cláudia, era ou não considerada periódico; uma dúvida, disse ela, surgida em sala de aula. A bibliotecária respondeu que sim, é um periódico. A professora agradeceu, pediu desculpas pela interrupção, e saiu fechando a porta. Retornei ao Roteiro de Perguntas e seguimos a entrevista sem mais interferências. Posicionada de frente para o salão principal, enquanto a bibliotecária falava eu testemunhava um grande fluxo de pessoas, na maioria alunos da graduação, que freqüentavam a biblioteca durante aquela noite. Enquanto uns chegavam, outros saiam. No balcão de empréstimo duas funcionárias estavam a postos. A biblioteca ocupa uma área considerável se comparada com outras bibliotecas escolares que visitei, mas talvez seja pequena para o quantitativo de alunos dos três níveis de ensino (Fundamental, médio/profissionalizante e Superior) oferecidos pela instituição. Na biblioteca, os setores são bem demarcados a começar pela sala das bibliotecárias. Há o Setor de compras, o de recreação, o de leitura, o setor com o acervo de livros e, acima desse, um mezanino com sala de informática e cabines de estudos. Há o setor de periódicos e um hall com catraca, sendo que antes dela há blocos com armários guarda-volumes, com chave. Observei, ainda, que no recinto há duas máquinas de fotocópias; uma junto ao balcão de empréstimo e outra na sala das bibliotecárias. A entrevista ocorreu de forma amistosa, e enquanto acontecia pude perceber através do seu discurso o compromisso da profissional com a instituição, com

os usuários e a sua preocupação para que no futuro a pesquisa seja trabalhada na escola e na Educação Básica. Ao final agradeci a colaboração da bibliotecária que pareceu ter ficado bastante satisfeita por ter sido ouvida. Apesar de eu ainda, precisar entrevistar a sua colega, permanecemos ali por mais alguns instantes, conversando sobre questões relacionadas à nossa área de atuação - a Biblioteca Escolar. Após, a bibliotecária se afastou procurando a outra colega para avisar que a sua vez havia chegado. Logo, sua colega apareceu na sala, e me pareceu estar bastante cansada. Nós nos acomodamos e antes de iniciar a entrevista, apresentei à bibliotecária, as formalidades, quanto ao título e tema da pesquisa, bem como o TCLE, o formulário cujo objetivo é levantar o perfil da instituição/biblioteca e profissional. Ela leu e assinou o TCLE, preencheu, datou e assinou o formulário Perfil dos

entrevistados e das instituições/bibliotecas, conforme mostra o anexo

4). Como as duas entrevistadas trabalham nessa instituição, apenas uma cópia da Carta de Apresentação foi deixada para ser entregue, por elas, ao diretor. Documento que eu já havia deixado com a primeira entrevistada. Essa entrevista ocorreu no mesmo local da entrevista anterior, porém desta vez a entrevistada 5 e eu sentamos uma ao lado da outra. Ao iniciar a entrevista observo pelo olhar da colega certo ar de preocupação. Ou será de cansaço, devido ao avançar da noite? A entrevista fluiu gostosamente. A fala pausada da entrevistada ajudou, e muito, no momento da transcrição da entrevista, quando digitada. Também percebi nesta entrevistada uma grande preocupação com a pesquisa e de que seu perfil estar voltado a este tipo de trabalho e não ao processo técnico pelo qual é responsável. Muito ponderada e consciente do seu papel na instituição, realiza o trabalho de processo técnico e o concilia com outras funções surgidas com a demanda. Sabe que a instituição tem um objetivo, que está ali para ajudar a alcançá-lo, mas acredita que a intervenção do profissional que atua naquele espaço pode trazer mudanças, porque a biblioteca não oferece ainda, o ideal, que é o de orientar o usuário no acesso à informação. Ao final da entrevista agradeci a colaboração da colega e ficamos conversando um pouco mais sobre Biblioteca Escolar. Em seguida, despedindo-me da primeira entrevistada, afastei-me da instituição acompanhada da segunda. Naquela noite permaneci em Criciúma, retornando à Florianópolis no dia seguinte.

1º de abril. Nesse mesmo dia, pela manhã, agendei entrevista

Procurei chegar um pouco mais cedo. Por volta das treze horas e quarenta e cinco minutos, já me encontrava na escola. Na recepção, perguntei pela bibliotecária. A funcionária me questionou se eu sabia como chegar à biblioteca. Respondi que sim e fui liberada para entrar. Atravessei o pátio. Ele estava repleto de crianças e de pais que deixavam os filhos para as aulas daquela tarde. O espaço da escola é pequeno, bastante colorido e cuidadosamente mantido, inclusive os jardins e as árvores frutíferas e ornamentais. Pude constatar, pelas mudanças que sofreu desde a última vez que estive no local para uma das reuniões do GBAE/SC, que a escola passou por reformas. Quando cheguei à biblioteca, havia três crianças ocupando uma das três mesas. Elas realizavam um trabalho com cartolina, tesoura e cola. A bibliotecária estava sentada na terceira mesa que ficava bem próxima à parede dos fundos da biblioteca. Mesmo estando sentada de costas para a porta, foi possível reconhecê-la. Ela conversava com uma funcionária que, diferente dela, trajava jaleco branco e sentava-se a sua frente. Entrei e me aproximei das duas. A bibliotecária me apresentou à pessoa com quem conversava. Disse-me que de um tempo para cá, passou a ir à