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Capítulo III Narrativas Visuais Sobre a Indústria e o Trabalho

3.5 Os Boletins do Departamento Estadual do Trabalho

Alguns números do Boletim do Departamento Estadual do Trabalho – DET – também foram analisados, devido à vinculação direta da publicação ao tema principal da pesquisa, a indústria e o trabalho no estado de São Paulo entre fins do século XIX e início do XX. Criado pelo Decreto no. 2071, de 5 de julho de 1911, o departamento foi apresentado da seguinte forma no relatório referente aos anos de 1910-1911 pelo o secretário Antonio de Pádua Salles:

O Departamento Estadoal do Trabalho veio enfeixar todos os serviços até então mantidos para facilitar ao immigrante como ao operariado nacional os meios de se collocarem com segurança e bem assim, para, a exemplo das nações mais adeantadas, manter em constante estudo tudo o que interessa ao melhoramento das condições do trabalho.

O departamento Estadoal do Trabalho abrange pois: - A Directoria, a Seção de Informações, a Hospedaria de Immigrantes e a Agencia de Collocação.

Na Secção de Informações deve-se fazer o estudo methodico das condições do trabalho do Estado; o estudo das medidas tendentes a melhorar as condições do trabalho, quer quanto ás leis e regulamentos quer quanto á natureza dos serviços, horas de trabalho, salarios, épocas de pagamentos e meios de assistencia; a estatistica da população operaria; a organização e publicação de um boletim trimensal, contendo informações, estatísticas e notícias das medidas legislativas com referência ao trabalho [...]150

A importância e atuação da repartição, como mediadora e regulamentadora das relações de trabalho e imigração e até mesmo na gestação de normas e legislação trabalhista são o cerne da pesquisa de Marcelo Antonio Chaves. O historiador sublinha a importância da circulação da informação escrita neste período como:

[...]o principal meio de formação de opinião naquela sociedade, na qual relativamente poucas pessoas eram habilitadas na leitura de textos, fato que, certamente, se configurava como elemento importante entre os mecanismos de poder [...] Ainda que os boletins e relatórios oficiais produzidos se utilizem de discurso mais formal e técnico e atinjam um público mais restrito – setores da burocracia estatal ou não –, não podemos deixar de

considerar que se trata de um público seleto e com grande poder de formação e informação.151

Desta forma, inserido numa lógica de publicações oficiais, o Boletim do Departamento Estadual do Trabalho configura-se como um espaço interessante para a observação do discurso do Estado sobre o trabalho, fabril ou não. Além disso, ao destacar a relevância da circulação de informação escrita, com destaque para grupos sociais específicos, também é possível refletir acerca da eloquência das narrativas visuais, nesta e em outras publicações do período, certamente mais democráticas em termos de acesso e leitura do que a escrita.

De forma consonante com o documento apontado anteriormente no qual o próprio secretário da agricultura enfatiza a função da Secção de Informações no momento de sua fundação, Chaves também destaca o pioneirismo desta seção do Departamento. O autor caracteriza a iniciativa como “a moda dos dados e sua funcionalidade”, e reforça “o destaque do papel estratégico e pioneiro do DET como produtor de informações cruciais para o planejamento e formulação de políticas governamentais”152. Entretanto, a análise dos documentos da Secretaria lança outra perspectiva em relação a seu vanguardismo, sem invalidar a importância da seção pertencente ao Departamento. Apesar de o DET ter sido pioneiro no que se refere às estatísticas de acidentes de trabalho e levantamento detalhado de informações sobre as indústrias de diversos setores instaladas em São Paulo – visto que era uma repartição dedicada ao tema –, o levantamento de informações como estratégia para políticas públicas já era prática arregimentada da Secretaria. Além disso, a estratégia de levantamento de dados quantitativos alinhava-se à lógica cientificista e racionalizante do século XIX. A “moda da funcionalidade dos dados” apontada por Chaves pode ser equiparada à afirmação feita por Maria Inez Turazzi ao analisar as exposições universais em torno da prática da “ilustração através dos números”153 própria do período. Mais uma vez reforça-se a ideia de que o recolhimento de dados era ecessário para orientar as diretrizes a serem traçadas e, mais do que uma prática apenas da Secretaria e seus departamentos, testemunha uma maneira de pensar e organizar a atuação pública no período da qual o registro fotográfico também faz parte, tanto como coleta de informações quanto como instrumento de divulgação das mesmas.

151 CHAVES, Marcelo Antonio. A trajetória do Departamento Estadual do trabalho de São Paulo e a mediação das relações de trabalho (1911-1937): aspectos da formação do direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2012. p.68

152 CHAVES op. cit. p. 81-83 153 TURAZZI. op. cit. p.81

Para o Boletim do DET manteve-se o mesmo limite temporal da pesquisa, mas sua publicação tem início apenas em 1912, ou seja, no período de três anos, tem-se um conjunto de 14 edições154 que somam 92 imagens155. Sua lógica de produção, publicação e relação das imagens com o texto aproximam-se muito dos relatórios da SACOP expostas anteriormente. Assim, dentre as principais funções ou tipologias elencadas nestas imagens estão: aquelas que registram as dependências do Departamento e da Secretaria (Fig. 128, 129, 130 e 131); as atividades sob seu encargo (Fig. 33, 133, 134 e 135) e as de aplicação e técnica (Fig. 136, 137, 138 e 139) igualmente descritas no item anterior.

Fotografias Tipo I – Apresentação das Dependências

(Figura 128)

154 O Boletim do DET era trimestral, apesar de alguns números terem sido editados em conjunto, manteve- se a numeração, que faz referência trimestres correspondentes.

155 Em comparação ao volume destes 14 números, as imagens correspondem a cerca de 7% do total de páginas.

(Figura 129)

Nesta fotografia é interessante notar que além do ângulo diagonal e inferior, que se assemelha aos aspectos formais das imagens de edificações públicas como exposto na análise acerca dos reatórios anuais da Secretaria da Agricultura, o fundo da foto foi apagado. Esta edição concede ainda mais imponência ao prédio além de orientar o olhar do observador.

(Figura 131)

Fotografias Tipo II – Registro de Atividades

(Figura 133)

(Figura 135)

Fotografias Tipo III – Aplicação e Técnica

Além disso, figuram no Boletim imagens que são reproduções de fotografias pertencentes a publicação de um relatório belga sobre segurança do trabalho156. Elas foram publicadas aos pares, ocupando metade da página cada – o que difere das características típicas de tamanho e formato daquelas reproduzidas pela secretaria em seus periódicos – e apresentam diversos aparelhos e técnicas para a melhoria das condições e redução de acidentes de trabalho. (Fig. 138, 139 e 140). Essa observação vai ao encontro do apontamento de Chaves de que “os acidentes de trabalho são o foco obsessivamente

privilegiado pelo DET”157. Estas imagens podem também ser entendidas como de uso

prático, visto que trazem técnicas e equipamentos acompanhadas de informações relativamente detalhadas para que pudessem ser aplicadas ao cotidiano. Porém, destacam- se das demais por manifestarem pela primeira vez a preocupação com a saúde e segurança do trabalhador ou de seu ambiente de trabalho.

(Figura 137)

156 Boletim do Departamento Estadual do Trabalho. No. 6, 1913. P. 190 "As photographias que publicamos neste número do Boletim pertencem ao magnífico relatório de 1911 da inspeção do trabalho da Belgica."

(Figura 139)

Por fim, foram observadas fotografias que se dedicam ao registro de negócios particulares, ou seja, que não tratam de realizações ou são fruto de incentivos do Estado. Elas correspondem a cerca de 1/5 do total de imagens fotográficas publicadas nos Boletins. Apesar de parecer à primeira vista um dado pouco relevante, estas fotografias são as primeiras representações de espaços particulares a figurarem nestas publicações governamentais. (Fig.140, 141, 142, 143 e 144).

Tipo IV - Fotos de Espaços Privados

(Figura 141)

(Figura 143)

(Figura 144)

Assim, estas imagens são representativas da atitude do poder público de ingresso no âmbito privado da produção que está fortemente ligada à atividade do DET. Nos relatórios da SACOP as únicas fotos que não referiam-se a espaços públicos, eram

as relativas aos núcleos coloniais, nas quais, apesar da terra ser do colono, as imagens representavam também um projeto público; e as relativas ao relatório sobre a produção de café na América Espanhola, em que foram adquiridas imagens de fazendas particulares.

A prática de levantamento de informações por meio de inquéritos às fábricas, há muito reivindicada por funcionários do governo e intelectuais, foi posta em prática de forma sistematizada pelo departamento e motivou conflitos e debates em relação aos limites de atuação de poder público. Isso se deu pelo fato de que, pela primeira vez, ele buscou adentrar no espaço privado, o que não apenas iria de encontro à prática liberais ortodoxas ao observar-se o campo teórico, como também eram vistas com extrema desconfiança pelos proprietários, que temiam aumento de impostos e tentativas de interferência do poder público acerca da relação com os trabalhadores. Chaves aponta que:

Esse mundo fechado das pequenas e grandes fábricas, até então denunciados episodicamente pelos trabalhadores, foi enxergado através das fendas abertas pelas inspeções do DET. Pode-se legitimamente questionar os limites do campo de visão dos burocratas daquele departamento, que eram admiradores confessos do ‘progresso’ sob a forma capitalista, em vista de ambientes que, certamente, eram previamente maquiados pelos administradores das empresas. Podemos ter certeza dos silêncios dos relatos e dos recônditos das fábricas deles ocultados. Mas não podemos deixar de nos surpreender com informações que, às vezes, nos impressionam pelo nível de detalhamento.158

Embora seja possível que estas imagens tenham sido fornecidas pelos proprietários, isso não exclui a possibilidade de que possa ter havido registro realizado por parte do Estado, ou seja, ele poderia ter entrado no âmbito privado e realizado o registro fotográfico dos espaços. Ademais, mesmo que produzidas com as intenções e estratégias apontadas no excerto acima, seriam representantes de um discurso visual produzido pela burguesia industrial e incorporado pelo governo estadual em sua publicação.

Outro fato digno de nota é a repetição, no Boletim do DET, de diversas fotos anteriormente publicadas em alguns dos Relatórios Anuais da Secretaria de Agricultura, mas com legendas diferentes, mais especificamente ligadas aos assuntos de interesse da publicação, o que pode significar a apresentação das atividades e espaços que ficaram sob seu encargo e, ao mesmo tempo, reforça a hipótese do uso protocolar de imagens nos documentos oficiais. Além disso pode-se notar que, em muitos dos casos, as fotos aparecem com uma nova marcação que não estava presente quando da reprodução

anterior, o que corrobora a ideia de organização de um acervo por parte da pasta, e mesmo do poder público, assim como a consolidação de uma necessidade protocolar de publicações de fotografias neste tipo de periódico que dialoga pois, pode ser inspirada e as ter como referência, com o uso de imagens nos catálogos das exposições universais.

Considerações Finais

A análise de um discurso construído por meio de imagens fotográficas, produzidas ou reunidas pelo poder público estadual e publicadas em relatórios e boletins oficiais de uma pasta de grande alcance – como era a Secretaria da Agricultura neste período – e de institutos e repartições a ela subordinados, com destacada atuação e proximidade aos assuntos da vida econômica e social, demostra, simultaneamente, a importância das fotografias como agentes e vetores de narrativas e o intento do poder público de consolidar-se como narrador nessa construção visual. Além disso, reforça que havia a preocupação por parte do Estado de incorporar ferramentas e linguagens modernas em sua atuação.

Em um momento no qual o poder público estadual ainda se estruturava como ator político e necessitava legitimar sua autoridade centralizadora, a prática do registro fotográfico contribuiu para que sua atuação se fizesse sentir por meio da divulgação das atividades exercidas pela máquina pública, com as frequentes imagens das funções mantidas pela Secretaria; promoveu as potencialidades do estado perante as outras unidades da federação e países estrangeiros, a partir da produção e circulação das publicações oficiais, tanto os relatórios e boletins como obras criadas especificamente para circulação internacional, e do envio de imagens – integrantes do vasto acervo iconográfico formado pela SACOP – para exposições e feiras internacionais; e incentivou a entrada de braços e capitais imprescindíveis às atividades econômicas, ao demonstrar “as condições materiais e moraes do nosso Estado” 159, conforme apontou o secretário Antonio Cândido Rodrigues em 1901. Além disso, levou figuras e símbolos de imponência do poder oficial às mais diferentes localidades em suas imagens de autoridades, prédios públicos e também por meio de indivíduos que, a serviço do estado, percorreram vastos territórios, incumbidos de realizar os registros fotográficos; bem como entrou nos ambientes fabris privados por meio das fotografias recebidas (ou produzidas) pelo DET.

Na narrativa construída, pôde-se também ver os pontos que eram mais caros ao projeto de modernização econômica estatal em moldes europeus que pretendia abarcar todas as esferas e atividades: o aumento da competitividade do café por meio da coleta de dados acerca da produção dos países concorrentes e da melhoria das técnicas de plantio e das plantas desenvolvidas nas instituições de pesquisa e ensino; o incentivo à

diversificação da lavoura em multiplicidade de culturas, com a introdução de novos gêneros agrícolas, e em formato de produção, com a ocupação das terras devolutas por famílias de colonos; a realização de obras de infraestrutura como os canais em Santos, barragens, canalização de rios na capital, construção de grupos escolares e presídios; a melhoria nas condições de trabalho, especialmente o urbano e a diminuição de acidentes envolvendo operários.

Além disso, a prática intensiva de registro fotográfico corroborava a modernidade dos métodos utilizados pelo estado, ocupado por homens da ciência, para realizar tal projeto. A partir da observação de publicações da Secretaria da Agricultura, foi possível depreender que a utilização de imagens fotográficas teve início precisamente em instituições científicas, como no caso do registro de processos experimentais com plantas – para acúmulo de dados e posterior divulgação (Fig. 124 e 12)160 A primeira, em uma linguagem muito próxima à tradição de gravuras botânicas, dedica-se a mostrar em detalhes o aspecto de uma flor de café em boas condições, fruto do cruzamentos de espécies em busca de mudas mais eficientes para o plantio, conhecimento certamente valiosa para a principal indústria do estado, a cafeicultura. A segunda, que em outro contexto poderia ser interpretada como um retrato de um garoto, dedica-se, de fato, à promoção de outra possibilidade de cultura que poderia contribuir para a diversificação da lavoura no estado, entendida no período como uma das soluções mais modernas para os problemas do setor produtivo paulista. Nela, a criança serve, assim como foi a régua da fotografia do cafeeiro, como elemento que fornece a escala ao observador.

Aos poucos a prática se difundiu por outros departamentos, tornando-se até mesmo um protocolo deste tipo de periódico e durante longo período as fotografias foram imprescindíveis nos documentos oficiais. Desta forma, estes documentos continham uma narrativa, organizada e controlada pelo poder público estadual que conferia-lhe poder como ator e contribuíam para a efetivação de sua proposta política. Aproximando-se de tradições anteriores e em diálogo com publicações repletas de imagens do período – como os catálogos de exposições e feiras universais – a representação de autoridades em retratos individuais ou in loco, próximas a importantes obras ou incumbências da pasta também foi frequente nas páginas dos boletins e relatórios (Fig. 5 e 115)161. Homens bem vestidos aventuraram-se por canteiros de obras e, nas mais adversas situações, foram registrados junto a seus feitos, o que suscitava ares de

160 Imagens apresentadas, respectivamente, nas páginas 171 e 32. 161 Imagens apresentadas, respectivamente, nas páginas 27 e 165.

importância para ambos os retratados, concedia prestígio intelectual ao indivíduo e legitimidade ao objeto ou atividade.

Iniciativas particulares, individuais ou coletivas também manifestaram a preocupação em elaborar narrativas visuais que salientavam discursos de concretização da modernidade industrial como forma de impulsionar os projetos de modernização que desejam consumar. Isso pôde ser visto com a Revista Industrial cujo propósito era exibir, de forma autônoma, o estado de São Paulo (e, de acordo com o seu idealizador, diversos outros estados) na Exposição Universal de Paris em 1900, estimulando, assim, negócios e colocando os nela representados num patamar superior no discurso de progresso. A Revista serviu como ponto de observação privilegiado em relação ao uso de conjuntos de imagens na construção de um discurso visual, com participação integrada de agentes privados e até mesmo com o auxílio do poder público. Ainda, o projeto foi agente e promotor de diversas agências. Principalmente pela participação de Jules Martin em sua elaboração, por suas relações estreitas com autoridades da capital assim como com associações comerciais e sua atuação como um dos principais articuladores dos agenciamento de imagens e dos espetáculos visuais da modernidade como catalizador das relações comerciais e industriais na cidade de São Paulo na passagem no do século XIX para o XX. Mesmo que limitado do ponto de vista da catalogação da produção industrial – desconsiderando grandes estabelecimentos industriais e privilegiando grandes lojas – esta iniciativa depõe sobre a função atribuída a objetos como este álbum.

De forma semelhante ocorreu a iniciativa de preparação de um álbum catalográfico dos empreendimentos da F. Matarazzo & Cia Industriaes num momento decisivo para o grupo em que buscava estabelecer sua migração de atividades comerciais para industriais. Evidenciando um esforço de construção de uma história oficial da companhia, ao mesmo passo em que procurava propagandear seus investimentos e potencialidades de produção por meio de uma narrativa visual materializada na obra homônima. Nela, podia-se distinguir seu fundador, o então comendador Francisco Matarazzo, conhecer a estrutura dos empreendimentos do grupo, bem como ver detalhes da produção e de seu maquinário. Assim, o álbum contém fotografias de potentes motores responsáveis pelo funcionamento das fábricas, que demonstram a imponência e o volume destas peças em diversos ângulos, além de registros do ambiente fabril copiosamente ocupada por moderno maquinário. Apenas nos casos onde o espaço de produção foi entendido como não condizente com a narrativa almejada, ferramentas e trabalhadores

contribuíram para a montagem de uma encenação e até mesmo uma chaminé, símbolo da atividade industrial, foi acrescentada para evidenciar a pretensa modernidade (Fig 98)162.

Neste discurso, os trabalhadores foram registrados como multidão que reforçava os números da produção fabril. Classificados por gênero e função e organizados às dezenas e centenas, poucas vezes foram registrados no interior das fábricas, visto que este era o espaço supremo da visualização dos maquinismos modernos. Entretanto, mesmo sem poderio sobre da produção das imagens e com controle limitado sobre registro de seus corpos, os trabalhadores também imprimiram nas fotografias pequenos discursos por meio de sua postura, gestos e toques e da importância que concederam as próprias vestimentas.

Em tempo, os termos utilizados para fazer referência aos trabalhadores tornaram-se uma questão ao longo da pesquisa devido às variações e sentidos de diversos termos tanto no álbum quanto nos relatórios e boletins da Secretaria da Agricultura. No álbum do grupo Matarazzo, o termo trabalhadores não aparece nas legendas em português – utilizou-se “pessoal” –, italiano ou francês, somente em inglês tem-se um termo próximo, workers. Já nos documentos da Secretaria, observou-se que, quando são discutidas regulamentações, normas relativas a atividade dos trabalhadores utiliza-se o termo “questão operária”; o termo “pessoal” refere-se aos trabalhadores em questões amigáveis; o termo “indústria” é utilizado de forma ampla como atividade econômica; e o termo “trabalho” refere-se, em geral, a atividade da indústria ou dos industriais, e não a atividade desempenhada pelo “pessoal da fábrica”.

Estes registros fotográficos e os álbuns nos quais foram publicados