• Nenhum resultado encontrado

Os centros de atendimento educacionais especializados

No documento monicadamottasallesbarreto (páginas 34-37)

1.1 OS CAMINHOS DA PESQUISA:

1.1.1 Os centros de atendimento educacionais especializados

nos orientariam, assim como eixos de análise, e também a própria estrutura do trabalho, com a organização em capítulos que pôde ser revista. A premissa inicial – que traz a inversão de atividade-meio para atividade-fim das avaliações externas e metas por elas aferidas e também a supressão do sujeito no processo de ensino- aprendizagem – nos ofereceu pistas para escutarmos os participantes de pesquisa, e foi a partir do que escutamos desses participantes que os caminhos foram se desenhando e se redesenhando. Por isso, algumas falas de participantes, tanto do encontro do CAEE quanto das entrevistas com os ex-alunos do mestrado profissional do CAEd aparecem já no próximo capítulo, embora sejam trabalhadas de maneira mais enfática no último capítulo.

A fim de situarmos um pouco melhor o percurso da pesquisa, consideramos fundamental apresentarmos os centros de atendimento educacionais especializados e o mestrado profissional do CAEd que, além de ser o meu local de atuação profissional atualmente, de onde surgiram indagações que auxiliaram no delineamento do problema de pesquisa, foi também lócus de pesquisa, considerando que contamos com a participação de quatro alunas egressas do curso para nos ajudarem a pensar acerca do problema proposto.

1.1.1 Os centros de atendimento educacionais especializados

Foi em 2008, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a) que o caráter complementar e não substitutivo da Educação Especial ao ensino regular foi definido, resgatando o sentido original desta modalidade de ensino, expresso na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).

Segundo as diretrizes traçadas pela nova Política, a oferta da Educação Especial é obrigatória e os sistemas de ensino deverão oferecer o Atendimento Educacional Especializado (AEE) em todas as etapas, níveis e modalidades de ensino, preferencialmente, nas escolas regulares.

Para assegurar as condições de aprendizado e desenvolvimento aos alunos com deficiência e/ou Transtornos Globais do Desenvolvimento, os sistemas de ensino devem, além oferecer a garantia de acesso às escolas regulares, organizar e oferecer o Atendimento Educacional Especializado que objetiva

complementar ou suplementar a formação do aluno por meio de disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem (BRASIL, 2009a, p. 17).

A organização desta modalidade de atendimento é norteada pelas diretrizes que orientam o Atendimento Educacional Especializado: (1) é o conjunto de atividades e recursos pedagógicos e de acessibilidade, organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos estudantes, público alvo da educação especial, matriculados no ensino regular; (2) na perspectiva inclusiva, é realizado, prioritariamente nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou de outra escola de ensino regular, podendo, ainda, ser realizado em centros de atendimento educacional especializado; (3) deve ser ofertado de forma complementar ou suplementar, não substitutiva à escolarização dos estudantes público alvo da educação especial, no turno inverso da escolarização, é responsável pela organização e disponibilização de recursos e serviços pedagógicos e de acessibilidade para atendimento às necessidades educacionais específicas; (4) deve ser realizado em interface com os professores do ensino regular, promovendo os apoios necessários à participação e aprendizagem desses estudantes (BRASIL, 2008b).

Em âmbito municipal, anterior a esse parecer, em 2001, a Secretaria de Educação de Juiz de Fora, com objetivo de oferecer o suporte ao trabalho desenvolvido pelas escolas e creches em relação aos alunos com deficiência e/ou Transtornos Globais do Desenvolvimento, implementou o Programa Especializado de Atendimento à Criança Escolar (Peace). O Programa foi desenvolvido em 2 núcleos regionais (Centro e Leste) - e contava com uma equipe interdisciplinar, composta por fonoaudiólogos, pedagogos, psicólogos e assistentes sociais.

Além do atendimento aos alunos com deficiência e/ou que apresentassem barreiras na aprendizagem, os núcleos atuavam, regionalmente, na formação de professores, no suporte ao trabalho escolar, na articulação de ações intersetoriais (Saúde, Assistência Social, Vara da Infância, Conselho Tutelar e outros) e com as famílias.

No ano de 2005, o Programa passou a fazer parte da estrutura administrativa da Secretaria de Educação, passando a ser denominado como Núcleo

Especializado de Atendimento à Criança Escolar (Neace). Em 2006 e em 2011 foram criados novos núcleos de atendimento especializado nas regiões sul e sudeste, com o objetivo de estender o trabalho a todas as unidades escolares da rede municipal.

Para adequar o trabalho que vinha sendo desenvolvido pela Secretaria de Educação, às diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, em relação à oferta de Atendimento Educacional Especializado, em 2013, os Neace passaram a ser denominados, Centros de Atendimento Educacional Especializado.

Os quatro CAEE da rede pública municipal, localizados nas regiões Centro, Sul, Sudeste e Leste, atuam com o seguinte objetivo:

Garantir o atendimento especializado a crianças e jovens da Rede Municipal de Ensino e da Prefeitura de Juiz de Fora que enfrentam barreiras na aprendizagem, sejam elas reais ou circunstanciais, bem como crianças de 0 a 3 anos que necessitam de estimulação essencial (CAEE/SUL, 2015, recurso online)

Para alcance desse objetivo, apresentam como objetivos específicos

Proporcionar, por meio de intervenções pedagógica, em turmas de AEE, o desenvolvimento global de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais em idade escolar através de atividades que favoreçam e contemplem os aspectos cognitivos, afetivos, linguísticos, percepto-motor e social;

Contribuir, a partir do setor de Estimulação Essencial, para o desenvolvimento global em seus diferentes aspectos, de crianças que demandam atendimento precoce, valorizando trocas contínuas com o meio, fortalecendo o seu potencial de desenvolvimento e minimizando as dificuldades apresentadas, possibilitando, assim, maior autonomia e inclusão social;

Possibilitar o atendimento fonoaudiológico as crianças e jovens com dificuldades diversas quanto à audição, linguagem (oral e escrita), motricidade oral e problemas neurológicos, visando contribuir para a inclusão das mesmas no cotidiano da vida social e escolar;

Contribuir para o fortalecimento sócio-familiar, em particular, dos pais ou responsáveis pelos usuários do programa, através da realização de atividades sócioeducativas com os mesmos (entrevistas individuais, visitas domiciliares, reuniões, palestras) de forma contínua e sistemática;

Possibilitar uma maior interlocução e reflexão conjunta (Centro – Instituição de origem), bem como com a rede de atendimento local, considerando-se a diversidade e o processo de inclusão social; Desenvolver ações conjuntas com a Secretaria de Educação na formação continuada de professores e demais agentes educativos envolvidos no processo de aquisição de conhecimento;

Assessorar, sistematicamente, as escolas e creches, no processo de construção da educação inclusiva (CAEE/SUL, 2015, recurso online, grifos do autor).

Os encaminhamentos são realizados pelas escolas circunvizinhas, sem intermediação da Secretaria Municipal de Educação, diretamente ao Centro de Atendimento. Para a realização dos encaminhamentos, a pessoa responsável preenche um formulário oferecido pelo CAEE, em que expressa a justificativa para o encaminhamento.

São as profissionais que trabalham em um desses centros de atendimento de Juiz de Fora, o CAEE Sul, que contribuíram para esta pesquisa, como foi dito anteriormente, na apresentação desde trabalho, cujas falas nos ajudaram a iluminar o problema de pesquisa proposto.

No documento monicadamottasallesbarreto (páginas 34-37)