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II) obras impressas a) Gramáticas

3.1. Os corpora utilizados

Para o desenvolvimento deste trabalho, serão confrontados dados de dois corpora diferentes: manuscritos (documentos oficiais, como cartas, relatórios, títulos de venda) e impressos (sermões da oratória brasileira).

3.1.1. Os impressos

Do conjunto de textos seiscentistas impressos, utilizar-se-á uma reprodução, publicada em 1923, de texto produzido pelo padre jesuíta Eusébio de Mattos (1629- 1692) e uma reprodução, publicada em 1924, de texto produzido por Diogo Gomes Carneiro (1618-1676), secretário de D. Afonso, de Portugal, e marquês de Aguiar, no Rio de Janeiro, em 1641. As duas reproduções fac-similares foram editadas pela Revista de Língua Portuguesa, dirigida por Laudelino Freire, e publicadas nos volumes XI e

XIV, respectivamente. Somam-se a elas sermões de cinco outros jesuítas brasileiros: Jorge Benci, Antonio de Sá, Antonio da Silva, Ruperto de Jesus e Simão de Vasconcelos. A reprodução desses cinco sermões foi feita a partir de edições princeps que estão sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP).

Autoria Título Volume Procedência Data

imp. 1 Benci, Jorge Sentimentos da virgem

Maria n s em sua soledade. Sermão que pregou na se da bahia

30 p. Bahia 1699

imp. 2 Matos, Eusébio de Practicas pregadas no

Collegio da Bahia as sestas feiras à noite, mostrandose em todas o Ecce Homo (Practicas)

73 p. Bahia 1677

imp. 3 Carneiro, Diogo G. Oração Apodixica Aos

Scismaticos da Pátria (Oração)

35 p. Bahia 1641

imp. 4 Sá, Antonio de Sermão do glorioso Sam

Joseph esposo da Mãy de Deos

24 p. Bahia 1692

imp. 5 Silva, Antonio da Sermoens das tardes das domingas da Qvaresma

94 p. Pernambuco 1673

imp. 6 Ruperto de Jesus,

Frei

Serman da gloriosa madre santa Teresa na occasiam, em que os religiosos carmelitas descalcos abrirao a sua igreja nova da Bahia

24 p. Bahia 1697

imp. 7 Vasconcelos, Simão

de

Sermão, qve pregov na Bahia em o primeiro de janeiro de 1659. Na festa do nome de Jesv

3.1.2. Os manuscritos

Dos manuscritos seiscentistas, serão utilizados somente os produzidos no Brasil, na segunda metade do século XVII. Desses, foram selecionados 20 documentos que, de que se tenha notícia, são inéditos. Os documentos de 01 a 15 estão sob a guarda do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, Fundo Câmara Municipal de São Paulo, Grupo Conselho de Vereadores; os de número 16 a 18 estão no Arquivo do Estado de São Paulo, caixa 107, ordem 0357 e os documentos 19 e 20 encontram-se no Arquivo do Palácio da Ajuda, em Lisboa, referência cor, 947, cota 51.

Segue abaixo a descrição de cada um dos manuscritos:

Ms. 1 Carta de F. F. Falcão 01 fol r Santos 1648 Cx. 15 – doc. 311 Ms. 2 Carta de A. de Figueiredo 01 fol. r Santos 1670 Cx. 15 – doc. 293 Ms. 3 Carta de A. de Figueiredo 01 fol. r Santos 1671 Cx. 15 – doc. 294 Ms. 4 Carta do Gov. de S.Vicente 01 fol. r São Vicente 1671 Cx. 15 – doc. 18 Ms. 5 Carta de P. T. de Almeida 01 fol. r São Paulo 1671 Cx. 15 – doc. 299 Ms. 6 Carta de A. R. Figueiredo 01 fol. r Santos 1673 Cx. 15 – doc. 296 Ms. 7 Carta de João Negrais 01 fol. r/v Santos 1662 Cx. 16 – doc. 620 Ms. 8 Carta dos Officiais 01 fol. r Santos 1665 Cx. 16 – doc. 609 Ms. 9 Carta de F. C. Vaspaziano 01 fol. r Rio de Janeiro 1646 Cx. 17 – doc. 12 Ms. 10 Carta do Gov. da Bahia 01 fol. r Bahia 1647 Cx. 17 – doc. 04 Ms. 11 Carta do Conde d’Augous 01 fol. r/v São Paulo 1654 Cx. 17 – doc. 05 Ms. 12 Carta do Gov. da Bahia 01 fol. r Bahia 1669 Cx. 17 – doc. 06 Ms. 13 Carta do M. de Cascais 01 fol. r Santos 1673 Cx. 17 – doc. 17 Ms. 14 Carta de C. Tavares 01 fol. r Santos 1665 Cx. 18 – doc. 417 Ms. 15 Officio de D. R. C. Branco 01 fol. r/v São Paulo 1681 Cx. 18 – doc. 08 Ms. 16 Escritura de D. de Lara 04 fol. r São Paulo 1659 Cx. 107 – ord. 0357 Ms. 17 Requerimento de M. P. Guedes 07 fol. r São Paulo 1684 Cx. 107 – ord. 0357 Ms. 18 Procuração Antonia Paes 02 fol. r São Paulo 1680 Cx. 107 - ord. 0357 Ms. 19 Carta de B. L. de Carvalho 04 fol. r/v Bahia 1690 cor 947, cota 51 Ms. 20 Relatório de B. V. Ravasco 08 fol. r/v Bahia 1689 cor 947, cota 51

Do conjunto de manuscritos supracitados, só três fazem parte do acervo do Arquivo do Estado de São Paulo, pois, de maneira geral, encontram-se em péssimo estado de conservação, sendo raros os que podem ser editados na íntegra, sem que haja largos trechos corroídos. Quanto aos manuscritos sob a guarda do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, embora também estejam bastante deteriorados, apresentam, muitos deles, uma edição paleográfica, realizada na década de 20, durante a presidência de Washington Luís (de 1926 a 1930). Os documentos escritos na Bahia encontram-se no Arquivo do Palácio da Ajuda e estão em excelente estado de conservação.

Das gramáticas e tratados de ortografia do século XVII, neste trabalho serão utilizadas reproduções fac-similares das Regras gerays breves, & comprehensivas da melhor ortografia, de 1666, de autoria de Bento Pereira21(1606-1681), da Ortografia e modo para escrever certo na lingua portuguesa, de 1631, cujo autor é Álvaro Ferreira de Vera ( ? /1677) e da Ortografia da Língua Portugueza, de 1671, de autoria de Ioam Franco Barretto22 (1600/1674). Todos esses volumes encontram-se na Biblioteca Nacional de Lisboa, onde foram microfilmados para a realizaçãom desta pesquisa.

3.2. Metodologia

O critério adotado para a condução do trabalho consiste, em primeiro lugar, na edição semidiplomática criteriosa dos manuscritos, de acordo com as “Normas para Transcrição de Documentos Manuscritos para a História do Português do Brasil”, estabelecidas no II Seminário para a História do Português Brasileiro, em Campos do Jordão – SP, 1999.

A partir da edição dos manuscritos, que será contínua, perfazendo um único corpo de trabalho23, será feito um levantamento de suas características gráficas e do uso

dos nexos de coordenação, bem como das dos textos impressos, que sejam comuns às dos textos medievais. Para isso, foram selecionadas características do português medieval, de acordo com Hauy (1989), Maia (1986), Mattos e Silva (1996; 2001), Nunes (1959) e Sousa da Silveira (1972).

Levantados os dados nos dois corpora, será feito um cotejo entre eles, a fim de se verificar se tais dados são comuns a ambos, ou se existem diferentes “normas” para cada um dos tipos de texto. A seguir, faremos o confronto entre os dados tabulados e aquilo que prescrevem os gramáticos seiscentistas, bem como o que dizem os autores das principais gramáticas históricas sobre as características gráficas da época, a fim de se verificar até que ponto os fatos levantados são condizentes com o que se diz sobre o português seiscentista.

Os dados a serem analisados serão distribuídos em três capítulos, de acordo com o que segue:

21 Jesuíta, Prof. da Universidade de Évora. Foi qualificador do Santo Ofício em 1664. 22 Historiador e viajante, envolvido em missões diplomáticas.

Um capítulo que tratará dos sincretismos ortográficos, através de um estudo de segmentos e seqüências vocálicas e consonantais. Entendemos que tais variações vão de encontro ao que propõe o período pseudo-etimológico, mantendo-se a idéia de que, tal qual no português arcaico, deve-se escrever para o ouvido;

Um capítulo que tratará do uso de grafemas maiúsculos no início dos vocábulos. Entendemos, de acordo com Gonçalves (2003), que o uso de grafemas maiúsculos veicula os valores de uma época, razão pela qual, no século XVII a capitalização da inicial está intimamente relacionada aos valores veiculados pela Igreja Católica;

Um capítulo que tratará dos nexos de coordenação, por entendermos que tais usos, extremamente freqüentes no português seiscentista, vão ao encontro do que se praticava no português medieval.

4. Edição dos manuscritos

Como dito anteriormente, para se editarem os manuscritos, tomou-se por critério apresentá-los todos em seqüência, por entendermos constituírem eles um único corpus. A fim de que seja feito o cotejo da edição com o original, apresenta-se o fac-símile de cada um deles na seção de anexos, respeitando a ordem em que foram editados.

Os critérios de edição estão de acordo com as “Normas para Transcrição de Documentos Manuscritos para a História do Português do Brasil”, estabelecidas no II Seminário para a História do Português Brasileiro, em Campos do Jordão – SP, 1999, com uma pequena alteração no item 3, referente à fronteira de palavras, uma vez que optou-se por manterem unidos aos verbos os pronomes oblíquos átonos, proclíticos ou enclíticos, quando assim estiverem. Justifica-se tal opção pela ocorrência de duplicação

23 No volume dos anexos, apresenta-se a edição fac-similar de cada um dos manuscritos, com leitura