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Os debates sobre a renovação do pleno e as Consultas Públicas

Recomendações 56 : eram decisões que tinham por objeto a necessidade de providência pela EBC de matéria específica a critério de Conselheiro(a), Câmara Temática ou Grupo de

5.2.2 Os debates sobre a renovação do pleno e as Consultas Públicas

A discussão sobre como deveria ser a formação do Conselho Curador é assunto crucial debatido desde o princípio da constatação da necessidade de existir um órgão de participação da sociedade no que viria a ser a futura empresa de comunicação pública nacional, a EBC. A primeira gestão dos representantes da sociedade civil no Conselho foi escolhida diretamente pela Presidência da República para mandatos de dois e de quatro anos, para a segunda substituição já ficar a cargo de um novo Governo. A partir da primeira renovação, todos os mandatos dos membros representantes da sociedade civil teriam mandatos de quatro anos, prorrogáveis por mais quatro anos. O formato dessa prorrogação dos mandatos não estava regulamentado nem na Lei da EBC, nem no Regimento Interno do Conselho Curador. Dessa forma, ficava a cargo do próprio conselheiro representante da sociedade civil o poder legal de decidir pela sua renovação de mandato por mais quatro anos, tendo o Conselho Curador que aceitar essa decisão, ou não.

Para a ex-presidenta do Conselho Curador, Rita Freire, o fato de a designação inicial do Conselho Curador ter partido unilateralmente da Presidência da República não foi em si um grande problema. Fez na verdade parte de um processo de construção que estava sendo posto em prática naquele momento para agilizar a criação do órgão e que deveria, como ocorreu, ser aprimorado com o passar dos anos para uma forma mais democrática de seleção de conselheiros representantes da sociedade civil:

O fato de o primeiro Conselho Curador ter sido todo nomeado pelo presidente da República eu nem vejo como um grande problema. O que importa é o que estava na gênese do projeto, que era a gênese da participação e do controle

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social, e compartilhado com instâncias do Governo Federal, do Congresso Nacional e dos trabalhadores da empresa. E aí, a partir das pessoas que estavam ali é que os processos de renovação começaram a acontecer, começaram a ser conduzidos numa certa direção. Não houve uma ruptura do tipo ‘vocês vão embora e agora vai ser a sociedade civil’. Foi um processo de continuidade que veio dali. Então eu acho que o projeto é mais acertado do que os criadores do projeto queriam que fosse. Ele abarcou vários elementos que foram trazidos pela sociedade. (FREIRE, 2019, informação verbal)

Os elementos a que a ex-presidenta do Conselho Curador se refere foram colocados em prática a partir da implementação das Consultas Públicas e dos debates que levaram à construção dos respectivos editais das Consultas, que envolveram o pleno do Conselho Curador em suas reuniões e a sociedade civil por meio das Audiências Públicas.

A necessidade da primeira Consulta Pública surgiu em 2010 por conta do término dos mandatos dos conselheiros Isaac da Silva Pinhanta, Rosa Lúcia Benedetti Magalhães e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho. Outros conselheiros tiveram findado seus mandatos de quatro anos, mas foram reconduzidos ao cargo por decisão própria e referendada pelo Conselho Curador, uma vez que a lei permitia a recondução dos mandatos por no máximo uma vez. Foram eles: Daniel Aarão Reis Filho, Murilo César Ramos e João Jorge Santos Rodrigues (que entraram na vaga de conselheiros desistentes); e José Antônio Fernandes Martins e Maria da Penha Maia Fernandes.

O debate sobre como se daria o processo dessa 1ª Consulta Pública para a primeira renovação surgiu durante a 11ª Reunião Ordinária do Conselho Curador, realizada dia 29 de setembro de 2009, em Brasília. O conselheiro representante da Secom-PR, Franklin Martins, sugeriu que fosse pensado pelo Conselho um modelo que garantisse o compromisso da Lei da EBC de que que cada uma das regiões do Brasil deveria ser representada por pelo menos 1 (um) conselheiro e fez uma fala sobre a importância de garantir uma diversidade de perfis no colegiado:

Queria só levantar para os companheiros conselheiros alguns critérios que orientaram a formação anterior e algumas coisas que acho que podem ser observadas daqui para frente. De um modo geral, primeiro se procurou fazer com que o Conselho, na representação da sociedade, fosse algo que representasse, primeiro, as diferentes regiões e estados do país. Depois se procurou ter experiências profissionais e posições de trajetórias de vida diferentes, para haver pluralidade aqui dentro. E outro critério básico foi não ter alguma representação, seja de fornecedores para TV, tipo uma Associação dos Documentaristas. Não quer dizer que um documentarista não possa estar presente, mas a Associação dos Documentaristas não tem que estar. Ou então representações de grupos sociais, vamos dizer a CUT estar presente. Pode estar presente um dirigente sindical, não é esse o problema, mas as pessoas enquanto

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pessoas, porque se não elas vão representar o interesse dos segmentos da corporação e não ter uma discussão mais ou menos aberta, entende? Claro que há exceções na vida para tudo, mas a gente deveria levar em conta essa ideia da pluralidade de representação. (Notas Taquigráficas, 11ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Durante a 12ª Reunião do colegiado, realizada no dia 26 de outubro de 2009, o assunto voltou a ser pauta na reunião. Com base na Lei da EBC os conselheiros tentavam encontrar uma fórmula para a criação do edital público que seria disponibilizado para a realização da Consulta Pública. O conselheiro João Paulo Cavalcanti ressaltou, que apesar do espírito da lei ser democrático, nada impedia que a Presidência da República indicasse nomes que não foram escolhidos via Consulta Pública. E alegava que havia uma ausência de vinculação nos textos do Artigo 15 da Lei da EBC, que dizia que “O Conselho Curador será integrado por 22 (vinte e dois) membros, designados pelo Presidente da República”, com o texto do sexto parágrafo do Artigo 17 da mesma lei, que dizia que caberia ao Conselho Curador somente “coordenar o processo de consulta pública a ser implementado pela EBC, na forma do Estatuto, para a renovação de sua composição, relativamente aos membros” da sociedade civil.

É como se tivesse sido redigido depois esse parágrafo, parece. Tanto que não está vinculado. O Presidente, na sua competência originária de designar o membro, não está adstrito a regra nenhuma. Então, é como se a regra antes sobrevivesse e tivesse entrado essa última depois. Agora, essa emenda, para funcionar bem, teria que ser complementado para dizer o seguinte: “o presidente terá que escolher entre os dessa relação” (da lista tríplice feita pelo Conselho Curador – grifo nosso). Não botaram isso, ainda está pior, porque você pode fazer esse processo todo, indicar quarenta nomes e o Presidente nomear um que não esteja lá. (CAVALCANTI, Nota Taquigráfica da 12ª Reunião do Conselho Curador da EBC)

A conselheira Ana Luiza Fleck Saibro opinou que achava difícil uma sobreposição desse nível do Governo Federal sobre uma decisão do Conselho Curador e que isso estaria em desacordo com a proposta democrática de existência de um conselho com participação social.

A diretora-presidente à época, Tereza Cruvinel, disse que o parágrafo da Lei que continha a necessidade da escolha ser via Consulta Pública ouvindo a sociedade foi feita pelo relator da matéria na Câmara dos Deputados, deputado Walter Pinheiro (PT-BA),

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como forma de atender aos anseios dos movimentos sociais em defesa da comunicação pública que faziam a disputa política naquele momento.

O conselheiro Franklin Martins expôs, novamente, que sua maior preocupação era que o Conselho deixasse de contemplar uma pluralidade de espectros políticos em sua composição, dando lugar a um aparelhamento de entidades que já atuavam na área das comunicações:

Evidentemente, há uma divergência política, sobre essa questão, desde a constituição da EBC. E aqui estão presentes pessoas que defenderam que devia ser que as entidades é que construam o Conselho, é uma construção feita de fora para dentro do Estado. Eu me bati contra isso. Quem é que vai indicar o Conselho? Não é o Presidente da República, é o próprio Conselho. É uma coisa esquisita. Agora, vou ser muito claro: vou trabalhar para esvaziar o que existe de tentar dar poder às entidades e não às instituições eleitas pelo voto para o controle da EBC. Que entidades são essas? Isso é o que eu pergunto. Eu gosto muito dessa, não gosto muito daquela. Ou seja, quem estiver mais organizado é que vem. Politicamente isso não resiste na sociedade, vamos ter (isso) claro. A EBC corta um dobrado monumental para abrir espaço, porque existe a visão que ela é aparelhada pelo Governo, é chapa branca. Aí a gente começa a vencer isso, e agora ela vai ser aparelhada por algumas entidades que ninguém sabe de onde vem. Então, eu vou ser muito franco, vou trabalhar dentro do que essa lei propõe, tentando fazer com que seja o mais amplo possível, que obedeça àqueles critérios da lei e que não haja representante de entidade. Uma coisa é entidade indicar nomes, mas representante de entidade eu sou contra. (Nota Taquigráfica da 12ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Não houve nenhuma crítica mais forte contrária ao posicionamento de Franklin Martins no Conselho naquele momento. O debate não envolvia a maioria dos conselheiros e conselheiras o que fez ressoar de forma mais ampla a ideia de limitar de alguma forma a participação social na Consulta Pública de entidades engajadas no tema da comunicação naquele período. Por fim, o primeiro edital para renovação do Conselho Curador foi publicado no Diário Oficial da União no dia 19 de fevereiro de 2010. Em suma, o Edital 01/201066 trazia como regra geral para participação das entidades e dos postulantes à vaga os apontamentos dispostos na Lei da EBC tais como:

66 Edital disponível em:

<http://www.ebc.com.br/institucional/sites/_institucional/files/edital_consulta_0.pdf> Acesso em 30 out 2019

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Poderão se inscrever entidades da sociedade civil constituídas como pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, voltadas, ainda que parcialmente: à promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos ou da democracia; à educação ou à pesquisa; à promoção da cultura ou das artes; à defesa do patrimônio histórico ou artístico; à defesa, preservação ou conservação do meio ambiente; à representação sindical; classista e profissional;

Não poderão se inscrever partidos políticos ou instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais ou confessionais;

É vedada a indicação de candidato ao Conselho Curador: I - de quem não seja brasileiro nato ou naturalizado há mais de 10 (dez) anos; II - de pessoa que tenha vínculo de parentesco até terceiro grau com membro da Diretoria Executiva da EBC; e III - de agente detentor de cargo eletivo ou investido exclusivamente em cargo em comissão de livre provimento da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios.

Durante a 16ª reunião ordinária do colegiado, realizada no dia 20 de abril de 2010, foi debatida então o resultado da Consulta Pública. Participaram do processo 65 entidades habilitadas indicando 47 pessoas para concorrerem as cinco vagas em aberto.

Durante a reunião, o Conselho debateu a necessidade de o colegiado aumentar a quantidade de mulheres, de pessoas negras e de pessoas da região Norte como membros representantes da sociedade civil. O conselheiro Franklin Martins afirmou que como ele já esperava, a lista final continha vários nomes de representantes de corporações. Ele chamou a atenção para o fato de não haver na lista um representante dos povos indígenas (devido a saída do Conselho do indígena Isaac da Silva Pinhanta) e de que seria contra também que houvesse a indicação de pessoas representantes de entidades que poderiam ser fornecedoras de conteúdos para a EBC, como era o caso da Associação Brasileira de Documentaristas.

A partir de um entendimento do colegiado naquele momento levando em consideração as orientações de não indicar representantes das associações de fornecedores, de grupos econômicos ou de setores comerciais, e da necessidade de aumentar a presença feminina, de reforçar a presença da população negra e de competências técnicas para uma das vagas, o Conselho Curador deliberou pelo envio ao Presidente da República de uma lista tríplice, contendo três nomes para cada uma das três vagas disponíveis. Não se levaria em consideração a quantidade de votos que cada candidato recebeu das entidades, mas sim, se eles se adequavam às premissas estipuladas

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pelo Conselho para garantir a diversidade de perfis entendida pelo pleno naquele momento.

Uma fala do conselheiro e ministro de Estado, Juca Ferreira, que representava o então Ministério da Cultura, dá o tom de que esse processo poderia ser amadurecido ao longo do tempo pelo Conselho e falou sobre a representatividade de entidades:

Eu queria chamar a atenção para um outro ponto que é importante também, o Brasil não é uma sociedade organizada. Somando todas as instituições dá um delta X da sociedade. Grande parte da sociedade vive a democracia e as questões de cidadania, eu não diria individualmente, porque existem fluxos de identidade construída não organizada. A grande maioria dos brasileiros é dessa forma e há pessoas que representam até maioria sem fazer parte de nenhuma associação. Se nós desconhecermos essa característica da sociedade brasileira, colocamos toda a decisão na mão de um ativismo que é pouco representativo. Acho que deveríamos abertamente pensar numa solução para hoje e nos comprometermos a propor um critério que amadurecesse este Conselho. (Nota Taquigráfica da 17ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Na 17ª Reunião, realizada no dia 11 de maio de 2010, foram, enfim, definidas as três listas tríplices. Foi decidido que elas seriam enviadas em ordem alfabética para a Presidência da República designar os nomes finais, devendo ser escolhido um nome de cada lista. Segue abaixo as três listas enviadas em ordem alfabética. À frente dos nomes está descrito a quantidade de indicações feitas por entidades da sociedade civil que cada pessoa recebeu a partir da participação na Consulta Pública. As listas não foram criadas seguindo categorias específicas para cada uma delas:

1ª Lista: Ana Maria da Conceição Veloso (15 indicações), Rosane Mara Bertotti (4 indicações) e Celso Augusto Schroder (7 indicações).

2ª Lista: Lara Valentina Pozzobon da Costa (3 indicações), Regina Lúcia Alves de Lima (8 indicações) e Takashi Tome (12 indicações).

3ª Lista: Jacira Silva (10 indicações), Mário Augusto Jakobskind (1 indicação) e Nilza Iraci Silva (7 indicações).

Menos de um mês após o envio das listas à presidência da República foram publicados os nomes dos três novos membros representantes da sociedade civil no Conselho: Ana Maria Veloso, Takashi Tome e Mario Jakobskind, que tomaram posse logo em seguida no colegiado. Importante ressaltar que o conselheiro Mario Jakobskind, jornalista e escritor, foi designado conselheiro mesmo tendo recebido apenas a indicação de uma única entidade, no caso, a Associação Brasileira de Imprensa, a ABI. A

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conselheira Ana Maria Veloso foi escolhida por ser uma pesquisadora da área do rádio, com foco em Direitos Humanos (com 15 indicações) e o conselheiro Takashi Tome foi escolhido por ser engenheiro especialista em TV Digital (com 12 indicações).

A necessidade da segunda Consulta Pública para escolha de novos integrantes do Conselho Curador surgiu em 2012, com a saída do conselheiro Paulo Sérgio Pinheiro, devido a sua participação na Comissão Nacional da Verdade, e do término do mandato da conselheira Lucia Braga, que não manifestou desejo de renovar seu mandato. Estariam abertas, portanto, duas novas vagas.

Durante a 36ª Reunião do Conselho Curador, realizada em 23 de maio de 2012, foi ponto de pauta a necessidade de definição do Edital para esta nova Consulta Pública. Algumas mudanças tinham sido sugeridas com relação ao primeiro edital, como a necessidade de indicar no documento os perfis que estivessem sendo desejados pelo colegiado para compor as duas vagas em aberto e a alteração na forma do envio dos nomes para designação da Presidência da República.

A sugestão de incluir os perfis desejados foi aceita pelo colegiado e dessa forma constaram no Edital 03/201267 a previsão – mas, não a obrigatoriedade – de as vagas contemplarem, sem prejuízo das premissas legais, as seguintes características:

No preenchimento das vagas ora em consulta serão consideradas, sem prejuízo de outras características e do que já prevêem as normas supracitadas, a necessidade de ampliação da diversidade regional (especialmente no que diz respeito às regiões Norte e Centro-Oeste), da presença das mulheres, dos indígenas e negros, bem como o conhecimento e atuação dos candidatos nas áreas de comunicação pública, direitos humanos e rádio.

Mas, houve embate com relação ao formato de entrega dos nomes aptos para designação para a Presidência da República. O debate se deu sobre se deveriam ser entregues duas listas tríplices, como ocorrera na primeira vez, ou, se seriam entregues os nomes indicados pelo Conselho Curador em uma lista única, e neste caso, qual seria a quantidade de nomes a ser entregue para a Presidência da República.

67 Edital disponível em:

<http://www.ebc.com.br/institucional/sites/_institucional/files/edital_consulta_0.pdf> Acesso em 30 out 2019.

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O debate se deu em duas linhas políticas: alguns conselheiros defendiam uma maior maleabilidade de escolha para o presidente da República, e, portanto, que fosse entregue um número maior de nomes na lista final, ou, duas listas contendo em cada uma delas três nomes para cada uma das vagas. Porém, outros conselheiros defendiam que fosse entregue à Presidência da República um número menor de nomes, reduzindo a maleabilidade do poder de escolha dos nomes finais da Presidência da República e concentrando este poder de decisão maior sobre o próprio Conselho, que se encarregaria de definir os nomes a partir da necessidade de complementação de perfis do colegiado e a partir do resultado da Consulta Pública. O que se pretendia, nesse sentido, era dar maior autonomia ao Conselho Curador para a definição de quais nomes poderiam ser escolhidos, e menos autonomia à Presidência da República de tomar essa decisão.

O conselheiro João Jorge fez uma fala nesse sentido:

Quero sugerir que, na realidade, a gente indique apenas quatro nomes no final; para cada uma das vagas, dois nomes. Indicar três ou dez nomes para cada vaga é extremamente complicado. Nós vimos isso nas últimas indicações, pois roda, vai, volta. Acho que precisamos também dar mais critérios e fundamentos da escolha desse momento, do que a quantidade de nomes para postular isso aí. (Nota Taquigráfica da 36ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

O conselheiro Guilherme Strozi concordou com o argumento e disse que tratava, segundo ele, de garantir maior autonomia para o órgão de representação da sociedade na EBC o poder sobre o processo de substituição de novos membros da sociedade civil:

É o momento para garantir cada vez mais autonomia e gerência da sociedade brasileira na fiscalização e regulação da produção de informação na Empresa Brasil de Comunicação. A lei nos garante autonomia em relação a esse processo de seleção. E por isso defendo o envio de uma lista fixa de quatro nomes. Como são dois cargos a serem colocados no Conselho Curador, quatro nomes seria o dobro da quantidade de pessoas que a Presidência da República vai ter para escolher um representante da sociedade civil aqui dentro. (...) Por isso que abrir a lista, nesse sentido, na minha concepção, não é democratizar essa situação, porque quem escolherá será a Presidência da República. Então, cada vez mais desvincularmos o Governo Federal da vez para colocar as pessoas da sociedade civil aqui dentro, na minha concepção, é mais democrático. (Nota Taquigráfica da 36ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Já a conselheira Heloisa Starling, vice-presidenta do Conselho, discordava dessas análises, e argumentava que seria mais democrático uma lista mais aberta, mais plural

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possível, para que após a definição dos perfis desejados pelo colegiado, a Presidência da República tivesse vários nomes aptos para serem escolhidos como novos conselheiros:

Estou muito preocupada de nós sermos o mais abertos possíveis para a sociedade. Qual é o meu ponto? Não há perda de autonomia do Conselho, se é isso que está nos preocupando. Não me parece que haja perda de autonomia do Conselho se nós conseguirmos trabalhar com a ideia de que nós estamos fazendo uma escuta larga na sociedade, recebendo o maior número possível de cidadãos. Então, não há problema para nós, e acho que é até um bom ensinamento que este Conselho pode dar, que possamos organizar essa lista com o maior número possível de pessoas capazes de cumprir essa função para subir para a Presidente da República, porque aí não importa quem a Presidente vai escolher. (Nota Taquigráfica da 36ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Porém, a defesa mais insistente de uma lista com a maior quantidade de nomes a