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A relação política entre Conselho e a Direção da EBC: há tensão na participação social

Lista 4: Direitos Humanos e

5.3 A relação política entre Conselho e a Direção da EBC: há tensão na participação social

O papel central do Conselho Curador da EBC era o de deliberar sobre as diretrizes educativas, artísticas, culturais e informativas produzidas pela empresa, além de zelar pelo cumprimento das diretrizes e objetivos da Lei da EBC. O foco era fazer com que a EBC tivesse sua atividade voltada para atender a uma pluralidade de forças da sociedade e não aos interesses políticos do Governo Federal da vez. As deliberações do Conselho Curador deveriam ser cumpridas pela Diretoria-Executiva da EBC. O máximo poder que o colegiado tinha sobre este processo era a possibilidade de determinar o afastamento de diretores da EBC caso estes agissem em desacordo com os princípios da comunicação pública. Em outras palavras: poderiam ser destituídos se desobedecessem às resoluções do Conselho Curador. Portanto, era de esperar que a relação entre conselheiros e conselheiras e a Diretoria-Executiva da EBC produzisse momentos de tensão, natural de qualquer relacionamento político-institucional no qual a prevalência de forças de um órgão se sobressai sobre o outro.

Neste sentido, é possível notar que ao longo de toda a existência do Conselho Curador o órgão manteve uma relação republicana e respeitosa com membros da Diretoria-Executiva da EBC, porém, muitas vezes conflituosa politicamente. O papel fiscalizador do colegiado foi por várias vezes questionado pela Direção da EBC, por esta entender que os conselheiros ultrapassavam o objetivo de fiscalizar a linha editorial dos conteúdos e se envolviam em temas que seriam da alçada do Conselho de Administração. Por outro lado, a partir de um amadurecimento do Conselho Curador, próprio o arcabouço normativo que lhe permitia fiscalizar o cumprimento de objetivos e diretrizes da Lei da EBC também lhe concedeu o entendimento para avançar em temas operacionais e de

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gestão da EBC, que na avaliação de conselheiros, seria condição natural para o aperfeiçoamento da produção de conteúdos.

A previsão de tensionamento na relação entre esses poderes na EBC foi algo proclamado já na primeira reunião do Conselho Curador pelo então presidente do colegiado, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em sua fala de boas-vindas ao órgão, em dezembro de 2007:

Estamos fazendo uma aposta de altíssimo risco e todos tem uma responsabilidade enorme em resguardar o caráter público da televisão, que quer dizer não só independência do poder estatal e do governo, como também independência dos poderes privados. Espero que esse Conselho se apresente vigilante, esteja aberto para controvérsias, para o conflito, pois aqui não se pensa da mesma maneira, provavelmente haverá divergências, mas serão na verdade absorvidas e transformadas em programas, em processos e sobretudo, numa capacidade de avaliação crítica que se constitui no conflito e na divergência. A divergência deve não só ser permitida, como deve ser estimulada. (BELLUZZO, Ata da 1ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Importante perceber também, que por diversos momentos foi objeto de debates dentro do próprio Conselho Curador qual era de fato o papel que o órgão deveria desempenhar junto à EBC. Nota-se que a experiência inovadora de participação social trouxe consigo um vácuo de experiências vividas neste sentido no tema das comunicações do Brasil, com raras exceções advindas de conselhos de emissoras educativas estaduais, mas sem a abrangência e poder que detinham o Conselho Curador da EBC. Dessa forma, o colegiado também foi aprimorando sua rotina operacional com o decorrer do tempo. Percebe-se que em determinados momentos ocorreu certa pulverização de demandas a partir da subjetividade de alguns membros do colegiado, o que trazia dúvidas à Direção da EBC a respeito da validade de tais demandas: eram resoluções que deveriam ser cumpridas, ou, eram apenas sugestões dos conselheiros, sem peso formal para o seu cumprimento? Essa relação política embrionária por vezes dificultou a efetividade operacional do cumprimento de determinadas ações do colegiado.

Neste sub-capítulo, vamos aprofundar esse tensionamento existente na relação entre Conselho Curador e Direção da EBC por meio da análise de casos considerados importantes e que foram objeto de discussão nos encontros do colegiado. São temas que foram debatidos por mais de uma reunião e que tiveram como resultado a promulgação institucional de uma decisão por parte do Conselho Curador – seja uma resolução, ou uma recomendação, uma nota ou um parecer – que significava uma determinação pela qual a

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Diretoria-Executiva deveria de alguma forma se comprometer. Os conflitos existentes entre o que a Direção da EBC esperava que fosse o papel do Conselho Curador, e o que o Conselho Curador considerava ser de fato sua responsabilidade, demonstra que este mecanismo de participação da sociedade na regulação de conteúdos da EBC gerou resultados.

Traremos como objeto de análise mais aprofundada os debates que envolveram as votações sobre os Planos de Trabalho Anuais da EBC, entre os anos de 2011 e 2016. Esses eram momentos cruciais de tensão entre Conselho e Direção da EBC por tratarem de uma discussão que envolvia toda a política de intenções e o planejamento da Diretoria Executiva para o ano corrente.

Também será analisado o debate que envolveu a substituição dos programas religiosos na EBC. Este talvez tenha sido o momento mais alto de discussão aprofundada do Conselho Curador sobre um determinado tema na EBC e mobilizou diversos setores da sociedade em anos de discussão com a tentativa de se obter um consenso sobre o assunto, o que avaliamos que não aconteceu.

Por fim, avaliaremos como foi objeto de discussões no Conselho Curador a tentativa de construção do projeto do Operador Único da Rede Nacional de TV Pública Digital Terrestre, ou, Operador Nacional de Rede como era chamado, que envolveu uma posição contrária de conselheiros ao consenso do Governo Federal sobre o assunto na época e um tensionamento junto à Direção da EBC que buscava definir qual papel deveria desempenhar o Conselho Curador na questão.

a) Os Planos de Trabalho Anuais da EBC

A aprovação dos Planos de Trabalho Anuais da EBC passou a ser uma das tarefas cruciais do Conselho Curador e constava como uma obrigação do pleno a partir da implementação do Estatuto da EBC, com base no Artigo 17 da Lei 11.652 de 2008. O plano era geralmente encaminhado pela Direção da EBC no início do ano corrente para que o colegiado deliberado sobre sua aprovação, ou, deliberasse sobre a necessidade de alterações no planejamento.

A primeira deliberação de um Plano de Trabalho ocorreu em 2009. Houve praticamente uma apresentação por parte da Diretoria-Executiva da EBC, principalmente pela presidenta, Tereza Cruvinel, apontando as grades de programação da TV Brasil num tripé entre “programação infantil, programas de cultura e jornalismo”, além de formatos

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de parcerias que poderiam ser criados para produções e co-produções naquele ano, os chamados pitchings, e apontando a dificuldade de ampliar a relevância da TV Brasil com apenas quatro canais da emissora pelo país (Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e São Luís no Maranhão). A conselheira Ima Vieira sugeriu que os próximos Planos de Trabalho fossem divididos por temas ou editorias, para que os conselheiros pudessem se debruçar na análise de assuntos que considerem mais pertinentes e apresentassem uma avaliação dos mesmos nas reuniões do Conselho. O plano, então, foi aprovado sem nenhuma forte crítica e contou também com a sugestão de alguns conselheiros para que a TV Brasil no futuro buscasse transmitir jogos dos campeonatos brasileiros de futebol, das séries B ou C, ou do campeonato brasileiro de futebol feminino.

Durante a 14ª Reunião do Conselho Curador, realizada em 8 de fevereiro de 2010, foi apresentado pela diretora-presidente da EBC, Tereza Cruvinel, o Plano de Trabalho para 2010. O Plano já foi mais complexo do que o apresentado em 2009, contendo ações para a TV Brasil, para as Rádios EBC, para a Agência Brasil e para a TV Brasil Internacional. Além de um item específico para buscar o fortalecimento da participação da sociedade na empresa, principalmente com o fortalecimento da Ouvidoria e da criação de um programa da Ouvidoria na TV Brasil. Também foi divulgada a criação de uma política de esportes para a EBC.

De maneira geral os conselheiros e conselheiras elogiaram a antecedência da entrega do Plano e a melhoria na formatação do documento. O principal debate, sem um tensionamento aparente, foi colocado pelo conselheiro José Martins a respeito do orçamento da EBC para aquele ano e as possibilidades de implementação dos projetos do Plano de Trabalho com os recursos que a EBC teria disponível:

Eu queria apenas fazer uma colocação. Eu também li esse Plano todo, apesar de não entender nada sobre televisão. Achei muito bom, muito completo. Tenho uma preocupação. Um Plano com essa abrangência que foi colocado, eu vi que o orçamento da EBC é de R$ 453 milhões, eu pergunto para a Presidente: dá, com esse orçamento pequeno, fazer todo esse negócio que está querendo? (Nota Taquigráfica da 14ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Ressalta-se que o lugar de fala do conselheiro José Martins é o de empresário e de CEO da empresa Marcopolo, uma grande transnacional brasileira fabricante de carrocerias de ônibus. Apesar disso, a fala da Diretora-Presidente, Tereza Cruvinel, indica um posicionamento próprio de que o tema não era da alçada do Conselho Curador:

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O orçamento dá conta sim desse Plano, Conselheiro. Vamos fazer alguns arranjos de outras ações que nem aqui estão, porque aqui só tem programação. Temos investimentos em outras coisas que não são objeto do Conselho Curador. Eu queria dizer que esse Plano de Trabalho não é o Plano de Trabalho da EBC, esse é o plano de programação para o Conselho. O nosso Plano de Trabalho vai muito além dele. (Nota Taquigráfica da 14ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Após uma longa explicação feita pelos membros da Diretoria-Executiva das ações previstas para o ano na área do jornalismo, da programação e da Rede Nacional de Comunicação Pública, o Plano de Trabalho foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Curador.

Em 14 de setembro de 2010, em sua 21ª Reunião, o Conselho fez uma reunião para avaliar o cumprimento do Plano de Trabalho até aquele período do ano e solicitou à Diretora-Presidente, Tereza Cruvinel, que apresentasse uma tabela constando o andamento do cumprimento, ou não, dos projetos. Cruvinel dissertou principalmente sobre a troca de programas na TV Brasil e a criação de novos conteúdos e falou do resultado da seleção de novos conteúdos para a EBC por meio dos pitchings de seleção junto as produtoras independentes. Destaque para o fato da Ancine – Agência Nacional de Cinema, ter apontado a TV Brasil naquele ano como a maior exibidora de filmes nacionais na TV aberta do país, para a produção de coberturas especiais sobre o Haiti, o Carnaval, os 50 anos de Brasília, a Copa do Mundo e o planejamento para as Eleições 2010.

O conselheiro Mario Jakobskind pergunta a razão da TV Brasil não fazer parcerias com a rede de televisão sul-americana TeleSur, uma vez que vários países do continente entram em rede com conteúdos da emissora. Tereza explica que existe um termo de cooperação entre a EBC e a TeleSur para o uso de trechos de entrevistas ou de imagens exclusivas, mas que a TV Brasil não era sócia do sistema de rede da TeleSur e que esta era uma decisão tomada pelo governo brasileiro. Abaixo, segue um diálogo que demonstra um pouco de como o assunto foi tratado no pleno:

CONSELHEIRO DANIEL AARÃO REIS FILHO – A EBC precisa de autorização do Governo brasileiro?

TEREZA CRUVINEL – Eu não disse isso, Conselheiro. Disse que em 2003 os países negociaram a sociedade TeleSur, da qual alguns países são membros.

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O Brasil, o Governo brasileiro, em 2003, quando foi fundada a TeleSur, nem existia a EBC, optou por não ser sócio da TeleSur.

CONSELHEIRO DANIEL AARÃO REIS FILHO – Mas o que impede a EBC fazer convênio com a TeleSur?

TEREZA CRUVINEL – Deixe-me repetir. O Governo brasileiro não é sócio da TeleSur. Essa é uma informação. Isso foi decidido em 2003 pelo Governo do Presidente Lula. A EBC tem um acordo com a TeleSur de cooperação, que é diferente de ser sócio da TeleSur, para troca de conteúdos jornalísticos e outros conteúdos, capacitação, etc. Nós executamos troca de conteúdos jornalísticos, muitas vezes usamos uma matéria ou imagem da TeleSur em lugares onde não estamos e eles também nos pedem. Esta é a resposta: temos, sim, um acordo de cooperação com a TeleSur.

CONSELHEIRO JOSÉ ANTÔNIO FERNANDES MARTINS – A pergunta teria de ser formulada ao próprio Governo: por que não aderiu à proposta com a TV de integração latino-americana?

TEREZA CRUVINEL (Diretora Presidente) – A sociedade na TeleSur é uma questão de Governo.

CONSELHEIRO FRANKLIN DE SOUZA MARTINS - Nas questões editoriais é extremamente complexo, seja para fazer uma parceria da TeleSur ou ficar negociando conteúdo editorial com a Venezuela, seja para fazer uma parceria e ficar com a BBC. É muito complicado. Em matéria de questão editorial e jornalismo, tem de ser algo feito pelo Brasil. Este Conselho responderá no sentido de fiscalizar. O que se pode fazer é troca de material, troca de documentários, exibir documentários produzidos por eles e vice-versa. Isso é normal. Se for uma coisa com a Venezuela, como este Conselho vai fiscalizar? Eu votaria contra qualquer discussão sobre isso.

CONSELHEIRO JUCA FERREIRA - A editoração da TV venezuelana é muito ruim. Eu não encamparia aquilo de jeito nenhum. Passei uma semana lá e a impressão que eu tive é que a UNE tinha tomado o poder. Era uma visão absolutamente simplificada do mundo. O Brasil é mais complexo, tem uma responsabilidade imensa na América Latina e no mundo.

CONSELHEIRO MÁRIO AUGUSTO JAKOBISKIND – Ministro, permita- me uma pequena observação. A TeleSur não é uma TV venezuelana, é uma TV estatal onde participam vários países. (Nota Taquigráfica da 21ª Reunião do Conselho Curador da EBC)

Após os debates sobre a Telesur, a conselheira Heloísa Starling elogia a qualidade do trabalho da Diretoria Executiva até aquele momento e sugere que a programação da TV Brasil espelhe cada vez mais o interior do país, as diferentes regionalizações, e diz que entende que essa é uma demanda que requer tempo e dinheiro. Tereza Cruvinel reclama da grande pressão que vem sofrendo para aumentar a importância da TV Brasil e critica a forma como surgem as críticas:

CONSELHEIRA HELOÍSA STARLING - Acho que já fizemos muita coisa, mas não é apenas pelas televisões públicas ou universitárias, ou educativas existentes que faremos, precisamos garimpar um pouco mais, sair um pouco

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mais. E obviamente isso implica custo, isso implica dinheiro, funcionário, não é simples. Mas acho que é uma coisa que seria bom, no Plano de 2011, a gente estar pensando sobre isso.

TEREZA CRUVINEL – Sobre isso vocês não têm ideia do quanto suamos a camisa em todas as áreas, das finalísticas às administrativas para produzir esses resultados. Eu sou uma pessoa espancada em praça pública, todo mundo sabe disso, a TV pública como um todo, mas eles colocam a pessoa. Eu tenho muitas dores para fazer a TV pública. Agora, a maior delas é ser acusada de não fazer alguma coisa por burrice, porque toca minha vaidade intelectual. “Por que ela não faz uma campanha de publicidade?” Porque é burra? Não, não é.

CONSELHEIRA HELOÍSA STARLING: – Jamais sequer pensaria algo parecido sobre você, Tereza.

TEREZA CRUVINEL – Eu sei, professora. Olha, eu sou xingada todos os dias, o sujeito fala que a televisão tem a cabeça do Franklin e a cara da Tereza. Quer dizer, me chamam até de feia.

CONSELHEIRA ANA LUIZA FLECK SAIBRO – Eu queria dizer uma coisa. Eu acho, Tereza, que você já recebeu tantos elogios aqui, e todos os questionamentos são sugestões, não são cobrança.

TEREZA CRUVINEL – Claro. Estou brincando quando falo esse negócio de burrice. Claro que vocês sabem que não é por burrice, é por algum problema. CONSELHEIRA ANA LUIZA FLECK SAIBRO – Então, é isso aí, para você saber que somos parceiros aqui. Ninguém está contra ninguém. (Nota Taquigráfica da 21ª Reunião do Conselho Curador da EBC)

Após os debates, o tom geral do Conselho Curador foi de que o Plano de Trabalho de 2010 estava sendo cumprido de maneira satisfatória e que a Diretoria-Executiva vinha cumprindo um excelente trabalho.

Em encontros posteriores, os conselheiros Daniel Aarão e Mario Jakobskind começam a dizer que o jornalismo da EBC precisa ser mais crítico e se preocupar menos em ser “anti-chapa branca”, porque com isso acaba reproduzindo os mesmos erros da mídia comercial com relação aos fatos políticos, principalmente envolvendo a América Latina. Tereza Cruvinel explica que a direção da EBC tenta de diversas formas estimular uma concepção de jornalismo público e crítico, mas que a cultura de jornalismo da empresa ainda era muito governamental e que alguns profissionais tinham ainda uma concepção de jornalismo do campo privado. O conselheiro e ex-governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo, discorda das críticas e afirma que assiste ao telejornal Repórter Brasil todos os dias e que gosta do jornalismo que vinha sendo feito pela TV Brasil:

“Penso que vocês são todos autofágicos, porque assisto toda noite ao jornal da TV Brasil e acho excepcional, porque ele mostra o Brasil real, o Brasil

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profundo. É absolutamente diferente de outros jornais. E, obviamente, tem que ser. Vocês só vêm as coisas más. (...) Está muito bom o jornal. Se é para fazer crítica, é o corte, aqueles âncoras não sabem olhar para a câmera na hora certa. Esse é o problema. (...) Eu não conhecia Belém do Pará, agora toda hora tem uma matéria do Belém do Pará, do Amazonas. Tem tudo. O Brasil inteiro aparece. O Brasil está aparecendo como ele é. Você quer o Brasil bonitinho? O Brasil é feinho! É assim mesmo. A TV está sendo honesta.” (Nota Taquigráfica da 23ª Reunião do Conselho Curador da EBC).

Durante a 25ª Reunião do Conselho Curador, realizada no dia 22 de fevereiro de 2011, ocorre, então, a deliberação sobre o Plano de Trabalho anual da EBC para o ano de 2011. Esta foi até aquele momento, a reunião mais crítica a respeito do planejamento e execução que a Diretoria-Executiva vinha realizando na EBC.

O encontro marcou a troca de três conselheiros ministros de Estado que representavam o Governo Federal no colegiado: Helena Chagas (ex-diretora de Jornalismo da EBC), na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República; Aloizio Mercadante, no ministério da Ciência e Tecnologia; e Anna de Hollanda, no Ministério da Cultura. Também estava presente, representando o ministro Fernando Haddad, Maria do Pilar, Secretária de Ensino Básico do Ministério da Educação.

Aquele encontro também marcou o último ano do mandato da Diretora-Presidente da EBC, Tereza Cruvinel, que apresentou o Plano de Trabalho dando ênfase nos aprimoramentos obtidos com relação às alterações na grade de programação, ao avanço da obtenção de receitas próprias, à melhoria dos processos de participação social na gestão da empresa, na implementação da editoria de esporte na grade, em aperfeiçoamentos na programação infantil da TV Brasil com a aquisição de novos conteúdos, sobre a programação das Rádios, da Agência Brasil, etc.

O Plano de Trabalho de 2011 tinha sido entregue com antecedência aos conselheiros que se reuniram previamente em suas Câmaras Temáticas para analisarem separadamente os pontos do Plano de Trabalho. Pela Câmara de Direitos Humanos falaram a conselheira Maria da Penha a conselheira Ana Veloso, que leram uma nota conjunta que direcionava os encaminhamentos da referida Câmara:

A primeira coisa é que sentimos dificuldades em compreender como os conteúdos de direitos humanos e cidadania serão contemplados nos veículos da EBC. Uma segunda questão que gostaríamos de observar contemplada é

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uma abordagem específica a respeito dos instrumentos de acessibilidade para as pessoas com deficiência. Outro ponto importante – talvez o mais importante de todos – é que pela leitura do documento, não conseguimos saber quais são os programas que continuarão e quais deles irão sair da grade. Também não é possível encontrar informações acerca da produção independente e regional, que são, inclusive, objetos de determinações legais que a EBC deve cumprir. Em síntese, achamos importante que esse documento seja um documento de planejamento, ou seja, que sejam expostos, de forma mais explícita, quais serão as ações tomadas para que se atinjam os objetivos descritos, qual o cronograma