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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO NÃO

Atualmente, pesquisadores em educação e profissionais de diversas áreas têm usado o termo “espaço não formal” para descrever lugares, diferentes da escola, nos quais é possível desenvolver atividades educativas (JACOBUCCI, 2008).

Nessa concepção, o INMA se caracteriza como um espaço não formal de educação, que proporciona diferentes atividades educativas voltadas para o desenvolvimento do conhecimento científico e conscientização de estudantes e turistas, por meio de visitas mediadas e exposições educativas.

Antes de discorrer acerca dos espaços não formais de educação, é importante distingui-los dos espaços formais de educação, para compreender melhor o assunto.

Para tanto, Jacobucci (2008), pesquisadora do tema museus e mídia, dá uma definição bastante precisa sobre o termo abordado. Segundo a pesquisadora,

[...] o espaço formal é o espaço escolar, que está relacionado às Instituições Escolares da Educação Básica e do Ensino Superior, definidas na Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. É a escola, com todas as suas dependências: salas de aula, laboratórios, quadras de esportes, biblioteca, pátio, cantina, refeitório. [...] o espaço formal diz respeito apenas a um local onde a Educação ali realizada é formalizada, garantida por Lei e organizada de acordo com uma padronização nacional. (JACOBUCCI, 2008, p 56)

Assim, pode-se concluir que “[...] espaço não formal é qualquer espaço diferente da escola onde pode ocorrer uma ação educativa” (JACOBUCCI, 2008, p 56). Como existe uma imensidade de espaços não formais, Jacobucci (2008) sugere duas categorias para definir esses espaços: os espaços que são instituições e os espaços que não são instituições.

Na categoria Instituições, podem ser incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas atividades executadas, sendo o caso dos Museus, Centros de Ciências, Parques Ecológicos, Parques Zoobotânicos, Jardins Botânicos, Planetários, Institutos de Pesquisa, Aquários, Zoológicos, dentre outros. Já os ambientes naturais ou urbanos que não dispõem de estruturação institucional, mas onde é possível adotar práticas educativas, englobam a categoria Não- Instituições. Nessa categoria podem ser incluídos teatro, parque, casa, rua, praça, terreno, cinema, praia, caverna, rio, lagoa, campo de futebol, dentre outros inúmeros espaços (JACOBUCCI, 2008, p 56-57).

Para ilustrar sua definição, Jacobucci (2008) esquematiza na Figura 1 as definições de espaço formal e não formal de educação.

Figura 1 – Representação esquemática dos espaços de educação formal e não formal.

Diante da conceituação exposta por Jacobucci (2008), o INMA se configura como um espaço não formal institucionalizado, pois é um espaço regulamentado por lei e possui equipe técnica incumbida das práticas educativas realizadas no local. Como o INMA funciona como um espaço no qual são realizadas diversas ações de cunho educativo, considera-se importante também conceituar o termo “educação não formal”.

Segundo Gohn (2006), embora as modalidades de educação apresentem características e finalidades um tanto distintas, observa-se que uma complementa a outra, sendo essenciais no processo de formação do cidadão como um todo. Gohn (2006), ao abordar a educação não formal, afirma que é quase impossível não compará-la com a educação formal. A autora diferencia esses conceitos, demarcando seus campos de desenvolvimento:

[...] a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos etc., carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados: e a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas. (GOHN, 2006, p 28).

Quanto à finalidade de cada campo da educação, Gohn (2006) destaca que a educação formal é voltada ao “[...] ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados [...]” que buscam desenvolver habilidades e competências necessárias para formar um cidadão ativo. A educação informal trata do “[...] processo de socialização dos indivíduos”, desenvolvido com base na cultura, valores, crenças e experiências vivenciadas em seu meio. Já a educação não formal “[...] é aquela que se aprende “no mundo da vida”, por intermédio dos processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas [...]” (GOHN, 2006, p 28).

A educação não formal prepara os cidadãos, educa o ser humano para a cidadania e para o trabalho coletivo, coloca-se além da transmissão de informação, visto que envolve questões que extrapolam o contexto escolar e conduzem o sujeito a refletir e a questionar suas práticas sociais, e assumir um papel político em sua formação.

Gohn (2006) destaca ainda os resultados esperados em cada modalidade de educação: na educação formal espera-se a aprendizagem, a certificação e a titulação; na educação informal, os resultados são observados no desenvolvimento de laços afetivos, de solidariedade; e a educação não formal gera uma série de aprendizados que permitem ao indivíduo tornar-se cidadão do mundo e no mundo, abrindo “[...] janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais [...]” (GOHN, 2006, p. 29).

Nessa concepção, as atividades educativas desenvolvidas nos espaços não formais de educação, como as visitas mediadas realizadas no INMA, ganham relevância e passam a ter um caráter de desenvolvimento e comprometimento com a sociedade contemporânea, pois são imprescindíveis para a formação cidadã, não somente dos que estão em idade escolar, mas de todos os cidadãos que participam da vida em sociedade.

Diante do exposto, as práticas pedagógicas desenvolvidas nos espaços de educação não formal são urgentes e necessárias no contexto escolar, uma vez que os ambientes propiciam uma educação voltada para a formação humana e suas relações com o mundo. Além disso, se apresentam como importantes instrumentos didáticos, em complementaridade ao ensino formal e no desenvolvimento de aulas dinâmicas, criativas e interdisciplinares.

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