OS INFORMANTES E O PROCESSO DE ENTREVISTAS

Assim como a empresa e o segmento de análise tiveram seus nomes alterados. Os informantes também não estão identificados. No entanto, para facilitar o entendimento da pesquisa, atribuiu-se um nome masculino a cada um deles. Dois informantes, contudo, tiveram destaque em suas denominações por apresentarem mais relevância aos propósitos da pesquisa, denominados ‘Chave’ e ‘Gerente’.

De acordo com o especificado no cronograma (Apêndice B), o período de coleta de dados teve duração de 13 meses. A seguir, no Quadro 4.1 é apresentado um resumo sobre cada um dos informantes. O fato de alguns desses informantes serem da TeleCel e não especificamente do IC e conseqüentemente não tão próximos da relação da empresa com produtos culturais foi intencional. Buscou-se, com isso, uma aproximação ao objeto de estudo

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Este é um nome fictício para designar a empresa-caso desse estudo.

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Este é um nome fictício de um segmento da empresa-caso que está mais próximo de produtos culturais.

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O autor entende que algumas das informações contidas nesse capítulo também poderiam ter sido apresentadas no capítulo 3, como, por exemplo, a denominação da empresa-caso e de seu segmento em análise. No entanto, por considerar complicada a distinção de alguns dos elementos constituintes da descrição e análise do caso de outros constituintes da metodologia de pesquisa, preferiu-se proceder dessa maneira.

pelo pesquisador31. Dessa forma, quando o pesquisador adentrou o “território” do IC, soube lidar melhor com o material coletado e também se comportar de maneira a aperfeiçoar os resultados obtidos. Além disso, os informantes da TeleCel têm um olhar mais amplo da relação da TeleCel com produtos culturais. Mais especificamente, eles percebem melhor como esses produtos podem servir a interesses de marketing da estratégia corporativa.

Informante Cargo Tempo de Trabalho

na Empresa (anos)

Idade Aproximada

Denis* Analista Júnior Unidade de Negócios Empresariais / Gerência de Eventos (TeleCel)

4 25

Chave* Gerente de Procedimentos Administrativos / Diretoria de Coordenação Institucional (TeleCel)

mais de 25 55

Mario Gerente de Indústria e Comércio de Grandes Contas (TeleCel) 5 40 Carlo Coordenador Operacional de Projetos** (IC) 8 35 Zairo Coordenador Artístico do IC** (IC) mais de 10 40 Loro* Gerente de Marketing de Relacionamento (TeleCel) 3 30 Mais Moço Coordenador Operacional de Projetos** (IC) 1 30

Gerente Gerente do IC (IC) 9 50

Quadro 4.1: Resumos sobre os informantes * Entrevistado mais de uma vez ** Denominado pelo pesquisador

O primeiro entrevistado foi o Denis que trabalha na TeleCel desde 2002. Ele foi entrevistado pela primeira vez, quando ocupava a função de analista júnior na Unidade de Negócios Empresarias e era responsável por elaborar e disponibilizar ferramentas virtuais para os agentes de vendas. O aspecto que mais marcou o relato do Denis foi sua grande admiração pelo IC. Esse sentimento se confirma, inclusive quando menciona que gostaria de poder ser um de seus colaboradores.

Tenho admiração [pelo IC]. (...). Lá existem computadores de alta tecnologia, que as crianças adoram. As crianças ficam lá em oficinas de arte, de quadrinhos, de teatro, de circo... Eles vão para o lado de arte. Existem vários projetos do próprio [IC], e outros que eles patrocinam. (...). A gente já ganhou vários prêmios, como o de empresa ligada ao setor social, responsável socialmente. A gente ganha quase todos, porque realmente é muito legal. É uma área da empresa

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Nesses casos, o pesquisador buscou direcionar as perguntas para o IC, ou, evidenciar sua relação com a TeleCel.

que eu me orgulharia muito de trabalhar! Pra começar, o clima já é ótimo lá. (DENIS - TELECEL)

O pesquisador considera que essa opinião acaba por influenciar a visão do informante em relação à TeleCel, uma vez que enxerga de maneira idealizada a relação entre TeleCel e IC. Esse fato foi considerado ao longo da análise.

Após essa primeira entrevista, o pesquisador passou a ter uma noção melhor sobre o funcionamento da TeleCel. Apesar de a segunda entrevista ter sido realizada 4 meses após a primeira, durante esse período foram aprofundadas questões referentes ao funcionamento da empresa a partir de diferentes fontes secundárias. O agendamento das entrevistas não dependia exclusivamente da disponibilidade do pesquisador, mas principalmente dos informantes. Em alguns casos a realização da entrevista se fez impossível.

O segundo informante é o Chave. Assim como o primeiro, ele não está diretamente associado ao quadro de funcionários do IC. No entanto, esse informante possui um cargo de muita confiança devido, em parte, à sua história de mais 25 anos de empresa – desde a época em que era estatal – e também por ocupar cargo de chefia, muito próximo à alta cúpula da empresa. As informações obtidas com o Chave foram fundamentais para os resultados da pesquisa e para as entrevistas seguintes.

O terceiro informante é mais uma vez o Denis. Há uma diferença entre a primeira entrevista e a segunda (por isso será atribuído o número 2 nos trechos transcritos correspondentes). No momento dessa segunda entrevista, o informante havia sido transferido para a área de eventos, que está vinculada ao departamento de marketing (ver Quadro 4.1 – Estrutura Organizacional). Entre as duas entrevistas, as questões levantadas se diferenciaram das abordadas no primeiro momento devido às informações obtidas durante o intervalo entre elas.

O segundo informante também foi entrevistado mais de uma vez. Chave foi considerado “chave” para a pesquisa32. No momento dessa segunda entrevista ele mudou de cargo e passou à Diretoria de Relações Institucionais que lida com as diretorias de cada uma das regionais da TeleCel. Este informante está em contato freqüente com diferentes representantes comunitários, órgão regulador e outras instâncias de representação pública.

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Deve ser lembrado que entre os informantes, dois foram denominados os mais relevantes para a obtenção dos dados, o segundo informante (Chave) e o décimo (Gerente).

Esse departamento até tem bom relacionamento com o governo em geral, não apenas com a Anatel ou com prefeituras. (CHAVE – TELECEL).

Mario é o informante que marcou o fim dessa primeira etapa de entrevistas com profissionais da TeleCel que não tinham função específica ligada ao IC. O pesquisador considerou ter coletado informações suficientes sobre a TeleCel – antes de iniciar sua entrada no IC33. Mario trabalha na empresa desde 2001 e é gerente do segmento de Comércio e Indústria do setor de Grandes Contas, uma gerência que atua em paralelo às gerências de Serviços e Governo. Cada uma dessas gerências tem uma equipe de vendas. A supervisão dessas gerências é feita pelo diretor de Grandes Contas. Em paralelo a esse diretor ainda existem os diretores de Key Accounts, Comercial e de Varejo (ver Figura 4.1).

Carlo foi o primeiro entrevistado ligado diretamente ao IC. Ele está na empresa desde 1998, mas somente em 2001 veio a ocupar um cargo no IC. A partir dessa entrevista, buscou- se um entendimento mais aprofundado acerca das motivações para a aproximação ou investimento da TeleCel em produtos culturais. Associaram-se esses dados específicos com dados mais amplos referentes à TeleCel para a compreensão dessa aproximação. A partir dessa associação desses dados, ficou mais fácil compreender motivações de marketing e de estratégia corporativa da TeleCel na atuação do IC.

Zairo é coordenador artístico do IC. Apesar de ser um funcionário com mais de 10 anos de experiência na TeleCel, época em que era estatal, não se mostrou muito apto a responder as questões do pesquisador34. Ao longo da entrevista e durante seu processo de agendamento, o informante pareceu receoso em falar sobre a relação do IC com a TeleCel por motivo desconhecido pelo pesquisador.

Bom, antes de começarmos deixa eu te dizer uma coisa. Eu não sou a pessoa mais indicada pra te falar isso. [...]. Eu não tenho uma opinião, pois é uma área que não me diz respeito [sobre a relação da TeleCel com o marketing da empresa]. [...]. Eu não entendo nada de Procon, nem de consumidor. Eu sei que existe um departamento aqui na Telemar que cuida disso (ZAIRO – IC).

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Após esta entrevista, a pesquisa se concentrou no IC. Mas isso não impediu que postriormente fossem realizadas mais entrevistas na TeleCel para esclarecimentos e confirmações sobre os dados coletados.

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Em um primeiro momento é possível inferir que ele preferiu se manter alheio às questões diretamente relacionadas aos interesses de mercado, ou ligados à área de administração. Uma das razões para isso pode ser explicada pelo fato de ser um praticante ligado exclusivamente à parte artística do IC.

No entanto, ao perceber essa ‘estaranheza’, o pesquisador se deteve em captar os dados considerados relevantes em relação ao ponto de vista do Zairo sobre o IC. Dessa maneira, a entrevista teve um caráter menos opinativo e esclarecedor para a pesquisa do que um caráter meramente descritivo.

As entrevistas com Loro marcam a volta do pesquisador para a TeleCel. Ele trabalha na empresa desde 2003 e tinha sido contatado ao longo do processo das outras entrevistas pois possuía algum vínculo de relacionamento pessoal com o pesquisador (foi um dos que facilitou o acesso do pesquisador à TeleCel), mas no momento da entrevista, buscou-se o afastamento do informante acerca de pré-concepções sobre a pesquisa. Loro trabalha no setor de marketing de relacionamento e é encarregado pelo desenvolvimento de produtos-prêmios destinados aos consumidores do varejo de todas as marcas vinculadas à TeleCel. Essa entrevista confirmou e esclareceu algumas das informações dadas anteriormente e também deixou “pistas” para a realização das entrevistas seguintes.

O Mais Moço é um praticante recente da empresa, tendo iniciado suas atividades no IC em meados de 2005. Esse informante também já possuía algum vínculo de relacionamento pessoal com o pesquisador – facilitando a aproximação do pesquisador –, mas não estava a par dos seus objetivos mais específicos. Somente próximo à data da entrevista, soube de mais detalhes da mesma35.

Gerente cedeu a última entrevista presencial36. Essa entrevista foi bastante esclarecedora para os propósitos do estudo e permitiu um desfecho adequado às informações anteriormente coletadas, pois ele é um dos dois diretores do IC. Quando entrou para a TeleCel, em 1997, esta ainda era estatal e estava próxima de sua privatização.

Além da caracterização prévia dos informantes, há um modelo do roteiro das entrevistas no Apêndice. A partir desse material, espera-se melhor contextualizar o leitor acerca dos trechos transcritos, para que não pareçam escolhidos aleatoriamente e se evidencie a relação com a revisão de literatura.

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Diferentemente do Zairo, que parecia pouco a vontade com a entrevista, o Mais Moço demonstrava credibilidade em relação à pesquisa, facilitando a coleta dos dados.

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Ao longo do período de coleta de dados, muitas vezes o pesquisador recorreu a recursos como correio eletrônico para esclarecimento de eventuais dúvidas sobre as entrevistas já realizadas.