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OS INSTRUMENTOS AO SERVIÇO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOCENTE

No documento ALEXANDRE.13.07 (páginas 31-34)

Analisado o conceito de Avaliação de Desempenho Docente, é necessário criar o modelo de avaliação com os critérios mais adequados, em que se fundam o objeto da avaliação, se designem os intervenientes que devem participar no processo avaliativo e respetivos instrumentos a utilizar para o efeito. (Ferreira, 2006).

A Avaliação de Desempenho, enquanto atividade regulada por um processo de supervisão, que implica a observação, a descrição, a análise e a interpretação da atividade exige observação em ambientes de sala de aula (Da Silva, 2012).

Nesta linha de ideias, salvaguarda que muito do que é importante na boa prática docente pode ser observado durante as interações na sala de aula, assume a virtualidade da observação como fator indutor do desenvolvimento profissional, da melhoria das práticas docentes e da promoção da reflexividade crítica.

“A observação de aulas, a análise documental e a reflexão sobre as práticas constituem estratégias fundamentais da supervisão, às quais se têm vindo a juntar diversas outras com idêntico potencial formativo e adequação a diferentes situações e sujeitos de formação como os diários e narrativas profissionais, o portefólio e a investigação-ação, entre outras ”(Idem,p.9).

Entretanto, o processo de observação exige um trabalho prévio e consistente antes da observação que não se esgota num simples observar de aulas. Qualquer observação de aula feita a um docente tem de ser acompanhada de encontros/reuniões de supervisão antes e depois das aulas, o que não acontece na realidade cabo-verdiana.

“A observação de aulas pode desencadear processos destrutivos se ambos os atores perderem de vista o verdadeiro objetivo do trabalho: contribuir para o desenvolvimento profissional do professor observado. Efetivamente, a reflexão crítica só pode considerar produtiva se o supervisor assumir o papel de promotor de desenvolvimento das capacidades de autorreflexão num contexto interpessoal construtivo ” (Ibidem).

Os avaliadores internos às instituições escolares, enquanto membros do corpo docente, assumem, assim, a responsabilidade de promover iniciativas que melhorem a qualidade da educação praticada, com a finalidade de melhorar essa qualidade da instituição escolar e do desempenho de todos que nela trabalham, proporcionando uma reflexão colaborativa. Para que se alcance esta finalidade e visto que os avaliadores acompanham os diversos domínios

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referentes ao caráter transversal do exercício da profissão docente, vertente profissional, social e ética, participação na escola e relação com a comunidade educativa (Cruz,2011).

Os avaliadores dever-se-iam possuir um conjunto de conhecimentos relacionados com a sua prática de ação pedagógica administrativa perante os docentes avaliados, como na observação de aulas, análise documental, realização de registos avaliativos, análise da autoavaliação dos avaliados e análise de Portefólios.

A ausência desses instrumentos na Educação em Cabo Verde tem vindo a desencadear mal-estares e conflitos no seio do avaliado e avaliador, refletindo a ausência da avaliação formativa docente que servia de feedback para a avaliação sumativa. Neste sentido, ao criar essas estruturas de Avaliação e de supervisão nas Instituições Educativas, teríamos reflexos positivos que estas viriam a reforçar e a acompanhar as novas políticas educacionais.

Do ponto de vista de Alarcão e Tavares (2003), o Portefólio é um excelente instrumento que permite o acompanhamento do Desempenho Profissional, pois evidencia um conjunto coerente de documentação refletidamente selecionada, significativamente comentada e sistematicamente organizada e contextualizada no tempo, reveladora do percurso profissional do docente.

Bernardes e Miranda (2003,p.29) confirmam que o Portefólio ajuda o professor a escolher e a ajustar as atividades pedagógicas e as estratégias de ensino, como também ajudar a direção da escola a perspetivar o percurso ulterior do aluno tendo em conta que lhe fornece um registo do percurso da aprendizagem do aluno.

Persistem ainda, que nele é possível encontrar a Filosofia da Educação, o percurso do profissional, as estratégias de ensino e que faz para aprender. Permite reagrupar, organizar e apresentar o Desempenho do docente, as práticas pedagógicas e a relação com o aluno.

Sá-Chaves (2007, p. 33) define o portefólio como sendo:

“ Um utensílio que serve, antes de mais nada, para representar o seu autor em termos profissionais, já que nele é possível encontrar a sua filosofia de educação, o seu percurso profissional, as suas estratégias de ensino […] permite reagrupar, organizar e apresentar a sua formação, as suas práticas pedagógicas e a sua relação com os alunos”.

É nas interpretações pessoais que os portefólios se tornam singulares e autênticos, constituindo importante fonte de conhecimento e de reconhecimento, possibilitando um enriquecimento da ação. Cada portefólio representa uma síntese reflexiva pessoal acerca da evolução do autoconhecimento do seu autor, tendo por base um conjunto de produtos cuidadosamente selecionados e representativos da sua ação, não devendo descurar os

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contextos e o papel que outros tiveram na ação. Como a sua elaboração se pretende simultânea com a ação, é possível, numa postura reflexiva, a criação de estratégias de regulação que influenciem a própria ação em tempo útil, ao contrário com o que acontece com instrumentos que sejam meros arquivos onde a reflexão, a acontecer, será sempre numa perspetiva pós-ação, como acontece com o tradicional dossier (Sá-Chaves, 2007).

Considerado como um instrumento de Desenvolvimento Profissional, o Portefólio cumpre duas funções essenciais na Avaliação de Desempenho Docente “em primeiro lugar uma função de autorregulação das aprendizagens do próprio professor e, em segundo lugar, uma demonstração do desempenho” (Alarcão & Tavares, 2003, p.8).

Uma vez que a Avaliação de Desempenho Docente apresenta com dupla finalidade, uma de caráter formativo e outra de caráter avaliativo (Avaliação de Desempenho Docente), o Portefólio enquanto instrumento poderá ser desenvolvido com vista a alcançar as duas finalidades.

Na Avaliação de um portefólio de serviço docente, deve-se, ainda, ter em conta que essa avaliação deve incidir sobre o mesmo enquanto processo e enquanto produto, para o qual devem ser definidos também critérios específicos. O portefólio assume um claro valor como processo, na medida em que constitui um espaço de reflexão, através do qual o professor melhora a sua prática e, ao mesmo tempo, produto desse processo, já que é uma exibição das competências, destinado a ser analisado (avaliado) por outros. Uma vantagem que esta metodologia apresenta é o facto de permitir fazer a avaliação do processo, assumindo uma função de autorregulação, numa abordagem mais formativa, e do produto, assumindo uma função de certificação, numa abordagem mais sumativa. (Sá-Chaves, 2007)

As potencialidades do portefólio, como instrumento de Avaliação, residem no facto de permitir reunir num só lugar um conjunto de evidências que podem comprovar quer as competências, quer o Desempenho, quer a eficácia do professor, espelhando todo o seu percurso pessoal e profissional.

Assim, este instrumento permite ao docente avaliar a sua atuação, refletindo sobre os seus pontos fortes e fracos no desempenho do desenvolvimento do processo ensino aprendizagem, permitindo o autoaperfeiçoamento, criando na escola uma cultura de autoavaliação constante.

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5. A SUPERVISÃO NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

No documento ALEXANDRE.13.07 (páginas 31-34)